14 - A Mensagem do Terceiro Anjo – Sermão 14

A mensagem do terceiro anjo

A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 22 de fevereiro de 1893, p. 342-347.

Examinamos a manifestação da mente natural – a mente carnal – em duas de suas formas: o paganismo e o papado. Existe, porém, outra moderna. Esta surgiu nos dias atuais, e trata-se de um engano idealizado pelo autor da mente carnal por meio do qual ele enganará muitas pessoas, caso não tenham a mente de Cristo. Pergunto: a mente carnal é a mente de quem? [Congregação: “De Satanás”]. Com que a mente carnal se preocupa? [Congregação: “Com o eu”]. 

Em Satanás, essa mente se concentra no eu. Em nós, ela se concentra no eu. Vimos que no paganismo – o paganismo nu e cru, declarado e ousado –, essa mente fez com que o homem se colocasse no lugar de Deus, pensasse ser igual a Deus, o que se manifestou no conceito da imortalidade da alma. 

Vimos então que, quando o cristianismo se firmou no mundo, essa mesma mente carnal erigiu uma contrafação da versão pagã e se camuflou com as vestes do cristianismo. Essa versão cristã foi chamada de justificação pela fé, quando, na verdade, não passa de justificação pelas obras, produzida pela mesma mente carnal. Estamos falando do papado, o mistério da iniquidade.

Agora existe outro desdobramento na atuação de Satanás nos últimos dias, distinto do paganismo, conforme se manifestou no passado, e distinto do papado em sua forma original e conforme tem se apresentado até o momento. Não é verdade? [Congregação: “Sim”]. De que manifestação estou falando? Que forma Satanás adotou para agir nos últimos dias? [Congregação: “O espiritismo”]. Sim. 

O espiritismo exalta o eu. Mas será que o espiritismo atuará sempre em nome de Satanás? [Congregação: “Não”]. Quanto mais próximos estivermos da segunda vinda do Salvador, mais amplamente o espiritismo estará professando o nome de Cristo. Antes da volta de Cristo, que manifestações ocorrerão em grande número? [Congregação: “Falsos Cristos”]. 

Muitos surgirão dizendo: “Eu sou Cristo”. E, por último, o próprio Satanás vem – como Satanás? [Congregação: “Não. Como Cristo”]. Ele vem como Cristo. Ele é recebido como Cristo. Isso significa que o povo de Deus deve estar familiarizado com o Salvador de tal forma que nenhuma crença no nome de Cristo espúria e fictícia seja abraçada ou aceita. 

À medida que o falso cristianismo se apresenta ao mundo, nesta época em que todo tipo de falso Cristo está surgindo, qual é a única maneira de uma pessoa estar segura? Como alguém poderá reconhecer a identidade desses falsos Cristos? Somente conhecendo a identidade do verdadeiro Cristo e possuindo a própria mente Dele.

Agora gostaria de ler trechos que revelam a natureza desta última fase da mente carnal. Já apresentei citações sobre as outras duas fases: a pagã e a papal. Quando terminar de apresentar esta última, teremos diante de nós as três etapas: o dragão, a besta e o falso profeta. 

Então, depois de termos o quadro completo, nenhum de nós terá uma desculpa sequer para aceitar qualquer outra posição que não expresse de forma clara a mente de Jesus Cristo apenas e a justiça de Deus de acordo com Sua ideia de justiça. 

Quando virmos diante de nossos olhos a nítida expressão do falso caminho presente nas três formas, então, mesmo não conseguindo entender ou perceber o caminho verdadeiro, teremos conhecimento mais do que suficiente do falso para rejeitá-lo por completo e aceitar o genuíno, quer o entendamos ou não. Não é preferível rejeitarmos os enganos do diabo que vemos e aceitarmos a verdade de Deus que não podemos ver como gostaríamos? O que vocês preferem? Eu prefiro me submeter ao Senhor com meus olhos fechados do que ao diabo com meus olhos abertos.

Tenho aqui uma publicação mensal – já vou lhes falar sobre ela; mas lerei primeiro um ou dois trechos dela. Trata-se de exercícios espirituais para a semana – um treinamento para cada dia da semana.

“Que a quinta-feira seja o dia para você declarar a sua fé.” Veja a definição de fé apresentada:

“Diga: ‘Eu de fato creio que Deus está agora operando comigo, por intermédio de mim, por mim e para mim’. Diga isso com toda a certeza, pois é a verdade.”

