24- Níveis de arrependimento

como unir as virtudes livro

24- Níveis de arrependimento

bondade de Deus te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4), que “compreende tristeza pelo pecado ...”.  Esse estado de espírito é um dom dEle, é obra do Espírito Santo; sim, trata-se da ação da Divindade em nós. “Deus com a Sua destra O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados” (At 5.31 - CF), que, em nível pessoal, envolve também sintonizar-se com a vontade do Senhor. 

A maioria dos cristãos supõem que lhes seria suficiente sentirem tristeza pelos pecados pessoalmente cometidos conscientemente ou por omissão. Entretanto, esse tema é bem mais profundo e muito mais abrangente. 

Assim, temos que ‘A cada passo para a frente em nossa experiência cristã, nosso arrependimento se aprofundará’ 2, o que está relacionado com ‘... crescei na graça ...’ (2 Pe 3.18). Se, efetivamente, alguém progredir em sua espiritualidade, vivenciará estes quatro níveis de arrependimento:

1o Nível: Arrependo-me dos pecados que cometi

Sob a influência do Espírito Santo, lamento minha ingratidão e me recrimino por ter ofendido e magoado a meu querido Pai celestial, que me deu Seu Filho como meu Irmão, como o melhor de todos os meus amigos, o Qual me amou até à morte, e nEle foi paga a minha incalculável dívida moral. 

Se sincero, o arrependimento produzirá não apenas tristeza, mas também o abandono do pecado. Há uma abismal diferença entre o lamentar as consequências de um pecado e o entristecer-se pelo pecado cometido.

Quando o Espírito Santo nos convence do mal feito ao nosso querido Pai: “O pecador tem então uma intuição da justiça de Jeová e experimenta horror ante a ideia de aparecer, em sua própria culpa e impureza, perante o Perscrutador dos corações. Vê o amor de Deus, a beleza da santidade, a exaltação da pureza; anseia por ser purificado e reintegrado na comunhão do Céu”. 3 

“A alma assim comovida odiará seu egoísmo, aborrecerá seu amor-próprio e buscará, pela justiça de Cristo, a pureza de coração que está em harmonia com a lei de Deus e o caráter de Cristo”. 4 

Além dos pecados conscientes, temos também uma infinidade de defeitos, faltas e pecados que nos são ainda desconhecidos, ocultos. Assim o salmista orou: “Quem pode entender [discernir] seus erros? Purifica-me [absolve-me] Tu das falhas secretas [ocultas, desconhecidas]” (Sl 19.12). 

Essas faltas, ocultas à nossa consciência, são-nos progressivamente reveladas pelo Espírito Santo, desde que estejamos sempre dispostos a aceitar Seu convencimento; visto que continuar cometendo, voluntária e conscientemente, um pecado nos separa de Deus e nos torna incapazes de continuar ouvindo a voz do Espírito Santo. 

Então, para que continue havendo progresso no crescimento em permitir que Cristo viva Sua vida em nós (Gl 2.19-20) todo pecado, defeito ou falta que o Espírito Santo nos revelar, devem ser, de pronto, eliminados de nossos hábitos pelo poder criador da Palavra, ao ser citada com fé na hora da respectiva tentação. Se essa não for a nossa atitude, estaremos paralisando todo o processo de purificação do santuário da alma [mente, coração], visto que se silenciaria a admoestadora voz do Espírito Santo. Horrível!

Conhece, em você, algum vício, falta ou defeito de caráter, com o qual convive, desculpando-o ou racionalizando-o assim: ‘Mas todos estão fazendo’!? Lembremo-nos de que, por ocasião do dilúvio, sobreviveram apenas oito pessoas, muito embora a população, em número, tenha sido semelhante à de hoje. 

O fato de um pecado tornar-se social não lhe diminui o grau de ofensa a Deus. Atente para a constante oração de alguém sincero: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há algum caminho perverso em mim, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23 - KJ).

2o Nível: Arrependo-me dos pecados que teria cometido, se tivesse tido oportunidade ou se tivesse sido fortemente pressionado. “Os livros do céu registram os pecados, que se teria cometido, se tivesse tido oportunidade”.   Um contumaz adúltero ou um violento assassino certamente não poderá perpetrar todos os possíveis atos maldosos, almejados, apenas porque não se lhe ofereceu apropriadas ocasiões ou circunstâncias propícias para tais. 

Assim temos que uma pretendida ou suposta bondade pode ser, em realidade, nada mais que uma falta de oportunidade ou uma ausência de tentação da devida intensidade. A presença de alguém ou o local podem ter inibido o cometimento de pecado que, em outras circunstâncias, teria sido perpetrado. ‘A ocasião faz o ladrão’, apenas no sentido de que ela favorece a exteriorização do mal acariciado na mente.

Considere que o dependente de álcool se tornou culpado de, por exemplo, agredir a esposa ou de praticar qualquer outra maldade, não quando – já bêbado – a feriu; mas, sim, bem antes, quando tomou o primeiro gole. 

Quando a agrediu, já não estava mais no devido uso de suas faculdades, em razão do entorpecimento provocado pela bebida forte; entretanto, antes de beber o primeiro gole, estava sóbrio, sob o domínio da razão. Após estar entorpecido, se houver oportunidade ou intensa provocação, certamente a agrediria. Os Céus registram também essa categoria de pecados. 

Vamos supor que um motorista apressado, ao fazer uma acentuada curva em alta velocidade, perca o controle de seu veículo e invada a outra pista. Ele seria considerado réu de um acidente, que não aconteceu apenas porque ninguém estava vindo no sentido contrário. Em que ocasião se tornou culpado? Não, quando já perdera o controle do carro, mas ao tomar a decisão de contrariar as leis do trânsito.

3o Nível: Arrependo-me dos pecados que o próximo cometeu ou comete 

Sinto tristeza ao constatar a desgraça ou o mal alheios; e sinto sinceramente que tal seria o meu caso, se não houvesse a graça de Deus atuando em mim. O pecado de outrem, a revelação do mal no próximo, são um espelho a me lembrar de que sou mau, pecaminoso — exata e precisamente — como ele. 

Jesus é absolutamente sincero quando nos diz: ‘Então se vós, sendo maus ...’ (Mt 7.11 - KJ). É tão somente o farisaísmo, existente em meu eu, que busca me iludir, tentando me convencer de que “não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros ...” (Lc 18.11 - CF). 

Na realidade eu mesmo, no tocante a minha natureza, sou tão mau, corrupto e perverso que sequer posso piorar! O pecado alheio traz-me à memória também essa terrível realidade que me causa tristeza por aquilo que continuo sendo. Lemos em Ezequiel 36.31 (CF): “... e tereis nojo em vós mesmos ...”.

Consideremos, agora, esse nível de arrependimento sob outro aspecto: Sendo Jesus a Cabeça e nós – cristãos – o Seu corpo, toda a dor de um é sentida pelo Outro. “Em toda aflição deles, Ele foi afligido” (Is 63.9 - KJ). Observe:

“Por todo pecado Jesus é novamente ferido”.    “A vergonha do discípulo de Cristo é lançada sobre Cristo”.   “Cada desvio do que é justo, cada ação de crueldade, cada fracasso da natureza humana para atingir o seu ideal, traz-Lhe pesar”.8 

“Cristo sente as misérias de todo sofredor. Quando os espíritos maus arruínam o organismo humano, Cristo sente essa ruína. Quando a febre consome a corrente vital, Ele sente a agonia”.   “Todo desprezo ou ultraje que os homens infligiam aos seus semelhantes não fazia senão inspirar-Lhe o sentimento da mais viva necessidade da Sua simpatia divino-humana”.   

 “E haja em vós esse modo de pensar que também houve em Jesus Cristo.” (Fp 2.5). 

É para esse nível de intimidade que Jesus nos está convidando assim: “... cearei com ele e ele, Comigo” (Ap 3.20 - RA). Sentir o que Jesus sente pelo pecador que O ofende ao recusar o evangelho, Seu poder libertador do domínio do mal, enfim, a salvação, está relacionado com termos o ‘selo de Deus’! Eis: “A classe que não se entristece por seu próprio declínio espiritual, nem chora [arrependimento!] sobre os pecados dos outros, será deixada sem o selo de Deus”.  

Assim, dói-nos na alma o fato de o pecador estar ofendendo ao Pai, a Cristo e ao próximo; bem como pela situação em que se encontra o transgressor: está sob o  domínio satânico. Vermos o pecado do outro como meu pecado é uma evidência de que estamos permitindo a Jesus viver Sua vida em nós, amando tanto o Pai como o nosso próximo.

Eis como Pedro relata o arrependimento de Ló pelos habitantes de Sodoma e Gomorra: “E resgatou ao justo Ló, que era afligido pela conduta imunda dos que eram licenciosos; porque este justo, pelo que via e escutava enquanto vivia entre eles dia após dia, a sua alma justa era atormentada [arrependimento!] pelos atos daqueles licenciosos” (2 Pe 2.7-8). 

E também consideremos esta realidade, vivida por Paulo, conforme afirma: “Quem padece sem que eu padeça? A quem se faz tropeçar sem que eu queime de indignação?” (2 Co 11.29). “... e eu tenha que lamentar por muitos daqueles que dantes pecaram, e não se arrependeram da imundícia, e fornicação, e desonestidade que cometeram” (2 Co 12.21).

 Atente à similaridade deste conselho: “Ao vermos almas distantes [separadas] de Cristo, devemos nos colocar no lugar delas [empatia], e sentir arrependimento [tristeza pela situação em que se encontram] em favor delas diante de Deus, e não descansar até que as levemos ao arrependimento. 

Se fizermos tudo o que pudermos por elas e mesmo assim não se arrependerem, o pecado estará à porta delas; mas devemos, apesar disso, sentir dor de coração [isto é: arrependimento] devido à sua condição, mostrando-lhes como arrepender-se e tratando de guiá-las passo a passo a Jesus Cristo”.   

“Minha alma está em agonia noite após noite. Só consigo dormir durante algumas horas; pois o pensamento dos que se encontram em caminhos de falsidade aflige [arrependimento!] minha alma”.  

O que sente o Senhor Jesus em relação aos que se atribuem o nome de cristãos e são indiferentes à situação e às dores do próximo? “O Céu se indigna ante a negligência manifestada para com a alma dos homens. 

Queremos saber como Cristo o considera? Como sentiria um pai, uma mãe, soubessem eles que, estando seu filho perdido no frio e na neve, fora desdenhado e deixado a perecer pelos que o poderiam haver salvado? Não ficariam terrivelmente ofendidos, furiosamente indignados? Não os acusariam com uma ira tão ardente como suas lágrimas, tão intensa como seu amor? 

“Os sofrimentos de cada homem são os sofrimentos de um filho de Deus, e os que não estendem a mão em socorro de seus semelhantes quase a perecer, provocam-Lhe a justa ira. Essa é a ira do Cordeiro. Aos que professam ser companheiros de Cristo, e todavia se têm mostrado indiferentes às necessidades dos semelhantes, declarará Ele no grande dia do Juízo: ‘Não sei de onde vós sois; apartai-vos de Mim, vós todos os que praticais a iniquidade.’ (Lc 13.27)”.  

4o Nível: Sinto tristeza, isto é, arrependo-me dos pecados que, como comunidade, corporação, nação ou humanidade cometemos 

“E Yahweh lhe disse: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e põe um sinal nas testas dos homens que gemem e se afligem [arrependimento corporativo!] por causa de todas as imundícias e maldades que se fazem no meio dela” (Ez 9.4). 

Sentir esse quarto nível de arrependimento equivale a sentir tristeza, dor e pesar, devido à condição da comunidade, corporação, nação ou humanidade, à semelhança das lágrimas de Jesus sobre Jerusalém: “Quando 

Se aproximou e contemplou a cidade, chorou [arrependimento corporativo!], e disse: Oh, se realmente soubesses as coisas que são de tua paz ao menos neste teu dia! Mas agora estão encobertas aos teus olhos” (Lc 19.41-42). Vivendo Ele em nossa mente, obviamente manifestará equivalente sentimento corporativo.

“O selo de Deus será colocado na testa somente daqueles que suspiram e clamam por causa das abominações cometidas na Terra”.   

Ao, efetivamente, ‘negar o eu’, o cristão manifestará o mesmo sentimento demonstrado por Moisés, em relação a seus compatriotas, quando se dirigiu ao Senhor nestes termos: “Mas perdoe o seu [do povo] pecado agora; e se não, apaga-me do Teu livro, que tens escrito” (Êxodo 32.32). 

Note como o apóstolo Paulo relatou seu arrependimento corporativo, em relação aos judeus que rejeitavam a Cristo: “Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha consciência: que tenho grande tristeza e incessante dor no coração [arrependimento corporativo!]; porque eu mesmo desejaria ser anátema [amaldiçoado], separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne” (Rm 9.1-3 - RA). 

Amigo, essa atitude cristã é uma realidade e não apenas uma diplomática figura de linguagem! Frisamos que essa empática atitude permeia os ensinos bíblicos, tal como está registrado em Levítico 26.40-42: “No entanto, caso reconheçam sua iniquidade, e a iniquidade que seus pais cometeram [logo o arrependimento corporativo antecedeu a esse reconhecimento!] contra Mim (posto que eles se comportavam com hostilidade para Comigo e também Eu atuava com hostilidade contra eles, levando-os à terra dos seus inimigos), caso se quebrante o seu coração incircunciso, e confessem sua iniquidade, então Eu lembrarei do Meu pacto com Jacó, e do Meu pacto com Isaque, e do Meu pacto com Abraão; e Me lembrarei da terra”. 

E, em Daniel 9.20, lemos: “Enquanto eu estava orando e confessando minhas culpas e as culpas de meu povo Israel [arrependimento corporativo!], e apresentando minhas súplicas diante de Yahweh Deus, pelo monte santo do meu Deus ...”

Há duas classes de cristãos

 “A primeira é daqueles que diariamente estão morrendo para o eu e vencendo o pecado. A última é daqueles que estão condescendendo com as concupiscências e se tornando servos de Satanás”. 

· Uma é a que odeia suas tendências, pensamentos e desejos maus e os enfrenta pela fé na Palavra [Jesus]. Essa tem sua vida pautada pelos quatro níveis de arrependimento. ‘Chora’ (Lc 6.21) (1) os seus pecados conscientes, os ocultos; (2) os que teria cometido se tivesse tido oportunidade propícia;(3) os que seu próximo cometeu ou comete; e(4) os de sua comunidade, corporação, nação ou humanidade, visto que todos esses acarretam um dilúvio de tristeza em Deus e nos corações humanos.

· A outra que, satisfeita com sua justiça própria, ‘obras da lei’, legalismo e formalismo, julga-se superior aos demais: “Não sou como os demais” (Lc 18.11). E mantém-se indiferente ao mal que afeta o próximo, comunidade, nação. Faz dos resultados do pecado motivo de depreciação e diversão. E os jogos de competição servem-se para tanto.

Conclusão

“Mas se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus ...” (Tg. 1.5). Se  sente que lhe falta algum desses níveis de arrependimento e o deseja, basta que, com fé, por exemplo, cite Apocalipse 3.19: “Sê, pois, zeloso e arrepende-te” e essa Palavra, instantaneamente, criará o arrependimento em sua mente, em seu coração. Maravilha! 

Oremos: “Ó nosso querido Deus e Pai, Te rogamos que, assistidos pelo Espírito Santo e vivendo o Senhor Jesus em nossa mente, nos conduzas permanentemente a cada um desses quatro níveis de arrependimento em cumprimento ao plano que o Senhor fez ao nos criar.  Em nome de Cristo. Amém”.


Acesse aqui o 👉 índice completo do livro 'Como Comprar' do Irmão Olvide Zanella

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem