Capitulo 1- A condição deplorável dos gentios.
Rm 1:1-7: "PAULO, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, Entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo."
O apóstolo Paulo começa sua saudação aos romanos se apresentando como servo. Muitos podem pensar: é apenas uma saudação, sim, é apenas uma saudação, mas é uma saudação inspirada. Paulo vai se aprofundar no assunto da servidão, e nos dois governantes que toda a humanidade serve.
Os servos do pecado e os servos da justiça. Paulo deixa claro que ele é servo de Jesus Cristo, e através desta servidão se produz a justiça, ou as boas obras. Por outro lado, a servidão ao pecado produz a morte. Inclusive os empregados que servem a seus senhores, Paulo os adverte na questão da servidão: vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo somente à vista como para agradar aos homens, mas em singeleza de coração temendo ao Senhor.
E tudo quanto fizerdes, fazei-o para o Senhor, e nãos aos homens. Sabendo que do Senhor recebereis como recompensa a herança; servi a Cristo, o Senhor." (Colossenses 3:22-24).
Quando o apóstolo Paulo usa a expressão "servo" na realidade ele está se referindo aos servos, que era uma prática comum em sua época. Na verdade todos nós somos escravos do pecado; e por natureza não temos direito de escolha. Mas, a graça de Deus mudou esta realidade. Através da graça, podemos escolher a quem servir, se o pecado para a morte, ou a justiça para a vida.
O apóstolo usa a expressão "separado para o evangelho de Deus." Quando Deus nos chama, ele nos separa. Nós separa do quê? Do nosso antigo governante. Porque, ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." (Mat. 6:24).
Será então que um empresário não pode servir a Deus ao mesmo tempo que trabalha em sua empresa? Claro que pode. Neste caso, Deus chama o empresário a não gastar o seu dinheiro naquilo que não é pão; ou seja, naquilo que só satisfaz a ele próprio.
Nós temos na Bíblia muitas histórias de homens ricos, que usaram suas riquezas em benefício de outros; podemos citar: Abraão, Jó, José de Arimatéia, e outros.
Quando Deus nos chama, Ele nos separa dos nossos pecados, não do nosso trabalho, e muito menos das pessoas escravizadas pelo pecado. Deus nos chama, e nos separa do pecado, para andarmos com Ele. Moisés disse ao Senhor:
'Se Tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui. Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos Teus olhos, eu e o Teu povo? Acaso não é por andares Tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o Teu povo, de todos os povos que há sobre a face da Terra?" (Êx 33:15,16).
Deus nos separa, não do mundo, mas do pecado. Jesus ourou: Pai, não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal, do pecado. Precisamos compreender, que, o evangelho, ao qual somos chamados a proclamar, é o evangelho de Deus; e Deus opera através do filho.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu filho Unigênito" (João 3:16). "Deus estava em Cristo reconciliando Consigo mesmo o mundo." (II Cor. 5:19) não podemos separar a obra do Filho da obra do Pai; os dois trabalham em perfeita união. É somente uma obra. E reinará perfeita união em ambos os ofícios.(Za 6:13).
Quem via a Cristo, via também o Pai João 14:9). As obras que Cristo fez eram as obras do Pai que nEle habitava (João 14:10). Até as palavras que Ele dizia eram as palavras do Pai (João 10:24).
Quando ouvimos Cristo dizer: "Vinde a Mim todos vós que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei", estamos ouvindo o convite cheio de graça de Deus, o Pai. Quando contemplamos Cristo tomando em Seus braços, as criancinhas e abençoandoas, testemunhamos o afeto do Pai.
Quando vemos a Cristo recebendo pecadores e Se misturando com eles, comendo com eles, perdoando seus pecados e purificando aos desprezados leprosos por meio de Seu toque curador, estamos ante a condescendência e compaixão do Pai.
