15 A Mensagem do Terceiro Anjo – Sermão 15

A mensagem do terceiro anjo

A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference , 23 de fevereiro de 1893, p. 358-364.

Começaremos o estudo desta noite exatamente de onde paramos na noite anterior, quando lhes falei que passaríamos a investigar o assunto conforme se encontra na Bíblia. Eu poderia gastar este tempo lendo tudo a partir dos “Testemunhos” e do Caminho a Cristo. 

Poderia fundamentar o tema nesses livros e também na Bíblia. Contudo, vejo esta dificuldade: os irmãos parecem ficar prontamente satisfeitos com o que o Espírito de Profecia diz, e não se dão ao trabalho de ir à Bíblia para encontrarem as verdades ali. Este é o propósito de materiais como os “Testemunhos” e o Caminho a Cristo: levar-nos a ver o que se encontra na Bíblia e extrair dela as verdades. Assim, vou propositalmente evitar citar esses livros, não que seja errado usá-los, mas o que queremos, irmãos, é chegar a conclusões com base na Bíblia e fundamentar tudo ali. 

E é assim que o Senhor quer que seja, conforme ressaltado nos Testemunhos. Atentem para estas citações: “A Palavra de Deus é suficiente para iluminar o espírito mais obscurecido, e pode ser compreendida por todo o que sinceramente deseja entendê-la. Mas, não obstante isto, alguns que dizem fazer da Palavra de Deus o objeto de seus estudos, são encontrados vivendo em oposição direta a seus mais claros ensinos. Daí, para que tanto homens como mulheres fiquem sem escusa, Deus dá testemunhos claros e decisivos, a fim de reconduzi-los à Sua Palavra, que negligenciaram seguir.”

“A Palavra de Deus está repleta de princípios gerais para a formação de hábitos corretos de vida, e os Testemunhos, tanto gerais como individuais, visam chamar a sua atenção mais particularmente para esses princípios” (Mensagens Escolhidas, Vol. 3, p. 31).

“Vocês não estão familiarizados com as Escrituras. Se vocês tivessem feito da Bíblia o objeto de seus estudos, com o propósito de atingir o padrão bíblico e a perfeição cristã, não necessitariam dos Testemunhos. 

É porque vocês negligenciaram se familiarizar com o Livro inspirado de Deus que Ele procurou alcançar vocês por meio de testemunhos simples e diretos, chamando a sua atenção para as palavras da inspiração que vocês negligenciaram obedecer” (Testemunhos para a Igreja, Vol. 5, p. 664).

“Não se trata de escavar verdades adicionais; mas pelos Testemunhos Deus tem facilitado a compreensão de importantes verdades já reveladas, e posto estas diante de Seu povo pelo meio que Ele próprio escolheu, a fim de despertar e impressionar com elas a mente, para que todos fiquem sem desculpa. [...] Os Testemunhos não têm por fim diminuir o valor da Palavra de Deus, e sim exaltá-la e atrair para ela as mentes, para que a bela singeleza da verdade possa impressionar a todos” (Testemunhos para a Igreja, Vol. 2, p. 605).

Há outra razão por que queremos agir assim e verificar o assunto na Bíblia. O fato é que, ao deixarmos este Instituto e esta assembleia, deveremos sair para pregar nada mais nada menos do que estas verdades; e teremos que pregar para pessoas que não creem nos Testemunhos. E as Escrituras nos dizem que o dom de profecia não é para os incrédulos, e sim para os que creem. 

As línguas constituem um sinal para os incrédulos (1Co 14:22). Então, quando formos pregar esta mensagem às pessoas que nada sabem a respeito dos Testemunhos, temos que lhes ensinar o que a Bíblia diz e fazer dela nosso único fundamento. Se estivermos pregando a nosso próprio povo, o uso dos Testemunhos e de todas as outras ajudas seria perfeitamente adequado; mas, mesmo nesse caso, se a mente do povo se limitar a eles e não for levada, por meio deles, à própria Bíblia, então tal uso dos Testemunhos não corresponde ao uso correto dos Testemunhos conforme estabelecido por Deus.

Devo dizer que tenho visto o mesmo ocorrer em outra situação. Eu me refiro àquele livro que muitos têm em alta estima: “The Christian’s Secret of a Happy Life” [O Segredo do Cristão para uma Vida Feliz]. Conheço pessoas que leram o livro e tiraram grande proveito dele, assim pensam, e creem ter encontrado nele grande luz, encorajamento e edificação. 

