2 - A condição deplorável dos judeus

Evangelho aos romanos


Capitulo 2 - A condição deplorável dos judeus. 

Rm 2:1-11: "PORTANTO, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego; Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego; Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas."  

Antes de começarmos a considerar o capítulo dois, devemos ter em mente que todos somos culpados diante de Deus. A todos foi revelado a sua justiça através da criação. Mesmo um pagão ou um ateu pode contemplar a criação, e perceber a existência de um Deus criador e soberano. 

Porque conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem. (Rm 1: 32).  

Por outro lado, aqueles que aceitam as palavras que saem da boca de Deus, e escondem consigo os seus mandamentos, para fazerem atentos à sabedoria, e inclinam o coração ao entendimento, e clamam por inteligência, e por entendimento, e buscam a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos, então, certamente entenderão o temor do Senhor e acharão o conhecimento de Deus. 

Porque o Senhor dá a sabedoria, e da Sua boca vem a inteligência e o entendimento. (Pv 2:1-6). Quando estamos longe de Deus, andamos sempre com medo; como se algum mal está prestes a nos sobrevir. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. (1 Jo 4:18). 

Muitos cristãos sinceros têm medo das aflições; mas até Jesus foi aperfeiçoado através das aflições. (Hb 2:10). Nos últimos dias uma classe numerosa vão abandonar Jesus por medo ao sofrimento. 

Esta classe é representada na parábola, como aquele homem, que por não conhecer a fundo o caráter de Deus, julgava que Ele era um juiz severo, um ser que exige dos seus súditos obras impossíveis de se realizar; por isso teve medo. (Lc 19:21). 

Agora, e nós? Será que escaparemos da ira apenas porque professamos uma fé pura? Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas. Aí fomos apanhados; não temos escapatória.  

Se temos a sabedoria necessária para condenar as ações ímpias dos pagãos, então, por esse mesmo juízo, reconhecemo-nos sem desculpas por nossas más ações. A palavra de Deus é simplesmente maravilhosa. A forma como Deus chega ao nosso coração, para nos mostrar a nossa pecaminosidade, só poderia vir de uma mente infinitamente sábia.  

Quando olhamos para os pecados praticados pelos pagãos, nos últimos versículos do capítulo anterior; e comparamos com a lista dos frutos da carne em Gálatas 5:19 a 21; fica evidente que os pecados dos pagãos, são os mesmos. Ou seja, se não deixarmos ser guiados pelo Espírito Santo, seremos guiados pelos desejos de nossa carne; e não existe diferença alguma entre nós e os pagãos.  

Todos nós, os que nascemos com uma natureza caída, estamos na mesma condição; a menos que, deixemos ser guiados pelo Espírito Santo. Posto que todos os homens sejam participantes de uma mesma natureza, é evidente que qualquer um que condene outro por má ação sentencia-se a si mesmo, uma vez que a verdade é que todos têm o mesmo mal em si mesmos, mais ou menos desenvolvido.  

Quando deixamos Deus desenvolver em nós, a influência do seu Santo Espírito; haverá em nós um desejo de restauração, e não de condenação. Ao invés de dizer: "Graças Te dou, ó Deus, porque não sou como os demais homens, deveríamos levar as cargas dos que erram, cuidando de nós mesmos para que não suceda sermos também tentados. A graça de Deus, cria no homem uma inimizade contra o pecado; nunca contra o pecador.  

Se nutrimos uma inimizade contra o pecador, pode estar certo, que caíste da graça. Um agudo discernimento entre o bem e o mal, e uma enérgica denúncia do pecado, jamais justificarão o homem. Pelo contrário, contribuem para agravar sua condenação. 

Quando a graça de Deus é implantada na alma; temos o privilégio de se aproximar ao trono da graça pela fé. Podemos contemplar o Pai sentado em seu trono, cujas as bases é sua santa lei. Deus nos conduz a este ambiente santo, não para mostrar-nos como Ele está julgando nosso próximo; mas sim, como Ele nos está julgando.  

Diante do trono, todos os nossos pecados ficam patentemente visíveis. Com que propósito Deus age assim? Para nos condenar? Não. Muito pelo contrário; Deus, através da sua palavra, palavra esta, que é como uma espada de dois fios, que penetra no mais íntimo de nosso ser, para mostrar os nossos pecados mais ocultos, até para nós mesmos. 

Esta espada é como um bisturi de um cirurgião. Se permitimos que Deus opere em nós a remoção do pecado, somos justificados. Então, quando chegamos diante do trono, contemplamos a lei de Deus. A lei de Deus é toda a sua palavra. Toda a Bíblia foi escrita para explicar a lei de Deus com detalhes minuciosos. Quando a palavra de Deus vem a nós, como por exemplo em Gálatas 5:22: mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.  

A palavra de Deus, sua lei pormenorizada; nos diz que um dos frutos que o Espírito Santo implanta na alma é o amor. Você percebe? Em um único fruto do Espírito, Deus cumpre em nós toda a lei.  

O próprio Jesus disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 

Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Mt 22:37-40). Tudo que Deus revelou aos seus profetas estão fundamentados no amor. Aquele que ama cumpre a lei. Mas, o que é amor? O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.  

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1Co 13:4-7).  

De novo, quero tomar apenas um atributo do amor; pois se fôssemos analisar todos os atributos do amor, teríamos que copiar toda a Bíblia e colar aqui. Vamos de novo analisar somente o primeiro da lista: "o amor é sofredor." O salmista diz: Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra. (Sl 119:67). 

Ou seja, o sofrimento, causado por um amor não correspondido, nos aproxima de Deus. É doloroso amar quem nos persegue, nos maltrata, nos calúnia; mas quando, através da graça, Deus implanta em nós o seu amor, e sofremos com paciência, podemos dizer como o salmista: o sofrimento me ajudou a guardar a tua lei.  

A Bíblia é repleta de Testemunhos de que Deus nos aperfeiçoa através do sofrimento; até Jesus foi aperfeiçoado pelas aflições. (Hb 2:10). Tenhamos isto em mente quando contemplarmos os erros de nosso próximo.  

A nós, não nos cabe julgar. Deixemos está santa obra nas mão de Deus. Somente Deus julga com justiça; do mesmo modo que nos julgou, mostrando todo o seu amor. Quer ajudar a Deus nesta obra? Ame ao seu próximo. 

No versículo nove do capítulo dois, o apóstolo Paulo resume a consequência de ignorarmos o amor de Deus com o trato dos infiéis; ele vai dizer que, estas pessoas acumulam para si, Tribulação e angústia. Deus nos chama para ser sábios. É prometido para aqueles que se submetem à influência do Espírito Santo, ser limpos de todo o pecado. 

E um dos instrumentos que Deus usa são as angústias e as aflições. Por outro lado, aqueles que rejeitam ser moldados pelo Espírito Santo, vão receber angústia e aflições. Melhor é cair nas mãos de um Deus misericordioso.  

A mesma espada que aparece em Apocalipse 1:16, espada, esta, que sai da boca de Jesus, ou seja, é a sua palavra, que Ele usa para remover os pecados dos penitentes. Esta mesma espada aparece no final do livro do apocalipse: os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes. (Ap 19:21).  

O mesmo remédio que Deus usa para curar os que se submetem à influência do Espirito Santo; é o mesmo que Ele usa para destruir os impenitentes. A única diferença é a dosagem. Agora, neste exato momento, Deus está dando o remédio a todos, tanto bons como maus, é dado com misericórdia. 

Mas nos últimos dias, este remédio será dado sem mistura de misericórdia. (Ap 14:10). O fato de que o mesmo remédio é oferecido a todos, prova que Deus não faz acepção de pessoas. Rm 2:12-16: "Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. 

Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho." Oque significa as expressões, "sem lei e sob a lei"? Vamos dar um definição bem resumida para depois irmos aprofundando no assunto.  

Os que estão debaixo da lei, são os que ouvem a lei, mas, não praticam a lei. (Rm 2:13). Os que estão sem lei, são os gentios, que fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei. (Rm 2:14). Com estes parâmetros em mente, facilita mais a compreensão do verso 12.  

Os que estão sem lei, representam, por exemplo, Adão e Eva imediatamente após a queda, e antes da audiência com Deus em Gênesis 3:15; pecadores que estão destituídos da glória de Deus. Adão e Eva, antes da queda, tinham o princípio da lei escrita em seus corações; um perfeito amor a Deus e ao próximo.  

Mas, quando Satanás, através da astúcia, conseguiu implantar na mente de Eva uma certa desconfiança do amor de Deus; dizendo que Deus não os amava de fato, porque Deus tinha segredos que não queria que eles soubessem. 

Eva foi tentada a desconfiar do amor de Deus. Ao ceder à tentação, Nasceu em seu coração o desejo de um conhecimento de caráter diabólico. Infectada pelo pecado rapidamente influenciou seu marido, com as artimanhas que havia aprendido de seu novo amigo. 

Eu imagino Eva correndo ao encontro de Adão com alguns frutos na mão; quando Adão viu sua esposa comendo o fruto proibido, aparentemente cheia de vida e vigor, ele também desconfiou das palavras de Deus. Ao comer também do fruto, em seguida vem o desespero; perceberam que perderam a justiça de Deus. 

Desesperados com esta condição, confeccionam para si, vestes de folhas de figueira. Interessante que a falta de frutos do espírito é representado por uma figueira sem frutos cobertas por folhas. (Mt 21:19). Assim estavam nossos primeiros pais. Sem os frutos da justiça de Deus, querendo aparentar perfeita normalidade. 

Já estavam condenados à morte, e correndo para se esconder do único capaz de os salvar desta terrível condenação. Este é o deplorável estado de todos aqueles que desconhecem o fundamento da lei de Deus; o amor. Notem que a história da salvação, não é o homem à procura de Deus, mas, sim, Deus à procura do homem.  

Agora, o diálogo de Deus com o homem, é cheio de significados profundos. Quando Deus perguntou a Adão: 'onde estas?'. Não era porque Deus não sabia do seu esconderijo, nem era ignorante da sua condição deplorável; na realidade, Deus queria que Adão reconhecesse sua real condição de nudez; para então lhe fazer a pergunta chave: quem mostrou que estavas nu?  

A nudez na Bíblia representa pecado. Em outras palavras Deus estava perguntando a Adão: quem te mostrou que você está em pecado? Foi a minha lei, meus filhos. Porque, somente através da lei vem o conhecimento do pecado. (Rm 3:20). 

Quando vocês, naturalmente fazem as coisas que são da lei; como por exemplo reconhecer que estavam em pecado; para si mesmos são lei. (Rm 2:14).  

A outra expressão usada é: 'debaixo da lei, ou sob a lei.' Todos os seres humanos que nasceram após a queda de Adão, nasceram debaixo da lei; inclusive Jesus. (Gl 4:4). Esta lei que está sobre nós, é como se fosse um aio, ou tutor; alguém que o pai coloca sobre seu filho para o educar para uma função específica. No caso que estamos tratando, para nos conduzir a Cristo. 

Então, a lei, ou, tutor; vai sempre nos mostrar e nos convencer de nossa natureza caída em relação ao alvo que temos que alcançar; Cristo e Sua justiça. Mas, depois quando a fé se manifesta em nós, já não estamos debaixo da lei. (Gl 3:24-25). Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. (Gl 3:23). 

Assim, estávamos debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai. (Gl 4:2). Deste modo, nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo; necessitando ainda de leite, e não de sólido mantimento. (Gl 4:3; Hb 5:12). 

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. (Gl 4:4,5). Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. (Gl 5:18).  

Aqui está o centro da questão. Nós recebemos a adoção de filhos, quando permitimos ser guiados pelo Espírito. Até este momento, éramos como qualquer outro escravo recebendo ordens do tutor, ou aio; não havia nem uma diferença entre nós e os escravos; ainda que éramos herdeiros de tudo. (Gl 4:1).

Precisamos entender que todos os preceitos da lei, ou seja, todas as regras escritas, são para os que ainda estão debaixo da lei. (Rm 3:19). Porque o pecado que nos dominava, não tem mais domínio sobre nós, pois não estamos mais debaixo da lei, mas debaixo da graça. (Rm 6:14). A graça é a obra do Espírito Santo em nossa mente, no trono da nossa alma.  

Quando deixamos ser guiados pelo Espírito Santo; quem pratica as obras agora, é o próprio Deus. É muito fácil ser salvo. Difícil é permanecer salvo. A lei, ou tutor, cumpre perfeitamente o seu dever. Quando o menino já está forte e não precisa mais de leite espiritual; o tutor então, toma o menino, e entrega para o pai e diz: ele já está pronto para comer um alimento mais sólido. 

Somos tentados a pensar que, uma vez alcançado a presença de Deus, já vencemos o pecado. Precisamos entender que a vitória é momento após momento. Se nós permitimos que, aquela natureza carnal que foi destruída pelo árduo trabalho da palavra de Deus, volte a dominar a nossa mente; já saímos da presença de Deus; e o tutor precisa nos levar de novo até a presença do Pai. 

Pecaremos, agora, porque não estamos mais debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? (Rm 6:15,16).  

Precisamos entender que o processo mudou, mas a obediência continua a mesma. Agora não é mais um tutor com um monte de regras na mão te ordenando o que você deve fazer. Agora, é o Espírito Santo falando aos teus ouvidos por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda. (Is 30:21).  

Rm 2:17-24: "Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; E sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; E confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, Instrutor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? 

Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós."  

Existem meninos que não querem deixar o leite, e não sentem necessidade de um alimento mais sólido; se contentando apenas com o leite. Estes repousam na lei, e se gloriam de estar aparentemente cumprindo a lei; perdendo de vista o propósito da lei, que é apenas conduzir o pecador até Cristo. 

Falso judeu, ou falso cristão, como seriam chamados em tempos modernos; se gloriam no título, e buscam desfrutar as glórias que este nome traz em si. Se jogam sábios mestres e procuram atrair a glória para si mesmos. Jesus diz com respeito a estes: conheço a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. (Ap 2:9). 

O que nos torna um cristão é o que cremos. Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o Meu dia, viu-o e regozijou-se." (João 8:56) Abraão creu no Senhor e isso lhe foi imputado como justiça. Abraão não se gloriava das suas boas obras; ele entendeu que estas eram um resultado de sua união com cristo pela fé. Moisés, o grande dirigente judeu; considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito. (Hb 11:26).  

O apóstolo Paulo chama estes, os heróis da fé. Isto mostra o contraste entre o cristão genuíno e o falso cristão. O que ele ensina não serve nem para ele mesmo; são palavras mortas destituídas de poder do alto. 

Dizem que não se deve mentir, mas eles mesmos não conseguem parar de mentir; dizem que não se deve adulterar, mas a prostituição e a sensualidade, não saem da sua mente. A sua vida é uma capa de santidade; mas quando algum faminto de justiça chega perto dele para comer os frutos, percebe que só tem folhas. 

Não é coisa má ser um judeu ou um cristão; Jesus disse à mulher samaritana, junto ao poço de Jacó: vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. (Jo 4:22). O próprio Cristo segundo a carne, veio da descendência de Davi, (Rom. 1:3) e era, por conseguinte, judeu. 

Nenhuma outra nação na Terra teve um nome tão exaltado. Ninguém foi tão favorecido por Deus como o povo judeu. Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que O invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho? (Dt 4:7,8)  

Todo aquele que leva o nome de Deus, tanto no passado como hoje, tem sido os mais privilegiados do mundo. O povo de Deus recebeu a mais perfeita lei do universo, não para sermos justificados por ela; porque a lei suscita a ira, (Rom. 4:15) e somente Cristo nos salva da ira. Mas os judeus, se gloriavam na lei, e repousavam nela, e Consideravam-se justos. (Lc 18:9). 

A real função da lei é mostrar a nossa condição caída, e a incapacidade de obedecer uma lei santa, justa e boa. Quando deixamos ela fazer esta obra em nós; corremos com confiança ao trono da graça, confessamos nossos pecados, e exercemos fé no sacrifício de Cristo; o único meio de perdão, salvação e santificação. Quando nos aproximamos a Deus, somos cheios do Espírito Santo.  

Moisés quando subiu o monte Sinai para se encontrar com Deus; desceu de lá com o rosto brilhando, estava cheio da presença de Deus. Quando estamos buscando glória para nós mesmos; é porque estamos longe da presença de Deus. 

A presença de Deus nos traz amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, e temperança. (Gl 5:22). Notem que nesta condição a lei não nos condena. (Gl 5:23). 

Porque vamos nos gloriar, se a única coisa que fizemos foi correr para a presença de Deus? Porque vamos nos gloriar, se antes éramos escravos do adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas. (Gl 5:19-21). 

Quando nos gloriamos do nome de judeu ou de cristão, sem uma experiência pessoal com Cristo; o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por nossa causa. Fazemos conhecidas todas as promessas de Deus ao mundo, mas desfrutamos somente da aparência das mesmas. 

Enquanto não entendermos que as boas obras só podem ser produzidas em nós pela operação do Espírito de Deus em nós, e que é Deus que faz as obras em nós; continuaremos blasfemando o nome de Deus entre os gentios.  

Rm 2:25-29: "Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará porventura a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei? Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus."  

O apóstolo Paulo, aqui, menciona diversas vezes as palavras circuncisão e incircuncisão.  

Antes de prosseguirmos, precisamos entender o que significa circuncisão. A primeira vez que aparece esta palavra na Bíblia, foi no chamado de Deus à Abraão. Ou, seja, na Bíblia, Abraão foi o primeiro circuncidado. Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: 

Que todo o homem entre vós será circuncidado. (Gn 17:9-10).  

A circuncisão consiste em cortar uma porção da pele que reveste o órgão sexual masculino; deixando-o assim sempre aberto. Isto causaria alguns incômodos ao princípio, não somente os problemas pós cirúrgicos, mas também depois da cicatrização, onde o membro estaria diretamente em contato com o tecido da roupa, causando certa irritação a esta pele bastante sensível nesta região. 

Por outro lado, está pele ficaria mais resistente contra bactérias e fungos. Portanto a circuncisão, primeiramente era uma questão de higiene. Deus, então, toma este sinal externo como memorial da aliança que Ele estava estabelecendo entre Abraão e seus descendentes.  

A circuncisão era apenas um símbolo da aliança que Deus estava confirmando com Abraão. Sempre que vemos na Bíblia, Deus renovando a aliança com seu povo; esta cerimônia é sempre precedida por queda, apostasia, e abandono da verdade. 

Foi assim no Éden, com Adão e Eva, com Noé, com Abraão, com o povo de Israel após o cativeiro do Egito, e por ocasião do ministério de Jesus aqui na terra. Se o homem houvesse guardado a lei de Deus conforme fora dada a Adão depois de sua queda, preservada por Noé e observada por Abraão; não teria havido necessidade de se ordenar a circuncisão.  

E, se os descendentes de Abraão houvessem guardado o concerto, do qual a circuncisão era um sinal, nunca teriam sido induzidos à idolatria; tampouco lhes teria sido necessário sofrer vida de cativeiro no Egito; teriam conservado na mente a lei de Deus, e não teria havido necessidade de que ela fosse proclamada no Sinai, nem gravada em tábuas de pedra. 

E, se o povo houvesse praticado os princípios dos Dez Mandamentos, não teria havido necessidade das instruções adicionais dadas a Moisés. Nos versículos que estamos analisando; o apóstolo Paulo usa os termos circuncisão e incircuncisão para se referir à judeus e pagãos.  

Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão, Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios. (Gl 2:7-8). 

No contexto que estamos analisando; a circuncisão é apenas uma demonstração externa de que fomos separados para servir a Deus. A circuncisão somente é proveitosa se guardamos a lei. Lembra? Os frutos do Espirito. Mas se somos transgressores da lei, este sinal externo, afirmando contraditoriamente, que somos separados para servir a Deus, não tem nem um valor. 

Mas se aqueles que não demonstram nem um sinal externo (circuncisão), guardar os preceitos da lei; com certeza, estes que não fazem uma propaganda do seu legado, são reputados por fiéis servos de Deus. Se estes que estão sendo contados entre os gentios, cumprem a lei; não julgará com a sua conduta, àqueles que querem aparentar ser servos de Deus, mas que violam a lei? Com certeza que sim. 

Porque Deus não considera seus servos, aqueles que apenas aparentam ser algo, mas sim, aqueles que permitem que Ele molde seu caráter. Somente estes podem representá-lo diante do mundo e do universo não caído. 

Precisamos ver este assunto com a visão do grande conflito. Deus foi acusado perante o universo, que a sua lei não era uma lei de amor, e que ninguém precisava de uma lei para ser feliz; pelo contrário, a lei, segundo a visão de Lúcifer, privava os seres celestiais de desfrutarem a verdadeira felicidade.  

Quando o homem pecou, ele ousadamente declarou que era impossível ao homem caído guardar a lei de Deus. Esta foi uma das maiores mentiras de Satanás, pena que hoje ela é pregada em muitos púlpitos ao redor do mundo.  

Será que é impossível ao homem caído guardar 

perfeitamente a lei de Deus? Por si só, é impossível, o homem caído é escravo de Satanás. Mas Deus estabeleceu um plano infalível que se chama graça.  

É a graça que Cristo implanta na alma, que cria no homem a inimizade contra Satanás. Sem esta graça que converte, e este poder renovador, o homem continuaria cativo de Satanás, como servo sempre pronto a executar lhe as ordens. Mas o novo princípio na alma cria o conflito onde até então houvera paz. O poder que Cristo comunica, habilita o homem a resistir ao tirano e usurpador.  

Quem quer que se ache a aborrecer o pecado em lugar de o amar, que resista a essas paixões que têm dominado interiormente e as vença, evidencia a operação de um princípio inteiramente de cima.1 Somente com a graça de Deus podemos vencer o pecado. Um escravo do pecado, com muito esforço e disciplina, pode até aparentar ser um servo de Deus; mas, sem a graça de Deus implantada no coração, reinando em sua mente; ele continua escravo de Satanás. 

Somente a graça de Deus é capas de circuncidar o coração. O homem, o máximo que consegue é um sinal externo, uma aparência. O apóstolo Paulo não está dizendo nada novo, quando afirma que a verdadeira circuncisão não é a exterior, a que o homem por si só faz em sua carne. Em Deuteronômio 30:6 lemos as palavras de Moisés aos filhos de Israel: o Senhor, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o Senhor, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas. 

Sempre que Deus confirma a sua aliança com seu povo apóstata; Ele os chama de volta para a sua palavra. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração. (Dt 6:5 e 6).  

A graça é a palavra de Deus implantada em nosso coração. A palavra se fez carne e habitou entre nós, para cumprir a profecia de Jeremias: eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. 

Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. (Jr 31:31,33). Ao estudar os próximos capítulos, vamos entender como Deus escreve as suas palavras no nosso coração.


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