29- O segredo da generosidade

como unir as virtudes livro

29- O segredo da generosidade 

Na vida de quem segue as Sagradas Escrituras, o desprendimento e a abnegação são temas recorrentes; bem como a generosidade, a camaradagem, a magnanimidade, a cortesia, o distinto respeito e o amor ao próximo, a pronta disposição de fazer o bem, etc. 

Segundo Paulo, um fiel cristão “... não procura o seu interesse”; “Ninguém procure seus próprios interesses, mas ... também os de seu próximo”; “ ... como eu ... não buscando o meu próprio benefício, mas o benefício de muitos, para que sejam salvos” (1 Co 13.5; 10.24; 10.33). E, “cada um não se ocupe somente com seus assuntos, mas também com os de seu próximo” (Fp 2.4).

Tais foram as atitudes de Moisés [Êx 32.32] e de Paulo [Rm 9.3]. Ambos estavam mesmo dispostos a renunciar a vida eterna por amor ao próximo. E também é digno de nota o desprendimento de Abraão (Gn 13.9-13), ao se separar de Ló. 

Mesmo tendo, por direito, a preferência na escolha do local, declinou dela. Pergunta-se: ‘Em que base repousa essa bendita atitude? Além da intenção de fazer o bem, o que também dá sustentação a tão elevada nobreza?’

O patrimônio dos irmãos de Jesus!

No capítulo anterior, vimos que TUDO o que é das três Pessoas da Divindade – Pai, Espírito Santo e Jesus – pertence IGUALMENTE aos 

remidos, pois são “... herdeiros de Deus e coerdeiros com Jesus Cristo ...” (Rm 8.1617). Coparticiparmos de Sua natureza divina é o fato mais importante dessa herança; sem, contudo, menosprezarmos as demais bênçãos que a acompanham. 

Seu amor e Sua misericórdia à humanidade caída, de fato, imensuráveis! Essa é uma inquestionável realidade! Entretanto consideremos também outras bênçãos que vieram na esteira desse amor inimaginável. Pergunta-se: ‘Podemos ter alguma ideia da extensão do patrimônio que o Pai nos outorgou ao nos dar Seu Filho como segundo Adão?’

Sabe-se que a luz – cuja velocidade é cerca de 300.000 km/segundo – pode dar sete voltas e meia ao redor da Terra em um segundo; mas demoraria cerca de 100.000 anos para se deslocar de uma a outra extremidade da Via Láctea. 

E, para percorrer sua altura, algo como 30.000 anos. Atendo-nos à avaliação dos modernos cientistas, temos que a luz demoraria cerca de 93 bilhões de anos para atravessar o Universo! Donde se conclui que eles supõem que ele seja cerca de um milhão de vezes maior que a Via Láctea; entretanto pode ser bem mais amplo! Não conseguimos fazer ideia de tamanha grandeza!

Diante dessa magnitude, as dimensões de nosso planeta são tão insignificantes que, a respeito delas, assim lemos em Isaías 40.15-17 (RA): “Eis que as nações são consideradas por Ele como um pingo que caiu de um balde, e como um grão de pó miúdo na balança ... Todas as nações são perante Ele como cousa que não é nada ; Ele as considera menos do que nada e como um vácuo” (vide também Isaías 41.14). 

Então Ele adotou os minúsculos humanos como Seus filhos! Além de minúsculos, dentro do Universo, somos uma raça de anormais, devido a possuirmos natureza pecaminosa, o que os demais seres inteligentes não a têm. Anormais e por isso somos alvo da compaixão deles; mas Ele nos adotou!

Em vista disso, qual é, de fato, o real valor das vantagens ou dos bens que um homem pode vir a possuir durante a sua breve passagem nesta vida? Qual é a verdadeira importância daquilo que nós, os anormais, tanto buscamos com afinco e tenacidade em nossa existência atual? 

Qual é a real relevância daquilo que, aqui, nos alegra ou nos preocupa, nos entusiasma ou nos angustia? Em que, pois, se fundamentam a alegria e o contentamento ao passarmos a possuir esse ou aquele bem ou benefício terrenos? Ou a tristeza e aborrecimento ao sofrermos sua perda? Com quanto mais atenção, devemos nos relembrar a afirmação de Salomão, em Eclesiastes 2.11: “... e eis que tudo era vão e ansiedade de espírito, pois não há proveito algum debaixo do Sol”.

“Ah! Se eu estiver constantemente consciente de que estou ‘em Cristo’!”

Faria qualquer diferença se alguém retirasse um grão de pó de um caminhão carregado ou o colocasse em cima? Absolutamente nenhuma! Assim também, numa escada rolante, cuja velocidade fosse a da luz, não faria qualquer diferença se alguém estivesse subindo ou descendo por ela. Seria indiferente se a pessoa andasse em um sentido ou ao contrário.

Semelhantemente, se, em nossa mente acha-se ‘escrito o nome de Seu [nosso] Pai’ (Ap 14.1), isto é, Deus é o centro de nossos pensamentos, por isso agimos  agirmos, momento a momento, por amor a Ele, ao permanecer conscientes de que estamos ‘em Cristo’, continuará vívida para nós a bendita realidade de que somos filhos do Pai celestial, irmãos do Senhor, herdeiros de Seus bens e coerdeiros com Jesus. O que mais teria que pudéssemos desejar?

Dentro dessa bendita realidade, o que puder nos acontecer aqui – ainda que, em nossa pouca sabedoria, ofuscada e míope visão, o consideremos bom ou mau –  sempre será de irrelevante importância e de ínfima consequência. O que, de fato, importa se, aqui, somos ricos ou pobres, famosos ou desconhecidos? Pesa isso na balança da verdadeira realidade?

Se alguém nos tirar algo, que importância devemos atribuir ao que nos foi tirado? Se nos importunar, nos ofender ou nos defraudar, que importância devemos dar a isso? Se ocuparmos essa ou aquela função, que diferença isso fará no cômputo de nossa infinita vocação cristã? 

Sabendo-se que, em relação à eternidade, a duração de nossa vida aqui é menos do que a de uma faísca, que valor, pois, devemos, em sã consciência, atribuir a qualquer tipo de alegria ou angústia terrena que nos sobrevier? Fujamos dos conceitos insensatos; atribuamos ao que é terreno, APENAS o ínfimo valor que possui.

A frisante admoestação do Senhor

Jesus mesmo ressaltou o fato: “Não vos levanteis contra o malvado, mas ao que te golpeia na tua face direita, volta a ele também a outra. E quem quiser entrar em pleito contigo e despojar-te da túnica, deixa a ele também o teu manto, e o que te obrigar a ir uma milha, vá com ele duas...” (Mt 5.39-42). 

É essa a maneira de Lhe sermos leais na administração daquilo que Ele nos confiar nesta breve vida aqui. “Se, pois, não vos tornastes fiéis com as riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza? E se não fostes fiéis n aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?” (Lc 16.11-12 - RA), isto é, aquilo que está reservado exclusivamente aos remidos: o galardão de coerdeiros com Jesus Cristo!

Eis, então, que tanto a aceitação do convite para ‘ir às bodas’ [capítulo 20 deste] como o 'cheque em branco' [capítulo 12], ou seja, a constante prática de ‘estarmos em Cristo e Ele em nós’, servem também de firme alicerce e abalizado fundamento para ancorar, equilibrar e avaliar, acertadamente, todo tipo de emoções. 

É assim que cimentamos tanto o nosso desprendimento e a nossa abnegação em relação aos bens, como a generosidade, a camaradagem, a cortesia, a magnanimidade, etc. É ‘nEle’ que firmamos nossa âncora para atribuir, ao que é terreno, apenas o ínfimo valor que possui, não mais!

Seria possível?

Como, pois, raciocina uma mente já liberta do domínio do egoísmo? E, se faminta ou acidentada ou sob a pressão de outra angústia, como não estaria buscando o próprio interesse ao aceitar socorro? Tomemos o exemplo do apóstolo Paulo, ao se achar na prisão Mamertina, em Roma, carente de ajuda e apoio. 

Tendo recebido dos filipenses, escreveu-lhes: “Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito” (Fp 4.17 - RA). Paulo estava ciente de que, ao procederem de tal modo, lhes redundaria em recompensas eternas (Lc 19.11-27) e receberiam maior dotação do Espírito Santo (Mal. 3.10)]. Ao aceitá-los, visava antes o bem deles! Legítimo altruísmo! De sorte que esse é o ponto decisivo da generosidade.

O grande gigante, que necessitamos manter sob constante domínio, é o nosso próprio ego. Amigo, queira recordar: a Palavra “Ninguém busque o seu próprio interesse” é uma das que podem nos conferir essa vitória, se for acompanhada pela fé e pela firme decisão e determinado esforço. Amém?

Oremos: “Querido Pai, muito obrigado por nos ensinares a respeito da nossa herança ‘em Cristo’ e da ínfima importância do que é terreno.  Em nome de Jesus, o nosso querido Irmão primogênito”.


Acesse aqui o 👉 índice completo do livro 'Como Comprar' do Irmão Olvide Zanella

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem