3 - Não há diferença entre judeus e gentios

Evangelho aos romanos

Capitulo 3 - Não há diferença entre judeus e gentios 

 Rm 3:1-18: "QUAL é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas. Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado. E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como homem.) De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o mundo? Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador? E por que não dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa. Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos."  

Existe alguma vantagem em ser judeu ou cristão? Com relação à palavra de Deus, existe muitas vantagens. Em Apocalipse 1:1, vemos o modo operante de Deus, ao compartilhar a palavra que sai da sua boca. 

Primeiro, Deus transmite sua palavra a Jesus; então, Jesus toma esta palavra que recebeu do Pai, e entrega ao anjo; o anjo toma esta palavra, e entrega ao profeta; o profeta toma esta palavra e entrega aos servos de Deus. Mas, quando vamos à êxodo 20:1, na proclamação da lei no Sinai; esta cadeia de mandos parece não existir. 

Lá diz que foi Deus que falou diretamente a Moisés. Mas, quando lemos o mesmo relato inspirado, descrito desta vez por Estêvão; vemos que a cadeia de mandos de Apocalipse 1:1 permanece. É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para molas transmitir. (At 7:38).  

Não existe contradição entre Moisés e Estêvão. Moisés resumiu: Deus me disse. Porque ele sabia que o anjo que falava com ele, estava trazendo não as suas palavras, mas, sim, a palavra de Deus. Então, é um grande privilégio receber a palavra de Deus. 

A palavra de Deus, nunca falha. Pela palavra de Deus, os mundos foram criados. (Hb 11:3). Deus falou, e logo tudo veio à existência. A palavra de Deus tem um poder infinitamente grande. Mas, infelizmente, esta palavra tão poderosa perde todo o seu poder quando a rejeitamos, ou descemos dela.  

A palavra de Deus diz: todas as coisas posso, em Cristo que me fortalece. (Fp 4:13). Se Deus diz tudo; é tudo. A palavra de Deus nos diz tudo o que nós precisamos fazer, e nos dá poder para fazer tudo. Mas, muitos dizem: eu sei que Deus pode fazer muitas coisas em mim; menos vencer o pecado. 

Então, neste caso, Deus não pode fazer tudo. Pois quê? Se alguém não crer que Deus pode fazer cumprir toda a sua palavra em sua vida, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma. Precisamos crer na palavra de Deus. Quando acreditamos, a palavra que sai da boca de Deus, penetra em nós como uma espada de dois gumes, bem afiada, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. (Hb 4:12).  

A palavra de Deus, penetra até a raiz do pecado, na mente, onde ele é formado. A vitória sobre o pecado consiste apenas em deixar a palavra fazer uma cirurgia em nossos membros. A palavra se fez carne, e habitou entre nós. (Jo 1:14). 

Ela está bem pertinho de nós, está ao nosso alcance. Mas, para fazer a cirurgia em nós, ela precisa estar dentro de nós. A palavra sussurra ao nosso coração: eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. (Ap 3:20). 

Quando pecamos, estamos dizendo ao universo que Deus é injusto, que Deus não me ama, que Deus promete, mais não cumpre. E, se o nosso pecado for por causa da justiça de Deus; se Eu disser: eu peco porque as normas de Deus são muito altas para eu alcançar; se Deus não fosse tão rígido, se Deus não fosse tão detalhista; o meu quadro seria outro. 

Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o mundo que comete estes mesmos pecados que eu cometo? Deus não rebaixa a sua lei para que nós sejamos capazes de cumpri-la. 

Deus, através da sua palavra opera em nós o querer e também o efetuar, da maneira como lhe agrada. A palavra de deus destrói a natureza carnal, e terrena, e comunica nova vida em Cristo Jesus. O Espírito Santo vem ter com a alma como Consolador. Pela transformadora influência de Sua graça, a imagem de Deus se reproduz no homem; torna-se uma nova criatura.  

A palavra de Deus, recebida na alma, molda os pensamentos, e entra no desenvolvimento do caráter. A palavra de Deus vem a nós como gotas da chuva; assim como o orvalho cai sobre a erva, assim suavemente ela vai fazendo sua obra transformadora. (Dt 32:2). 

Imagine um pomar com muitas variedades de frutas em uma terra que recebe constantemente o orvalho, e as chuvas na medida certa; quanta abundância de frutas terá este pomar. Mas, se ele servir apenas para minha admiração, e exaltação própria, e não compartilhar estes frutos com ninguém; que proveito tem toda esta beleza? Deus nos deu a sua santa lei, e quando eu digo lei, me refiro a toda escritura, pois a bíblia, a palavra de Deus, nada mais é do que uma extensão da lei, ou uma explicação da mesma.  

Esta lei foi confiada a nós, com o objetivo de nos tornarmos novas criaturas, e assim compartilhar a outros. A vantagem e a honra concedida à nação judaica ao ser-lhe confiada a Lei de Deus, a fim de que fosse conhecida no mundo, é um privilégio incalculável. 

Sempre que ocorre algo surpreendente conosco, este gozo não se completa enquanto não compartilhamos com outras pessoas. Porque isso não ocorre com frequência, com respeito ao grande legado que nos foi confiado? Isto demonstra que não recebemos ainda a palavra transformadora de Deus em nossos corações.  

Pedro, após perceber a beleza e grandiosidade da palavra que lhe foi confiada, não fazia outra coisa, a não ser, anuncia esta palavra a outros; mesmo correndo risco de vida; assim ele dizia: Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. (Atos 4:20).  

