O Que é Sair de Babilônia? [ Parte II ]

sair de babilonia jonnes e waggoner

Sermões nº 11 e 12 apresentados na reunião da Conferência Geral de 1895 - A.T. Jones

O QUE SIGNIFICA DEIXAR O MUNDO?

Sermão nº 11

Começaremos este estudo com a passagem que estivemos estudando na noite passada: Tiago 4:4. Desejo especialmente que todos analisem estes versos por si mesmos e estudem cuidadosamente o que dizem. 

Nos tempos que atravessamos e à posição a que temos sido trazidos pelas evidências que não podemos evitar e contra que é impossível fechar os olhos, sei que nunca me dediquei a um estudo da Bíblia em minha vida como o faço com este desta noite, e desejo que todos submetam toda faculdade à direção do ESPÍRITO de DEUS, com o espírito inteiramente submetido a DEUS, para que Ele nos guia aonde deseja nos levar.

"Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de DEUS? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de DEUS".

Desejamos assinalar particularmente a indagação: "não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de DEUS?" Segue-se, portanto, que a única possibilidade de qualquer alma neste mundo de ser separada deste mundo, e assim de Babilônia, é ter essa inimizade destruída. 

Pois, digo novamente, a amizade do mundo não é inimizade com DEUS. Mas não é isto; é a coisa em si--é "inimizade". E a inimizade contra DEUS, aquilo que é inimizade com DEUS, nos coloca em inimizade com Ele. Os homens podem ser reconciliados com DEUS por terem a inimizade removida, mas a própria inimizade nunca pode ser reconciliada com DEUS. E a humanidade, cuja inimizade a coloca em inimizade com DEUS, reconcilia-se com DEUS unicamente pela remoção da própria inimizade.

Temos a chave para toda a situação no fato de que a amizade do mundo é inimizade com DEUS. "A amizade do mundo", e "a inimizade" são idênticas; um homem não pode ter a inimizade sem a amizade do mundo, pois assim é--a amizade com o mundo nela está.

Portanto, novamente afirmo: A única esperança de que um homem se separe do mundo, como requerido pelas Escrituras e que nossos tempos requerem como nunca antes no mundo (se puder haver qualquer diferença) é ter essa inimizade removida. Isso é tudo quanto temos que buscar, tudo que há para ser feito, pois quando isso se der, estaremos livres.

No capítulo oitavo de Romanos esse mesmo aspecto é mencionado, começando com o verso sétimo. "Os que estão na carne", ou, como consta do original grego, "a mente da carne é inimizade contra DEUS; pois não está sujeita à lei de DEUS, nem na verdade pode estar". 

Isso torna enfático o pensamento apresentado em ligação com o outro texto, de que não há possibilidade dessa inimizade ser reconciliada com DEUS. Nada pode ser feito com ela, mas removê-la, destruí-la. Nada pode ser feita por ela em absoluto. Algo pode ser feito com ela, mas nada pode ser feito por ela, e pela razão de que é contra DEUS; não está sujeita à lei de DEUS, nem em verdade pode estar. 

Não pode ser submetida à lei de DEUS. O próprio DEUS não pode tornar a mente carnal, a mente da carnalidade, sujeita a Sua lei. Isso não pode ser feito. Isso não é dito com irreverência ao SENHOR ou limitando o Seu poder, mas não pode ser feito. DEUS pode destruir a impiedade e tudo quanto a acarretou, mas Ele não pode fazer nada por ela, reformá-la ou torná-la melhor.

"Portanto, os que estão na carne não podem agradar a DEUS". Contudo, este mundo é inteiramente da carne: "Mas vós não sois do mundo", pois, declara o SENHOR, "Eu vos chamei do mundo". Ele separou o cristão da carne, dos caminhos da carnalidade, dos da mente carnal e do domínio da carne. Isso nos separa do mundo por separar-nos daquilo que por si mesmo nos prende ao mundo. Nada, a não ser o poder de DEUS, pode fazer isso.

Agora, remontemos brevemente ao tempo em que DEUS fez o homem. Gênesis 2. Quando DEUS fez o homem, Ele pronunciou a respeito dele, bem como de todas as demais coisas que havia feito, não simplesmente bom, mas "muito bom". Daí o homem, o primeiro Adão, tal como se apresentava, alegrava-se em ouvir a voz de DEUS. Ele se deleitava com a Sua presença; todo o seu ser respondia jubilosamente a Seu chamado.

Mas surgiu alguém mais no Jardim do Éden e lançou desconfiança a respeito de DEUS nas mentes daqueles seres. A serpente disse à mulher: "É assim que DEUS disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 

Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse DEUS: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque DEUS sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como DEUS, sereis conhecedores do bem e do mal".

A insinuação teve o seu efeito: O próprio DEUS sabe que não é assim, e sabe que não foi assim que Ele dissera; isso mostra que havia algo por detrás. Fica insinuado que Ele não trata com você de modo justo. 

Ele não deseja que esteja onde isso possa trazê-lo. Ele não deseja que tenha o que isso lhe propiciará. Ele sabe o que isso fará para você a não deseja que assim seja, e é por isso que diz: Não faça isso. Suas sugestões foram dadas e tão logo foram acatadas, ela julgava que agora via o que antes não conseguia ver e aquilo que de fato não era verdade. 

Como o SENHOR os fez e tencionou que assim permanecessem, eles deviam receber toda sua instrução e todo o seu conhecimento de DEUS. Deviam ouvir a Sua palavra, e aceitar essa palavra e permitir-lhe que os guiasse e neles vivesse. Assim, eles teriam a mente de DEUS; pensariam os pensamentos de DEUS por terem a Sua palavra, expressiva de Seus pensamentos, neles permanecendo. 

Mas ali havia outra mente, diretamente oposta, a que deram ouvidos. Outras sugestões foram aceitas. Outros pensamentos foram permitidos. Outras palavras foram recebidas, acatadas e obedecidas, de modo que a mulher viu "que a árvore era boa para se comer". 