No entanto, não foram às Escrituras para confirmar tudo isso. Irmãos, quero que vocês entendam que a Bíblia contém mais coisas sobre o segredo do cristão para uma vida feliz do que 10 mil volumes desse livro. [Congregação: “Amém!]. Eu demorei ter contato com esse livro. Creio que o vi pela primeira vez uns cinco ou seis anos atrás. 

Alguém o estava lendo e me perguntou se eu já o tinha visto. Eu disse que não. A pessoa me perguntou então se eu o leria. Eu disse: “Sim, vou lê-lo”. E foi o que fiz. Mas quando li o livro, a primeira coisa que constatei foi que já havia aprendido mais sobre o segredo do cristão para uma vida feliz na Bíblia do que no conteúdo do livro. 

Percebi que descobri na Bíblia mais sobre o segredo do cristão para uma vida feliz do que a autora [Hannah Whitall Smith] pôde apresentar. Gostaria que as pessoas aprendessem a extrair diretamente da Bíblia o que ela tem a oferecer. [Congregação: “Amém!”]. Se esse livro auxilia as pessoas a encontrar esse segredo na Bíblia, tudo bem. Mas eu sabia que o livro não tinha nenhum segredo do cristão para uma vida feliz que este não pudesse encontrar na Bíblia.

Ora, certa vez eu ouvi, e chegou ao meu conhecimento, que eu havia recebido minha luz por meio desse livro. Mas foi neste outro livro [erguendo a Bíblia] onde aprendi o segredo do cristão para uma vida feliz. Não foi em nenhum outro lugar. O que ensino aprendi antes de ter qualquer contato com esse livro, ou sequer saber de sua existência. Eu repito: quando li esse livro, concluí que sabia mais sobre o segredo do cristão para uma vida feliz do que aquilo que o livro procurou apresentar. Qualquer que ler a Bíblia e crer nela chegará à mesma conclusão.

Gostaria agora de fazer algumas perguntas sobre os pontos que consideramos. O que é a chuva serôdia? [Congregação: “O ensino da justiça de acordo com a justiça”]. O que é o alto clamor? [Congregação: “A mensagem da justiça de Cristo”]. “O alto clamor já começou na mensagem da justiça de Cristo”. De onde vem a chuva serôdia? [Congregação: “De Deus”]. Toda ela? [Congregação: “Sim”]. O que ela representa? [Congregação: “O Espírito de Deus”].

Vamos unir duas coisas agora. O ensino da justiça de acordo com a justiça e a mensagem da justiça. Isso corresponde ao alto clamor; isso corresponde à chuva serôdia; isso corresponde à justiça de Cristo. Não é isso? [Congregação: “Sim”]. A chuva serôdia desce do Céu. Quanto dessa chuva serôdia procede de mim? [Congregação: “Nada”]. Quanto dela eu posso fabricar? [Congregação: “Coisa alguma”]. É isso mesmo? [Congregação: “Sim”]. Não consigo fabricar nem um pouco dela? Não há nada dela que brote de mim? De onde ela vem? [Congregação: “Do Céu”]. É assim que vocês vão recebê-la? Vocês a receberão do Céu? [Congregação: “Sim”].

Bem, chegamos a esse ponto na outra noite. Vocês estão dispostos a recebê-la do Céu? [Congregação: “Sim”] Todos os presentes aqui nesta noite estão dispostos e prontos para receber a justiça do Céu? [Congregação: “Amém!”] Segundo o método de Deus, sem pedir que Deus faça brotar algo dela de nós? Esse é o desejo de vocês? [Congregação: “Sim”]. Todo aquele que estiver disposto a receber a justiça do Céu pode receber a chuva serôdia. [Congregação: “Amém!”]. 

Quem não tiver essa disposição, mas deseja que o Senhor faça fluir algo dela de si mesmo, não pode ter a chuva serôdia, não pode ter a justiça de Deus, não pode se apropriar da mensagem da justiça de Cristo.

O que é a chuva serôdia? [Congregação: “A justiça”]. Estamos no tempo da chuva serôdia? [Congregação: “Sim”]. O que devemos pedir? [Congregação: “Chuva”] Que chuva é essa? [Congregação: “O ensino da justiça de acordo com a justiça”]. 