Alguns acham que é inútil levar o evangelho aos pagãos, visto que Deus os justifica se andarem de acordo com a pouca luz que incide sobre eles, tanto como as pessoas que caminham de acordo com a mais ampla revelação da palavra escrita. Não devemos pensar assim.  

A luz é uma bênção. Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Hc 2:14). Deus nos deu o privilégio de levarmos esta luz a todo o mundo. Não temos dúvida de que esta palavra de Deus vai se cumprir como todas as outras. Se nós não nos dispusermos a fazer, Deus usará outros. Voltemos por um momento a nossa atenção aos incrédulos. A luz de Deus está sendo derramada sobre crentes e incrédulos.  

Estes últimos dizem, na sua incredulidade: e, se os nossos pecados forem a causa da justiça de Deus; então, não será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador?" Paulo expõe o que essa retórica acoberta. 

Na verdade, o que ela quer dizer é: Por que não praticar o mal para que venha o bem? Porque não matar os anunciadores de boas novas para que estejamos em paz? A intenção real é pretender que o mal seja, em realidade, bom; que as pessoas são boas, a despeito do que possam fazer, já que o bem procederá do mal. Essa é a essência do espiritismo moderno bem como do universalismo, que ensinam que todos os homens serão salvos.  

Estas ideias são como uma lepra. Elas estão por toda parte, inclusive em nosso meio. A ideia de que o homem pode ser bom por si mesmo. Jesus quando este aqui, em carne, como nós, disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. (Lc 18:19).  

Não existe bondade sem Deus. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. (Mc 7:21-22). 

Portanto, aquele que pensa que pode pôr seus próprios esforços praticar o bem, está factualmente dizendo que o bem procede do mal. O mesmo diz quem recusa confessarse pecador. Ele está se colocando acima de Deus, já que nem mesmo Deus transforma o mal em bem.  

Deus transforma o homem mal em bom, imputando nele a sua justiça. Esta obra não é apenas um ato declaratório. Deus cria neste homem uma nova mente; ele passa a pensar como Deus pensa, porque o próprio Espírito de Deus passa a habitar nele; e as obras que ele passa a operar, não são mais as suas obras, mas, sim, as obras de Deus que habita nele. 

Então, somos nós mais excelentes por refletirmos o caráter de Deus? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado. (Rm 3:9). Aqui está a grande realidade. Só há um caminho para a salvação do homem. A graça de Deus implantada na alma.  

Todos estamos em uma mesma condição, todos possuímos uma natureza caída, o mesmo remédio é aplicável a todos. Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus por si só. Tudo que nos atrai a Deus, não vem de nós mesmos. A fé, a palavra, o amor, a graça, tudo provém de Deus. Não temos vantagem alguma, por conhecer a verdade antes dos gentios. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. (Rm 3:19-12).  

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. (Is 53:6). Na cruz, Jesus perdoou a todos; porque não havia nem um bom, nem sequer um. Todos estavam em meio às trevas, ninguém sabia o que era paz. 

Porque apenas os que amam a lei de Deus tem abundância de paz. (Sl 119:165). Temos o maravilhoso privilégio de anunciarmos a lei aos gentios; o único instrumento capaz de trazer a verdadeira paz para eles. Mas este legado não nos proporciona nem uma vantagem sobre eles, pois precisamos constantemente, assim como eles, beber do mesmo remédio.  

Rm 3:19-21: "Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas;"  

Tudo o que a lei diz, diz para os que estão na jurisdição da lei, ou debaixo da lei. A lei de Deus é viva e eficaz e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. (Hb 4:12).  

A lei, ou a palavra de Deus é viva. Muitos tentam refutar a lei com toda sorte de argumentos; esquecendo-se, no entanto, que é o próprio Deus que pronunciou todas estas palavras. Por isso que a palavra é viva, porque saiu da própria boca de Deus. 

Quando nós lemos a lei, ou a explanação da lei, que é toda a Bíblia, é Deus falando diretamente conosco. Quando abrimos a palavra de Deus, depois de suplicar a Ele a direção do Espírito Santo para iluminar a nossa mente; esta palavra viva, penetra no mais profundo do nosso ser, e traz à luz, pecados que nunca imaginamos ser tão ofensivo a Deus.  

É como se estivéssemos nus na presença Deus. Para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja culpável diante de Deus. (Rm 3:19). Por isso ninguém, nem uma pessoa no universo, será justificada diante de Deus pelas obras da lei, porque a lei tira toda a nossa capa de justiça própria e nos deixa nus. Porque pela lei vem o conhecimento do pecado. (Rm 3:20). 

O pecado cria uma barreira de separação entre Deus e o homem, pois, além de sua culpa, ele possui uma natureza carnal; e a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois a carne, por natureza, não se submete à Lei de Deus de nenhuma maneira. (Rom. 8:7) Porque a carne está sempre em guerra contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. (Gál. 5:17). 

Imagine uma guerra, de um lado o batalhão da carne: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, e glutonarias.  

Do outro lado o batalhão do Espírito: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, e temperança. O campo de batalha é a nossa mente. Talvez nem fosse necessário identificar qual é o nosso batalhão; mas vou fazê-lo para demonstrar que esta aplicação é bíblica. A lei é o batalhão espiritual.  

Nós somos o batalhão carnal, escravos do pecado. (Rm 7:14). Esta é a única batalha que nós torcemos contra nós mesmos. Há um anseio na nossa alma que o batalhão espiritual vença esta batalha. Mas ao mesmo tempo que temos este anseio dentro de nós; damos todas as munições para o nosso batalhão vencer a batalha.  