Era a árvore boa para se comer? Não. Mas por dar ouvidos àquelas palavras ela viu coisas que não eram daquela forma. Ela viu as coisas numa maneira que não foram vistas antes e nunca poderiam ter sido vistas à luz de DEUS. Mas ao submeter-se a essa outra mente ela viu coisas sob uma ótica inteiramente falsa. Ela viu que a árvore era boa para se comer e uma árvore a ser desejada como fonte de sabedoria para alguém. Não se tratava de nada disso. Contudo, foi assim que ela entendeu.

Isso revela o poder de engano que há nas palavras e métodos de Satanás que fez aquelas sugestões naquele tempo. Certamente na medida em que alguém inclina sua mente nessa direção ou tem algo em sua mente que de si mesma se inclinaria naquele rumo, isto dá a Satanás uma chance de operar e levar essa pessoa a ver coisas dum modo errado, levando-a a ver coisas como sendo as únicas necessárias, o que não é verdadeiro em absoluto e não somente são desnecessárias, mas absolutamente falsas em todo aspecto.

Quando Eva "viu" tudo isso, foi somente a conseqüência natural. "Tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu".

Examinem o registro um pouco mais detidamente. O verso oitavo: "Quando ouviram a voz do SENHOR DEUS, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR DEUS". Qual foi a causa disso? Havia algo a respeito deles que evitaria a presença de DEUS, algo que não estava em harmonia com DEUS e os levou a esconder-se, antes que a acolhê-Lo.

"E chamou o SENHOR DEUS ao homem, e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu:

Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi. Perguntou-lhe DEUS: Quem te fez saber que estavas nu?" Agora a pergunta: "Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?" E ele disse: Sim, comi, e estou inclinado a pensar que isso não foi exatamente correto. Sinto muito. 

Foi assim que ele fez? Oh, não. A pergunta é: "Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?" Não comera ele? Certamente que sim. Por que ele não disse: Sim? Quanto à questão do "por que", prosseguirei um pouco mais com a lição e então formularei essa indagação novamente, e então todos veremos por quê.

O fato é que ele não respondeu sim. Contudo, essa seria a única resposta para a qual haveria lugar. Mas ele disse: "A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi". Finalmente, admitia ele envolvimento no caso. Mas como teria se metido nisso? 

Foi numa última hipótese. A mulher, e até mesmo o próprio SENHOR, terminam tendo a culpa atribuída antes que o homem se permitisse ser tido por culpado. Em tudo isso, ele, em resumo, estava dizendo: 

"Eu não teria feito isso se não fosse pela mulher, porque ela me deu do fruto; e se essa mulher não estivesse aqui, ela não o teria feito; e se não tiveste colocado esta mulher aqui, ela não estaria aqui. Portanto, se ela não estivesse por aqui, ela não me teria dado a comer, e se não o tivesse feito, não teria comido do fruto. Assim, logicamente, de fato eu comi, mas a responsabilidade vai além de mim". 

O que deu nele que o levou a implicar todo mundo mais no universo antes de si próprio e antes de admitir que tinha alguma participação no incidente? Nada mais do que amor ao eu, autodefesa, autoproteção.

"Disse o SENHOR DEUS à mulher". E entra outra pergunta clara: "Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: Oh, eu apanhei o fruto da árvore e comi dele, e ofereci-o ao meu marido, e ele comeu também, e isso foi lamentável". Não. Ela não disse nada disso. 

Percebam: A pergunta do SENHOR não foi, "O que fizeste?", mas "Que é isso que fizeste?" (Ele tampouco indagou: "Quem fez isso?", mas "Que é isso que fizeste?"). "Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi". Ela respondeu a pergunta do mesmo modo que ele o fizera. A mesma coisa a levou a recuar ante a pergunta e envolver alguém mais que teria levado Adão àquele ato. Todo mundo deve ser envolvido, menos eles próprios.

Agora eu pergunto mais uma vez: Por que não responderam de modo direto aquela pergunta direta? Eles não podiam fazer isso. E não podiam fazê-lo porque a mente com a qual agiam, que havia deles tomado posse, que os havia escravizado e dominado sob o seu poder, é a mente que originou a exaltação própria no lugar de DEUS e nunca se permitirá um segundo lugar, mesmo onde DEUS esteja. 

Todos sabemos que essa é a mente de Satanás, logicamente. Mas lá naquela ocasião, quando começou, sabemos que a coisa que o levou a alcançar a posição onde se postou na época era a exaltação própria.

Ele volveu seus olhos de DEUS e olhou a si mesmo, deu a si próprio crédito para a grande glória, e o lugar onde estava não era suficientemente grande para ele, e precisava exaltar-se. "Acima das estrelas de DEUS exaltarei o meu trono. . . . subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo". Isso era pecado. 

O SENHOR o chamou para perdoar-lhe o pecado e sua errônea atitude, a voltar-se para DEUS, aceitando uma vez mais os Seus caminhos. Sabemos que isso é assim, porque está escrito: "DEUS não faz acepção de pessoas". 

Não há acepção de pessoas com DEUS. E sendo a família celestial e a família terrestre uma só família, sendo que DEUS não faz acepção de pessoas, quando o homem pecou, DEUS lhe deu uma segunda chance e apelou-lhe para que retornasse--tão certamente quanto não há acepção de pessoas para com DEUS, assim certamente DEUS deu a Lúcifer uma segunda chance e apelou-lhe para um retorno. Isto é certo. 

Ele poderia ter-lhe perdoado a conduta errada; ele poderia ter-se arrependido e se submetido a DEUS. Mas em vez de submeter-se, recusou esse chamado, rejeitou o dom de DEUS, recusou renunciar a seus descaminhos e submeter-se a DEUS uma vez mais. 

E nisso ele simplesmente confirmou-se, a despeito de tudo que o SENHOR poderia fazer nesse seu rumo de auto-afirmação. Assim, a mente que estava nele confirma em pecado e rebelião contra DEUS em inimizade--não simplesmente em inimizade; é a própria inimizade: "Não está sujeita à lei de DEUS, nem mesmo pode estar".

Agora, aquela mente foi aceita por Adão e Eva. E tendo sido aceita por eles, levou consigo o mundo inteiro, porque eles, nessa aceitação, submeteram este mundo a Satanás e assim ele se tornou o deus deste mundo. Nesse sentido, esta é a mente deste mundo; esta é a mente que controla o mundo. Essa mente de Satanás, a mente do deus deste mundo, é a mente que controla a humanidade como a humanidade é neste e deste mundo e é, por si mesma, "inimizade contra DEUS, pois não está sujeita à lei de DEUS, nem mesmo pode estar".

Agora, isto é por que Adão e Eva não podiam responder aquela pergunta direta com uma resposta direta. Os homens poderiam responder a pergunta de modo direto agora. Mas naquele tempo não podiam fazê-lo, pela razão de que Satanás havia-os tomado sob sujeição e não havia outro poder para controlá-los. 

O seu controle era absoluto e ali, naquele momento, era "depravação total". Mas DEUS não os deixou ali. Ele não deixou a raça naquela condição. Ele a seguir se dirige à serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher". DEUS rompia a cadeia satânica sobre a vontade do homem, libertava uma vez mais o homem para decidir que autoridade ele seguiria, que rei e que mundo teria. 

Neste mundo, DEUS quebrou o domínio absoluto de Satanás e colocou o homem em liberdade para escolher que mundo terá. E desde aquela ocasião o homem que escolhesse os caminhos de DEUS e submetesse a sua vontade ao controle de DEUS pode responder uma pergunta direta para o SENHOR, de modo que quando o SENHOR vem e indaga: Você agiu assim e assim?, ele pode responder: Sim, sem levar de roldão todo mundo consigo. Isso é confissão de pecado. E assim surgiu a capacidade para confessar pecado e revelar a bendita verdade de que o poder de confessar pecados--arrependimento--é um dom de DEUS.

Agora, a mente de Satanás sendo a mente deste mundo, a mente que controla o homem natural, é inimizade contra DEUS, e coloca o homem em inimizade com DEUS. Não pode ser reconciliada com DEUS, "pois não está sujeito à lei de DEUS, nem mesmo pode estar". 

A única coisa a ser feita é tirá-la do caminho de algum modo. Se isso pode ser feito, então o homem será reconciliado com DEUS, e então estará bem. Ele se unirá novamente com DEUS e a Palavra de DEUS, os pensamentos de DEUS, as sugestões de DEUS podem alcançá-lo uma vez mais para ser o seu guia e seu poder de total controle. 

E segundo a coisa não pode ser reconciliada com DEUS, o único que se pode fazer com ela é destruí-la. Então, somente então, e por esse meio podem os homens estar em paz com DEUS e separar-se do mundo. E graças ao SENHOR que Ele nos deu as alegres novas de que está destruído.

Sobre como isso é feito e como podemos beneficiar-nos com isso abordaremos em outros estudos. Considero boas novas que DEUS nos envia o fato de que a coisa está feita. Então, no que tange a levar-nos ao benefício disso, a alegria disso, a glória disso, e o poder disso, restará ao SENHOR nos conduzir. Sabemos que essa inimizade--essa mente do eu e de Satanás--separou o homem de DEUS, mas DEUS abriu o caminho para o homem retornar. 

O SENHOR deu ao homem uma chance de escolher que mundo teria. E este é o tema integral de nosso estudo. Devemos deixar este mundo se nalgum tempo tivermos de sair de Babilônia. Foi para dar ao homem uma chance de escolher que mundo preferia que o SENHOR disse a Satanás: "Porei inimizade entre ti" e a descendência da mulher. 

Assim a única e duradoura pergunta é--que mundo? Que mundo? Que mundo o homem escolherá? E quando DEUS em Sua maravilhosa misericórdia abriu o caminho e nos deu o poder de escolher um mundo melhor do que este, por que teria de haver ainda algum tipo de hesitação?

Volvamo-nos ao segundo capítulo de Efésios, começando com o primeiro verso, e leiamos as boas novas de que a inimizade contra DEUS está destruída de modo que todos podem estar livres. Comecemos com o primeiro versículo:

"Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados; nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência".

Nós caminhamos segundo esse espírito. Que espírito é, então, o que rege os filhos da desobediência? O espírito que controla o mundo, a mente que originou o mal no jardim e que é inimizade contra DEUS. Quem é o príncipe da potestade do ar? O espírito que opera nos filhos da desobediência, o deus deste mundo--que nada tem em JESUS CRISTO, graças ao SENHOR.

"Entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos".

A mente deste mundo, sendo deste mundo, naturalmente adere às maneiras do mundo. "Éramos por natureza filhos da ira, como também os demais". Nós éramos.

Antes de ler mais em Efésios, volvamo-nos a Colossenses 1:21: "Outrora éreis estranhos e inimigos no entendimento". Então onde jazia a inimizade que nos tornava inimigos? Na mente, a mente carnal. A mente carnal é inimizade e ao nos controlar nos põe em inimizade e nos torna inimigos--"pelas vossas obras malignas".

Agora, Efésios 2:11: "Portanto, lembrai-vos de que outrora vós, gentios na carne, chamados incircuncisão"--pelo SENHOR?--Não, mas "por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas". Então aqui estão alguns homens na carne chamando outros homens na carne de certos nomes, fazendo certas distinções entre eles.

"Naquele tempo estáveis sem CRISTO, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa e sem DEUS no mundo".

Outra passagem em ligação com esta está no quarto capítulo, versos 17 e 18, que leremos antes de prosseguir mais aqui:

"Isto, portanto, digo, e no SENHOR testifico, que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de DEUS por causa da ignorância em que vivem, pela dureza dos seus corações".

Aqueles que estão na carne, afastados de DEUS, estão caminhando na vaidade de suas mentes, sendo alienados de DEUS e separados da vida de DEUS. Inimigos mentais; isto é o que éramos. Lendo novamente Efésios 2:13: "Mas agora"--quando? Refiro-me a nós que agora estamos estudando as Escrituras, temos de nos submeter à Palavra de DEUS exatamente como ela é, a fim de que possa nos levar aonde Ele deseja que estejamos. Portanto, eu pergunto, Quando? Agora, bem onde nos encontramos.

"Mas agora em CRISTO JESUS, vós, que antes estáveis longe". Longe de quem? Longe de DEUS? Ou afastados dos judeus? O verso anterior declara longe de DEUS, "sem DEUS", alienados da vida de DEUS. "Vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados" de quem? De DEUS? ou dos judeus? Aproximados de DEUS, logicamente.

"Vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados, pelo sangue de CRISTO. Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade". Graças ao SENHOR. Ele "aboliu" a inimizade e podemos separar-nos do mundo.

"Tendo derrubado a parede da separação que estava no meio"--de quem? Entre os homens e DEUS, certamente. Como Ele o fez? Como quebrou ele o muro de separação de intermeio entre nós e DEUS? Por abolir a inimizade. Bom.

É verdade, essa inimizade havia operado divisão e uma separação entre os homens sobre a terra, entre a circuncisão e a incircuncisão, entre a circuncisão segundo a carne e a incircuncisão de acordo com a carne. 

Havia-se manifestado em suas divisões, em fazer erguer-se outro muro entre judeus e gentios--isso é verdade, mas se os judeus tinham tido a DEUS e não se haviam separado dEle, teriam eles jamais edificado um muro entre eles e todos os demais? 

Não, certamente não, mas em sua separação de DEUS, em suas mentes carnais, na inimizade que havia em suas mentes e na cegueira mediante a descrença que pusera o véu sobre os seus corações--tudo isso os separava de DEUS. E então, devido às leis e cerimônias que DEUS lhes tinha dado, eles se atribuíram crédito de serem do SENHOR e de serem tão melhores do que outras pessoas que até edificaram um grande muro de separação entre eles e outros povos. 

Mas onde jaz a raiz de tudo isso, como entre eles e outras pessoas? Jaz na inimizade que estava neles e que os separava primeiro de DEUS. E estando separados dEle, a consequência segura era que se separariam dos outros.

"Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um". De ambos feitos quem?--DEUS e os homens, certamente. "Tendo derrubado a parede da separação que estava no meio,. . . para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a paz".

Consideremos isto novamente. Tendo abolido a inimizade na Sua carne. Agora, omitindo a cláusula seguinte (não estamos estudando isto nesta lição), para o quê Ele aboliu essa inimizade? Para quê derrubou esse muro de separação? Por que? "Para que dos dois criasse em Si mesmo um novo homem, fazendo a paz". Cria CRISTO um novo homem a partir de um judeu e um gentio? Não. A partir de um pagão e alguém mais? Não. A partir de um pagão e outro pagão? Não.

DEUS cria um novo homem a partir de DEUS e um homem. E em CRISTO, DEUS e o homem se encontram de modo a que possam ser um.

Todos os homens estavam separados de DEUS e em sua separação de DEUS estavam separados uns dos outros. Verdadeiramente, CRISTO deseja trazer todos para juntos uns dos outros; Ele foi introduzido no mundo com "Paz na terra; boa vontade aos homens". Este é o Seu objetivo. 

Mas gasta Ele o tempo tentando obter esses reconciliados uns aos outros e tentando destruir todas essas separações entre os homens e levá-los a dizer: "Oh, muito bem, esqueçamos o que passou; agora enterraremos a machadinha; agora começaremos de novo e viraremos a página e viveremos melhor deste tempo em diante"?

CRISTO poderia ter feito isso. Se tivesse seguido esse rumo, há milhares de pessoas a quem Ele poderia ter persuadido a fazer assim; milhares a quem Ele poderia persuadir a dizer: "Bem, é lamentável que tenhamos agido desse modo uns para com os outros; não é correto e lamento por isso. Agora vamos todos deixar isso para trás e virar esta página e doravante fazer o melhor". 

Ele poderia ter levado pessoas a concordar com isso. Mas poderiam firmar-se nisso? Não. Pois o elemento de iniqüidade ali ainda está que produziu a divisão. O que causou a divisão? A inimizade, a separação deles de DEUS provocou a separação de uns para com os outros. 

Então de que no mundo teria valido o próprio SENHOR tentar levar os homens a concordarem pôr de lado suas diferenças sem irem à raiz da questão, livrando-se da inimizade que provocou a separação? A separação deles de DEUS havia forçado uma separação entre eles. 

E a única maneira de destruir a separação deles de uns para com os outros era necessariamente destruir sua separação de DEUS. E isto Ele fez por abolir a inimizade. E nós, ministros, podemos extrair uma lição disto, quando as igrejas nos chamam para tentar resolver dificuldades. Nada temos em absoluto para fazer com a resolução de dificuldades entre os homens como tais. Devemos resolver a dificuldade entre DEUS e o homem e quando isso for feito, toda outra separação cessará.

É verdade, os judeus em sua separação de DEUS haviam edificado separações extras entre si e os gentios. É verdade que CRISTO desejava eliminar todas aquelas separações e Ele o fez. Mas a única maneira por que Ele o fez e a única forma em que pôde fazê-lo foi destruindo aquilo que os separava de DEUS. Todas as separações entre eles e os gentios se desfariam, quando a separação, a inimizade, entre eles e DEUS tivesse desaparecido.

Oh, que benditas novas de que a inimizade está abolida! Está abolida; graças ao SENHOR. Agora, portanto, não há necessidade de falharmos na obediência à lei de DEUS. Nenhuma necessidade de qualquer falha em sermos sujeitos a DEUS, pois JESUS CRISTO tirou a inimizade do caminho. Ele aboliu-a, destruiu-a. 

Ele destruiu o elemento iníquo em que jaz a amizade com o mundo, em que jaz a falta de sujeição a DEUS e falha em sujeitar-se a Sua lei. Desapareceu; em CRISTO isso se foi. Não fora de CRISTO. Em CRISTO se foi, está abolida, aniquilada. Graças ao SENHOR. Isso é verdadeiramente liberdade.

Isso sempre foi boas novas, logicamente. Mas para mim agora, em vista da situação em que DEUS nos tem mostrado como agora estamos colocados no mundo, essas benditas boas novas têm vindo a mim em recente ocasião como se nunca as tivesse ouvido antes. Vieram-me trazendo tal gozo, tão genuíno deleite cristão que--bem, parece que estou tão feliz quanto um cristão.

Oh, o bendito fato de que DEUS declara que a coisa que nos separa de DEUS, que nos une ao mundo e que causa toda a miséria, está abolida nEle, que é nossa Paz. 

Levemos essas boas novas esta noite, regozijemo-nos nelas a noite toda e todo o dia, que DEUS possa conduzir-nos mais e mais nas verdes pastagens e às águas tranqüilas de Seu glorioso reino a que Ele nos transportou. "Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo; é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é CRISTO, o SENHOR". Graças a DEUS.

Sermão nº 12

O mesmo texto que encerrou o estudo na noite passada será nosso estudo por várias lições ainda por vir. Portanto, se qualquer parte do texto for passado por alto e julgarem que não foi explicado ainda ou não foi observado, apenas tenham em mente que ainda não concluímos o seu exame e cada parte se ajustará por fim. Efésios 2:13-18:

"Mas agora em CRISTO JESUS, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de CRISTO. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade . . . para que dos dois criasse em Si mesmo um novo homem, fazendo a paz".

Isso é o que Ele fez para estabelecer a paz. Paz somente é feita por esse meio. E é tudo "em Si mesmo". E Ele fez essa paz, "para que dos dois [judeus e gentios]" criasse para DEUS num só corpo pela cruz, "por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade". No alemão é dito "tendo posto à morte a inimizade mediante Si mesmo". "E vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe, e paz também aos que estavam perto; porque, por Ele, ambos temos acesso ao PAI em um Espírito".

Mencionaria novamente, como fiz na noite passada brevemente, que é a separação, a inimizade, que existia entre os judeus e os gentios que está aqui sendo considerada. É verdade que a destruição dessa separação e inimizade é considerada, a remoção disso é estudada e explicada, e também o meio pelo qual é removida e a sua destruição é contada.

Mas como fizemos menção na noite passada, CRISTO não passou tempo algum tentando fazer com que judeus e gentios se reconciliassem, por si mesmos. Ele não começou tentando fazê-los concordar em desfazer suas diferenças, virarem uma nova página e tentarem agir melhor, e esquecerem o passado. 

Ele não gastou dois minutos nisso, e se tivesse gasto dez mil anos, não teria sido de nenhum valor, porque essa separação, essa inimizade entre eles era somente a consequência, o fruto, da inimizade que existia entre eles e DEUS.

Portanto, a fim de efetivamente destruir toda a árvore do mal e seus frutos, como se apresentava entre eles, Ele destruiu a raiz da coisa toda por abolir a inimizade entre eles e DEUS. E tendo feito isso veio e "evangelizou paz a vós outros que estáveis longe, e paz também aos que estavam perto".

Verso décimo-terceiro: Portanto, "agora em CRISTO JESUS, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de CRISTO. Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um". 

É verdade que Ele fez tanto judeus quanto gentios um, mas primeiro Ele fez outro, a fim de que esses dois, "judeus e gentios", pudessem ser um e antes que pudessem ser feitos um. Portanto, o "ambos" neste verso, de que são feitos um, não é o "ambos" do verso 18. No verso 13 os dois, o "ambos" são DEUS e o homem, que está separado de DEUS esteja longe ou perto.

Portanto, primeiro, Ele é a nossa paz ao fazer de ambos, DEUS e o homem, um partindo o muro de separação entre DEUS e o homem, tendo abolido em Sua carne a inimizade; isto é, a inimizade que existe no homem contra DEUS, que não está sujeito à lei de DEUS, nem mesmo pode estar. Isso Ele fez a fim de que em Si mesmo dos dois pudesse criar um novo homem, assim fazendo a paz.

O novo homem não é criado de dois homens que estão em desavença, mas feito de DEUS e o homem. No início o homem foi criado "à imagem de DEUS". E isso significa muito mais do que a forma de DEUS. Alguém olhando a si próprio seria levado a pensar em DEUS. Ele refletia a imagem de DEUS; DEUS seria sugerido a quem quer que olhasse para o homem. DEUS e o homem eram um. E DEUS e o homem teriam sempre permanecido um também, não tivesse o

homem dado ouvidos a Satanás e recebido sua mente, que é inimizade contra DEUS. Essa mente que é inimizade contra DEUS, quando recebida pelo homem, separou-o de DEUS. Agora eles eram dois, e não um. E estando separado de DEUS e em pecado, DEUS não pode vir a ele por si mesmo, pois o homem não pode suportar a glória não velada de sua presença. "Nosso DEUS é um fogo consumidor" para o pecado, e assim, para que DEUS encontre um homem no eu desse homem ou sozinho teria sido somente para consumi-lo.

Os homens não podem encontrar a DEUS sozinhos e sobreviver. Isso é revelado em Apoc. 6:13-17. 

O grande dia em que o céu se encolher como um pergaminho, e a face de DEUS for vista por todos os ímpios sobre a Terra, então os "reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos, e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono, e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" 

Um homem que está em pecado, um homem em e por si mesmo encontrando a DEUS, preferiria ter uma montanha sobre si do que estar onde a glória não velada de DEUS resplandeça sobre si.

Portanto, a fim de que DEUS pudesse alcançar o homem e unir-se a ele uma vez mais; a fim de que DEUS possa ser revelado ao homem uma vez mais, e para que o homem pudesse uma vez mais estar no lugar para o qual DEUS o criou, JESUS deu-Se e DEUS apareceu-Lhe com Sua glória tão velada pela carne humana que o homem pecador pode olhar para Ele e viver. 

Em CRISTO o homem pode encontrar a DEUS e sobreviver, porque em CRISTO a glória de DEUS está tão velada, tão modificada, que o homem pecador não é consumido. Tudo de DEUS está em CRISTO, pois "nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade". 

Quando JESUS veio para levar o homem uma vez mais para DEUS, Ele velou essa glória consumidora de modo que agora os homens podem olhar para DEUS tal como Ele é em toda a Sua glória em JESUS CRISTO e viver. Por seu turno, fora de CRISTO, em Si mesmo, sozinho, nenhum homem pode ver a DEUS e

viver. Em CRISTO, fora de Si mesmo, nenhum homem pode ver a DEUS e não viver. Em CRISTO, ver a DEUS é viver, pois nEle está a vida, e a vida é a luz dos homens.

Assim, DEUS e o homem, pela inimizade, estavam separados, mas CRISTO veio entre os dois e nEle o homem e DEUS se encontraram, e quando DEUS e o homem se encontram em CRISTO, então os dois--"ambos"--são um, e há um novo homem. E somente assim a paz é feita. 

De modo que em CRISTO, DEUS e o homem são tornados um; consequentemente, CRISTO é a expiação entre DEUS e os homens. Em inglês a palavra para expiação é atonement que teria o sentido de "numa só mente" (at-one-ment). Por conseqüência, o SENHOR JESUS deu-Se a Si e em Si aboliu a inimizade para fazer nEle de dois--DEUS e o homem--um novo homem, fazendo a paz.

Agora atentemos ao outro "ambos" do verso 18: "Porque, por ele, ambos [tanto judeus como gentios] temos acesso ao PAI em um Espírito". Tendo feito a reconciliação "vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe [os gentios], e paz também aos que estavam perto [os judeus]".

Os judeus estavam perto "por causa de seus pais". Por si próprios, fiados em seus próprios méritos, os judeus se haviam separado de DEUS e estavam tão distanciados quanto os gentios. Mas DEUS havia feito promessas a seus pais e eles eram amados por causa dos pais. 

E tinham tido a vantagem, pois a eles pertenciam "a adoção, e a glória, e os concertos, e a dádiva da lei, e o serviço de DEUS, e as promessas". Nesse sentido, e por essa causa, estavam perto. E ele pregou paz aos que estavam perto; eles careciam que lhes fosse pregada paz.

Assim, "mediante Ele ambos temos acesso ao pai em um Espírito".

Agora, sigamos esta expressão, de que a inimizade é destruída em Si mesmo.

"Tendo abolido em Sua carne a inimizade"--tendo morto a inimizade em Si mesmo. Em Si mesmo para que de dois criasse um, fazendo a paz. É tudo de Si mesmo. Nenhum homem pode ter o benefício da exceção nEle. Se houver aqueles na audiência a quem isso pareça obscuro e que diria, "não posso compreender isso" e se saísse daqui e buscasse considerá-lo como se fosse algo que tente dominar de fora dele, eu diria a tais pessoas, você nunca o atingirá dessa maneira. Não é desse modo que se faz isso. 

É nEle que é feito, não fora dEle. NEle somente isso pode ser conhecido, não fora dEle, de modo algum. Submeta-se a Ele, oculte o seu eu nEle, então se fará suficientemente claro. Somente nEle é feito, e somente nEle pode ser conhecido. Agora estudaremos como foi cumprido nEle. E sabendo isso, saberemos como foi feito para cada um de nós nEle.

Primeiro de tudo, eu chamaria a especial atenção para essa expressão "nEle". Esta expressão não é empregada nas Escrituras e eu nunca espero utilizá-la em qualquer sentido que deixe implícita a idéia de ser nEle, como num receptáculo, ou reservatório, a que nos dirijamos e de onde retiremos o que talvez necessitemos e o pomos sobre nós e a nós o apliquemos. Não, de modo algum! Não é assim. Jamais se obterá dessa maneira. Não está lá como num receptáculo a quem devemos ir e retirar o que pudermos e desfrutá-lo e aplicar a nós e dizer: "Agora o obtive".

Não, está nEle, e nós próprio devemos estar nEle, a fim de o ter. Devemos mergulhar nEle. Nosso eu deve perder-se nEle. Então Ele nos terá. Somente nEle é. Somente o encontramos nEle. 

E mesmo quando nEle o obtivermos, é somente por termos sido dominados nEle. Nunca devemos pensar em ir e ali obtê-lo e retirá-lo e usá-lo nós próprios. Portanto, onde as Escrituras empregam a expressão "nEle" significa somente isso para tudo. Tudo está nEle e o obtemos estando nós próprios nEle.

Muitas pessoas cometem aqui um erro. Dizem: "Oh sim, eu creio nEle. Sei que está nEle e dEle obtenho". E propõem-se a tomá-lo dEle e aplicá-lo a si próprios. Então em breve tornam-se satisfeitos de que são justos; são santos, e vão ao ponto de, em sua própria estima, torna-se um fato estabelecido de serem perfeitos e simplesmente não poderem pecar, e até estão acima da tentação. Tal ponto de vista certamente trará somente tal resultado, porque é fora dEle. E eles próprios é que o fazem.

Mas não é por esse caminho. Isso ainda é o eu porque está fora de CRISTO. E "sem Mim", isto é, fora dEle, "nada podeis fazer", porque somos nada. NEle é e somente nEle. E somente ao estarmos nEle podemos tê-lo ou tirar proveito disso. As Escrituras tornarão isso tudo claro. 

Julguei melhor apresentar essa explicação a fim de que nos estudos que virão sobre o que é feito nEle e o que é dado está nEle, não cometamos o erro de pensar que encontraremos nEle e tirar dali. Não. Nós temos que ir a Ele para obtê-lo. É ali onde se acha, e quando vamos a Ele devemos entrar nEle pela fé e o ESPÍRITO de DEUS e ali permanecer e sempre "ser achado nEle". Fil. 3:9.

Volvamo-nos ao livro de Hebreus agora e estudemos os primeiros dois capítulos para completar esta lição. A questão agora é, como CRISTO aboliu essa inimizade um Sua carne", "em Si mesmo"? Primeiramente declararei o argumento em ambos os capítulos a fim de que possamos cobrir os dois capítulos no curto tempo que teremos.

Nesses dois capítulos e até o quinto versículo do segundo está o contraste entre CRISTO e os anjos, com CRISTO muito acima dos anjos como DEUS é, porque Ele é DEUS. No segundo capítulo, do quinto verso em diante, há o contraste entre CRISTO e os anjos, mas com CRISTO muito abaixo dos anjos, como os homens o são, porque CRISTO Se torna homem.

Este é o esboço dos dois capítulos. Essa é a declaração do caso. Leiamos o capítulo:

"Havendo DEUS, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplandor da glória e a expressão exata do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder".

Ou, como diz a tradução alemã, "sustendo todas as coisas pela Sua poderosa palavra". Isso dá outra direção ao sentido; não simplesmente a palavra do Seu poder, mas Ele leva todas as coisas, sustem-nas, por Sua poderosa palavra. Poderíamos fazer uma pausa por um momento nesta declaração. 

Quantas coisas são sustidas por Sua palavra? Todas as coisas. O mundo? Sim. O sol? Sim. Todos os céus estrelados? Sim. A palavra que os fez ainda os sustém? Sim. Podemos ser enumerados entre essas "todas as coisas"? Certamente que sim. Irá Ele suster a todos aqui por Sua palavra poderosa? Essa é a única maneira por que Ele sustém alguma coisa.

Já se sentiu incomodado alguma vez em sua vida, quando levantou-se de manhã com o sol, por temer que o sol fosse despencar de seu lugar antes do meio-dia ou antes do ocaso? Oh, não. 

Já se sentiu incomodado ao levantar-se com o sol por temer que você mesmo, como um cristão, pudesse escorregar do lugar antes do ocaso? Você sabe que já lhe ocorreu. Por que não lhe incomodou na mesma proporção o pensamento de o sol cair de seu lugar antes do ocaso, escorregando e caindo como poderia dar-se com você? Oh, logicamente ninguém jamais tem em mente tão ansiosas preocupações do tipo--por que o sol não cai? Ele está sempre lá e ali há de permanecer.

Mas é perfeitamente justo que o cristão pergunte: Por que o sol não despenca de seu lugar? E a resposta é--a "poderosa palavra" de JESUS CRISTO sustém o sol lá e fá-lo seguir o seu curso. E esse mesmo poder deve suster o crente em JESUS. Essa mesma palavra deve suster o crente em JESUS e este deve depositar confiança em que assim se dará, assim como Ele sustém o sol e a lua. 

A mesma palavra poderosa deve suster o cristão no seu curso de ação, precisamente do mesmo modo como Ele sustém o sol em sua órbita. O cristão deve depositar confiança nessa palavra, crer que ela o susterá, ao depositar confiança em que essa palavra irá suster o sol, descobrirá que essa palavra o susterá tal como sustém o sol.

Se pensar nesta passagem amanhã cedo quando se levantar, lembrará que DEUS está sustendo o sol. Você não se maravilhará com isso, nem ficará na expectativa, ou observando se o sol irá despencar de seu lugar ou não. Você simplesmente irá dedicar-se a suas atividades com a mente sobre o trabalho e deixará a sustentação do sol inteiramente a cargo de DEUS, a quem isso pertence. 

Também amanhã cedo quando levantar-se com o sol, apenas esperará que a mesma palavra poderosa o susterá como ocorre com o sol. Deixe esta parte com DEUS também e prossiga com suas ocupações com todas as suas forças e concentre sua mente nessas tarefas. Deixe que DEUS atenda aquilo que Lhe compete e aplique a mente naquilo que Ele lhe designou fazer. E assim sirva a DEUS "com toda a mente". Não podemos evitar sempre de cair. Não podemos suster-nos. E Ele não atribuiu tal tarefa a cumprir.

Isso não entra em contradição com o texto que diz: "Aquele que está de pé, cuide que não caia" porque desse modo o homem está confiando em que DEUS há de sustê-lo e não depende de seus próprios esforços. 

E aquele que constantemente tem em mente que DEUS o está sustendo e que ele deve ser sustido não irá vangloriar-se de sua capacidade de permanecer de pé. Se eu tivesse que ser carregado para cá nesta noite, inteiramente desajudado e dois ou três dos irmãos tivessem que aqui permanecer para me suster, não seria muito coerente que eu dissesse: "Vejam como eu posso me suster". Eu não estaria firme em pé. Eu não poderia firmar-me. No exato momento em que eles me soltassem, eu cairia.

É precisamente assim que se passa com o cristão. A palavra de DEUS declara do cristão: "Para o seu próprio SENHOR está em pé ou cai". Rom. 14:4. E o homem a quem DEUS está sustendo, que está confiando em DEUS para sustê-lo, e que sabe que é somente DEUS quem o

está fazendo permanecer de pé--é impossível que esse homem comece a dizer: "Estou agora firme em pé, e portanto não há perigo de que eu caia". Haverá qualquer perigo de um homem cair enquanto DEUS o sustém? Logicamente, não. 

É somente quando ele se desvencilha das mãos do SENHOR e começa a tentar manter-se em pé, e então se vangloria de que pode ficar firme, é então que há não somente o perigo, mas o fato ocorre. Ele já caiu. Ele se desvencilha da mão de DEUS e está prestes a cair.

Agora, prosseguindo com Hebreus 1:

"Depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-Se à direita da Majestade nas alturas".

Quando Se assentou Ele à destra de DEUS? Há quanto tempo atrás? Lá atrás, ao erguer-Se dentre os mortos e foi para o céu--quase dezenove séculos atrás. Mas, observem, Ele havia purificado os nossos pecados--o tempo verbal é o passado--e depois assentou-Se". Está contente com isso? Está contente de que Ele purificou os seus pecados há tanto tempo assim? NEle estão. NEle o encontramos. Agradeçamos-Lhe por isso. A Palavra assim o diz.

"Tendo-Se tornado tão superior aos anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei? E outra vez: Eu Lhe serei PAI, e Ele Me será Filho? E novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de DEUS O adorem. Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo; mas acerca do Filho: O Teu trono, ó DEUS, é para todo o sempre".

O que é o Seu nome? Como o PAI O chama? De DEUS. "O Teu trono, ó DEUS". Então, esse é o Seu nome. Como o obteve? O verso quatro: "Tendo-se tornado tão superior aos anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles". Você e eu temos um nome que recebemos por herança. 

Podemos ter quatro ou cinco nomes, mas somente temos um nome recebido por herança. E esse é o nome de nosso PAI. E esse nome o temos tão logo existimos e apenas porque existimos. Pelo próprio fato de nossa existência, temos esse nome; ele nos pertence por natureza. O SENHOR JESUS "herdou" este nome de "DEUS". Então esse nome Lhe pertence tão-só porque

Ele existe. Pertence-Lhe por natureza. Qual é a Sua natureza, então? Precisamente a natureza de DEUS. E DEUS é o seu nome, porque isso é o que Ele é. Ele não era algo mais e daí assim designado para fazer isso, mas Ele era isso e foi chamado de DEUS, porque é DEUS.

"Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso DEUS, o Teu DEUS, Te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos Teus companheiros".

Falando ainda, o PAI diz:

"No princípio, SENHOR, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das Tuas mãos; eles perecerão; Tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual vestido, também, qual manto, os enrolarás, como vestidos serão igualmente mudados; Tu, porém, és o mesmo".

Nenhuma mudança com Ele. Observem a conexão nestas palavras: "Eles perecerão"; "Tu permaneces"; "eles . . . serão . . . mudados; Tu, porém, és o mesmo". Quando esses perecem e se vão, não há passagem de tempo para Ele--Tu permaneces. Quando esses são enrolados qual vestes, e mudados, não há mudança nEle,--"Tu . . . és o mesmo".

"Os Teus anos jamais terão fim. Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à Minha direita, até que Eu ponha os Teus inimigos por estrado dos Teus pés? Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação? 

Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. 

Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão e desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? a qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo SENHOR, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando DEUS testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do ESPÍRITO SANTO segundo a Sua vontade".

Ocorre aí o contraste entre CRISTO e os anjos. E onde está CRISTO no contraste? Onde está DEUS, com os anjos O adorando. E se a palavra de um anjo era firme e recebia uma justa recompensa e justiça quando desconsiderada, como escaparemos se negligenciarmos a palavra dAquele que é mais alto do que os anjos? Como escaparemos se negligenciarmos a Palavra de DEUS proferida por Ele mesmo?

Agora, volvamo-nos ao outro contraste. Hebreus 2:5:

"Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando".

Há aquelas duas palavras sobre que falamos na noite passada. DEUS disse que poria inimizade entre o homem e Satanás. E isso dá ao homem uma chance de escolher que mundo será o seu. Temos escolhido o mundo que há de vir. Aos anjos Ele não pôs em sujeição esse mundo tampouco; este é o tema de que está tratando. O mundo por vir que temos escolhido não é posto em sujeição para os anjos.

"Antes, alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho, dizendo: Que é o homem, que dele te lembres? ou o filho do homem, que o visites?"

Agora, qual é o propósito, qual é a força, de colocar a palavra "antes" ali? Ele não o pôs em sujeição aos anjos, mas disse assim e assim do homem. Sugeriria, então, que o pôs em sujeição ao homem? O que pensa? Vejamos novamente. "Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando; antes. . ." 

A que parte da declaração se refere esse "antes"? Uma conjunção. A conjunção serve para unir duas partes de uma sentença. Mas esta é uma conjunção de um tipo peculiar, uma conjunção disjuntiva. Uma junção é uma unificação, conjunto é reunir junto, disjuntar é separar. Então, aqui está uma palavra que tanto une quanto separa. É uma conjunção no que une duas cláusulas; é um disjuntivo no que separa os pensamentos que estão nas duas sentenças ou cláusulas, como seja o caso.

Muitas pessoas dizem: "Eu creio na Bíblia, mas..."; "Sim, eu creio que o SENHOR perdoa pecados, mas..."; "Sim, eu confessei os meus pecados, mas..." Esse "mas" os desune de tudo quanto disseram; revela que não creem absolutamente no que disseram. 

O que são as duas coisas, portanto, que estão separadas por esse "antes" em Hebreus 2:6? Primeiro, quem são as duas pessoas separadas pelo "antes"? Uma são os anjos e a outra é o homem Ele não pôs em sujeição aos anjos o mundo que há de vir, mas o pôs em sujeição a alguém, e esse alguém é o homem. Estudemos mais essa bendita verdade.

"Antes, alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho, dizendo: Que é o homem, que dele Te lembres? ou o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste [e o constituíste sobre as obras das Tuas mãos]. Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas". Mas vemos a JESUS.

Onde vemos JESUS? "Tendo sido feito um pouco menor que os anjos". Aqui ocorre o contraste novamente entre CRISTO e os anjos. No outro contraste vimos a JESUS mais elevado do que os anjos; aqui vemo-Lo menor do que os anjos. Por que? Porque o homem foi feito menor do que os anjos e pelo pecado inferiorizou-se ainda mais. Agora vemos certamente como é verdade que como JESUS estava onde DEUS está, tão certamente Ele veio para onde o homem está.

Há outro pensamento que desejamos ajustar a esse. Aquele que está com DEUS onde

DEUS está, está com o homem onde o homem está. E Aquele que estava com DEUS como DEUS está, está com o homem como o homem está. E assim certamente como Sua natureza de DEUS anterior, igualmente é Sua a natureza do homem aqui.

Leiamos este bendito fato agora nas Escrituras, e isso encerrará a lição para esta noite. O verso décimo:

"Porque convinha que Aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse por meio de sofrimentos o Autor da salvação deles. Pois, tanto o que santifica, como os que são santificados, todos vêm de um só".

CRISTO santifica, e são os homens os santificados, e quantos há deles? Um. Foi CRISTO e DEUS no céu, e quantos havia deles? Um em natureza. Como está Ele com o homem na terra e quantos há deles? Um, "vêm de um só".

"Por isso é que Ele não Se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos declararei o Teu nome, cantar-Te-ei louvores".

Esse tempo em breve chegará, quando CRISTO no meio da igreja conduzirá o cântico. Lembrem-se, isso é CRISTO falando nessas citações. "Eu porei nEle a Minha confiança". Este é CRISTO falando--através dos Salmos, também.

"Eis aqui estou Eu, e os filhos que DEUS Me deu. Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também Ele, igualmente, participou, para que, por Sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois Ele, evidentemente, não socorre a anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos".

Aquele que era um com DEUS tornou-Se um com o homem. Prosseguiremos nesta reflexão amanhã à noite. 

Veja Aqui a Primeira Parte: Sair da Babilônia Parte I


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