“Na sexta-feira, seja corajoso, forte e eficiente. Vença todos os obstáculos por meio da sua própria palavra. Diga: ‘Tudo posso em Cristo que me fortalece’. Diga isso com toda a força do seu ser, e lhe garanto que você poderá fazer qualquer coisa que quiser, até mesmo a operação de milagres.”

Isso é uma mentira. Para que vocês percebam que é uma mentira, leio o exercício da quarta-feira:

“Na quarta-feira, faça uso de declarações positivas; não somente declarações científicas, mas aquelas que confirmam todas as coisas boas em você mesmo.”

[Voz da congregação: “Isso prova que se trata de uma mentira”].

Eles não dizem que Deus está operando em mim, por mim, para mim e por intermédio de mim? Quando nos achegamos a Jesus e nos apropriamos de Sua justiça e bondade, não podemos declarar então que somos bons? [Congregação: “Não”]. 

Por que não? [Congregação: “Somos bons em Cristo, e não em nós mesmos”]. Então vocês estão dispostos a admitir que quando aceitamos Jesus e toda a riqueza, honra, poder e bens espirituais que se encontram em Sua pessoa, mesmo então nós não podemos nos vangloriar de que somos bons? Vocês estão dispostos a admitir isso? Estão mesmo? [Voz: “Sim, senhor”]. Estão mesmo? [Voz: “Sim, senhor”]. Muito bem. Mas isso não é tudo. Continuo a leitura:

“Declare todas as coisas boas em você mesmo. Elogie você mesmo por ser tão gentil e amável, por ser tão honesto em suas intenções de dedicar-se ao bem. Elogie você mesmo por sua firmeza nessas intenções. Elogie você mesmo por ser tão forte e saudável.”

Sim. Talvez você queira elogiar você mesmo por seguir estritamente a reforma de saúde e por estar desfrutando de tão boa saúde. Você está praticando esses princípios. Será que você deve se elogiar por isso? “Elogie você mesmo por possuir uma disposição caridosa tão preciosa.”

Vocês podem agir assim, não podem? [Congregação: “Não”]. Não podem? Mesmo sabendo que seus pecados já foram perdoados e que estão livres de todas essas coisas pelo poder de Cristo? Será que não podem fazer então um autoelogio por sua preciosa disposição caridosa que você conquistou? [Congregação: “Não, senhor”]. Mas a leitura continua:

“Elogie você mesmo por você ver somente o bem em todos e em tudo no mundo. Elogie você mesmo por todas as coisas boas que você vê em você e por todas as coisas boas que você quer ver em você. [...] Você deve louvar pela característica boa que você já tem para que ela seja fortalecida; louve também pelo bom traço que parece estar faltando para que ele seja impulsionado a surgir, pois você sabe que o fruto dos seus lábios serão criados para você.”

Esses conceitos provêm daquilo que é chamado de “Ciência Cristã”. Vocês podem ler o título (erguendo o livro). Um irmão me deu uma cópia deste livro outro dia. O título é “Ciência Cristã”, e na capa se encontra o seguinte verso bíblico: “As Minhas palavras não passarão”. 

Agora, irmãos, não está na hora de começarmos a crer nas Escrituras e nos Testemunhos? Não está na hora de termos a mente de Jesus Cristo? [Congregação: “Amém!”]. 

Será que não está na hora de termos a mente que confessará que isto que se encontra no Testemunho é verdade, isto que tem incomodado muitos dos irmãos cada vez em que é lido? Vamos ler a declaração novamente e ver se vocês concordam com ela, ou se creem nela ou não. Chegou o tempo de tomarmos uma posição quanto a isso. “Testemunho núm. 31”, página 44:

“Vocês estão em Cristo? Não, a menos que admitam que vocês são pecadores errantes, desamparados e condenados.”

Vocês não estão em Cristo, a menos que admitam que vocês são tudo isso. Concordam comigo? [Congregação: “Sim”]. Vocês estão dispostos a aceitar esse fato agora, quer compreendam como isso é de fato assim ou não? [Congregação: “Sim”]. 

