22- “Morri para a lei”

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22- “Morri para a lei”  

Examinemos este estudo bíblico, que aprofunda o assunto sobre a justiça de Cristo pela fé, realçando o que Ele fez por nós e o que Ele fez e faz para nós, em nós e através de nós.

1) Temos alguma responsabilidade ou alguma culpa, pelo que fizemos ‘em Adão’ ou algum merecimento, pelo que fizemos ‘em Cristo’? “Porque assim como em Adão todos morrem [tendências ao mal], assim também no Cristo todos serão vivificados [tendências ao bem]” (1 Co 15.22).

Nenhuma responsabilidade ou culpa nos é atribuída por Deus por aquilo que nós fizemos ‘em Adão’, pelo seu pecado, no qual por nós não tivemos qualquer escolha ou consequente culpa. Elas se devem, única e exclusivamente, a Adão.

Da mesma forma, nenhum mérito ou louvor nos é devido, por aquilo que nós fizemos ‘em Cristo’, pois, nada fizemos para estar, legal e objetivamente, ‘nEle’. Sem qualquer escolha de nossa parte, todos nascemos ‘legalmente’ ‘em Cristo’. Assim, o crédito, o louvor e toda glória são devidos, única e exclusivamente, a Jesus.

2) Como Cristo Se qualificou para ser o Salvador da humanidade toda? “E dará à luz um Filho, e Se chamará Jesus, porque Ele salvará o Seu povo de seus pecados” (Mt 1.21). Salvará de seus pecados e não, nos seus pecados.

 ·  Ao assumir a nossa natureza pecaminosa, Ele realmente uniu toda a humanidade à Divindade, adquirindo o direito legal de representar todos os seres humanos. Ligou a Terra ao Céu; ligou-nos à Divindade.

· Por não ter cometido nenhum pecado, Ele qualificou-Se [tornou-Se digno] a nos remir. Ao vencer, abriu a história da redenção (Ap 5.1-10).

· E ao sofrer a segunda morte, ‘sendo nós’, Jesus, legalmente, salvou a todos, bons e maus, justos e injustos e espera que O aceitemos. Amém?

3) Como Paulo expôs o conceito de solidariedade corporativa? “Assim que, do mesmo modo em que por causa da transgressão de um [Adão] veio a condenação [nascimento sob governo da lei do egoísmo, sob o domínio das tendências a praticar o mal] para todos os homens, assim, por causa da justiça de Um [Jesus], virá a justificação [tendências ao bem] para salvação a todos os homens, porque assim como por causa da desobediência de um homem [Adão], muitos foram constituídos pecadores [por terem cedido à lei do egoísmo], assim também, mediante a obediência de Um, muitos serão constituídos justos [via ‘novo nascimento’ e por Jesus viver neles ininterruptamente]” (Rm 5.18-19).

De Adão herdamos a ‘máquina de pecar’, isto é, a natureza humana pecaminosa; porém, foi por nossa individual decisão e escolha consciente que a pusemos em funcionamento, tornando-nos assim culpados.

4) O que aconteceu com Jesus, a fim de que fôssemos feitos ‘justiça de Deus’? “Aquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus nEle” (2 Co 5.21 - KJ). Ele O fez pecado e não apenas O considerou. Quando o Senhor Jesus Cristo assumiu nossa humanidade com tendências hereditárias ao mal, na Sua encarnação, Ele tornou-Se o segundo Adão (humanidade) e habilitou-Se a ser o Representante ou Substituto da humanidade nascida sob o domínio da lei do egoísmo. 

Ao assumir a ‘semelhança de carne pecaminosa,’ conquistou o direito legal de viver e de morrer na cruz em favor da raça humana, expiando os pecados de todos os seres humanos. É nesse sentido que Cristo foi feito pecado por nós, a fim de que fôssemos feitos justiça de Deus ‘nEle’. Ele, sendo nós, viveu, morreu, ressuscitou e intercede por nós.

5) Por que Jesus batizou-Se? “Então Jesus foi da Galileia ao Jordão ter com João, para ser batizado por ele [João Batista]. ...” (Mt 3.13-15 - KJ).

