4 - A fé de Abraão e a justificação

Evangelho aos romanos

Capitulo 4 - A fé de Abraão e a justificação  

Rm 4:1-12: "QUE diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bemaventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado. Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão. E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada; E fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, que tivera na incircuncisão."  

O tema central aqui, é a justificação pela fé. O que o Espírito Santo está nos ensinando aqui, através do apóstolo Paulo, é que Abraão foi justificado pela fé, antes mesmo de praticar alguma boa obra. Isto é de suma importância para a edificação da nossa vida espiritual. 

Então o que podemos dizer de Abraão? Quais foram as experiências dele com respeito a essa questão de ser salvo pela fé? Será que foi por causa de suas boas obras, que Deus o aceitou? Se assim fosse, então ele teria alguma coisa de que se orgulhar. 

Imaginem se Abraão pensasse: eu era um adorador de ídolos, cria em toda sorte de superstições como os caldeus; mas quando eu fiz uma aliança com o Deus de meus antepassados; eu olhei para a lei e disse: está é a aliança que o senhor quer fazer comigo? Não matar, não roubar, não adulterar, não mentir, não cobiçar, não adorar mais ídolos; Senhor, tudo isto eu farei, nem se preocupe. 

Se houvesse em Abraão algum atributo capaz de habilitar ele a guardar a lei; então, ele teria do que se orgulhar. Mas, do ponto de vista divino, Abraão não tinha nenhum atributo, nele próprio, para se orgulhar. 

O orgulho cega a mente do ser humano; sem a graça de Deus no coração, o homem se torna grande aos seus próprios olhos, e se imagina superior a todos os demais. É por isso que Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.” (1 Co 1:27,29).  

Portanto, se Abraão fosse justificado por alguma boa obra feita por ele mesmo, com certeza, teria do que se orgulhar. Mas o texto diz: “Abraão creu em Deus e isso foi-lhe imputado por justiça”. Notem que, Abraão não era o pai literal, segundo a carne, da grande maioria dos romanos, a quem esta carta foi endereçada. Portanto, trata-se de uma linguagem figurada, ou, espiritual.  

Os judeus na época de Jesus, se orgulhavam de ser descendentes literais de Abraão. E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. (Mt 3:9). Os judeus chamavam pejorativamente os gentios de pedra. Por isso Jesus usou esta expressão para enfatizar o fato de que, Deus justifica tanto o justo como o ímpio.  

Porque, quando Deus imputa em nós a sua justiça; a primeira obra que ele faz em nós é criar um novo coração; uma nova maneira de pensar, e por conseguinte, uma nova maneira de agir. Não é por algo de bom que nós fazemos; mas, simplesmente porque cremos na palavra que chegou até nós, através do Espírito Santo.  

O Espírito Santo é o sopro da vida espiritual na alma. A comunicação do Espírito é a transmissão da vida de Cristo. Ele reveste o que O recebe com os atributos de Cristo. Quando amamos a palavra de Deus, e guardamos ela em nosso coração; o Pai e o Filho vem fazer morada em nós através da palavra. (Jo 14:23). 

Assim, as obras que agora praticamos; não provém de nós, mas, sim, da palavra de Deus, que agora está na nossa mente, esta palavra, recebida na alma, molda os pensamentos, e entra no desenvolvimento do caráter. Por isso que Abraão não tinha do que se orgulhar.  

No entanto, há muitos que acreditam na justificação pela fé, mas não produz boas obras. Eles ouvem a palavra, acreditam que ela é verdadeira; mas eles não permitem serem transformados pela palavra. Eles creem que há um só Deus; e fazem bem. Más, também os demônios o creem, e estremecem. Ora, a fé sem as obras é morta. Bem vês que, no caso de Abraão, a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. (Tg 2:19,20,22). Quando cremos na palavra de Deus, damos o primeiro passo em direção à justiça.  