Vocês aceitarão esse fato diante do paganismo, do papado e do espiritismo, em todas as fases de cada um deles? Assim, será que não chegou o momento de vocês e eu termos uma mente que se negará a dizer “amém” para toda essa tolice que acabei de ler neste livro de ciência anticristã? Leio novamente a declaração do Testemunho:

“Vocês estão em Cristo? Não, a menos que admitam que vocês são pecadores errantes, desamparados e condenados. Não, se vocês estiverem exaltando e glorificando o eu.”

Então, embora essas pessoas citem as palavras de Cristo, tudo não passa de contrafação. Vocês sabem que no “Vol. 4” dos Testemunhos há uma declaração afirmando que, quando Satanás vier com as graciosas palavras que o Salvador proferia, ele as pronunciará com entonação muito idêntica à de Cristo e cativará aqueles que não têm a mente de Cristo. 

Irmãos, não há salvação para nós, nenhuma segurança sequer, nem qualquer outra alternativa se não nos apropriarmos da mente de Cristo.

Isso se aplica a todos os ramos de nossa obra também. Não é uma mensagem apenas para os ministros. É para todos. Vocês não se lembram da palestra que o Dr. Kellogg nos deu em outra ocasião sobre a obra médico missionária, como ele percebeu – na verdade, já vinha percebendo há muito tempo – a deficiência nos métodos da medicina no sentido de alcançar e aliviar a mente? 

Vocês não se lembram de ele dizer que ele percebeu essa deficiência em toda a prática médica? Ele havia constatado em cada passo dos tratamentos uma falha no sistema médico, que nenhum recurso possuía para alcançar e aliviar a mente das almas enfermas, de maneira que o corpo fizesse o seu trabalho e se recuperasse por meio dos tratamentos prescritos pelos médicos.

Irmãos, Cristo já não supriu essa carência presente em todo sistema médico por meio do Seu próprio método de cura a nós fornecido pelo Seu Espírito? Cabe aos médicos e às enfermeiras levar aos angustiados, enfermos, sofredores e moribundos a mente de Cristo, e instar com eles para que entreguem a mente a Jesus Cristo e se apropriem de Sua mente, desviando-se do eu. 

Assim, estando a mente em repouso, o médico pode conduzir o tratamento para que o corpo se recupere, enquanto o paciente desfruta das bênçãos e da paz de Jesus Cristo, tendo a mente que Ele fornece. Vocês não percebem como esse assunto permeia toda nossa obra, sendo a solução em qualquer lugar? Isso não é novidade para o Dr. Kellogg. Eu só aproveitei as palavras dele sobre essa falha no sistema médico para que vocês entendam como a mente de Cristo pode supri-la. Continuarei a leitura do Testemunho:

“Vocês não estão em Cristo se estiverem exaltando e glorificando o eu.”

Observem agora:

“Se existe algo de bom em vocês, o crédito deve ser dado completamente à misericórdia de um Salvador compassivo.” Atentem para isso agora:

“Seu nascimento, sua reputação, seus bens, seus talentos, suas virtudes, sua piedade, sua filantropia, ou qualquer outra coisa em você ou relacionada a você, não criará um vínculo de união entre a sua alma e Cristo.”

Concordam com isso? [Congregação: “Sim”].

Pastor Underwood: Poderia ler a citação novamente, por favor? “Seu nascimento, sua reputação, seus bens, seus talentos, suas virtudes, sua piedade, sua filantropia, ou qualquer outra coisa em você ou relacionada a você (mesmo suas boas obras), não criará um vínculo de união entre a sua alma e Cristo.”

“Sua ligação com a igreja, o modo como seus irmãos o consideram não será de proveito algum a menos que você creia em Cristo.

Observem agora esta ênfase:

“Não é suficiente crer sobre Ele (a palavra ‘sobre’ está em itálico); mas você deve crer em Cristo.” “Em Cristo”. O que isso significa?

“Você deve depender completamente de Sua graça salvadora.”

Isso é cristianismo. Isso corresponde à mente de Cristo. Não há nada de satânico em tudo isso. E o diabo não pode entrar ali. Na verdade, esse pensamento se encontra também no Caminho a Cristo, com palavras não exatamente como essas. Lerei um trecho ou dois do Caminho a Cristo, começando na página 62 até a página 65.

“A condição de vida eterna é hoje justamente a mesma que sempre foi – exatamente a mesma que foi no paraíso, antes da queda de nossos primeiros pais – perfeita obediência à lei de Deus, perfeita justiça.”