Até quando vemos nosso Senhor na cruz, com o sangue manando de Seu lado ferido, o sangue pelo qual somos reconciliados com Deus, não devemos olvidar-nos de que "Deus estava em Cristo reconciliando Consigo mesmo o mundo", de forma que o apóstolo Paulo pôde dizer: "a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue" (Atos 20:28).
O evangelho que o apóstolo Paulo anunciava, era o evangelho do antigo Testamento. Era o evangelho anunciado a Adão (Gn 3:15). Era o mesmo anunciado a Noé; o mesmo que foi anunciado a Abraão, a Moisés, e por último aos profetas.
Não existe um Deus do novo testamento e um Deus do antigo Testamento. É um só Deus e um só evangelho. Foi Deus, em Cristo que preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti serão abençoados todos os povos" (Gál. 3:8).
Quando Jesus, após sua morte e ressurreição, relembrou o verdadeiro evangelho ao desconsolado discípulos no caminho de Emaus, Jesus começou a explicar o evangelho, começando por Moisés, e decorrendo por todos os profetas do Antigo Testamento, que era as únicas escrituras da época.
A carta aos romanos nos encoraja a irmos ao antigo Testamento e encontrarmos ali a justificação pela fé. O apóstolo Paulo em sua introdução de sua carta aos romanos, fez questão de destacar a natureza humana de Jesus.
Sem esta compreensão da natureza humana de Cristo, seria impossível os leitores compreenderem a justiça de Cristo. O evangelho de Deus é "com respeito a Seu filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi". (Rom. 1:3). Quando olhamos para a história de Davi e seus descendentes, percebemos a herança que Jesus herdou de seus descendentes.
O apóstolo faz questão de destacar que Jesus assumiu esta herança, nasceu como um de nós com todas as debilidades humanas, nasceu, assim como nós debaixo da lei. (Gl 4:4). No entanto não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em Sua boca" (1 Ped. 2:22). Este é o tema central que Paulo vai tratar em sua carta aos romanos. Como Jesus venceu com uma natureza caída.
Davi era um rei, e Deus prometeu que o seu reino seria firmado para sempre. (II Sam. 7:16). Um rei humano que se sentaria no trono da graça juntamente com seu Pai para sempre. Este é o evangelho de Deus, este é o evangelho eterno. E todos quanto vencerem como Ele venceu, é dada a promessa: ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. (Ap 3:21).
O evangelho de Deus é uma história de vitória, mas também destaca a trajetória pela qual Jesus deveria passar; o preço que Ele deveria pagar em troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia. (Heb. 12:2).
O evangelho de Deus, nos aponta desta maneira as muitas lutas e tribulações que temos que passar para herdar as promessas. Jesus nos convida a vencer como Ele venceu. (Ap. 3:21).
Quem convida paga a conta. Jesus já pagou. A graça que Ele ratificou na cruz, nos dá este poder para vencer. Não olhemos para nossa natureza caída, com suas fraquezas e debilidades.
Jesus desceu ao mais profundo lamaçal, para nos alcançar exatamente onde estamos e nos dizer: eu venci porque o Pai estava em mim, Eu, assim como vocês, não tinha em mim mesmo poder para vencer; mas o Pai operou a sua justiça em mim. E é desta forma, que, eu em vocês, produzirei estas boas obras nas suas vidas.
O poder da ressurreição é a garantia da graça. No plano do santuário, cada passo de Jesus é de suma importância; no acampamento Jesus se tornou um de nós, o nosso parente mais próximo. (Jo 1:14).
No pátio ele foi sacrificado. João já havia declarado a seu respeito: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (Jo 1:29). Ou seja, a vida perfeita de Jesus, com uma natureza caída é importante, o sacrifício de Jesus é importante; mas se Ele não ressuscita; os dois primeiros passos não tem valor algum, no que diz respeito ao plano da salvação. Se ele não ressuscita para entrar no santuário celestial, a promessa do Espírito Santo não viria. (Jo 16:7).
Ele também, precisava ser lavado na pia da regeneração. (Tt 3:5). Foi para isto que Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas.
De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. (At 2:32-33). Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição. (Rm 6:5). E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. Se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (1Co 15:13-14).
Sem a ressurreição de Jesus, de nada Valéria continuarmos o estudo da carta aos romanos, e nem um outro livro da Bíblia. Portanto, queridos, temos muito o que agradecer ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. (1Pe 1:3).
Agora, com Cristo assentado à direita do Pai, temos acesso aos tesouros da graça que nos habilita viver uma vida de obediência pela fé. A verdadeira fé é obediência. Cristo disse: "E por que Me chamais Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?" (Luc. 6:46). De nada vale a nossa profissão de fé, sem a regeneração do Espírito Santo.
A fé é um dos atributos da graça; é através da fé que Deus opera em nós as suas boas obras. Assim a fé, senão tiver estas obras, ela é morta em si mesma. (Tiago 2:17).
Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tiago 2:26). A fé é o fôlego dos servos de Deus. O homem não respira para demonstrar que está vivo; está vivo e naturalmente respira.
É a fé naquele que deixou operar nele as boas obras, que nos habilita a praticar estas mesmas boas obras que Cristo praticou. É a fé que opera em nós as boas obras.
Se tentarmos praticar boas obras para demonstrarmos que temos fé, é como colar frutos artificialmente em uma árvore para dizer que nossa árvore é produtiva. Pode parecer bonito, mas não mata a fome espiritual de ninguém. A carta aos romanos foi escrita primeiramente aos romanos; mas o alvo principal são os remanescentes dos últimos dias.
Esta epístola dentre outras, é destinada à preparar um povo para dar o alto clamor, dando poder à mensagem do terceiro anjo. Assim, quando o apóstolo escreveu: a todos os que estais em Roma, amados de Deus. Esta saudação é dirigida a nós também.
Daniel recebeu a mensagem diretamente do trono de Deus, o Espírito Santo falou através do anjo a Daniel: És muito amado. (Dn 9:23). Não resta dúvida que o mesmo Espírito que falou a Daniel, foi o mesmo que falou ao apóstolo Paulo: amados de Deus.
Devemos ter certeza amados, que Deus ama a todos, a ponto de dar o seu filho amado, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3:16). O amor de Deus é dirigido a todos, mas somente os que aceitam são beneficiados com este amor.
No entanto, até com os débeis na fé, aqueles de corações duro; Deus não os abandona, o seu insistente amor alcança o pecador onde ele está. Deus diz: Eu voluntariamente os amarei. (Oséias 14:4).
Rm 1:8-15: "Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é conhecida a vossa fé. Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, Pedindo sempre em minhas orações que nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco.
Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados; Isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, assim vossa como minha.
Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma."
Este período da igreja cristã, é o período do primeiro selo do apocalipse; a jovem igreja cristã saiu vitoriosa e para vencer. Neste período, o evangelho foi pregado em todo o mundo habitado.
E Deus fala através do apóstolo Paulo, que a fé da igreja em Roma era conhecida em todo o mundo. Com certeza, a fé que Deus afirma ser conhecida em todo o mundo, não era apenas uma fé nominal, e sim uma fé operante. A fé "opera por amor" (Gl 5:6).
E essa ação é "a operosidade da vossa fé" (I Tess.1:3). O que era conhecido em todo o mundo a respeito da igreja em Roma, eram suas boas obras produzidas pela fé naquele que opera em nós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. (Fp 2:13).
É interessante notar que, até então, Paulo não conhecia pessoalmente a igreja que estava em Roma; no entanto, Paulo intercede por eles, e faz planos para visitá-los em boa ocasião.
Mas quando lemos o capítulo vinte e sete de Atos, vemos que foi com muitas dificuldades e tribulações que Paulo chegou a Roma. Não vemos nem um relato de lamento ou reclamação da parte de Paulo.