Jesus, não tendo cometido pecado, pessoalmente não precisava do batismo de João – um ‘batismo de arrependimento’ (Lc 3.3) – mas a humanidade toda, que estava ‘nEle’, precisava ser batizada para ‘cumprir toda a justiça’. Em Seu batismo, toda a raça humana batizou-se ‘nEle’. Ele, sendo nós, batizou-Se, corporativamente, por nós. E, assim, honrou a ordenança batismal e também nos deu o exemplo do que se deve fazer.

“... tendo sido sepultados juntamente com Ele no batismo, nO qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus, que O ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2.12).

6) A identificação solidária de Cristo, com todo ser humano, continua hoje sendo tão íntima quanto foi nos dias em que Ele viveu aqui na terra? 

Sim! Ele continua sendo, hoje, o nosso Representante. Toda a humanidade continua legalmente ‘em Jesus’. E a Igreja fiel, isto é, todos os que Deus considera obedientes à Lei, continuam também subjetivamente ‘nEle’. Sendo nós, Jesus pôde sentir a culpa e a separação do Pai, – de e por todo ser humano – a ponto de suar gotas de sangue no Getsêmani! ( Lc 22.44).

Paulo nos assegura: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e Seus membros em particular [individualmente]” (1 Co 12.27 - KJ).  Somos ‘uma só carne’ com Ele. Efésios 5.31-32. Assim, identifica-Se, tão intimamente, com todo ser humano bom ou mau, justo ou injusto – que o que se fizer a um deles, considera-o como se tivesse sido feito diretamente a Si próprio. (M 25.40, 45). É que todo ser humano ainda está legal e objetivamente, ‘em Cristo’, hoje. E os legítimos e fiéis cristãos estão ‘nEle’ objetiva e também subjetivamente, pois estão usando a ‘veste nupcial’ de modo constante.

7) Quando a condenação da raça humana foi executada e em quem? “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim. E dizia isto, significando de que morte havia de morrer” (Jo 12.31-33). Na cruz, ‘este mundo’ – toda a raça humana – foi, legalmente, julgado e executado ‘em Cristo’. Deus pôde fazê-lo, porque Cristo foi o segundo Adão. Sendo nós, Jesus pôde também morrer por nós.

8) Quem também morreu, quando Jesus levou nossos pecados em Seu corpo, na cruz? “... Aquele que em Seu próprio corpo levou os nossos pecados sobre o madeiro, para que nós, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas Suas feridas fostes curados” (1 Pe 2.24 - KJ). 

De acordo com o texto grego, em que foi escrito o Novo Testamento, nós efetivamente morremos quando Cristo levou nossos pecados na cruz, em Seu corpo. “Porque vós morrestes ...” (Cl 3.3).

Cristo não podia levar nossos pecados, sem nos levar a nós próprios à cruz ‘nEle’. Em consequência disso, ao morrermos ‘em Cristo’, morreu ‘com Ele’ a verdadeira raiz de nosso problema do pecado – nosso ego, nossa natureza humana tendente ao mal. Está crucificada ‘nEle’. 

Entendamos bem: ‘morreu’ assim como um governo quando é deposto perde seu mandato; mas que luta, incessantemente, para reassumir a posição perdida (Gl 5.17). [Ver pergunta 15]. 

Nesta vida, temos apenas duas alternativas: a de Jesus viver em nós ou a de Lúcifer viver em nós. Por isso, “longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6.14).

9) O que significa estar ‘morto para o pecado’? “... considerai a vós mesmos que estais mortos para o pecado, mas vivos para Deus ...” (Rm 6.11).

De que valeria oferecer um bolo a um defunto? O apetite despertaria nele? Não! E, se o inimigo oferecer ódio, raiva, egoísmo ou outro mal, a alguém que está ‘morto para o pecado’, obteria uma reação positiva? Não.

‘Morrer para o pecado’ significa estar mesmo disposto e pronto a antes morrer do que praticar um pecado. Tão somente os ‘mortos para o pecado’ são os que, finalmente, serão tidos por fiéis (Ap 2.11).

Se um de nós conservar apenas um único mau traço de caráter ou alimentar um único pecado acariciado ou continuar satisfazendo apenas uma única tendência pecaminosa, terá, sim, finalmente, neutralizado para si todo o poder do Evangelho. “Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2.9 - RA). Na aritmética divina: 10 - 1 = zero! Rompendo-se um elo, rompe-se a corrente. 

10) Em Romanos 7 e 8, quantos diferentes sentidos Paulo atribui à palavra ‘lei’? Paulo atribui cinco sentidos diferentes. Sim, cinco! Ei-los:

(A1) Romanos 7.1: ‘Ou não sabeis, irmãos meus (pois falo aos que conhecem a lei) ...’ Em Mateus 22.36, lemos: “Mestre, qual é o maior mandamento da lei?” Jesus respondeu, citando Deuteronômio 6.5 e Levítico 19.18; donde se conclui que tanto o judeu, que Lhe fez a pergunta, como o próprio Jesus entendiam que LEI, no caso, significava o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, escritos por Moisés. Em Mateus 5.17, ‘lei ou os profetas’ significam o Antigo Testamento. 

E, agora, temos Paulo dirigindo-se ‘aos que conhecem a lei’, isto é, aos que conhecem as Escrituras Sagradas.

Concluímos, assim, que o PRIMEIRO significado, dado por Paulo, à palavra LEI refere-se às Sagradas Escrituras, a Bíblia.

(A2) Romanos 7.1: “... que a lei tem domínio sobre o homem enquanto vive?”

 Que lei é essa? Não se trata da Lei dos Dez Mandamentos, a lei moral, porque ainda que todo homem esteja sob a obrigação de guardá-la – tanto antes como depois da conversão – ela, entretanto, NÃO TEM qualquer DOMÍNIO sobre o homem, no sentido de inclinar o homem a cumpri-la. Como vimos anteriormente, a morte de Cristo foi corporativa; quando Jesus morreu na cruz do Calvário ‘sendo nós’ – bons e maus, justos e injustos – a humanidade toda legalmente morreu ‘nEle’. 

Vimos também que, em virtude do pecado de Adão, todo homem nasce com tendências hereditárias a praticar o mal, isto é, nasce condenado (Rm 5.16, 18) a estar sob o domínio da lei do egoísmo – ‘a lei do pecado e da morte’ (Rm 8.2). E essa lei continua governando o homem enquanto ele não aceitar que morreu ‘em Cristo’.

Porém, quando cremos em Cristo e aceitamos a Jesus como nosso Salvador pessoal, acontecem, conosco, estes fatos relevantes:

·  morremos a segunda morte ‘nEle’, pagando-se as consequências de todos os nossos pecados; ficamos, assim, livres da culpa: é o perdão. 

·  igualmente morre ‘com Cristo’ o nosso ‘velho homem’ – a nossa natureza humana pecaminosa – isto é, morremos para as tendências ao mal. “Porque se vós morrestes com o Cristo ...” (Cl 2.20); “porque vós morrestes, e a vossa vida está escondida com o Cristo em Deus” (Cl 3.3).  

·  o Espírito Santo, instantaneamente, implanta em nós as tendências ao bem, escreve Sua lei do amor – ‘a lei do Espírito de vida’ (Rm 8.2) – em nossos corações: é o ‘novo nascimento’ (Jo 3.1-18), a conversão. “Eu porei as Minhas leis em suas mentes [as tendências a fazer o bem, ao amor], e as escreverei em seus corações” (Hb 8.10 - KJ). 

A lei do egoísmo é deposta, suplantada pela lei do Espírito Santo, a lei do amor; porém ‘a lei do pecado e da morte’ continua latente em nossa natureza, sempre pronta a reassumir o comando perdido. As tendências ao mal não são eliminadas, mas apenas subjugadas pelas tendências ao bem. Eis que ‘todo o que está em Cristo, é nova criatura’ (2 Co 5.17) enquanto ‘permanecer em Cristo’ e Jesus nele pela fé no poder da Palavra. 

Passamos, assim, a amar a justiça e a detestar o pecado. De sorte que, ao aceitarmos a Jesus, pela nossa morte no ‘corpo de Cristo’, somos libertos dessa escravidão, isto é, do controle da ‘lei do pecado e da morte’. É apenas no homem convertido que atuam essas duas leis! No homem não convertido atua apenas uma única lei, isto é, a ‘lei do pecado e da morte’.

Romanos 7.4: “Agora pois, meus irmãos, também estais mortos para a lei [do pecado e da morte, a lei do egoísmo, das tendências ao mal] mediante o corpo de Cristo [porque quando Ele morreu, nós todos morremos], para que sejais de Outro [Jesus], dAquele que ressuscitou dentre os mortos para que produzais fruto para Deus”. 

Na conversão, o ‘velho homem’ morre, por assim dizer: deixa de viver, sua vida chega ao fim, e assim, termina para ele o tempo ‘enquanto vive’. Então ‘a lei do pecado e da morte’ – a lei do egoísmo – ‘já não tem mais domínio sobre ele’, pois morreu ‘em Cristo’.

‘Estar debaixo da lei’, em Romanos 6.14, significa ‘estar debaixo da lei do egoísmo’ e torna-se meridianamente confirmado também pela pergunta de Romanos 6.15: “Então o que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De maneira alguma!” Ora, ‘estar debaixo da lei’ não pode significar ‘estar debaixo da obrigação de observar os Dez Mandamentos’, visto que Paulo afirma que ‘não estamos debaixo da lei’, e sabemos que o converso CONTINUA, após o novo nascimento, a estar sob aquele dever e obrigação moral de guardar a Lei do Amor, os Dez Mandamentos. 

Eis o SEGUNDO significado, dado por Paulo, à palavra LEI = ‘A lei do pecado e da morte’, a lei do egoísmo, as tendências a praticar o mal. 

(A3) Romanos 7.2-3: “Assim como a mulher casada está ligada pela lei [conjugal] a seu esposo enquanto ele vive. Mas, se seu esposo falece, ela está livre de seu esposo pela lei, mas se ela se une a outro varão enquanto vive seu esposo, é adúltera, mas, se seu esposo falece, ela se torna livre pela lei, e não é adúltera mesmo que se case com outro”.

Eis o TERCEIRO significado à palavra LEI = ‘A Lei conjugal’.

(A4) Romanos 7.5: “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, estimuladas pela lei, atuavam em nossos membros para que produzíssemos fruto para a morte”. 

Estávamos na carne, isto é, sob o domínio dela, estávamos subjugados pelas tendências ao mal, mas agora estamos subjetivamente em Cristo, estamos no Espírito, estamos sob o domínio das tendências ao bem. 

Romanos 7.7-10: “Que diremos, então? A lei é pecado? De maneira alguma! Entretanto, eu não aprenderia o que é pecado se não fosse pela lei, porque eu não teria consciência do que é cobiça, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. ... E antes eu vivia sem a lei, mas ao vir o mandamento, o pecado veio à vida e eu morri ...” 

Quando Paulo percebeu as aplicações espirituais e infinitas da Lei de Deus, viu-se condenado. Tornou-se humilde a seu próprio respeito, tornou-se manso, insensível à crítica, ao deboche e ao desprezo. Não mais desejou posição social elevada, nem se exaltar sobre seu próximo.

Como está perfeitamente explícito, temos, assim, que o QUARTO significado, dado por Paulo, à palavra LEI = A lei dos dez mandamentos.

(A5) Romanos 8.1-2: “Assim, POIS, não há condenação para os que, estando em Cristo Jesus, não andam conforme a carne, porque a lei do Espírito de vida que está em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte”.

Eis o QUINTO e último significado, dado por Paulo, à palavra LEI = A ‘lei do Espírito de vida’, isto é, as tendências a fazer o bem. (‘POIS’ é uma conclusão. Logo Paulo não tratou de um convencido, mas não-convertido). 

11) Como entender: “Não faço o que eu desejo, antes o que detesto isso faço” (Rm 7.15 u. p.)? Como lê-se em Romanos 7.22: ‘tenho prazer na Lei de Deus’ – conclui-se que Paulo está se referindo, sim, a si próprio, isto é, à realidade de um cristão fiel, maduro, e não à de um homem apenas convencido, mas não-convertido, pois esse, segundo João 3.5, não pode ‘entrar no reino de Deus’, isto é, não pode ter prazer na obediência, nem na comunhão com Deus; como poderia ter prazer em uma lei que ele estivesse transgredindo?

Aqui Paulo faz uso da palavra ‘faço’, não no sentido de estar  cometendo algum crime e, sim, no sentido de ‘consigo fazer’ por minhas próprias forças. E ele mesmo elucida este ponto em Romanos 7.18: “... porque desejar o bem é fácil para mim, mas não posso fazê-lo”. 

De fato, em Rm 7.22-23, 25, ele confessa sentir em si duas leis: (1) nos seus membros, a lei das tendências ao mal, e (2) na sua mente, a lei das tendências ao bem, que, graças a Deus, suplantam as do mal. 