E então, Deus nos prova, para aperfeiçoar a nossa fé. Esta prova, sempre está relacionada com algo, que nunca conseguíamos fazer com as nossas motivações propinas. Quando passamos por esta prova; notem, que, nós não tínhamos a mínima condição de passar por esta prova, em circunstâncias normais, antes de ter fé na palavra de Deus.  

Quando, então, passamos por esta provação; é acrescentado à nossa fé o ingrediente que faltava. As boas obras. Porque, sem as boas obras a fé é morta. (Tg 2:20). Porventura não aconteceu assim com o nosso pai Abraão? Ele foi justificado, não no exato momento em que declarou crer na palavra de Deus; mas, sim, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque. 

E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça. (Tg 2:21). Quando tínhamos uma fé morta, as obras que praticávamos, eram as obras da carne. Era somente uma aparência de crente. Porque esta fé vazia, só de aparência, não confirmava a lei. 

Pelas nossas obras, estávamos confirmando a mentira, de que é impossível ao homem caído, guardar a lei de Deus perfeitamente. A fé faz do homem um cumpridor da lei, já que esse é o significado da expressão “justificação pela fé”. Assim, em sua epístola, Tiago nos informa que as obras de Abraão demonstraram a perfeição de sua fé, em contraste com aqueles que apenas tem uma mera profissão de fé, e não pratica o que crê. Concluímos então, que a fé na palavra de Deus, só é aperfeiçoada, se produzir perfeitamente as obras que estão contidas na palavra de Deus. Tenhamos sempre em mente que, o Espírito Santo é o sopro da vida espiritual na alma.  

A comunicação do Espírito é a transmissão da vida de Cristo. Ele reveste o que O recebe com os atributos de Cristo. Vamos, agora, entender, como é que Deus opera em nós as boas obras. Já vimos que, nós não temos, em nós mesmos, a menor possibilidade de produzir boas obras. Todas as nossas obras, são para Deus, como trapos de imundícia.  

Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. (Rm 4:4). Se, por um acaso, alguém fosse capaz de praticar, por si mesmo, boas obras; o galardão, ou a recompensa, não seria segundo a graça, mas, sim, segundo a dívida. Se alguém pratica boas obras, este tem por direito, receber um salário por isto. Pois digno é o obreiro do seu salário. (Lc 10:7). Mas, àquele que não pratica, por si mesmo, as boas obras, mas crê naquele que pode operar nele as boas obras; a sua fé lhe é imputada como justiça. (Rm 4:5). 

Ou seja, a sua fé, aquela que já foi aperfeiçoada pelas provações, lhe é contada como justiça. Neste caso, o galardão é segundo a graça, porque foi o Espírito da graça, que operou nele as boas obras. Agora, quando as pessoas veem estás boas obras, a glória deve ser direcionada à Deus, que operou nele estas boas obras. Mas, àquele que não pratica boas obras, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. (Rm 4:5). A palavra justificar, significa, perdoar.  

Os primeiros três passos de Jesus no santuário; vida perfeita em uma natureza caída, morte na cruz, e ressurreição, foram suficientes para pagar a dívida de todos os pecadores. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Is 53:5). 

Qual era o nosso castigo, que estava sobre Jesus na cruz? O castigo da transgressão da lei.  

A morte. Através dos primeiros três passos de Jesus no santuário; a dívida foi cancelada, a justiça foi imputada. Bem aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade. (Sl 32:2). Feliz aquele que crê neste plano de salvação. Estes estão em paz, mesmo em meio à tribulação. Vem, pois, esta felicidade sobre a circuncisão somente, ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. (Rm 4:9). 