De onde ela deve vir? [Congregação: “Do Céu”]. Podemos tê-la? [Congregação: “Sim”]. Podemos tê-la agora? [Congregação: “Sim”]. Considerando, então, que a chuva serôdia corresponde à justiça de Deus, à Sua mensagem de justiça e ao alto clamor – sendo ela tudo isso – e que ela procede do Céu, concluímos que estamos no tempo dela, que devemos rogar por ela e recebê-la.

Para iniciar, lerei um trecho deste livreto. Já o mencionei uma vez antes. Encontra-se na página 8 do Testemunho “Perigo em Adotar Métodos Mundanos”:

“Como Intercessor e Advogado do homem, Jesus guiará todos os que estão dispostos a ser guiados, dizendo: ‘Sigam-Me para o alto, passo a passo, onde a clara luz do Sol da Justiça brilha’. Mas nem todos estão seguindo a luz. Alguns estão se distanciando do caminho seguro, que, a cada passo, é um caminho de humildade. 

Deus confiou a Seus servos uma mensagem para este tempo. [...] Eu não gostaria de repetir agora diante de vocês as evidências apresentadas nos últimos dois anos (agora já são quatro) a respeito da atuação de Deus por meio de Seus servos escolhidos; mas a evidência atual de Sua operação está revelada a vocês, e vocês estão agora na obrigação de crer.”

Crer em quê? A que mensagem se faz referência aqui, a qual Deus concedeu a Seus servos para este tempo? [Congregação: “A mensagem da justiça”]. A mensagem da justiça de Cristo. Esse testemunho tinha sido desprezado, rejeitado e criticado por dois anos, e dois anos haviam se passado desde aquela época. 

Mas na citação lemos que “a evidência atual de Sua operação está revelada”, e o que Deus diz agora para cada um de nós? “Vocês estão agora na obrigação de crer” nessa mensagem. Então quem não crer nela tem que prestar contas a Deus, não é verdade? Isso é tudo. Bem, vamos começar então.

Há outro pensamento ao qual gostaria de chamar a atenção de vocês. Vocês se lembram de que li Isaías 59, verso 6, no último estudo. O verso falava sobre as pessoas que estavam tentando se cobrir com suas obras. No verso quatro lemos o seguinte: “Ninguém há que clame pela justiça”. Depois do estudo, o irmão Starr chamou minha atenção para a tradução em alemão, que diz: “Ninguém há que proclame a justiça”. 

Consultei a versão revisada [da KJV], que traduz assim: “Ninguém há que apele para a justiça”. Consultei a tradução literal de Young, que traduz de modo semelhante: “Ninguém há que clame pela justiça”. Assim, vocês percebem que o pensamento expresso nesse verso é que ninguém apela ao tribunal para implorar “pela justiça”.

Ninguém clama por ela. A versão alemã transmite a mesma ideia, usando apenas outras palavras: “Ninguém há que proclame a justiça”. Bem, não é isso o que o Senhor diz? Eles estão tentando se cobrir com suas próprias obras, e isso não é justiça.

A última frase de Isaías 54 diz o seguinte: “Esta é a herança dos servos do SENHOR e a sua justiça que vem de Mim, diz o SENHOR” (v. 17, ARC). A justiça deles vem de quem? [Congregação: “Do Senhor”]. A justiça deles vem de suas obras? Não, “a sua justiça [...] vem de Mim, diz o SENHOR”. Vem de quem? [Congregação: “Do Senhor”]. 

A justiça deles vem de suas obras? Não. “A sua justiça [...] vem de Mim, diz o SENHOR”. O que vocês dizem? [Congregação: “Amém!”]. Então, qualquer pessoa que anseia, busca ou espera alguma justiça que não proceda de Deus, o que acontece? O que ela tem? [Voz: “trapo da imundícia]. Ela não tem justiça nenhuma. Mesmo aqueles que querem alcançar a justiça com base em suas obras, vão conseguir alguma coisa? [Congregação: “Não”]. Esse tipo de justiça vem de Deus? [Congregação: “Não, senhor”].

A única maneira pela qual Deus pode atingir as nossas obras é se nós, em primeiro lugar, O tivermos e, antes de tudo, tivermos Sua justiça. E nosso único motivo de esperança está na justiça de Cristo a nós imputada e naquela produzida em nós por Seu Espírito. Esse pensamento retoma o assunto exatamente onde o irmão Prescott parou. 

Vocês percebem que é Cristo em nós, aquela presença vivificante, que realiza a obra de justiça, e isso mediante a atuação do Espírito Santo? É isso o que o Espírito Santo traz; e isso corresponde ao derramamento da chuva serôdia, não é verdade? Percebem que não há outro tema que merece nosso estudo? Esta é a mensagem para nós agora. 