Isto é uma lição para nós. Não existe nada que façamos para Deus que o inimigo não queira atrapalhar; sempre haverá dificuldades; mas, assim como o apóstolo Paulo, tenhamos sempre em mente, que ao nosso lado está um anjo forte, que assiste na presença de Deus continuamente.
E é impossível que este anjo, que se enche da presença de Deus, venha até nós sem este poder; ele não recebe para si mesmo; ele precisa esvaziar em nós. Quando Cristo ascendeu ao Céu levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. (Ef 4:8).
Quando Jesus subiu ao céu, subiu vitorioso, o preço fora pago; o cativeiro do pecado que nos trazia a morte, Ele levou sobre si; para que libertos do pecado, pudéssemos receber o selo da justiça. Se o plano da salvação houvesse falhado. Se Jesus não subisse vitorioso ao céu, o Espírito Santo não viria. (João 16:7).
Como somos lentos para compreender o plano da salvação. Nós contentamos com uma justificação forense; que nos salva nos nossos pecados para continuar vivendo neles.
O plano da salvação não é apenas um ato judicial. É a vindicação, primeiramente do caráter de Deus, o qual foi acusado perante o universo de exigir de seus súditos, algo impossível; obediência à lei por amor. Quando entendemos que fazemos parte deste plano de vindicar o caráter de Deus; nunca vamos nos contentar com uma justificação barata sem méritos.
Deus pagou um alto preço para que o plano fosse completo. Quando Jesus subiu ao céu vitorioso, Ele deu o dom do Espírito Santo a sua igreja, para que ela pudesse vencer assim como Ele venceu. (Ap 3:21). Deus não nos salva para continuarmos vivendo como perdidos, Deus nos salva para viver nova vida. É para isso que Ele nos envia o Espírito Santo; para produzir em nós, boas obras.
Acerca deste período está escrito: "Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste." (Ap 2:2-3).
Notem que todas estas boas obras são produzidas pelo dom do Espírito Santo. Jesus estava dentro da igreja neste período. Será que Jesus está dentro da última igreja, no último período da história da igreja? Ap 3:20: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo."
Jesus está do lado de fora, batendo, esperando que alguém abra a porta. Para que Ele quer entrar? Para comer conosco. Comer oque? O pão, a palavra que sai da boca de Deus. Jesus nunca pede que façamos nada sozinhos. Só precisamos abrir a porta.
Não se desanime queridos, com a condição da igreja. É prometido para esta última igreja, uma porção maior do Espírito Santo do que caiu sobre a igreja primitiva: E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. (Joel 2:28). Quando estamos cheios do Espírito Santo, não ficamos nos lamentando e cobrando afeto dos demais; assim como Paulo, nos sentiremos como devedor.
As nossas boas obras não provém de nós mesmos; não temos nem um mérito de que se orgulhar, ou algo que receber em troca. Temos que vencer como Jesus venceu. Ele foi maltratado, humilhado, rejeitado, açoitado, acusado de coisas que não fez, enfim, Ele não recebeu honra aqui neste mundo. Portanto, se queremos vencer como Ele venceu, devemos proceder como Ele procedeu diante destas afrontas.
O apóstolo Paulo compreendeu bem este conceito. Rm 1:16-17: "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé."
Muitos adventistas do sétimo dia se envergonham de sua história, e não gostam de admitir que sua igreja se originou com um grande desapontamento. O cristianismo também se originou de um grande desapontamento. Os discípulos abrigavam no coração um falso conceito popular, que o Messias, quando viesse, iria estabelecer um reino temporal e libertá-los da escravidão romana.
Quando viram que seu mestre morreu, ficaram grandemente desapontados. O evangelho não traz, na sua superfície, uma história emocionante com um final feliz. Na verdade, o evangelho possui, sim, uma história de amor com um final feliz.
Mas para o observador apressado e desavisado; o evangelho não passa de uma história de lutas e sofrimentos, e que todos os participantes têm um final terrivelmente cruel e humilhante. Se o apóstolo Paulo não se envergonhava do evangelho de Cristo. Ele via na renúncia e morte para o eu um poder extraordinário.
Deus implantou no ser humano o desejo de poder. Mas, com a entrada do pecado, está faculdade foi pervertida. O homem que é escravo do pecado, busca satisfazer este desejo de poder na aquisição de riquezas e posições de liderança; o poder que eles buscam, tem origem na exaltação do eu. Mas elas não possuem o poder para satisfazer o desejo que Deus implantou em nós.
O poder da nova criatura, é nutrida na humildade, na mansidão, na paciência, e na longanimidade; porque melhor é o longânime do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade. (Pv 16:32). Muitos generais se orgulham por conquistar uma cidade murada; mas a sabedoria divina diz, que, o que controla o seu espirito, tem mais poder do que este.
A busca por riqueza e liderança não satisfaz o ser humano; quanto mais ele adquirir, mais vai desejar, até se tornar uma obsessão. Somente Cristo é "o Desejado de Todas as Nações" (Ag 2:7). Só Cristo satisfaz o ansiou da alma; este é o poder do evangelho. E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." (João 17:3) Conhecer a Deus, é entrar na sua presença; é desfrutar das riquezas eternas.
É ter a certeza que temos um anjo forte ao nosso lado que nos cobre com as suas asas quando vê o perigo, que nos consola quando estamos tristes e desanimados, que constantemente nos diz: este é o caminho, andai por ele. Se deixarmos a palavra de Deus abrir os nossos olhos, veremos que não temos nada a temer, a menos que nos esqueçamos de quem nos conduziu até aqui.
Não me envergonho do evangelho de Cristo. Antes me envergonho do meu pecado egoísta pelo qual Cristo teve que deixar a companhia do Pai, vir a este mundo de pecado, sofrer o desprezo, a zombaria, a rejeição, a angústia e os maus tratos, unicamente porque Ele não teve vergonha de mim; não teve vergonha de chamar de irmão alguém que perdera a imagem de seu Pai, e que era seu inimigo. Quando olhamos para o Cristo crucificado, percebemos a beleza do evangelho.
Quando o evangelho foi anunciado à Adão após a queda; quando Ele estava em desespero pela culpa do pecado. Deus lhe comunicou a graça. Adão tinha chegado no fundo do posso. Não havia nada que ele pudesse fazer para mudar sua sorte.
Apenas deveria crer nas promessas de Deus. A graça de Deus, era para ele o único meio de salvação. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." (Ef 2:8). A graça de Deus é um celeiro inesgotável, mas precisamos crer. Neste celeiro estão armazenados todos os frutos do Espírito.
A causa de nossa anemia espiritual, é falta de fé. Por meio da fé, nossos pais subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, Da fraqueza tiraram força. (Hb 11:33,34). A fé, não apenas nos justifica, mas, desenvolve em nós os frutos do espírito.
Pela fé Abel, (praticou boas obras), ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.
Pela fé Enoque, (praticou boas obras), a ponto de ser trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus. Pela fé Noé, (praticou boas obras), e divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.
Pela fé Abraão, (praticou boas obras), pois sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.
Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus. (Hb 11:4-5,7-10). O capítulo onze de Hebreus traz a lista dos heróis da fé, não a fé numa justiça apenas no aspecto forense. Mas uma fé que produz boas obras.
Todos estes heróis da fé permitiram que Cristo habite em seus corações pela fé. (Ef 3:17). É impossível ao homem natural conhecer os desígnios de Deus. A graça de Deus, através de sua palavra, cria no homem um novo coração, ou, uma nova mente; a mente de Cristo. Unicamente desta maneira podemos compreender a justiça de Deus.
Como está escrito: Não há justo, nem um sequer. (Rm 3:10 ). Isto significa que não há justiça exceto na vidada de Deus. Justiça é o perfeito cumprimento da lei. Por isso inferimos que só há justiça em Deus, somente Deus é capaz de produzir perfeita justiça, aceitável à sua lei. A justiça e a lei são próprio caráter de Deus; portanto são inseparáveis.
Como, então, podemos conhecer a justiça de Deus? Alguns poderiam responder apressadamente: através da lei.
Quem responde assim não está totalmente errado, visto ser a lei é a justiça inseparáveis. Mas não é esta a ideia que o apóstolo Paulo vai desenvolver no decorrer da carta aos romanos. O salmista diz: A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. (Salmos 85:10). Notem que o salmista está dizendo que, a justiça (verdade, ou a lei) se encontrou com a paz (misericórdia).
Deve ter sido um encontro há muito tempo esperado; porque o texto afirma que eles ficaram tão felizes que se beijaram. Aonde nós vemos a descrição completa deste encontro de amor? No evangelho. Não existe outro instrumento que nos revele com tamanha clareza a justiça e a misericórdia de Deus. Jesus disse que o Espírito Santo convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo. (João 16:8).
A obra do Espírito Santo é nos levar para perto do trono da graça. Ali vemos a justiça e a misericórdia de Deus. Diante da lei de Deus somos convencidos de nossos pecados, sentimos a urgente necessidade de uma pureza da alma, para permanecermos na presença de um Deus santo. Então através da graça obtemos a vitória dos pecados; Isto se chama justificação, ou perdão dos pecados. Agora, surge a pergunta.
Para que somos perdoados? A resposta é: para permanecermos na presença de Deus. Se permanecemos na presença de Deus, Ele nos imputa a sua justiça, ou, melhor dizendo, Deus produz em nós as boas obras compatível com a sua lei. E, então, Ele diz: continue andando na minha presença e sê perfeito. (Gn 17:1).
Rm 1:18-20: porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhe manifestou.
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis". A causa da morte espiritual, é porque o homem perdeu o conhecimento de Ds relacionarmos com alguém que não conhecemos.
Rm 1:21-23: "Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis."
Muitos, após ter certo conhecimento de Deus através de sua palavra; se deparam com alguma dificuldade, algum pecado acariciado, deixam de glorificar a Deus, e passam a descrer da graça e da obra do Espírito Santo na vida do homem. O resultado é total escuridão; em lugar da humildade produzido pela graça, passam a julgar-se sábios aos seus próprios olhos; idolatrando toda obra humana.
Rm 1:24-32: "Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem." O contrário de justiça, a obra de Deus operada no coração contrito, é, injustiça. Toda injustiça é pecado. (I João 5:17).
Quando rejeitamos a influência do Espírito Santo em nossa mente, nos chamando para a justiça; não há mais nada que Deus possa fazer por nós. Deus é infinito em poder e graça, mas Ele não pode forçar ninguém a amá-lo. Notem que o texto deixa claro, que Deus não castiga o ser humano porque ele recusa seus laços de amor; Deus os entrega às suas paixões. É claro, tudo que Deus permite, é atribuído a Ele.
Deus é o rei supremo do universo, não cai uma folha de uma árvore se Deus não permitir. Mas, quando o homem escolhe seguir suas paixões desenfreadas, depois de tantos rogos e apelos inexprimíveis; não há mais nada a fazer. A Bíblia diz que o Espírito Santo contendeu durante cento e vinte anos com os antediluvianos. (Gn 6:3).
Mas, chega um ponto, que Deus, com imensa tristeza, precisa deixar o homem sofrer as consequências de suas escolhas. Por suas escolhas perversas, neutralizaram a obra transformadora do Espírito Santo em suas vidas.
O profeta Isaías diz, que um homem ao fazer um ídolo para adorar, ele precisa mentir a si mesmo. (Is 44:20). Por quê?
Porque existe uma lei na sua consciência que o acusa.
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