Por isso aquele que tenta guardar a lei com suas próprias forças, tenta o impossível. Tudo o que nós tentamos fazer, apenas proverá mais munição para o nosso batalhão vencer a batalha. O que fazer então? A resposta é: deixe de fazer. Deixe o batalhão espiritual matar o batalhão carnal. 

Se nós permitirmos, a palavra de Deus, destrói a natureza carnal e terrena, e comunica nova vida em Cristo Jesus. O Espírito Santo vem ter com a alma como Consolador. Pela transformadora influência de Sua graça, a imagem de Deus se reproduz em nós; tornando-nos uma nova criatura.  

A palavra de Deus, recebida na alma, molda os pensamentos, e entra no desenvolvimento do caráter. Precisamos entender que é Deus quem batalha por nós. O objetivo da lei é mostrar a nossa incapacidade de obedecer uma lei santa, justa e boa. A lei não nos justifica, este não é o seu objetivo. Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus. (Rom. 3:21).  

Agora, no homem caído, se manifestou a justiça de Deus, não segundo as obras da lei. Porque já vimos que pela lei vem o conhecimento do pecado. Quanto mais nos aproximamos da lei, mais pecadores nos sentimos. À medida que o Espírito Santo vai escrevendo a lei de Deus em nosso coração, mais patente fica nossos pecados. 

A lei, por si só, não produz justiça. Ela é um instrumento poderosíssimo para nos conduzir à justiça. O salmista disse: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração. (Sl 40:8). O que estava dentro do coração do salmista? O testemunho da lei e dos profetas.  

Ou seja, a palavra de Deus. Em João 1:14 diz que a palavra se fez carne para estar mais próxima do homem caído. Mas, a palavra encarnada, não se contenta em estar apenas próximo de nós; ela quer estar dentro de nós. Ele diz: eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. (Ap 3:20).  

Quando temos a palavra perto de nós, mas, fora do nosso coração, dizemos: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; sem saber que somos um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu. (Ap 3:17). Isto nada mais é, do que uma capa de justiça própria que máscara o verdadeiro problema; a pobreza, a cegueira e a nudez espiritual.  

As riquezas da palavra de Deus está fora do seu coração. Não há iluminação do Espírito Santo para compreender a palavra de Deus; e o resultado é nudez. Por fora uma capa de folhas de figueira, incapaz de cobrir a nudez do pecado. Se permanecermos nesta condição, quando Deus chamar o nosso nome no juízo de investigação; daremos conta que estamos como Adão, vestidos com as vestes erradas.  

A única veste capaz de cobrir nossa nudez, é a veste de Cristo; isto é, a justiça de Deus, que se manifesta pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem. (Rm 3:22). Antes de avançarmos para os versículos seguintes, precisamos entender claramente como a justiça de Deus se manifesta por influência da lei e do testemunho de todos os profetas. 

A justiça de Deus que se manifesta sem a Lei, é testemunhada pela Lei. É desse tipo de justiça que a Lei dá testemunho e aprova. Tem de ser assim, já que é a justiça que Cristo manifestou, e essa provinha da Lei que estava em Seu coração. Assim, embora a Lei divina não possa imputar justiça a nenhum homem, não deixa de ser a norma de justiça.  

O salmista Davi conhecia muito bem este conceito; notem as suas palavras: tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; {como que Davi sabia que Deus era benigno?} apaga as minhas transgressões, {como que Davi sabia que ele havia transgredido?} segundo a multidão das tuas misericórdias. {como que Davi sabia que Deus era misericordioso?} Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado. {Como que Davi sabia que ele havia pecado?} Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. {que instrumento era este que projetava diante de Davi todos os seus pecados?} Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, {como que Davi sabia que ele havia ofendido a Deus?} Para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. {como que Davi sabia que há um juízo?} (Sl 51:1-4).  

A resposta para todas estas perguntas é: a lei e o testemunho de todos os profetas que explicaram e magnificaram a lei. Ou seja, a palavra de Deus escrita em nossos corações. 

O simples fato de termos a palavra encarnada, perto de nós, não nos imputa justiça. A palavra encarnada esteve três anos com os discípulos. Vocês se lembram como era a justiça deles neste período? Como trapos de imundícia. Orgulhosos, presunçosos, avarentos, sem domínio próprio e sem fé.  

Mas, no final do seu ministério, a palavra encarnada, abre diante deles os planos de Deus. Eu vou para junto do meu Pai, para preparar uma morada para vocês. Mas, não fiquem tristes; não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. (Jo 14:2,18,20,26).  

Agora, a palavra encarnada, não estaria mais junto deles; agora, Ela estaria em seus corações. Com a palavra encarnada ao lado deles; eles apenas aparentavam fazer a vontade de Deus, mas os seus corações estavam vazios da palavra e cheio de egoísmo. Não é mera coincidência se você, querido leitor, se sente assim neste momento. 

Muitos desejariam ter estado ao lado da palavra encarnada, quando Ela esteve aqui entre os homens. Mas, acreditem; nós não seríamos melhores que os discípulos. A grande obra operada nos discípulos não foi quando a palavra encarnada estava ao lado dos discípulos em pessoa. A grande obra foi manifesta neles, quando Jesus estava junto ao Pai e a sua palavra no coração dos discípulos. 

Uma grande obra se manifestará em nós, quando deixarmos de carregar a Bíblia na mão, e passar a carregá-la dentro do nosso coração. "Eis que estou à porta e bato." A palavra viva quer fazer parte das nossas células, quer ser o combustível que move todas as nossas ações. 

Buscar o reino de Deus e sua justiça é tudo quanto se requer de nós nesta vida. (Mt 6:33). Paulo expressa seu desejo de que, ao retornar o Senhor, ele possa ser achado “nEle, não tendo justiça própria, que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Fp 3:9). Deus dá a cada um uma medida de fé (Rm. 12:3). Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. (Ef 2:8). A fé vem até nós através da palavra de 

Deus; precisamos somente esconder esta palavra em nosso coração. (Sl 119:11). Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. (2 Tm 4:7).  

Aqui está a perseverança dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. (Ap 14:12). Aqui são destacados uma classe especial, em contraste com os adoradores da besta e da Sua imagem. 

Os que receberam a fé e não guardaram em seu coração; recebem o selo da besta. Os que guardaram em seus corações, os mandamentos de Deus, ou seja, a palavra de Deus e a fé de Jesus, recebem o selo de Deus. A justiça própria do homem, que é pela lei, está somente no exterior (Mt 23:27,28). 

Porém, Deus quer a palavra dentro de nós (Sl 51:6). Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração. (Dt. 6:6). Dessa forma, a promessa do novo pacto é: “Na mente, lhes imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas inscreverei.” (Jr. 31:33). O homem reflete o que está dentro do seu coração. 

Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfémias. (Mt 15:19). Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. (2 Co 3:18). Os que guardam a palavra de Deus no coração, refletem a imagem de Deus. Quanto mais passamos tempo com a palavra de Deus, mais semelhantes a Cristo nos tornamos.  

Rm 3:23-26: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.  

Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus." 

Todos nós estamos na mesma condição pecaminosa; todos nós perdemos a glória de Deus. No plano da salvação, não há nenhuma diferença entre os seres humanos; todos necessitam de perdão.  

O manto da glória de Deus que vestia nossos primeiros pais, foi perdido. A glória de Deus é Sua justiça. Veja que a razão por que todos estão destituídos da glória de Deus, é porque todos pecaram. Está claro que, se não houvessem pecado, não teriam sido privados da glória. Estar faltos da glória de Deus consiste no mesmo que estar em pecado.  

Deus, então, juntamente com seu filho, traça um plano, para devolver ao homem a glória perdida; sem anular nem um jota ou til da lei. (Mt 5:18). 

O homem seria justificado gratuitamente, apenas acreditando neste plano da redenção, baseado na vida, morte e ressurreição de Jesus. Justificar não significa apenas perdoar, significa também, tornar justo; isto é feito através da graça. 

Esta graça, cria no homem caído, uma inimizade contra o pecado. Este poder se chama graça porque é de graça. Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço. (Is 55:1). A justificação se adquire gratuitamente. Muitos creem ser necessário produzir alguma obra a fim de obtê-la.  

O conhecimento deste plano o livra de pecar, e sua glória é passar sobre a transgressão. (Pv 19:11). O plano da redenção é devolver ao homem o manto de justiça que foi perdido por causa da transgressão. 

A graça de Deus perdoa os pecados passados, e habilita ao homem passar sobre a transgressão, vestindo ele de glória. Porque o SENHOR Deus é um sol e escudo; o SENHOR dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão. (Sl 84:11). 

Somos justificados gratuitamente pela redenção que há em Cristo Jesus, por meio do evangelho, e das riquezas incompreensíveis de Cristo. Como que Cristo adquiriu esta riqueza incomparável para pagar o preço da nossa redenção? Ele teve que trabalhar aqui na terra. Precisou produzir obras de justiça com uma natureza caída. Jesus, assim como seu Pai, sempre foi rico em justiça.  

Mas esta riqueza não poderia pagar o preço da redenção do homem. A justiça de Deus não pode justificar o pecador. A justiça de Deus exige perfeita obediência à lei. O homem após o pecado se tornou escravo de Satanás. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também escravo. (2 Pe 2:19).  

Um escravo não tem poder de escolha. Ele só faz o que o seu senhor manda. Parecia impossível libertar o homem desta escravidão. Gênesis 3:15 é a nota promissória que Jesus assinou para pagar o preço do resgate do homem caído.  

Satanás, o teu reinado acabou. Eu porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a semente da mulher; a semente da mulher te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3:15). Satanás, na pessoa de seus escravos, feriria Jesus no calcanhar, traiçoeiramente. (Sl 41:9). Mas Jesus, após viver aqui uma vida perfeita, morrer é ressuscitar; esmagou a cabeça de Satanás.  

O preço foi pago na cruz do calvário. Satanás, desde o princípio, afirmou que é impossível ao homem caído guardar perfeitamente a lei de Deus. Todo o plano da redenção consiste em contestar esta acusação. Deus, então, coloca em ação o seu plano. 

Jesus deveria nascer como homem. Mas com que natural? A natureza do homem antes da queda, ou natureza do homem caído? Se Jesus houvesse tomado a natureza humana de Adão antes da queda, seria uma grande humilhação para um Deus justo. Satanás, com razão, o causaria de injusto. 

Adão antes da queda tinha o poder da escolha. Ele podia escolher entre obedecer a lei de Deus, ou desobedecer; tanto é que ele escolheu desobedecer. Após o pecado, o homem perdeu o poder da escolha; um escravo não escolhe o quer ou não fazer; um escravo apenas obedece ao seu senhor. Já vimos que este problema foi resolvido com a graça. Pela desobediência às ordens de Deus, o homem caiu sob a condenação de Sua lei, esta queda exigiu que a graça de Deus se manifestasse em favor dos pecadores. 