Receberemos essa mensagem? Quando recebemos a mensagem, o que recebemos? [Congregação: “Cristo”]. Quando O recebemos, o que temos? [Congregação: “O Espírito Santo. A chuva serôdia]. Vamos investigar esse tema com mais profundidade mais adiante.

Outra coisa, irmãos. Não quero que vocês adiem até depois da reunião para recebê-la. Vocês não precisam, de forma alguma, esperar. O que o Senhor deseja é que vocês e eu cheguemos aqui cada noite e nos assentemos para recebê-la exatamente da forma como Ele a concede. Exatamente da forma como Ele diz. 

Vocês precisam simplesmente abrir a mente e o coração e dizer: “Senhor, creio que é assim”. [Congregação: “Amém!”]. Não esperem até vocês saírem do recinto. “Bem”, alguém pode perguntar, “devemos ficar sentados aqui e aceitar tudo o que for dito sem qualquer questionamento? Não, não nesse sentido. Mas devemos sentar aqui e receber uma medida do Espírito Santo suficiente para nos permitir ver o que Ele tem a nos conceder por meio da Palavra que é a verdade, e aceitá-la então porque é a verdade de Deus. [Congregação: Amém!].

Pastor D. C. Babcock: Irmão Jones, poderia ler, por favor, Jó 29:23?

Pastor Jones: Muito bom. “Porque me esperavam como à chuva; e abriam a boca como à chuva tardia [serôdia]”. Muito bem. O que devemos fazer? O que o Senhor quer que façamos? Que esperemos por Seu Espírito como se espera pela chuva. Tenham a mente aberta. 

Esperem como se espera pela chuva serôdia. O que Deus disse por intermédio de Davi? “Abre bem a boca, e ta encherei” (Sl 81:10). Irmãos, vamos nos assentar aqui e abrir nossa boca como os passarinhos. Vocês sabem como eles fazem. Parece que tudo o que possuem é a boca. É isso que Deus quer que façamos.

Podemos confiar que Deus nos dará o que Ele deseja que tenhamos? Nesse ponto, irmãos, há uma pergunta que gostaria de lhes fazer: Quando vimos a um lugar como este, com centenas de pessoas buscando ao Senhor, indagando qual é o caminho até Sião, tendo a face voltada para lá, será que precisamos ficar desconfiados, olhando para o Senhor com suspeita, como se não ousássemos confiar Nele pelo que nos deseja dar? Isso é honesto? [Congregação: “Não”]. É justo? [Congregação: “Não”]. Não, senhor. 

Minha firme confiança em Deus é esta: quando nos reunimos com o coração disposto a buscar a Deus, todo aquele que deixar o coração bem aberto para receber o que o Senhor deseja conceder receberá nada menos do que aquilo que Ele tem para dar. A pessoa que chega a um lugar como este com espírito de dúvida e pronto para olhar ao Senhor com desconfiança, tal pessoa não está tratando o Senhor como alguém deveria tratá-Lo; mas O está tratando como alguém, com razão, trataria o diabo. Não é verdade?

Agora, irmãos, vamos tratar o Senhor com honestidade. Sejamos honestos com Ele, e Ele será honesto conosco. “Para com o benigno, benigno Te mostras; com o íntegro, também íntegro. Com o puro, puro Te mostras; com o perverso, inflexível (Sl 18:25, 26). 

Se vocês e eu tratarmos o Senhor honestamente, Ele nos tratará exatamente como Ele trata as pessoas. Então, repito: não precisamos vir a este recinto com qualquer resquício de suspeita se o Senhor nos dará, sem restrição, o que Ele tem a oferecer. Ele o fará; e esperarei que Ele o faça. Por isso, hei de receber muitas bênçãos dessas reuniões. Não há dúvida quanto a isso.

Leiamos agora Romanos 5:17:

“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.”

O que é a justiça segundo esse verso, então? [Congregação: “Um dom”]. Isso mesmo? [Congregação: “Sim, senhor”]. “A sua justiça [...] vem de Mim, diz o SENHOR” (Is 54:17). Trata-se de um dom de justiça. Como, então, ela vem até nós? [Congregação: “Como um dom”].

Agora vamos unir estes dois pensamentos: “A justiça deles vem de Mim” – ela é um dom. Aquele que a recebe, recebe o quê? [Congregação: “Um dom”]. Aquele que a recebe na qualidade de dom, recebe o quê? [Congregação: “A justiça”]. De acordo com o quê? De acordo com a ideia divina de justiça. Será que Ele nos dará algo que não corresponda ao que Seus olhos veem como justiça e não se harmoniza com o que Sua mente aprova? [Congregação: “Não”]. 

Vocês percebem esse ponto? Então, a pessoa que não recebe a justiça de Deus como dom gratuito de Deus, será que ela a possui? [Congregação: “Não”]. Notem que tal pessoa não a pode ter porque ela é uma dádiva. Uma dádiva de Deus. Essa justiça vem de Deus por ser Seu precioso dom. Portanto, uma vez que ela provém de Deus, que a concede como dádiva Sua, cabe a mim recebê-la do modo determinado por Ele. Ele concede o que Lhe é próprio, e o faz de acordo com Seu próprio conceito de justiça. Esta é a mercadoria genuína. Esta, unicamente, é a justiça de Deus.

Vocês não percebem, então, nesse raciocínio, que não há lugar para um único fio de fabricação humana? Não podemos, absolutamente, fazer parte desse processo. Vocês não percebem quão ampla é a provisão que o Senhor fez para que tenhamos a veste perfeita que Ele mesmo teceu, a qual é a própria justiça de Deus, que nos deixará completos agora, no período das pragas, em qualquer outro momento e por toda a eternidade? Irmãos, estou feliz porque é de fato assim. Não há como ficar mais feliz.

Uma irmã me disse, não faz muito tempo, que quatro anos antes ela ficava lamentando sua situação e se perguntando como seria possível chegar o tempo para o retorno do Senhor, já que Ele tinha que esperar Seu povo ficar pronto para recebê-Lo. Ela relatou sua própria experiência nesse sentido. Ela disse que havia se esforçado arduamente, mas via que seu progresso não era rápido o suficiente para permitir que o Senhor voltasse num tempo minimamente razoável. Ela não conseguia entender como o Senhor poderia voltar.

Ela estava incomodada com isso. Porém, ela me relatou que os irmãos voltaram de Minneapolis afirmando: “Ora, a justiça do Senhor é um dom; podemos ter a justiça de Cristo como um dom, e podemos tê-la agora”. Ela disse: “Como isso me deixou feliz. Isso me trouxe luz. 

Pude ver então como o Senhor poderia vir muito em breve. Quando Ele mesmo nos fornece a veste, a vestimenta, o caráter, isso nos prepara para o juízo e para o tempo de angústia. Pude entender, então, como Ele poderia vir tão logo quanto quisesse”. Ela disse ainda: “Isso me deixou alegre, e continuo alegre desde então”. Irmãos, em nenhum momento deixo de me alegrar por isso também.

Essa mensagem é uma verdade para nós hoje. Vocês sabem que todos nós já estivemos na mesma situação. Vocês sabem que houve momentos quando de fato sentamos e clamamos porque nossos esforços não estavam suficientemente à altura da nossa estimativa da conduta correta; e como esperávamos que o Senhor voltasse em breve, tremíamos diante do fato de que Ele estava tão próximo.

Indagávamos como seria possível estarmos prontos. Graças a Deus porque Ele pode nos deixar prontos. [Congregação: “Amém”]. Ele fornece a veste nupcial. O mestre da festa das bodas sempre fornecia a veste nupcial. Ele é o Mestre da ceia das bodas agora; e Ele voltará muito em breve. Ele diz: “Eis a veste que deixará você pronto para estar no banquete”. Alguns não poderão participar da festa, pois não vestiram a veste nupcial. O Senhor, porém, a oferece a todos como dom gratuito. Se alguém não a receber, de quem é a culpa?

Outro ponto: Vocês creem agora? Vamos definir isso ante de prosseguirmos. Quero saber quantos nesta reunião realmente creem, com toda sinceridade do coração, que Deus é capaz de deixar claro Seu pensamento quando Ele assim deseja fazer? [Congregação: “Sim”]. 

Então, quando vocês e eu lemos o que Ele nos diz num texto da Bíblia, quero saber se há alguma utilidade de irmos a alguma outra parte da Bíblia à caça de outro texto que possa contradizer esse? O Senhor é capaz de contar Sua história à Sua própria maneira sem Se contradizer? [Congregação: “Sim”]. Já gastamos muito tempo com essa abordagem.

Portanto, não é meu objetivo tentar harmonizar textos das Escrituras no decorrer dos meus estudos neste instituto. Creio que Deus tem uma mensagem clara e direta, e já vimos isso. Não creio que Ele precise de alguma ajuda da minha parte. Ao contrário, creio que eu, sim, é que preciso de Sua ajuda para ver que não há nenhuma contradição sequer. 

Penso também que, se parece haver alguma contradição, isso mostra que preciso mais de Seu Espírito para perceber que não há nenhuma contradição. Então, em vez de tentar harmonizar a suposta contradição, vou afirmar que o Senhor sabe tudo a respeito disso, e vou esperar até que Ele me dê amplidão mental suficiente para ver que não existe contradição alguma.

Então, o que quero decidir agora, e para sempre, é que, quando vocês lerem algo na Bíblia, é isso mesmo o que ela quer dizer, e vocês não precisam ficar caçando alguma coisa na Bíblia para ver se ali é apresentado um outro lado da questão. 

Não precisamos ver o outro lado, pois só há um lado. “Ora, como vamos explicar tudo que está na Bíblia quando as pessoas nos questionarem?” Aqui reside a dificuldade. As pessoas saem para pregar o evangelho e pensam que, se não puderem explicar tudo o que os outros perguntam, isso será um grande descrédito a seu ministério. Não, senhor. Fará bem a vocês reconhecer que há algumas coisas na Bíblia que vocês ainda não entenderam plenamente.

O que o Senhor pede de cada um de nós se encontra em 2 Timóteo 2:7. Aqui temos a chave de todo estudo bíblico e a direção divina para o estudo da Bíblia: “Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas”. 

Deus só pede que ponderemos aquilo que Ele diz; e se tivermos que ponderar algo por 10, 15 ou 20 anos para compreender o seu sentido, veremos que terá valido a pena esperar todo esse tempo. Não precisamos ficar desapontados. Tenham em mente que quanto mais tempo vocês tiverem que estudar um texto para compreender o seu significado, maior será o valor dele quando vocês o entenderem. 

Portanto, não devemos ficar nunca desanimados. Então, se eu não conseguir medir a profundidade do texto, ficarei feliz por ele ser tão profundo, pois, quando entender o seu significado, vou me alegrar pelo resto da minha vida.

Tudo o que devemos fazer nestes estudos é ponderar o que Deus nos diz e depender Dele para que Ele nos esclareça o assunto. Isso é tudo. Isso é tudo o que posso fazer; e todo aquele que proceder assim conseguirá extrair mais conhecimento do que aquele que não pondera o que Deus diz.

Então, “a sua justiça [...] vem de Mim, diz o SENHOR”. É isso o que Ele diz. [Congregação: “Sim”]. Trata-se de um dom, de uma dádiva de justiça, certo? [Congregação: “Sim”]. Agora, como recebemos um dom? Como diz o texto, “a justiça vem de Mim”. 

Então é ele quem a dá. É um dom gratuito. Como podemos consegui-lo? [Congregação: “pela fé”]. Pela fé. Pela fé. Vamos ter em mente também a definição de fé que estudamos. Não é aquela crença satânica. Isso não é, de forma alguma, fé. Genuína fé é uma submissão da vontade a Deus, uma entrega do coração a Ele; é concentrar as afeições Nele. Isso é fé. Esse é o conceito divino de fé. E quando lemos sobre fé e recebemos Sua palavra de crença que Ele pronunciou em Sua palavra, – é isso mesmo que Ele quis dizer.

Atentem para isto: a justiça é recebida pela fé; é conhecida pela fé. Mas vamos ler o texto bíblico para confirmar isso. Romanos 1:17. O verso 16 fala sobre o evangelho. “Visto que a justiça de Deus se revela [...] de fé em fé”. Qual é a única coisa que consegue alcançá-la, então? [Congregação: “a fé”]. 

Não lemos aqui de fé em obras, mas de fé em fé. Mas o que é fé? Fé é submeter a vontade a Ele, entregar o coração a Ele e concentrar as afeições Nele. Isso significa entregar o eu e aceitar o que Deus diz como fato. Em outras palavras, fé é simplesmente isto: quando Deus diz alguma coisa e a lemos, nós afirmamos: “É isso mesmo”. Isso é fé.

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm

10:17, ARC). Qual é a fonte da fé então? [Congregação: “A Palavra de Deus”]. Como a fé vem até nós? [Congregação: “Pelo ouvir da Palavra de Deus”]. A fé vem até nós pela Palavra de Deus. Esta é a fonte, o manancial da fé. Portanto, quando a Palavra é lida, você se rende a ela e diz: “É isso mesmo”. 

Eu aceito a mensagem que ela diz, sem qualquer tentativa de explicá-la nem para mim mesmo. Eu a aceito da forma como Deus a diz. Eu a recebo exatamente como Deus a diz. Eu me apoio nela confiando no que Deus diz. Quando Deus me dá a compreensão da Palavra, não vejo razão para não aceitar essa Palavra, e com base nela, exatamente o que Deus tinha em mente me transmitir por meio dela. Certamente é assim que deve ser. Tal atitude impede que eu coloque no tecido da Palavra qualquer fio de fabricação humana.

Assim, ela provém da fé; ela vem pela fé, e é dessa forma que devemos recebê-la. Então, vocês não percebem que o problema da pessoa que não entende, e começa a questionar a justiça somente pela fé, reside no fato de que sua alma não se submeteu a Deus, o coração não foi rendido a Deus e as afeições não estão concentradas Nele? Essa é a dificuldade. 

Toda dificuldade que possa sobrevir a alguém sobre a justificação pela fé se encontra no coração, na recusa de se submeter a Deus – uma atitude da mente carnal. Como lemos em outra noite, a mente carnal não consegue compreendê-la e não a conhece.

Vamos agora para o terceiro capítulo de Romanos e começar com o verso 20: “Por isso, nenhuma carne será justificada diante Dele pelas obras da lei” (ARC). Ser justificado significa tornar-se justo. Assim, sempre que lermos “justificado”, simplesmente substitua pela expressão “tornado justo”. O significado será sempre o mesmo. “Porque pela lei vem o conhecimento do pecado. 

Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem” e em seguida fazem o seu melhor. [Congregação: “Não, senhor: “porque não há diferença]. “Para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (v.22, 23, ARC).

Agora o verso a que quero chegar:

“Sendo justificados” (tendo se tornado justos). Como? [Congregação: “Gratuitamente”]. “Tendo se tornado justos gratuitamente”. É isso mesmo? [Congregação: “Sim”]. É isso mesmo? [Congregação: “Amém”]. Sejamos gratos a Deus porque é assim. Vamos aceitar isso agora. [Congregação: “Amém”]. “Tendo se tornado justos gratuitamente pela Sua graça”. 

Vamos parar agora aqui e nos concentrar na palavra “graça” e ler então Romanos 11:6, que diz: “Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça” (ARC). E quando a graça deixa de ser graça, o que é que as pessoas do mundo vão fazer então? Quando a graça de Deus desaparece, o que vamos fazer? [Voz: “Nós desapareceríamos também”]. Sim. 

Irmãos, vamos nos submeter. Vamos nos submeter. “Mas se é por obras, já não é mais a graça; se assim fosse, as obras já não seriam obras” [v.6, KJV; NVI, margem]. As obras de uma pessoa desaparecem por completo se não mais houver obras. Vocês não percebem, então, o que acontece com uma pessoa que segue nessa direção?

Vamos ler agora Romanos 3:24, 25 (ARC): “Sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstrar a Sua justiça”. 

A justiça de quem? [Congregação: “De Deus”]. Deus propôs a quem para demonstrá-la ou manifestá-la? [Congregação: “Cristo”]. Sim. “Pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração [...] neste tempo presente”. Em que tempo? [Congregação: “Agora”]. Isso significa exatamente agora, neste momento, nesta noite? [Congregação: “Sim”]. Exatamente agora, às 9 horas e 4 minutos? [Congregação: “Sim”]. 

Para demonstração de Sua justiça? [Congregação: “Sim”]. Em favor de vocês? [Congregação: “Sim]. Graças a Deus. “Pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da Sua justiça neste tempo presente”. Vocês estão dispostos a deixar este recinto conscientes disso? 

Quero lhes perguntar: se alguém deixar este recinto sem essa justiça, qual é de fato o problema? [Voz: “Incredulidade”]. De quem é a culpa? [Voz: “Da própria pessoa”]. Que isso não aconteça conosco. O Senhor deseja que recebamos a chuva serôdia. Será que devemos rogar por ela, e, quando ela vem, não recebê-la como Ele a dá, só porque ela não vem exatamente da forma como esperávamos que viesse? Não é da nossa responsabilidade definir como ela deve vir. Cabe a Deus concedê-la, e a nós, termos o discernimento para ver que é Ele quem a concede.