A felicidade está disponível a todos; mas, somente aquele que crê, pode desfrutar desta felicidade. Os irmãos de José, já tinham o perdão do pecado que eles cometeram contra ele; mas não desfrutaram dá felicidade do perdão. Vendo então os irmãos de José que seu pai já estava morto, disseram: Porventura nos odiará José e certamente nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos. (Gn 50:15). José chorou diante da incredulidade de seus irmãos. Ele já os havia perdoado há muitos anos atrás, quando eles vieram comprar mantimento. Satanás sempre coloca no coração do homem, que o seu pecado é grande demais para ser perdoado por Deus.  

É a palavra de Deus que diz que Ele lança todos os nossos pecados nas profundezas do oceano. (Mq 7:19). No caso de Abraão, como lhe foi, pois, imputada a justiça? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão. (Rm 4:10). 

Abraão é o pai da nação judaica segundo a carne, porém a bênção que recebeu foi quando ainda era incircunciso como qualquer outro gentio. Por isso, pode ser pai de ambos, judeus e gentios. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. (Rm 5:8). A circuncisão era somente um sinal, e não meritória em si mesma. Foi dada a Abraão como uma prova da justiça pela fé que ele já possuía. E tampouco pode significar coisa alguma para nenhum outro.  

Se alguém dos que estavam circuncidados não possuía a justiça, então sua circuncisão nada significava. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus. (I Cr. 7:19). Todos aqueles que creem, são filhos de Abraão e herdeiros, segundo a promessa.  

Rm 4:13-15: "Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé. Porque, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada. Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão."  

A promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita a Abraão pela lei, e nem tampouco à sua posteridade, que somos nós, mas pela justiça que provém da fé. Deus não disse à Abraão algo como: se você guardar toda a minha lei, você vai herdar uma herança incorruptível. Não. Ele não disse isto. Ele disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda na minha presença e sê perfeito. Um homem perfeito diante de Deus é aquele que não está à margem da lei, aquele que não é um marginal. Porque todo marginal é transgressor da lei.  

Como então que Deus promete ao marginal Abraão, aquele que estava sob a lei, que a partir deste momento ele se torna justo? Notem que a expressão aqui está no tempo presente, 'sê perfeito.' Não diz: anda na minha presença, e serás perfeito. O que Deus está dizendo, é: Abraão, enquanto você andar na minha presença, você é perfeito.  

Quando você deixa de andar na minha presença, você volta a ser um marginal, ou aquele que está sob a lei. O seja, Deus está dizendo a Abraão: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, Eu posso todas as coisas, Eu posso te tornar perfeito. A única coisa que você precisa fazer é andar na minha presença.  

Quando nós andamos com Deus, a palavra encarnada. Quando a palavra de Deus está conosco, na nossa mente. Todas as tentações são repelidas rapidamente. Jesus, quando foi tentado no deserto; usou apenas a palavra de Deus para expelir a tentação. Todo aquele que anda na presença de Deus é perfeito. 

Todo aquele que tenta guardar a lei com suas propinas forças, cai na tentação. Percebem o contraste, entre tentar guardar a lei com nossas próprias forças, e permitir que Deus opere em nós esta obediência? Porque, se os que tentam guardar a lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada. (Rm 4:14). Deus prometeu a todo aquele que nEle crê nada menos que libertação do pecado.  

Não se trata de algo arbitrário. Não é que Deus nos disse que se crermos em certas declarações e dogmas, Ele nos concederá em troca a herança eterna. Essa herança é um legado de justiça, e posto que a fé significa receber a vida de Cristo no coração, juntamente com Sua justiça; é evidente que não há outra maneira de receber a herança. Quando o Espírito da graça é introduzido na alma; a figueira estéril, começa a dar frutos. Que tipo de frutos? Se foi o Espírito que produziu, com certeza é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. (Gl 5:22).  

Quando o homem caído, escravo do pecado, crê nas promessas de Deus; o Espirito Santo toma o controle da alma e os frutos do Espirito aparecem. A lei já não é mais contra ele. (Gl 5:23). Perceba que a promessa da herança está vinculada com a justiça. O caráter de Cristo precisa ser refletido no crente. Jesus só virá buscar o seu povo para desfrutar a herança eterna, quando o seu caráter for refletido perfeitamente em seus servos.  

Este evento é ilustrado nas Escrituras, como sendo a grande colheita dos últimos dias. Hoje é o tempo da preparação para receber a herança. Jesus, através do Espírito Santo, está produzindo os frutos do Espírito em cada crente. Quando o fruto estiver maduro, Ele voltará para colher. Não são os sinais externos que determinarão a segunda vinda de Cristo. Jesus voltará quando os frutos estiverem maduros. Todos os eventos finais dependem de um povo preparado.  

Neste exato momento, Deus está retendo os ventos das contendas, das comoções políticas e religiosas; até que seus servos sejam assinalados com o selo do Deus vivo. (Ap 7:13). Naquele grande dia, pouco antes do fechamento da porta da graça; João comtempla outra vez este grupo, que estava sendo assinalados, reunidos no monte Sião. Todos devidamente assinalados, para dar a última mensagem de misericórdia ao mundo. 

E qual é o selo que eles receberam? o nome de seu Pai. (Ap 14:1). Na Bíblia, sempre o nome está relacionado ao caráter do indivíduo. Ninrode significa adversário; Jacó significa enganador; e é interessante notar, que, quando ele se converte, Deus muda o seu nome, ou seja, Deus muda o seu caráter. Assim, o povo de Deus, precisamente antes do fechamento da porta da graça; terão o mesmo caráter de Deus. Nós só vamos dar a última mensagem de misericórdia ao mundo, quando, Deus, através da sua palavra, habitar em nós, e conduzir a nossa vida, em todos os aspectos. 

No entanto, alguém pode dizer: mas, não é o sábado o selo de Deus? Sim. O sábado é o sinal externo, da obra que Deus está fazendo no seu coração. A santificação. (Ez 20:12). Aqui está a diferença entre os que vivem tentando guardar a lei, e os que creem que a palavra espiritual, entesourada em seus corações, os habilita a guardar a lei perfeitamente. Estes são pacientes, mansos, e sempre confiantes. Porque eles sabem que os frutos não provém deles mesmos, e que a palavra de Deus nunca falhou; e vai cumprir neles tudo o que prometeu.  

Os frutos de uma boa árvore, plantada junto às correntes de águas, da os seus frutos naturalmente, no tempo certo. Mas os que tentam guardar a lei com suas propinas forças, são ansiosos, está sempre inquieto consigo mesmos porque não alcançam o objetivo esperado. Muitos passam a vida toda tentando, e não levam uma alma à Cristo pelo seu exemplo. 

São ásperos, descorteses, impacientes, sem misericórdia; porque conhecem a lei de Deus, mas, não conhecem o Deus da lei. Sendo que a própria lei diz que Ele é misericordioso. (Êx 20:6). Estes, desprezam a fé, e aniquilam as promessas. Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão. (Rm 4:15). Porque as obras da carne, que a lei condena, é deixar claro, que, através destas vem a ira de Deus. 

As quais são manifestas: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. (Gl 5:19-21).  

Aquele que pensa que pode, por si mesmo, obter justiça a partir da lei, em realidade está tentando substituir a justiça de Deus pela sua própria. Está tratando de conseguir a terra prometida, de forma fraudulenta. Portanto, quando comparecer ante o tribunal do juízo para reclamar seus direitos de propriedade sobre a terra, descobre que há uma acusação criminal contra ele; e encontra “ira” em lugar de bênção. 

A estes, que tem a forma da ciência e da verdade na lei; estes, que ensinam a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? (Rm 2:20-23). Mas, onde não há lei também não há transgressão.  

Quando que a lei desaparece juntamente com a transgressão? Quando a palavra de Deus destrói a natureza carnal e terrena. Quando o homem passa a ser espiritual. Porque o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. (Gl 5:22). Quando esta palavra se cumpre na vida dos servos de Deus; não há mais transgressão, não há mais lei. (Gl 5:23).  