Se vocês e eu não tivermos isso, nunca teremos vida eterna. Não a podemos ter agora ou em qualquer outro momento. Se vocês e eu não tivermos “perfeita obediência à lei de Deus” desde nossa primeira respiração, que continua ininterrupta até este momento, esta noite, até o último suspiro que exalarmos, então a vida eterna não nos pertence. 

Por outro lado, no exato momento em que vocês e eu tivermos “perfeita obediência à lei de Deus”, a vida eterna certamente é nossa. Mas essa “perfeita obediência” deve alcançar, repito, desde nossa primeira respiração, que continua ininterrupta até este momento, esta noite, até o último suspiro que exalarmos; e deve ir além, continuando nos milhares de anos da eternidade. 

Não estou exigindo, irmãos, que vocês compreendam isso. Creiam e vocês entenderão. Alguém pode questionar: “Isso não contradiz algo que ele vem pregando?” Isso não contradiz o que venho pregando. É isso o que eu tenho pregado o tempo todo, bem como qualquer outro pregador que prega o evangelho.

“A condição de vida eterna é hoje justamente a mesma que sempre foi – exatamente a mesma que foi no paraíso, antes da queda de nossos primeiros pais – perfeita obediência à lei de Deus, perfeita justiça. Se a vida eterna fosse concedida sob qualquer condição inferior a essa, correria perigo a felicidade do Universo todo. [...] Não possuímos justiça em nós mesmos com a qual possamos

satisfazer às exigências da lei de Deus.”

Esta é a verdade. Como é possível, então, termos vida eterna? [Congregação: “Por meio de Cristo”]. Ah! “O dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23). Mas temos que ter “perfeita justiça” antes de recebermos esse dom, não percebem? Sim, mas o Senhor, em Sua misericórdia, vem e diz: “Eis aqui, em Cristo, a perfeita justiça. 

Eis aqui a perfeita obediência à lei de Deus desde o nascimento até a morte. Aproprie-se dela, e ela satisfará completamente a condição sob a qual unicamente uma pessoa pode ter a vida eterna”.

Muito bem. Vocês estão contentes com essa provisão? [Congregação: “Sim”]. Estou muito feliz com essa oferta. Não me resta mais nada a fazer do que ficar alegre. Incrível, Ele quer que eu tenha vida eterna. Nada tenho para merecê-la. Não tenho nada que possa satisfazer a condição sob a qual unicamente ela pode ser concedida. Tudo o que eu tenho colocaria o Universo em ruínas, se Deus me concedesse a vida eterna com base nisso. Ele não pode fazer isso. 

Mas Ele quer que eu tenha vida eterna. Seu desejo de que eu tenha vida eterna é tão intenso que Ele morreu para que eu a tivesse. [Congregação: “Amém!”]. E sabem, só Deus, que é amor, poderia fazer isso. Ele vem até nós e diz: “Em Cristo existe obediência perfeita que alcança desde a sua primeira respiração até a última. Receba a Ele e Sua justiça e, assim, você tem a vida eterna”. Esta é a condição. Muito bom! Sim, senhor.

“Não possuímos justiça em nós mesmos com a qual pudéssemos satisfazer às exigências da lei de Deus. Mas Cristo nos proveu um meio de escape.” Deus seja louvado!

“Viveu na Terra em meio de provas e tentações como as que nos sobrevêm a nós. Viveu uma vida sem pecado. Morreu por nós, e agora Se oferece para nos tirar os pecados e dar-nos Sua justiça.”

Que troca! Que troca! Irmãos, não é terrível que as pessoas hesitem e demorem tanto antes de entregar tudo e fazer essa bendita troca? Não é terrível?

“Se vos entregardes a Ele e O aceitardes como vosso Salvador, sereis então, por pecaminosa que tenha sido vossa vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter, e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado.”

Sim, senhor. Quando vocês e eu procedemos assim, permanecemos diante de Deus como se nunca tivéssemos cometido um único pecado neste mundo – como se tivéssemos sempre sido anjos. Irmãos, Deus é bom! Ele é bom! Oh! Nosso Salvador é um maravilhoso Salvador! [Congregação: “Amém!”]. Irmãos, é assim mesmo. Vamos deixar que Deus faça as coisas do jeito Dele.

