A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 24 de fevereiro de 1893, p. 377-383.
Recebi uma carta, não faz muito tempo, do irmão Starr na Austrália.
Lerei duas ou três frases porque se encaixam muito bem neste ponto dos nossos estudos:
“A irmã White diz que estamos no tempo da chuva serôdia desde a reunião de Minneapolis.”
Foi justamente isso que constatamos em nossas investigações durante estes estudos, não é mesmo? Irmãos, quanto tempo mais o Senhor vai esperar até que a recebamos? Ele tem Se esforçado nestes últimos quatro anos para que pudéssemos recebê-la.
Até quando Ele vai ficar esperando? Este assunto vem complementar o estudo do irmão Prescott, e sua fala foi simplesmente o início da minha. E o que ele instou os irmãos a fazer é o que todos deveriam ter feito quatro anos atrás.
E a realidade dos fatos é a seguinte: algo será feito. Aqueles que buscarem o Senhor com coração aberto, e receberem Sua mensagem assim, alcançarão o que Deus deseja conceder. Os que não agirem assim serão deixados a sua própria sorte, e quando tomarem essa decisão, isso será para sempre.
E nisso reside a tremenda solenidade da situação nestas reuniões. E é esse fato que reveste esta assembleia de um caráter assustador. O perigo é que haverá alguns aqui que vêm resistindo à mensagem nos últimos quatro anos, ou, talvez, não há tanto tempo.
Esses agora não virão ao Senhor com o espírito correto para recebê-la; eles não a recebem da forma como o Senhor a dá, e serão passados por alto. Uma decisão será tomada pelo Senhor – na verdade por nós mesmos – nesta reunião. Em que lado você será encontrado?
Tenho outra mensagem que nos instrui sobre o mesmo assunto que discutíamos na noite passada, ou seja, que devemos receber a Palavra de Deus exatamente como esta se apresenta e como Deus Se comunica nela, sem qualquer questionamento da nossa parte. O irmão Starr conta que estava um dia conversando com a irmã White sobre os anjos no Monte Sinai quando a lei foi dada. Ele diz o seguinte:
“Ela viu que os anjos, milhares de milhares e dez milhares vezes dez milhares, rodearam o povo de Deus quando este se reuniu em torno da montanha, e por toda parte acima deles, formando, assim, um grande tabernáculo vivo, do qual todo anjo mau foi excluído, de maneira que palavra alguma que viesse da voz de Jesus fosse modificada em qualquer mente, ou qualquer sugestão malévola ou de dúvida fosse incutida a qualquer alma.”
Queremos que o mesmo aconteça aqui nesta reunião. [Congregação: “Amém!”]. O que cada um de nós precisa neste momento é erguer ao Céu uma oração individual, por si mesmo, rogando ao Senhor para que Ele faça pairar sobre nós uma cobertura de anjos como essa durante este Instituto, de modo que as palavras do Senhor, ao serem lidas, não sejam modificadas em alguma mente, desviando-se do que Deus diz, ou que nenhuma sugestão malévola ou de dúvida seja incutida em alguém. Ao contrário, que cada um de nós receba o que o Senhor nos diz do modo como Ele desejar, e com o sentido por Ele pretendido.
O irmão Starr diz ainda:
“Em um testemunho recente endereçado a um indivíduo aqui, a irmã White foi proibida de lhe enviar a mensagem por escrito, devendo ela, em vez disso, lê-la pessoalmente. A razão é que anjos maus estão operando, trocando as palavras escritas por outras. Outras palavras são pronunciadas no ouvido dele e ele capta um sentido justamente oposto ao pretendido por Deus.”
Bem, se tal precaução foi necessária em relação a esse homem, seria ele o único neste mundo? Se Satanás está operando dessa forma, ele vai restringir sua atuação à Austrália? Então, será que não precisamos que o Senhor unja nossos ouvidos e olhos para que possamos ouvir? E não é um fato que estas palavras de Jesus se aplicam a nós: “Vede, pois, como ouvis” (Lc 8:18)?