Rm 4:16-25: "Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós, (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem. 

O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus, E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.  

Assim, isso lhe foi também imputado como justiça. Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta, Mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação."  

A fé genuína apropria-se da justiça de Cristo, e o pecador é feito vencedor com Cristo; pois ele se faz participante da natureza divina, e assim se combinam divindade e humanidade. A graça nada mais é do que, a divindade habitando em nós. Quando cremos que Jesus venceu com uma natureza caída como a nossa; e que a sua justiça foi aceita pelo Pai. 

Quando entendemos que o Pai, só aceitou a justiça que Cristo desenvolveu pela fé na palavra do Pai, unicamente porque era o Pai que estava em Cristo operando as obras nele; quando entendemos que Jesus, de si mesmo, não podia fazer coisa alguma, quando esteve aqui neste mundo com uma natureza caída; a nossa fé é fortalecida. E assim como Deus operou todas as boas obras em Cristo; desta mesma forma, operará em nós as mesmas obras. Isto é crer na justiça de Cristo.  

Ou seja, crer que a justiça de Cristo foi operada pelo Pai. Jesus nos convida a vencer como Ele venceu. (Ap 3:21). Jesus venceu porque o seu Pai o despertava todas as manhãs, bem cedo, antes do nascer do sol, para lhe dar a tão necessária graça. 

Era assim que a humanidade de Cristo se unia com a divindade. E, é desta maneira, também, que a nossa humanidade se une com a divindade. Através da graça, nos tornamos divino humano como Cristo. Foi assim que a promessa permaneceu firme em toda posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão. 

Porque todos os que são da fé são filhos de Abraão, não importa a sua nacionalidade. Lemos ainda sobre o juramento feito por Deus através do qual Jesus foi constituído Sumo Sacerdote. Por isso mesmo, Jesus Se tem tornado fiador de superior aliança. (Heb. 7:22). Jesus não Se deu somente a certa classe, mas a todos sem distinção. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que tudo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:16). 

Jesus disse: O que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora. (João 6:37). Cristo habita no coração pela fé (Ef. 3:17). O juramento pelo qual Jesus foi constituído Sumo Sacerdote é a garantia da promessa feita a Abraão. 

Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. (Hb 6:1720). 

Por que Deus confirmou a promessa a Abraão mediante juramento? Não foi por causa de Abraão, visto que ele creu plenamente sem necessidade de juramento. Foi por nós. Quando esse juramento nos transmite forte alento? Quando corremos e nos refugiamos em Cristo como sacerdote no Lugar Santíssimo.  

Quando nós nos achegamos com confiança ao trono da graça. Cristo como Sumo Sacerdote além do véu. Este é o juramento de Deus que nos anima a crer que Seu sacerdócio nos salvará. O juramento de Deus a Abraão foi idêntico àquele que constituiu Cristo como Sumo Sacerdote. Isso mostra plenamente que a promessa de Deus à Abraão é um tipo do evangelho de Cristo.  

Assim, todo aquele que crê, a saber, em Deus, que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor; são herdeiros da promessa com o crente Abraão. Deus chama as coisas que não são como se já fossem. Quando o Espírito Santo nos atrai para leitura da Bíblia; os primeiros versos que lemos são: NO princípio criou Deus os céus e a terra. … E disse Deus: Haja luz; e houve luz. (Gn 1:1,3). 

Toda a Bíblia, desde Gênesis à Apocalipse, é uma demonstração do poder da palavra de Deus. O mesmo Deus que criou o mundo com a sua palavra; é o mesmo que promete, que, com a sua palavra, implantada em nosso coração, nos habilita a vencer o pecado. A promessa é para todos. Mas existe alguns que olham para si mesmos, para sua natureza caída; e dizem: é impossível esta palavra se cumprir em mim.  

A palavra de Deus diz: Posso todas as coisas naquele que me fortalece. (Fp 4:13). Mas o incrédulo, apesar de ler toda a palavra de Deus, e ver que, nem uma jamais falhou; ainda assim, na sua mente ele diz: Posso quase todas as coisas naquele que me fortalece; menos vencer o pecado. Se você está lendo na Bíblia, a história de Abraão, aquelas promessas são para você. 

Se você está lendo a história de José, ou de Davi, ou de Jó; todas estas palavras foram escritas para nós. Foi unicamente por você e por mim, que estas palavras foram preservadas, intactas, por milênios. Para que ela pudesse chegar a nós com o mesmo poder criador de um Deus que cria as coisas do nada. Deus chama à existência as coisas que não são como se já fossem. Por uma parte o homem tem razão de dizer que, é impossível à ele, vencer o pecado em sua natureza caída; assim como era impossível à Pedro andar sobre as águas.  

Mas, nós sabemos que Pedro andou. Como está impossibilidade se tornou possível? Porque ele creu na palavra de Jesus. Nós fomos ensinados que para sermos justificados, primeiramente, precisamos deixar de pecar. Mas, a Bíblia não ensina tal coisa como esta. 

A justificação não é uma declaração de que estamos justificados. Quando Deus nos justifica, Ele nos torna justos. Porque Ele tira de nós todos os nossos pecados. A justificação não é uma capa que é colocada sobre nós, para esconder os nossos pecados que não conseguimos abandonar. A mulher pecadora, que foi levada a Jesus, estava a ponto de ser condenada à morte.  

Mas, Jesus mostrou aos seus acusadores, que eles compartilhavam os mesmos pecados dos quais eles acusavam a mulher. Os que se julgavam justos à sua própria vista, não suportaram estar na presença de um Deus justo. Então, Jesus, não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. (Jo 8:10-11).  

Esta passagem ilustra perfeitamente a justificação pela fé. Precisamos entender o propósito de cada palavra que sai da boca de Deus. disse-lhe Jesus: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Jesus não estava perguntando, porque queria saber o paradeiro destes homens; Jesus sabia muito bem porque eles se foram. 

O objetivo desta pergunta, era, deixar claro à mulher, que ela estava justificada perante os seus acusadores. Se a audiência com Jesus terminasse neste exato momento; pouquíssimo resultado se teria obtido. A mulher se livraria da primeira morte, por estar na mesma condição dos seus acusadores, mas, ainda permanecia escrava do pecado. Mas, a Audiência continua, e Jesus dá o veredito: Eu também não te condeno. Neste exato momento ela foi justificada.  

Muitos se contentam com a primeira parte da audiência. Querem apenas estar bem diante dos homens; o seu padrão de justiça, se baseia no seu próximo. Mas quando Jesus diz: mulher, eles te justificaram porque se deram conta que eles também são incapazes de vencer o pecado. Não se contente com o padrão de justiça do mundo. 

Ninguém vai se justificar diante de Deus porque nunca matou, nunca roubou, nunca adulterou, ou porque devolvia o dízimo, cantava, pregava, era líder, ou porque fazia trabalho missionário. Todas estas justiças, é para Deus, como trapos de imundícia. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? 

E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. (Mt 7:22-23). A justiça que precisamos para estar de pé diante de Deus no juízo, é a justiça de Deus. Uma aparência de justiça não é suficiente. Na grande maioria das vezes; aqueles que são aprovados pelos homens, são desaprovados por Deus.  

Precisamos assim como a mulher pecadora, ouvir dos lábios de Jesus: Eu não te condeno. Você é justo diante de mim. Não importa o que os homens pensam de você. De agora em diante, você é justo diante de mim. Isto se chama justiça imputada. A mulher não foi até Jesus em busca desta justiça; na verdade, ela foi obrigada a ir. Ela em nem um momento, pediu esta justiça. 