“Para demonstração da Sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo”. Para que Ele seja justo. Está tudo certo com Deus então. A justiça de Deus não Lhe traz nenhum embaraço; e a demonstração dela não Lhe traz nenhuma desonra. “Para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. 

E quando Deus justifica, quero saber quem tem alguma incumbência de condenar. É Deus quem justifica. Ele é capaz de fazê-lo. Ele preparou tudo de tal forma que Ele está em condição de fazer isso e nunca deixar de ser justo; ou seja: ser justo ao efetuar essa obra. Bem, vamos deixar que Deus faça as coisas à Sua maneira. A exigência da lei de Deus está cumprida. Vamos nos alegrar [Congregação: “Amém”]. Posso lhes dizer que foi um regozijo para mim quando descobri que no ato da justificação o Senhor ficava justificado, e a lei de Deus, reivindicada.

Vamos continuar a leitura: “Onde está, logo, a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado (tornado justo) pela fé, sem as obras da lei” (v. 27, 28, ARC). Esta é uma conclusão correta? [Congregação: “Sim”]. Sério? [Congregação: “Sim”]. Quem chegou a essa conclusão? Ela é de quem? [Congregação: “De Deus”]. 

Vamos deixar então que Deus faça as coisas do Seu jeito. Será que Deus não é capaz de argumentar corretamente? “Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus” (Rm 4:1, 2, ARC). 

Que vantagem um homem tem se ele não pode se gloriar diante de Deus? Mas podemos nos gloriar muito quando os céus se abrem e a face de Deus brilha no coração dos homens. Aí, sim, temos algo de que nos gloriar. Além disso, podemos nos gloriar pelo fato de Deus nos conceder Sua própria justiça.

“Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (v. 3). O que lemos aqui? Abraão creu em Deus, e isso, isso o quê? [Congregação: “A fé”]. Isso o quê? [Congregação: “Crer em Deus”]. O fato de ele crer em Deus significou o que para ele? [Congregação: “Justiça”]. Quem lhe imputou ou considerou isso como justiça? [Congregação: “Deus”]. Bem, será que Deus cometeu um erro?

[Congregação: “Não”]. Quer compreendamos isso ou não, foi isso o que Deus fez. E Ele agiu certo ao proceder assim. Ele foi perfeitamente justo. Ele afirmou isso. Nós não tomamos parte nessa ação. Não tínhamos o plano para solucionar o problema. 

De qualquer maneira, mesmo que tentássemos fazer algo, não conseguiríamos fazer nada. Repito, irmãos: vamos deixar que Deus atue à Sua maneira. E quando deixamos que Deus aja segundo a vontade Dele, e nós estamos inclusos em Sua vontade, tudo vai ficar bem e não temos nada a temer.

O que foi imputado, ou considerado, como justiça a Abraão? Ele creu em Deus, e Deus disse: “Você é justo, Abraão”. Isso foi repetido três vezes nesse pequeno trecho. O que lhe foi considerado como justiça? O fato de ele crer em Deus. Foi justamente isso.

“Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha” – é isso mesmo o que lemos? [Congregação: “Sim”]. Foi isso mesmo o que o Senhor disse? [Congregação: “Sim”] –, “porém crê Naquele que justifica o ímpio”. Observem: trata-se novamente da mensagem a Laodiceia, composta de pessoas infelizes, miseráveis, pobres, cegas e nuas. 

É esse tipo de pessoa que o Senhor justifica. “A sua fé lhe é atribuída como justiça” (v. 4, 5). Ao ímpio, sua fé lhe é atribuída como justiça. O que lhe é atribuído? [Congregação: “A sua fé como justiça]. Isso significa crer que Deus justifica pessoas ímpias? Pode a fé de uma pessoa assim ser atribuída a ela como justiça? [Congregação: “sim”]. Isso significa admitir que tal pessoa é ímpia e crer então que Deus torna esse tipo de pessoa justa? Sim, certamente.

Não consigo dizer como. Não posso compreender isso. Só sei que é assim, e estou muito feliz por ser assim; e não me importo se vou conseguir ou não entender isso algum dia. O Senhor quer que recebamos o que Ele tem a nos oferecer. Vamos aceitar Sua oferta. O tempo se esgotou, e vamos retomar a partir deste ponto. Mas não vamos esquecer o que foi atribuído a Abraão como justiça. “E, se [somos] de Cristo”, então somos “descendentes de Abraão” (Gl 3:29).


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