Jamais teríamos conhecido o significado da palavra “graça” se não tivéssemos caído. 

Deus ama os anjos sem pecado, os quais fazem o Seu serviço e são obedientes a Suas ordens; mas Ele não lhes concede graça. Esses seres celestiais nada sabem de graça; jamais necessitaram dela, porque jamais pecaram. Graça é um atributo de Deus, imerecidamente manifestado para com os seres humanos.

O texto diz que jamais teríamos conhecido o significado da palavra “graça” se não tivéssemos caído. Ou seja, a graça é apenas para seres caídos. Os anjos nada sabe sobre graça. Na nova terra nós vamos ser um espetáculo para os mundos não caídos. 

Eles vão querer saber detalhes, como nós conseguimos vencer Satanás com uma natureza caída, se até mesmo os anjos perfeitos foram enganados por Lúcifer. Nós vamos então, dizer aos anjos, a graça de Deus fez isso em nós, a graça de Deus nos habilitou a vencer. Nunca teríamos conhecido o significado da palavra graça, se não houvéssemos caído.  

Esses seres celestiais nada sabem de graça; jamais necessitaram dela, porque jamais pecaram. Em Apocalipse 3:21, Jesus convida a se assentar com ele em seu trono, todos aqueles que vencerem como Ele venceu. Agora, se temos que vencer como Jesus venceu, precisamos saber como ele venceu. De Sua infância diz o relatório sagrado: “E o Menino crescia e Se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele.” Lucas 2:40.  

A Bíblia diz que Jesus crescia em graça. Há para o consagrado obreiro uma maravilhosa consolação em saber que mesmo Cristo, durante Sua vida na Terra, buscava diariamente Seu Pai em procura de nova provisão da necessária graça, e saía dessa comunhão com Deus para fortalecer e abençoar a outros.

4 Cristo buscava diariamente a necessária graça. Lembre-se que graça é um atributo de Deus apenas para o homem caído, no céu, Jesus nunca precisou de graça, mas na terra, está graça lhe era necessária.  

Cotidianamente recebia novo batismo do Espírito Santo. Nas primeiras horas do novo dia o Senhor O despertava de Seu repouso, e Sua alma e lábios eram ungidos de graça para que a pudesse transmitir a outros. contemplei ao filho de Deus, fortalecer sua fé pela oração, e pela comunhão com o céu, acumula em si poder para resistir o mal.

5 Deus o despertava bem cedinho para lhe dar a graça necessária; para o quê? Para vencer o mal, o pecado. Como então que Jesus venceu? Através da graça. Ele buscava força para encontrar-se com o inimigo, para assegurar que receberia graça, para desempenhar tudo o que se havia comprometido em nome da humanidade.

Foi a graça que habilitou Jesus a desempenhar tudo o que se havia comprometido em nome da humanidade. O plano da salvação dependeu inteiramente da graça. Jesus tomou nossa natureza caída, Ele se tornou o nosso parente mais próximo; lembra de Boas, quando ele foi resgatar a família de Rute? Legalmente ele não podia; porque ele não era parente próximo da família de Rute; ele também teve que se tornar um parente mais próximo para poder resgatar a família de Rute. Jesus, no céu, não era da família humana; Ele era da família divina.  

Por isso Ele teve que nascer como nós, com a nossa mesma natureza caída. É a vitória de Jesus sobre o pecado, em uma natureza caída, que nos garante a vitória. Aquele que vencer como Eu venci. (Ap 3:21). Como Jesus venceu, em uma natureza escrava do pecado? Com uma mente que só o conduzia a maus pensamentos? Deus estava em Cristo. (2Co 5:19). 

Aqui está o segredo da vitória. Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. (Jo 14:10). Quem fazia todas aquelas obras maravilhosas em Jesus? O Pai. 

Como que Deus estava em Cristo? Através do seu Espirito. O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos. (Is 61:1). Quando os fariseus acusaram Jesus, de ser um instrumento de Satanás;  

Ele deixou bem claro, que ele expulsava os demônios pelo poder do Espírito Santo. (Mt 12:28). Se a vitória de Jesus consistia no fato de que o Pai estava nEle através do Espírito Santo; e nós? Se cremos que as obras que Jesus fazia, com uma natureza caída como a nossa, era o Pai quem operava nEle; aquele que crê em Jesus também fará as obras que Ele fazia, e as fará maiores do que aquelas; porque Ele disse: eu vou para meu Pai. 

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que habita agora convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. (Jo 14:12,16-18).  

Jesus, preparando o coração dos discípulos para sua partida, disse: Da mesma maneira que o Pai estava em mim através do Espírito Santo; eu vou estar com vocês, também, através do Espírito Santo. Assim como a Pai operava as boas obras em mim; assim também, eu vou operar as boas obras em vocês. 

É assim que Deus demonstrou a sua justiça; operando a sua justiça em Cristo, formando, mente, caráter, e personalidade em uma natureza caída; transbordando este ser da preciosa graça; Para que Ele pudesse derramar esta graça em seus discípulos. Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. (Ef 2:10).  

A nossa justiça provém deste plano perfeito e maravilhoso. E quando permitimos que a nossa fé descanse nestas promessas, somos transformados pela contemplação. Se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão. (Gl 2:21)  

Se o homem for capaz de alcançar a justiça pelas obras da lei; este plano maravilhoso, executado com tanto sacrifício, não tem valor algum. Jesus venceu porque Ele se esvaziou completamente de si mesmo, e se encheu da palavra de Deus. Ele se tornou a própria palavra de Deus encarnada. Precisamos vencer como Jesus venceu. Estamos dispostos a nos esvaziar de nós mesmos? Estamos dispostos a nos encher de toda palavra que sai da boca de Deus? 

Estamos dispostos a deixar ser guiados unicamente pela palavra de Deus? Foi exatamente assim que Cristo venceu; somente desta forma, Deus operará em nós a sua justiça. Quando cremos que podemos ser justificados por nossas próprias obras, começamos a fazer toda sorte de sacrifício para alcançar esta justiça; e sem perceber, estamos procedendo como os pagãos; crendo que precisamos fazer grandes sacrifícios para apaziguar a ira de Deus.  

Quando o maior sacrifício que Deus espera de nós, é uma entrega total e sem reserva do nosso ser. Vemos que a justiça é um dom gratuito de Deus a todo aquele que crê. 

Não é que Deus confira justiça ao homem como recompensa por crer ele em certos dogmas; O evangelho é algo absolutamente distinto disso. Sucede que a verdadeira fé tem a Cristo como seu único objeto, e traz realmente a vida de Cristo ao coração; portanto, também tem de trazer Sua justiça. 

Ser justificado pela fé, é crer que Jesus habita em nós, da mesma forma que o Pai habitou em Cristo aqui neste mundo. Esta é uma fé viva que obra. Porque não somos mas nós que vivemos, mas agora, é Cristo que vive em nós. Deus é justo e justificador daquele que crê em Cristo. Toda justiça procede somente dEle.  

Rm 3:27-31: "Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. 

É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente, Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e, também, por meio da fé a incircuncisão. Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei." A justiça de Deus, manifestada ao homem pela fé em Cristo; destrói de uma vez por todas o orgulho. 

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2:8,9). O que torna vocês superiores a qualquer outra pessoa? O que vocês têm que Deus não lhes tenha dado? 

E, se tudo quanto vocês têm vem de Deus, por que proceder como se fossem tão grandes e como se tivessem realizado algo por si mesmos? (1 Co 4:7 NBV 2007). Eis o soberbo! Eles confiam em si mesmos, seus desejos não são bons e acabam fracassando; mas o justo viverá pela sua fé. (Hc. 2:4).  

A justiça própria leva o homem ao orgulho. E o orgulho, uma vez alojado no coração, impede que a espada do Espírito, que sai da boca de jesus, penetre no seu coração, para detectar o pecado e o extirpar. Não percebendo mais a sua condição pecaminosa; ele começa a se orgulhar, e se achar livre de pecado.  

Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. (1 Jo 1:8). Isto também pode acontecer com aquele que começa pela fé e quer continuar pelas obras. Ele entendeu o plano da salvação; se regozijou na presença de Deus; mas, deixou de olhar para Cristo e passou olhar para si mesmo. Ele esqueceu que as obras que ele fazia, era Deus que operava nele.  

Esta era a condição de Lúcifer no céu. Tudo de bom que ele possuía, provinha de Deus. Mas ele começou a olhar para si mesmo. Esta é a origem do orgulho. Satanás sabe exatamente o ponto que o fez cair.  

E quando ele vê pessoas crendo na Justiça de Cristo, e sendo transformados em nova criatura; quando Ele percebe que Deus está operando neles as suas boas obras; imediatamente ele sugere em seus corações o fermento do orgulho. 

Se este fermento não for expelido rapidamente; ele se mistura com as boas obras que Deus estava operando, e contamina toda a massa. Satanás sabe muito bem que no plano da salvação não há lugar para o orgulho. Os anjos foram criados santos e perfeitos; enquanto eles se mantiveram submissos ao seu criador, reconhecendo que toda a sua bondade provinha diretamente do trono de Deus; eles permaneceram santos e felizes.  

Mas, quando eles permitiram que o orgulho entrasse em seus corações, perderam todas as boas obras que Deus operava neles. Assim também, se o homem regenerado não permitir que Deus termine a boa obra que começou nele; se ele começar a pensar que agora ele já é bom o suficiente para continuar ele mesmo a obra que Deus começou; ele começa a trilhar o caminho do fracasso.  

Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor. (Ez 28:17). Nós que estamos sendo limpos pela palavra de Deus, não podemos nos esquecer do princípio que levou Lúcifer à queda. A jactância precisa ser excluída totalmente do nosso coração.  

E a pergunta é: Por qual lei ela é excluída? Pelas lei das obras ou pela lei da fé? Primeiramente precisamos entender, que não há duas leis; a lei das obras e lei da fé são a mesma lei. A designação, lei das obras ou lei da fé, é a forma como o adorador a observa. 

O salmista diz: A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro, e ilumina os olhos. 

O temor do SENHOR é limpo, e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos. Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa. (Sl 19: 7-11). 

Esta é uma descrição linda da lei de Deus, e quem guardar esta lei, tem grande recompensa. Porque tem grande recompensa? O verso 12 e 13 responde: Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie de mim. Então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão.  

Aqui os dois grupos de adoradores começam a se separar. O primeiro vê a lei apenas na sua forma externa, o que ele precisa fazer para alcançar grande recompensa. O segundo vê o que a lei pode fazer no seu interior. 'Quem pode entender os seus erros?' Somente a palavra de Deus escrita no coração, é capaz de nos mostrar os nossos erros ocultos. 

E quando nos arrependemos, a mesma palavra expurga os erros. Estas duas classes de adoradores são descritos na parábola das dez virgens. Mt 25:1: "ENTÃ o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo." 

A chegada do esposo, aqui descrita, não é a segunda vinda de Cristo nas nuvens do céu; mas, sim, a terminação de sua obra no lugar santíssimo do santuário celestial. Notem que todas as dez virgens tem lâmpadas. Na Bíblia, para que serve uma lâmpada? Para iluminar o caminho. E o sambista conclui que a lâmpada, representa a palavra de Deus. (Sl 119:105).  

Até aqui, não vemos nenhuma diferença entre as dez virgens. Mas, o verso dois diz que cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. Nos versos três e quatro, vemos que a diferença marcante entre elas era a quantidade de azeite. Vamos entender melhor este assunto. 

A lâmpada é a palavra de Deus; um instrumento que todas possuíam. Assim como a lâmpada precisa de azeite para cumprir a sua função; assim também a palavra de Deus precisa de azeite para cumprir a sua função. Mas, o que o azeite representa? No capítulo quatro de Zacarias, O profeta descreve uma visão que ele teve do castiçal com as suas sete lâmpadas no santuário celestial.  

Este castiçal tinha um vaso de azeite, e deste vaso saia sete canudos com sete lâmpadas no topo de cada canudo; estas lâmpadas eram abastecidas com o azeite que subia do vaso de azeite que estava sob os tubos. 

O texto não diz, mas nós que conhecemos o mecanismo das lâmpadas, sabemos que o azeite sobe contra a gravidade através do pavio. O profeta então, vê duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite e outra à esquerda do vaso. 

Quando comparamos Zacarias 4: 6 e 14 com Apocalipse 11: 3 e 4; vemos que as duas oliveiras representam a lei e o testemunho de todos os profetas que explicam a lei ao povo. E o azeite que elas vertem para as lâmpadas representa o Espírito Santo. Então, o Espírito Santo, é o óleo essencial das oliveiras.  

Assim, dos santos anjos que estão na presença de Deus, Seu Espírito é comunicado aos que são consagrados para o Seu serviço. A missão dos anjos é comunicar ao povo de Deus aquela graça celestial que, somente, pode fazer de Sua palavra uma lâmpada para os pés, e uma luz para o caminho. 

Precisamos entender que as sete lâmpadas representam a coletividade do povo de Deus como igreja; não deixando de representar também indivíduos, porque as igrejas são compostas por indivíduos. Assim também as vossas lâmpadas deve brilhar diante dos homens, para que vejam as boas obras de vocês e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos céus. (Mt 5:16).  

Agora que entendemos o mecanismo das lâmpadas espirituais, vamos voltar para a parábola das dez virgens. Recapitulando, nós temos dez virgens; todas elas tem lâmpadas, todas tem uma certa quantidade de azeite, cinco eram sábias e cinco loucas; as sábias tinham azeite de reserva, mas as locas não tinham. 

Lembre-se, que, todas elas aguardavam ansiosamente a vinda do esposo. Mas, o esposo tardava em vir, e todas adormeceram. À meia-noite ouve-se um clamor: “Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro (Mt 25:6). Sonolentas despertam, de repente, e levantam-se. Veem o cotejo aproximando, ouvem a voz do esposo; isto é tudo que elas sempre sonharam e esperaram. 

Rapidamente preparam as suas lâmpadas para irem ao encontro do esposo. Cinco delas, porém, tinham deixado de encher seus frascos. Não previram demora tão longa, e não se prepararam para a emergência. Desesperadas apelam para suas companheiras prudentes que providenciaram azeite de reserva: 

“Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. (Mt 25:8). Mas as suas companheiras prudentes, já tinham esvaziado as suas vasilhas de reserva em suas lâmpadas e não sobrou azeite para atender a necessidade das insensatas, e respondem: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. (Mt 25:8).  

As belas virgens foram abandonadas. Ninguém vem ajudá-las. (Am 5:2:). Quem for sábia, entre vocês, não tentará impedir o castigo do SENHOR, naquele dia terrível. (Am 5:13). Desesperadas, ela saem para comprar o óleo dourado, o Espirito Santo. 

E, saem errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correndo por toda a parte, buscando a palavra do SENHOR, mas não a acharão. (Am 8:12). Enquanto foram comprar, o cortejo foi-se e as deixou.  

As cinco, com as lâmpadas acesas, se uniram à multidão, entraram na casa com o cortejo nupcial, e fechou-se a porta. Quando as virgens loucas chegaram à entrada da casa do banquete, receberam uma recusa inesperada. O anfitrião declarou: “Não vos conheço. (Mt 25:12). Foram abandonadas ao relento, na rua solitária, nas trevas da noite. 

As virgens loucas diziam: Se ao menos o dia do SENHOR chegasse! Mas elas nem sabem o que estão pedindo. Aquele dia não será uma época de luz e prosperidade, mas de trevas e de castigo! E que terrível será a escuridão em que elas ficarão; sem o menor raio de alegria ou esperança. Sim, o dia do SENHOR será de trevas e não de luz. 

Aquele dia será de completa escuridão, sem nenhuma claridade. (Am 5:18,20). Este é o cenário dos últimos dias da história desta terra. A igreja tem a mensagem, conhece os eventos dos últimos dias, e aguardam ansiosamente o dia do Senhor. 

Mas, há um tempo de espera; a fé é provada; e quando se ouvir o clamor: “Aí vem o Esposo! Saí-Lhe ao encontro!” (Mateus 25:6), muitos não estarão preparados. Negligenciaram a preparação necessária; Não têm óleo em seus vasos nem em suas lâmpadas. Estão destituídos do Espírito Santo. É o Espírito Santo que ilumina a mente para entender a palavra de Deus.  

Não basta ter todo o conhecimento teórico; sem a influência do Espírito Santo, a palavra não penetra na alma como uma espada de dois gumes. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. (Hb 4:12). 

A lâmpada que ilumina o meu caminho para que o meu pé não tropece, só cumprirá a sua função se estiver abastecida com o óleo dourado que flui da presença de Deus. Pode estar-se familiarizado com os mandamentos e promessas da Bíblia, mas se o Espírito de Deus não introduzir a verdade no íntimo, o caráter não será transformado. 

A classe representada pelas virgens loucas, não são como os fariseus hipócritas; elas creem na verdade, são atraídos por ela, gostam de estar em congressos onde é apresentado a pura verdade, defendem a verdade; mas, não permitiram que o Espírito da graça operasse a transformação do seu caráter.  

A verdade estava apenas exteriormente. Não permitiram que a couraça do orgulho fosse transpassada. Todas as bênçãos, oriundas da palavra de Deus, só serviam para sua exaltação propina. 

O Espírito trabalha no coração do homem de acordo com o seu desejo e consentimento, nele implantando natureza nova; mas a classe representada pelas virgens loucas contentou-se com uma obra superficial. 

E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. (Ez 33:31). Mudaram o exterior, mas a mente continua carnal. Vestem-se com a palavra, mas pratica as obras de um coração não regenerado. Numa crise é que o caráter é revelado.  

Quando a voz ardorosa proclamou à meia-noite: Aí vem o Esposo! Saí-lhe ao encontro! (Mateus 25:6), e as virgens adormecidas ergueram-se de sua sonolência, foi visto quem fizera a preparação para o evento. O orgulho não permite a entrada do Espírito Santo na alma. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu. (Ap 3:17).  

Qual é a conclusão que chegamos a respeito das duas classes de adoradores? Somos justificados pelas obras da lei, ou pelas obras que a lei, a palavra de Deus, produziu em nós? Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. (Rm 3:28). 

Se a nossa mente não for regenerada pela atuação do Espírito Santo; não adianta ficar tentando estancar o fluxo do pecado que sai constantemente do nosso coração. A boca sempre vai falar do que o coração está cheio; os teus pés sempre vão te levar para o caminho que já está traçado no seu coração. 

Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. (Ap 3:20). Ele prometeu que iria estar conosco para sempre. (Jo 14:16). Mas se não abrirmos a porta do nosso coração, esta promessa não se cumpre na nossa vida.  

Não resta dúvidas que estas promessas são para todos. Deus não faz acepção de pessoas. Todos têm um coração onde Jesus possa habitar. Porque Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam. (At 17:30). 

Isto mostra que Ele considera iguais judeus e gentios. Não há qualquer evidência de que jamais houvesse feito diferença entre eles. Um crente gentio foi sempre contado como justo, e um judeu descrente nunca foi tido pelo Senhor como nada melhor que qualquer outro incrédulo. 

As vezes somos tentados a pensar que parte de nós a iniciativa de nos achegarmos a Deus; e que o Espírito Santo batalha somente na mente daqueles que se submetem à Ele. Mas, quando vamos à história dos antediluvianos, vemos que o Espírito Santo batalhou na mente deles, durante cento e vinte anos. (Gn 6:3 ). Este fato, deveria ser para nós, um motivo de alento em nosso trabalho missionário.  

O nosso trabalho é apenas levar a palavra ao povo, o trabalho de convencimento da verdade, é feito pelo Espírito Santo, que opera através da palavra. Então, me responda: é porventura Deus somente dos judeus? 

E não o é também dos gentios? Será que Deus só trabalha no coração daqueles que já o aceitaram? Certamente que também é dos gentios, visto que Deus é um só, que justifica pela fé tanto um como o outro. Lembre-se de que Abraão, o pai da nação judaica, era caldeu. 

E todos nós, que estamos hoje na fé um dia fomos gentios; ainda que tenhamos nascidos na igreja. Anulamos, pois, a lei pela fé? Já vimos que a lei de Deus é eterna, ela é o próprio caráter de Deus; a lei é o fundamento do governo de Deus. Não há ninguém no universo capaz de anular a lei de Deus. A questão jaz unicamente na maneira de cumprir suas exigências. 

O Salvador disse que os judeus invalidavam, ou anulavam o mandamento de Deus por causa de suas tradições. Eles anulavam a lei para si mesmos, substituindo-a por tradição. 

A pergunta, por conseguinte, é: Deixamos sem efeito a lei de Deus devido à nossa fé? Ou, de outra maneira: A fé leva à transgressão da Lei? A resposta é: de maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei. A fé não anula a lei de Deus. 

A fé traz Jesus para morar no coração (Ef. 3:17). A lei de Deus está no coração de Cristo (Sal. 40:8). Jesus nos ensinou a orar com fé: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino. (Lc 11:2). Em outras palavras, Jesus nos ensinou a pedir com fé, que o fundamento de Seu reino estivesse dentro de nós, em nossos corações; e o fundamento do reino de Deus é a sua lei. A fé estabelece a lei em nosso coração.


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