Outro caso que ocorreu lá: um irmão havia se desviado devido a seu relacionamento com sociedades secretas e havia participado de todas as etapas, a ponto de estar quase preparado para receber o grau mais elevado.
Um testemunho chegou para lhe ser transmitido. Deus apresentou seu caso à irmã White como o de um homem já à beira de um precipício, sendo até mesmo perigoso dar um grito de alerta. Ela perguntou ao Senhor o que ela poderia fazer por ele. Enquanto orava, o anjo disse: “Dê a ele a senha. Dê a ele a senha para a sociedade celestial: ‘Jesus Cristo e este crucificado’”.
Qual é a senha para a sociedade celestial? [Congregação: “Jesus Cristo e este crucificado”]. Não temos que saber de mais nada além disso. Esta é a mensagem de Deus a este mundo: “Jesus Cristo e este crucificado”. Este é nosso passaporte.
Vamos agora voltar a Romanos 4. Queremos ler sobre a justiça de Deus. E, enquanto lemos sobre essa justiça de Deus, precisamos recebê-la da maneira como Deus a apresenta. Não vamos nos esquecer de que precisamos daquela cobertura de anjos sobre nós e ao redor de nós, a fim de que nenhuma palavra seja pervertida para se adequar ao nosso entendimento. Precisamos entender o texto bíblico como Deus o deu.
“Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (Rm 4:1-3).
Por que motivo isso foi imputado a Abraão para justiça? [Congregação: “Ele creu em Deus”]. Quando Deus falou algo, Abraão creu. Ele disse: “É isso mesmo”. O que Deus lhe disse? Vamos ler o que a Bíblia diz, pois isso é importante:
“A isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro. Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade. Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gn 15:4-6).
Pergunto: Vocês creem que Abraão se tornou justo dessa forma? [Congregação: “Sim”]. Com toda honestidade, vocês creem? [Congregação: “Sim, senhor”]. Estão convictos disso? [Congregação: “Sim”]. O Senhor conduziu Abraão até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas. Será assim a tua posteridade. Abraão disse então: “Amém”. É isto que diz o hebraico; Abraão disse: “Amém”. E o Senhor disse: “Você está certo”.
Vocês percebem então que houve aqui uma transação muito simples. É como se o Senhor nos levasse para fora deste tabernáculo e nos dissesse: “Estão vendo as estrelas? Contem-nas, se vocês forem capazes. Assim será isto e aquilo”; e respondêssemos: “Amém!” Então Deus diria: “Vocês são justos”. Imaginemos se o Senhor nos levasse para fora nesta noite. Não, Ele pode realizar a obra Dele sem nos chamar para fora.
Ele conduziu Abraão para lhe mostrar estrelas, mas Ele pode nos mostrar pecados sem nos levar para fora. O Senhor já lhes mostrou muitos pecados? Mostrou? [Congregação: “Sim”]. Então Ele diz: “Se você for capaz de contá-los”, “eles se tornarão brancos como a neve” (Is 1:18). O que vocês dizem? [Congregação: “Amém”].
O que o Senhor diz então? [Congregação: “Vocês são justos”]. Vocês são mesmo? [Voz: “Sim”]. As pessoas conseguem se tornar justas de maneira tão fácil assim? É uma transação tão simples assim? [Congregação: “Sim”]. Amém. Sejamos gratos ao Senhor. Voltemos novamente para Romanos 4 e observemos justamente o verso onde isso é relatado.
“E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos Naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor” (Rm 4:23, 14).
Alguns irmãos estavam comentando na reunião social desta manhã que, na noite passada, eles estavam com vontade de louvar o Senhor em voz alta, mas acharam melhor não. “Não apagueis o Espírito” (1Ts 5:19). Se você quiser louvar o Senhor por algo, o Senhor lhe diz para fazê-lo. Seria bom se nós, adventistas do sétimo dia, começássemos aqui, ou em qualquer outra ocasião, a louvar o Senhor e dizer “Louvado seja o Senhor” em nossas reuniões. Deveríamos começar aqui essa prática e em outros lugares também.
O que o Senhor disse a Abraão, Abraão creu. O que Ele diz a vocês e a mim, nós cremos, e assim alcançamos os mesmos resultados. Não se trata de crer em algo específico que o Senhor disser, a fim de sermos justos. Não importa o que Ele disser, creiam; e então Ele diz: “Vocês são justos”.
Eu gostaria de saber se, quando o Senhor diz algo, posso dizer que Ele é justo? [Congregação: “Sim”]. Quando eu aceito como justo o que Deus diz, eu estou sendo justo? [Congregação: “Sim”]. O que me impede de ser justo? Podem me dizer? Vou repetir: Quando o Senhor diz algo, Ele é justo? [Congregação: “Sim”]. Ele é justo ao dizer isso.
Então, quando eu digo: “É assim mesmo”; quando digo: “Amém”; quando digo: “Que assim seja”; quando digo: “Sim, é isso mesmo”, não posso então dizer que estou sendo justo? Sim. Não estou sendo justo assim como Deus também é justo? Certamente. Pode Deus dizer que estou sendo injusto? [Congregação: “Não”].
Deus diz uma coisa e eu digo a mesma coisa. Será que Ele pode dizer que estou sendo injusto? [Congregação: “Não”]. Quando você diz a mesma coisa, pode Ele dizer que você está sendo injusto? [Congregação: “Não”]. Pois bem.
Quando estamos numa situação em que o próprio Senhor não pode afirmar que estamos sendo injustos, gostaria de saber se há algo neste mundo que possa argumentar que não estamos sendo justos? E o fato de crermos em Deus nos coloca na mesma situação em que Abraão se encontrava – uma situação que levou Deus a dizer que ele era justo. Quero saber, então, o que pode nos manter fora do Céu. O que pode nos manter fora do reino de Deus então?
A única coisa que pode nos manter fora do reino de Deus é dizermos ao Senhor que Ele mente; e se colocarmos um fim nessa atitude, entraremos no Céu sem problemas. E é isto o que as pessoas precisam fazer: parar de dizer que o Senhor está mentindo. “Quem em Deus não crê mentiroso o fez” (1Jo 5:10, ARC).
Mas quem fizer Deus mentiroso é ele próprio mentiroso, e mentirosos não podem entrar no reino de Deus. “Fora fica todo aquele que pratica a mentira” e todos os outros mencionados em Apocalipse 21:8, 27 e 22:15. O que precisamos fazer, então, é parar de mentir. Coloquemos um fim nisso agora mesmo. Parem de mentir. Não importa o que o Senhor diga, vocês devem dizer: “É isso mesmo”.
Vocês não percebem que isso resume tudo e é o cerne do que o irmão Haskell estava insistentemente tentando gravar em nossa mente durante os estudos? Ou seja: há salvação em cada linha das Escrituras.
É Deus quem diz, não é mesmo? Assim, quando Deus diz e eu digo o mesmo, então somos justos. Ponto final. Deus disse coisas a Abraão, e Abraão disse: “Amém, é isso mesmo, eu aceito isso”. Portanto, isso mostra que há salvação em cada linha das Escrituras, em tudo o que Deus diz.
O quarto capítulo de Romanos nos conta outras coisas que Abraão disse, ou melhor, o que ele pensou. Romanos 4:20-22:
“[Abraão] não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que Ele era poderoso para cumprir o que prometera. Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça.”
Noite passada fiz referência ao terceiro capítulo de Romanos, verso 25, 26:
“ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstrar a Sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da Sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (ARC).
O pensamento aqui é que Deus é justo ao fazer o que faz. Ele fez o suficiente e satisfez toda exigência. Ele é perfeitamente capaz de tornar justo aquele que crê em Jesus. Ele prometeu fazer isso com todo aquele que crer em Jesus. Bem, vocês creem que Ele é capaz de realizar o que prometeu? Ele não prometeu fazer isso? [Congregação: “Sim”].
Vocês creem que Ele é capaz de realizar o que prometeu? [Congregação: “Amém”]. Ele é capaz? [Congregação: “Sim”]. Amém. Portanto, isso é imputado a vocês para justiça. [Congregação: “Graças ao Senhor. Glória a Deus. Louvado seja o Senhor”]. Toda a história se resume nisso. [Congregação: “Louvado seja o Senhor”].
A história da salvação é muito simples. O grande mal que fazemos, porém, é permitir que muitos dos ardis de Satanás entrem nela a ponto de mistificá-la. Isso é um grande dano. Deus não quer que seja assim. Ele quer que o tema seja tão simples quanto Ele o apresentou.
E isso foi feito de modo tão simples que uma criança pode compreendê-lo e aceitá-lo. E se vocês não receberem o assunto como criança, não poderão aceitá-lo. Então eu repito: não importa o que Deus disser, ou quando disser. Quando Ele disser qualquer coisa, nós, como Abraão, devemos dizer: “Amém. Senhor, creio nisso. É assim mesmo”. Então Ele diz que você está correto, que você é justo; e você confirma que você é justo.
Vamos continuar a leitura em Romanos 4:3-5:
“Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê Naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.”
Crê Naquele que justifica quem? [Congregação: “O ímpio”]. Quem Deus justifica neste mundo? [Congregação: “O ímpio”]. O ímpio. Fico feliz por isso. Isso me garante salvação eterna. Se fosse de outro modo, não haveria salvação para mim. Se Deus justificasse pessoas que fossem apenas meio santas, eu estaria fora.
Se Ele justificasse pessoas que tivessem uma única coisa boa, eu estaria fora. Se Deus justificasse pessoas que tivessem apenas um pouco de bem nelas, eu estaria fora. Porém, sou grato a Deus porque Ele é tão bondoso, Ele me ama de tal forma; Seu poder é tão maravilhoso, o poder divino de Sua justiça é tão imenso, que, quando Ele pronuncia aquela palavra sobre um pecador tão corrupto como eu, tal ato faz de mim uma pessoa completamente justa à vista de Deus.
[Congregação: “Amém”]. Esse é o valor da palavra divina “justiça”. E por Ele ser tão bom; por haver tal poder divino em Sua justiça, e por Ele justificar o ímpio, posso concluir que tenho a perfeita segurança de Sua salvação eterna.
Então, será que há alguma coisa neste mundo que possa me impedir de ser alegre? Vocês conseguem imaginar algo que possa me impedir de ficar alegre? Vocês conseguem imaginar algo que possa impedir vocês de ficar alegres? Não é suficiente eu estar alegre. Quero que vocês se alegrem. Eu posso esperar, e assim nos alegraremos juntos. [Voz: “Eu estou feliz”].
“Ao que não trabalha”. Sim, se obras fossem exigidas, eu não conseguiria realizar o suficiente. Se houvesse qualquer exigência que fosse, eu estaria fora. Mas – que bênção –, como lemos na outra noite, “por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados” (Is 52:3).
Mas isso tem um preço; e a maravilha é que Ele pagou o preço. E a bênção em tudo isso é que Ele era rico o suficiente para pagar o preço. Outra bênção é que Ele foi bom o suficiente para gastar todas as Suas riquezas para pagar o preço, a fim de ter a mim. Ele pode me ter de volta.
Tenho ouvido irmãos dizerem: “Agradeço ao Senhor por eu ter confiança Nele”. Eu agradeço ao Senhor porque Ele tem confiança em mim. Eu creio que é muito pouca coisa simplesmente dizer que tenho confiança no Senhor depois de Ele ter feito tanto por mim; o incrível e incompreensível é pensar que o Senhor Se dispôs a fazer um investimento tão extraordinário em mim, confiante em receber da minha parte uma resposta que desse o devido valor a tão grande sacrifício.
Isso é muito extraordinário. E sou grato porque o Senhor teve toda essa confiança e esteve pronto a correr esse risco comigo. É por isso que fico muito feliz, sem saber o que fazer mais. Irmãos, o Senhor é bom. [Congregação: “Amém”]. Portanto, vamos confiar Nele.
“E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras” (Rm 4:6). Concordo plenamente. Irmãos, vocês têm consciência de como esse homem é bem-aventurado? Ou será que há neste lugar pessoas que conhecem apenas a angústia do homem que procura alcançar essa bem-aventurança pelas obras? Esforço desse tipo não traz bem-aventurança alguma.
A Bíblia não descreve nenhuma bem-aventurança desse tipo. Isso só causa angústia, e vocês sabem disso. Mas Deus descreve a felicidade que uma pessoa desfruta quando Ele atribui justiça sem as obras, dizendo: “Bem-aventurado o homem”. Em linguagem simples, podemos dizer: “Como esse homem é feliz!” “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos” (v. 7).
Uma pessoa assim é de fato feliz – isso lhes garanto. “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado” (v. 8) Deus não lhe imputará pecado porque esse homem recebeu o dom de Jesus Cristo e tudo o que Deus lhe concede Nele. Quando Ele olha para esse homem, Ele vê a Jesus Cristo. A esse homem Deus não imputa pecado algum. “Bemaventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado”.
“Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi imputada a Abraão para justiça” (v. 9). Vocês percebem que por três vezes, dentro desses nove versos, por três vezes o Senhor repetiu que a fé é atribuída para justiça?
Observem: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (v. 3); “Ao que [...] crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (v. 5); “A fé foi imputada a Abraão para justiça” (v. 9).
Irmãos, vamos fazer o que Abraão fez: vamos dizer “Amém”. [Congregação: “Amém”]. E vamos confiar que Deus é capaz de realizar o que prometeu. [Congregação: “Amém”]. Então, sejamos gratos ao Senhor porque Ele nos atribui justiça e nos liberta.
“Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele já circuncidado ou ainda incircunciso?” (v. 10). Será que ele não teve que providenciar para que ele e toda a sua casa fosse circuncidada antes de se tornar justo? [Congregação: “Não”]. “Estando ele já circuncidado ou ainda incircunciso? Não no regime da circuncisão, e sim quando incircunciso” (v. 10).
Ele era um gentio ainda. Não é verdade? [Congregação: “Sim, senhor”]. Abraão foi considerado justo quando ele era um gentio? [Congregação: “Sim, senhor”]. Um pagão? [Congregação: “Sim, senhor”]. Antes de ser circuncidado. “E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça” que ele tinha? [Congregação: “Da justiça da fé que ele teve”] (v. 11).
Não está escrito que ele recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça que ele tinha? [Congregação: “Não. ‘Como selo da justiça da fé que ele teve’”]. Isso mesmo, senhores; Ele “recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve”. [Congregação: “Amém!”]. O selo da justiça da fé que ele tinha; não da justiça que ele tinha, mas a justiça da fé que ele tinha, visto que a justiça que ele tinha provinha da fé que ele possuía.
“E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda incircunciso; para vir a ser o pai de todos os que creem, embora não circuncidados” (v. 11). Isso se refere a vocês? O pai de todos os que creem em Deus? [Congregação: “Amém”]. De todos os que creem. É isso mesmo? [Congregação: “Sim, senhor”]. “A fim de que também a justiça lhes seja imputada” (v. 11, ARC).
Abraão é o pai de todos os que creem por qual motivo? “A fim de que também a justiça lhes seja imputada”. Peço que me acompanhem, então. “O pai de todos os que creem”. Não é de admirar que Abraão não conseguiu contar as estrelas. Somente a mente de Deus poderia contar a descendência de Abraão. Ela é, de fato, tão numerosa quanto as estrelas.
Mas – é bom lembrar – é dito sobre as estrelas: “[Ele] conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes” (Sl 147:4). Deus é poderoso para contar cada um de nós. Ele nos conhece pelo nome; e o mais maravilhoso é que Ele nos dará um novo nome. Posso lhes dizer, irmãos, que o Senhor nos ama, de verdade.
“Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou à sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé” (v. 13). Não é assim? [Congregação: “Sim”]. “Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa, porque a lei suscita a ira” (v. 14, 15). Não é verdade? [Congregação: “Sim”]. Suscita a ira hoje? [Congregação: “Sim”]. Então quanto de justiça alguém pode alcançar mediante a lei? [Congregação: “Nada”]. Este não é o propósito da lei, “porque a lei suscita a ira”.
“Mas onde não há lei, também não há transgressão. Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa”. Oh! O Senhor deseja que Sua promessa seja firme para nós, não é mesmo? E para que Sua promessa fosse firme para nós, em que Deus a fundamentou? “Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa”. Observem agora. Pensem nisso com cuidado. Vou falar devagar: “Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça.
Quero me deter na palavra “para que”. O que ela significa? A fim de que, de modo que. “Para que seja segundo a graça”. Então é pela graça, certo? [Congregação: “Sim”]. “Provém da fé, para que seja segundo a graça”. Com que finalidade? “A fim de que seja firme a promessa”.
Então, a pessoa que recebe alguma coisa de Deus pela fé, ela pode estar segura disso, não pode? [Congregação: “Sim”]. E se alguém acha que pode receber algo de Deus de outra forma que não seja pela fé, este nunca terá certeza de que tenha recebido. Na verdade, se não for pela fé, ele nada pode conseguir. Vocês entendem isso? [Congregação: “Sim”]. Vamos agir de acordo, então.
“Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência” (v. 16). Ótimo. [Congregação: “Amém”]. Para toda descendência. PARA TODA.
“A fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós, como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante Aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem” (v. 16, 17).
O que Deus faz? [Congregação: “Vivifica”]. O que isso significa? [Congregação: “Dar vida”]. Dar vida aos mortos e chamar “à existência as coisas que não existem”. Quando Deus chama à existência algo que não existe”, tal coisa passa a existir? [Congregação: “Sim”]. Não foi isso o que aconteceu quando Ele criou os mundos? Não havia mundos. Deus os chamou. O que aconteceu? [Congregação: “Eles passaram a existir”]. Não havia luz. Deus chamou a luz, “e houve luz”.
Em mim, não existe justiça alguma, mas só impiedade e impureza. Deus determinou que o mesmo que pronunciou as palavras para que os mundos existissem e que pronunciou a palavra “luz”, e esta passou a existir, Deus determinou que Este mesmo declarasse justiça no lugar deste corpo de pecado. [Congregação: “Deus seja louvado”].
No lugar deste corpo, deste caráter de pecado, Ele chama à existência a justiça que não existia, e graças a Deus porque ela é real. [Congregação: “Amém”]. No lugar de toda a impureza, Deus designou Aquele que é bendito para declarar santidade – e esta santidade, que não existe, passa a existir. Graças a Deus por Seu poder onipotente. [Congregação: “Amém”].
E eu me alegro por isso. “[Ele] chama à existência as coisas que não existem”. Um pecador não é justo. O ímpio é ímpio. Deus, porém, chama à existência aquilo que não existe. [Congregação: “Amém”]. E o que não existia passa a existir de fato. Paulo continua:
“O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.
E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus; e estando certíssimo de que o que Ele tinha prometido também era poderoso para o fazer. Pelo que isso lhe foi também imputado como justiça. Ora, não só por causa dele está escrito que lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos Naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4:18-25).
Ele ressuscitou para que fôssemos justificados. Ele ressuscitou para nossa justificação. Eu quero permitir que Ele efetue a obra pela qual Ele ressuscitou. Isso já está definido. Ele sabe como realizá-la e tem poder para isso. Quanto a mim, deixarei que Ele a realize.
Vamos agora para o quinto capítulo de Romanos:
“Sendo, pois, justificados pela fé”. O que vocês dizem? [Congregação: “Amém”]. Portanto, tendo-nos tornado justos, sendo justificado pela fé, “temos paz com Deus”. Nós sabemos o que isso significa, não é mesmo? “Temos paz com Deus.”
Se Ele diz assim, é assim, muito embora tal paz não existisse antes. Mas agora ela é uma realidade. Embora ela não existisse, ela passa a existir, pois é fruto Daquele que “chama à existência as coisas que não existem”. Não podemos entender isso, mas sabemos que se trata de uma realidade. E eu sei disso; e isso é tudo que me importa.
“Justificados, pois, pela fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça” (v. 1, 2). Como temos acesso a essa graça? Pela fé. Nós a temos, graças ao Senhor. “Na qual estamos firmes”.
Estamos de fato firmes nela? [Congregação: “Sim”]. Assim Ele diz; e isso é um fato, não é mesmo? Se Ele diz assim, assim é. Ele diz que estamos firmes nessa graça, e confirmamos que sim, graças ao Senhor. “Na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. Estamos nos gloriando ou nos regozijando? Ele diz que nos gloriamos, e isso é um fato.
O fato é que quando Ele diz que é isso o que estamos fazendo, Ele está correto no que diz; então dizemos “Amém” e estamos corretos em aceitar o que Ele diz. “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações” (v. 2, 3).
As tribulações chegarão até nós com muita facilidade, mas elas nada farão contra nós. “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada” – não somente a nós, mas – “em nós” (v. 18), ou seja, uma glória que fará parte de nós. É assim que brilharemos como o sol no reino de nosso Pai.
Bem, esta é a justiça de Deus. Foi assim que Abraão a recebeu. Qual é a bênção de Abraão então? Qual é? [Congregação: “A justiça pela fé”]. Como ele a recebeu? [Congregação: “Pela fé”]. A bênção de Abraão só pode ser recebida por aquele que possui a justiça pela fé. Não é assim? [Congregação: “Sim, senhor”].
Agora lerei o texto que o irmão Prescott leu há pouco. Não importa se ele já o leu. A passagem se encaixa tanto no meu estudo quanto no dele. De qualquer forma, é tudo um estudo só. Gálatas 3: 13, 14: “Cristo nos resgatou da maldição da lei”. Isso é verdade? Ele disse que sim; portanto, é uma verdade. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-Se Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo”.
Por que Cristo Se tornou maldição no madeiro? Para que a bênção de Abraão chegasse a cada um de nós. Por que Ele nos resgatou da maldição da lei? Para que a bênção de Abraão chegasse a cada um de nós. Qual é a bênção de Abraão? [Congregação: “A justiça pela fé”].
Cristo morreu para que vocês e eu nos tornássemos justos pela fé. Irmãos, não é terrível alguém roubar de Cristo exatamente aquilo que O levou a morrer, e querer a justiça por outros meios? Não é algo terrível? Irmãos, vamos crer em Jesus Cristo.
“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo”. O fato então é que somos redimidos da maldição da lei. Cristo Se fez maldição por nós para que a bênção de Abraão chegasse a nós. E por qual razão ela chega a nós? “A fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido”.
Então, quando nós como povo, como um corpo, como igreja recebermos a bênção de Abraão, o que acontecerá? [Congregação: “A chuva serôdia”]. O derramamento do Espírito. Isso acontece em nível individual. Quando o indivíduo crê em Jesus Cristo, e recebe a justiça que é pela fé, ele recebe então o Espírito Santo, que é a circuncisão do coração.
E quando todo o povo, como igreja, receber a justiça que provém da fé – a bênção de Abraão –, então o que impedirá a igreja de receber o Espírito de Deus? [Congregação: “Nada”]. Este é o ponto em que nos encontramos.
O que pode impedir, então, o derramamento do Espírito Santo? O que retém o derramamento do Espírito Santo? [Voz: “A incredulidade”]. Nossa carência da justiça de Deus, que provém da fé, é que o retém; pois, quando essa justiça é recebida, ela é concedida a fim de que recebamos a promessa do Espírito mediante a fé. Portanto, vamos nos certificar de que temos a bênção de Abraão, e então pedir e receber.