“E ainda mais”. Imaginem só! Ainda tem mais! Ora, é o Senhor que está dizendo:

“E ainda mais, Cristo mudará o coração. Nele habitará, pela fé.”

Esta é a grande bênção em tudo isso. Que bem a vida eterna faria a um coração como o meu? Não, Ele não o deixa como está. Ele muda o coração. “Pela fé e contínua submissão de vossa vontade a Cristo, deveis manter essa ligação com Ele.”

Foi esse pensamento que discutimos noite passada. Essa citação só reforça o ponto que estamos estudando.

“E enquanto isso fizerdes, Ele operará em vós o querer e o efetuar, segundo a Sua vontade. Podereis então dizer: ...”

“Podereis então dizer!” Deus nos deu a permissão de dizer; Ele disse que podemos dizer:

“‘A vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim’ (Gl 2:20). Disse Jesus a Seus discípulos: ‘Não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós’ (Mt 10:20). Assim, atuando Cristo em vós, manifestareis o mesmo espírito e praticareis as mesmas obras.”

Não há como agir de outra forma. Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre. O que Jesus foi na carne quando esteve na Terra, Ele será aqui em nossa carne agora.

Praticaremos então:

“Obras de justiça e obediência. Nada temos, pois, em nós mesmos, de que nos possamos orgulhar.”

Graças ao Senhor. Não comecem a se exaltar e a se vangloriar, dizendo: “Sou rico agora e estou enriquecido. Agora sou sábio e tudo vai bem comigo”. Não. A pessoa que disser isso num tempo como este pode ser considerada a pior criatura do Universo, não é mesmo? 

Como é possível ela estar em pior situação? Quando tal pessoa estava completamente perdida, desamparada e arruinada, ela confessou seu estado e foi alvo da imensa e maravilhosa compaixão do Senhor. Ele lhe deu então tudo o que Ele tem no universo. Como pode agora ela levantar-se e começar a se vangloriar de sua grande bondade e excelência? Ela não poderia lançar sobre a bondade do Senhor vergonha maior do que essa! Não deve ser assim. “O que se gloriar, glorie-se no Senhor”. [Congregação: “Amém!”]. Vamos agir assim.

“Nada temos, pois, em nós mesmos, de que nos possamos orgulhar. Não temos nenhum motivo para exaltação própria.

A pessoa que recebe Jesus tal qual Ele, é será sempre humilde. A pessoa que recebe Cristo pela fé torna-se humilde. Se ela, porém, não O recebe pela fé, mas O ganha por merecimento, naturalmente ela tem algo de que se vangloriar.

“Nosso único motivo de esperança está na justiça de Cristo a nós imputada, e ...”

Podem imaginar o que vem em seguida?

“Nosso único motivo de esperança está na justiça de Cristo a nós imputada, e naquela produzida por Seu Espírito operando em nós e através de nós.”

Nosso único motivo de esperança é a justiça de Cristo a nós imputada, e essa justiça produzida em nós pelo Espírito Santo corresponde às obras que praticamos. O parágrafo que vem logo em seguida é aquele que fala sobre a crença satânica e o que significa a fé genuína, o que já examinamos em estudos anteriores. Trata-se de um único assunto.

Vamos ler então o que se encontra na página 64:

“Quanto mais perto vos chegardes de Jesus, tanto mais cheios de faltas parecereis aos vossos olhos; porque vossa visão será mais clara e vossas imperfeições se verão em amplo e vivo contraste com Sua natureza perfeita. Isto é prova de que os enganos de Satanás perderam seu poder.”

Qual é então a condição da pessoa que começa a se achar muito boa e a elogiar a si mesma? Ela é vítima dos enganos de Satanás. Mesmo que essa pessoa tenha vivido com o Senhor 15 ou 20 anos, se ela começar então a pensar que é um tanto boa, qual é a condição dela? Ela está enganada por Satanás. Ela está dominada por enganos satânicos. Isso é tudo. Houve um homem que viveu com Jesus Cristo 30 anos. No início de sua caminhada, nos primeiros anos de sua experiência com Cristo, ele disse:

Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim” (Gl 2:19, 20).

Trinta anos depois disso, já perto da morte, ele disse o seguinte: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu” era o principal? (1Tm 1:15). [Congregação: “Sou o principal”]. Não, era o principal. [Congregação: “Não, ‘sou o principal’”]. Amém. Exatamente.

“Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Em que momento? [Congregação: “Agora”]. Depois de ter vivido 30 anos com Jesus Cristo? [Congregação: “Sim”]. Sim. “Eu sou o principal”. 

Ele tinha uma visão tão nítida do Senhor Jesus, de Sua santidade, de Sua perfeita pureza, que, quando olhou a si mesmo e pensou na possibilidade de estar separado de Cristo, se viu como o pior de todos os homens. Isto é cristianismo. Esta é a mente de Cristo. Atitudes diferentes dessa correspondem à mente de Satanás.

Continuo a leitura:

“Isto é prova de que os enganos de Satanás perderam seu poder; que a influência vivificante do Espírito de Deus está a despertar-vos. Não pode habitar um amor profundo e arraigado no coração daquele que não reconhece sua pecaminosidade. 

A alma transformada pela graça de Cristo admirará o Seu caráter divino; se, porém, não reconhecemos nossa própria deformidade moral, é isto uma prova inequívoca de que não obtivemos uma visão da beleza e excelência de Cristo. Quanto menos virmos em nós mesmos digno de estima, tanto mais havemos de ver digno de estima na infinita pureza e amabilidade de nosso Salvador.”

Isto é cristianismo, irmãos. Agora, vamos pesquisar a Bíblia e ver o que ela diz exatamente. O que vocês têm a dizer? Irmãos, estamos numa situação crítica nesta assembleia, nesta reunião. É assustador. Eu já disse isso uma vez, mas estou agora mais consciente do que antes. Não posso esconder isso, irmãos. Realmente não posso. Estamos numa situação alarmante aqui. 

Nem passa pela cabeça de ninguém aqui como o curso futuro de eventos depende dos dias que estão transcorrendo aqui. [Pastor Olsen: “É verdade”]. Irmãos, à medida que os dias passam, estamos sinceramente desejosos de nos aprofundar nas coisas de Deus? Será que estamos? Estamos mesmo? Ou será que estamos entrando numa calmaria?

Os primeiros estudos, quando começamos as reuniões, foram originais, novos. Eles apresentaram a verdade de forma categórica, clara e positiva para que entendêssemos o assunto, e o efeito foi evidente. Corações ficaram agitados, como dizem as Escrituras, “como se agitam as árvores do bosque com o vento” (Is 7:2).

Mas, irmãos, será que a brisa se acalmou? E agora? Mas irmãos, se nossas impressões, nosso senso de necessidade, nosso zelo não se aprofundarem, à medida que as reuniões continuam, então há algo errado com cada um de nós. Este não é um mero apelo geral. A única forma de chegarmos ao nível desejado é cada um assumir sua responsabilidade individual. Se eu não estou fazendo isso, se vocês não estão fazendo isso, então há algo errado.

Agora, irmãos, outro pensamento. Tivemos a solene oportunidade, por meio do Espírito de Deus, de analisar as operações da mente carnal, como ela atua no homem e o engana de diversas maneiras: paganismo, papado, a imagem do papado, o dragão, a besta e o falso profeta. Vimos tudo isso, e o Senhor quer nos ensinar uma lição com isso. 

Depois de termos estudado esses assuntos, irmãos, que cada um de nós se livre de toda e qualquer resistência, que nossa alma elimine qualquer preconceito, e tenhamos a prontidão de uma criança para receber o que Deus tem a nos oferecer. [Congregação: ”Amém!”]. Que os corações continuem a ser sondados e confissões de pecados, feitas. Não é Jesus que nos diz: “Sê, pois, zeloso e arrepende-te”? “Sê, pois, zeloso e arrepende-te”. O que esse “pois” significa? Por essa razão, por essas razões. Vejamos o que Ele disse antes disso:

“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. 

Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, POIS, zeloso e arrependete” (Ap 3:15-19).

Qual é a abrangência desse “pois”? Abrange tudo? [Congregação: “Sim, senhor”]. A primeira coisa que Ele diz é: “Conheço as tuas obras”; e a última é: “Sê, pois, zeloso e arrepende-te”. Vocês estão dispostos a se arrepender de suas obras agora? Sim? 

Estão dispostos a admitir que as obras que vocês têm praticado não são tão boas quanto seriam se o próprio Jesus Cristo estivesse aqui e as tivesse praticado no lugar de vocês? [Voz: “Sim, milhares de vezes melhores”]. Bom. Quanto de bem essas obras vão fazer para vocês? Elas são perfeitas? São elas obras justas? “Tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14:23). Há obras que você pratica, ou vem praticando, que não provêm de fé? O eu está nelas?

Não vamos nos esquecer de que a veste que devemos comprar é “fiada no tear do Céu, no qual não existe um único fio de fabricação humana”. Então, se vocês e eu colocarmos um único fio de nossa fabricação na vida que professamos estar vivendo em Cristo, estragamos a veste. 

Irmãos, vocês acham que por todos esses 15 ou 20 anos temos agido de forma absolutamente perfeita a ponto de nunca termos colocado algum fio de fabricação humana em nosso caráter por meio de nossas ações? [Congregação: “Não”]. Então temos algo do que nos arrepender, certo? [Congregação: “Sim”]. Quero simplesmente chamar a atenção de vocês para esse ponto nesta noite.

Agora, nos poucos minutos que me restam, vamos ler algumas passagens das Escrituras. Quero ler com vocês Isaías 59, verso 6. Antes, porém, faço a pergunta: O capítulo 59 de Isaías vem depois de qual capítulo? [Congregação: “O 58”]. A que tempo o capítulo 58 se aplica? [Congregação: “Para o tempo presente”]. Assim, o capítulo 59 se aplica ao passado, 700 anos antes de Cristo, ou ao tempo presente? [Congregação: “A aplicação é para agora”]. Leiamos o verso:

“As suas teias não prestam para vestes, nem se poderão cobrir com as suas obras; as suas obras são obras de iniquidade, e obra de violência há nas suas mãos” (ARC).

Então, o que essas pessoas estão tentando fazer? O que elas estão tentando fazer com suas obras? [Congregação: “Cobrir com as suas obras”]. Quando Deus diz que “nem se poderão cobrir com as suas obras”, fica implícito que eles estão tentando cobrir-se com suas obras. Ele está falando a verdade? [Congregação: “Sim”]. 

Então, quando Deus nos diz que estamos tentando nos cobrir com nossas obras, será que Ele não está dizendo que nós, com essa conduta, estamos realmente – não importa o que professamos crer – confiando na justiça ou justificação pelas obras? [Congregação: “Sim”]. Não é isso o que a mensagem a Laodiceia diz: “Conheço as tuas obras”? E qual tem sido o resultado dessas obras em nossa vida? Elas nos deixaram infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus. O que Cristo deseja para nós? “Vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez”.

Qual é a nossa condição? Vocês sabem muito bem que nossos esforços nesse sentido não têm realizado muito. Todos têm tentado fazer o melhor possível. Cada um de vocês sabe que essas tentativas provaram ser a experiência mais desanimadora do mundo. Vocês mesmos sabem o quanto já choraram desalentados por não conseguirem exibir um caráter bom o suficiente para se aventurarem a enfrentar o juízo. [Voz: “Um caráter nem mesmo bom o suficiente para agradar a nós mesmos”]. Não. 

Nós mesmos fomos capazes de ver nossa nudez quando fizemos nosso melhor para nos cobrir. Vocês sabem que esta é a realidade. Bem, irmãos, foi isso que o Senhor disse, não é mesmo? [Congregação: “Sim, senhor”]. Não chegou o tempo de dizermos: “Senhor, é isso mesmo”? Vou repetir o verso: “Nem se poderão cobrir com as suas obras; as suas obras são obras de iniquidade, e obra de violência há nas suas mãos”.

O fato é que Deus quer que sejamos cobertos. Ele quer que sejamos vestidos a fim de que não seja manifesta a vergonha da nossa nudez. Ele quer que tenhamos Sua justiça perfeita de acordo com Sua própria ideia de justiça. Ele deseja que tenhamos o caráter que suportará, com êxito, o teste do juízo, sem questionamentos ou dúvidas. Vamos aceitar esse caráter que vem Dele como dom bendito e gratuito.

Agora, irmãos, no próximo estudo, meu plano é partir imediatamente para o testemunho claro e direto das Escrituras sobre o assunto, e ver o que elas têm a nos dizer sobre como podemos nos apropriar de Jesus Cristo, Sua justiça e tudo o que Ele tem para nós, sem perder nada. O que vocês dizem?

[Congregação: “Amém!”].


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