Assim como todos os pecadores, até este momento, ela não sabia o que significa ser justificado, e nem para que precisamos ser justificados. Se a mulher saísse da audiência neste momento; ela continuaria igual a seus acusadores. Antes dela sair satisfeita, com parte da bênção, Jesus diz: vai-te, e não peques mais. Queridos, isto foi uma sugestão? Isto foi um conselho? Quando o mesmo Jesus disse: haja luz. (Gn 1:2). Demorou quantos bilhões de anos para haver luz?  

A Bíblia diz que no mesmo instante houve luz; e o contexto confirma isto. Será que o mesmo Deus que chama a luz do nada, e ela vem à existência; não tem autoridade de ordenar ao pecador, vai-te, e não peques mais? Está é a palavra de Deus. Ela nunca sai vazia da boca de Deus.  

Toda a palavra de Deus é espiritual. É o poder do Espírito Santo que cumpre a palavra que sai da boca de Deus. E quando exercemos fé, contra todas as evidências contrárias; somos santificados. Assim como Abraão, o qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. (Rm 4:18). Deus nos salva para vivermos como salvos. 

Assim também, Abraão, não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. (Rm 4:19). Uma vez salvos, não devemos mais olhar para nossas impossibilidades. Como que Deus vai me livrar de pecar? Lembre-se que Deus chama as coisas do nada. Ele diz: Haja, e tudo aparece. Ele não precisa encontrar alguma coisa boa em nós, para nos fazer justos. Ele faz isso à partir do nada. 

Justificação pela fé, é Deus fazendo, e o homem crendo.  

Abraão, não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer. (Rm 4:20,21).  

Assim isso lhe foi também imputado como justiça. (Rm 4:22). Notem a palavra, 'também.' Aqui vemos com clareza, as duas etapas da justificação. A primeira é automática, Deus imputa a sua justiça à toda humanidade. A maior parte da humanidade nem sabe que foi justificada. Não é exigida a fé para esta primeira etapa. A segunda, é a justiça comunicada. Esta, apenas é comunicada aos que aceitam e crê.  

Ora, não só por causa de Abraão está escrito, que lhe fosse tomado em conta, Mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação. (Rm 4:23-25). Se não há ressurreição dos mortos, então, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (1Co 15:13,14). Foi a fé de Abraão na ressurreição dos mortos que o fez pai de muitas nações.  

O juramento de Deus à Abraão teve lugar por ocasião do oferecimento de Isaque. (Gn. 22:15-18). Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu seu filho Isaque. Ele cria nas promessas recebidas e estava pronto para sacrificar o seu único filho; por meio de quem Deus havia prometido: “Por meio de 

Isaque é que você terá descendentes”. Abraão creu que se Isaque morresse Deus o ressuscitaria; e, por assim dizer, Abraão recebeu da morte o seu filho Isaque! (Hb 11:17-19 NBV 07).  

Esta promessa também foi escrita para nós, assegurando-nos de que Deus nos aceitará do mesmo modo como aceitou Abraão.  Quando crermos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor. (Rm 4:24).  

Este é um dos maiores pilares da fé. Não permita que ninguém tire este fundamento de você, com vãs filosofias. Quando os apóstolos estavam ensinando esta doutrina ao povo, sobrevieram os sacerdotes, e o capitão do templo, e os saduceus, Doendo-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos. (At 4:1-2). 

Através da fé na ressurreição de Jesus, é aniquilada a nossa justiça que vem da lei, e, estabelecida a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos. (Fp 3:9-11).  

Esse poder da ressurreição, que opera justiça no homem é a segurança da ressurreição final para a imortalidade, no dia final, no momento em que ele entra em sua herança. Esta justiça se manifesta em nós, quando cremos que Jesus foi entregue por nossos pecados, e ressuscitou para nossa justificação. (Rm 4:25). 


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