Ora, essa bendita realidade é exclusiva a todo cristão maduro  . E quem teria, em si próprio, poder para guardar a lei de Deus, dominando suas tendências ao mal? Ora, ninguém! Em João 15.5, Jesus o atesta incontestavelmente.

Concluímos, então que, em Romanos 7.14-25, temos a exposição de sentimentos semelhantes aos do publicano em Lucas 18.13 ou de Isaías 6.5 ou Ezequiel 16.61-63; 36.31 ou Gálatas 5.17. E estamos convictos de que foi a prevalência de farisaísmo que induziu à conclusão de que Paulo estaria se colocando no lugar ou retratando um convencido, não-convertido.  

12) Como se entende Romanos 7.6? Compreendemos assim: “Mas agora ficamos livres da lei [do pecado e da morte, a lei do egoísmo, das tendências ao mal], estando mortos ao que nos sujeitava, para que desde agora sirvamos à novidade de espírito [às tendências ao bem], e não à antiga ordem da letra [às tendências ao mal]”. 

Os que são contrários à atual vigência da Lei de Deus, erroneamente entendem que foram ‘libertos da obrigação de obedecer aos Dez Mandamentos, pois Jesus já a obedeceu por nós’. Ora, seria a obediência de Cristo, por acaso, uma autorização para continuarmos pecando? Poderia ser que a ‘justiça de Cristo’, creditada a nós, fosse algo como uma licença para se ofender a Deus? ‘Uma vez salvo, sempre salvo?’ Longe de nós tais ideias.

13) O que significa: “Porque mediante a lei, morri para a lei  para [a fim de] viver para Deus ...” (Gl 2.19). ‘A fim de viver para Deus’ é sinônimo de ‘entrar no reino dos Céus’ e, para entrar, é mister passar pelo novo nascimento [Jo 3.112], ocasião em que, segundo Romanos 8.1-2: ‘... a lei do Espírito da vida te livrou da lei do pecado e da morte’, ou seja, as tendências ao bem suplantam as tendências ao mal. 

O que é equivalente a morrer para a lei das tendências ao mal. “Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo ...” (Rm 7.4). 

Temos, então, que a Lei de Deus, ao me condenar à segunda morte, induziu-me a crer ‘em Cristo’ para pagamento daquela pena. Ao crer nEle e ao aceitá-Lo, passei pelo novo nascimento, morrendo para as tendências ao mal. Assim: ‘... mediante a lei [dos dez mandamentos], morri para a lei’ [do pecado e da morte (Rm 8.1-2)]. 

Ou, se preferir: “De maneira que a lei tem sido nosso guia [aio  ] a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé” (Gl 3.24). “Porque o Cristo é o fim [objetivo, intuito] da Lei para justiça a todo o que crê” (Rm 10.4). A Lei de Deus nos conduziu a Jesus e, então, morremos para as tendências ao mal.

14) Por que a ‘lei era incapaz por causa da fraqueza da carne’? “Assim que, porquanto a lei [dos dez mandamentos] era incapaz por causa da fraqueza da carne, [porque, devido à sua pecaminosidade, o homem não podia guardar a lei moral apenas por suas próprias forças], Deus enviou o Seu Filho em semelhança da carne de pecado por causa do pecado [isto é: da lei do pecado], para que Ele condenasse o pecado [isto é: da lei do pecado] em Sua carne” (Rm 8.3). Amém?

Em Gálatas 4.4: “mas ao chegar o cumprimento do tempo, Deus enviou o Seu Filho nascido de mulher e que estava debaixo da lei, para redimir os que estavam debaixo da lei”. Jesus nasceu sob a lei do pecado e da morte, isto é, assumiu, sim, a natureza humana com tendências hereditárias ao mal. 

Romanos 8.4: “Para que a justiça da lei [isto é: para que a perfeita obediência à Lei dos Dez Mandamentos], tivesse cumprimento em nós, que não andamos conforme a [lei da] carne, mas conforme [a lei d...] o Espírito 

[isto é: Jesus condenou a lei do pecado e da morte, em Sua carne pecaminosa, criando, dessa maneira, a possibilidade de se implantar as tendências ao bem no ser humano que O aceitasse, facultando-lhe sentir prazer em obedecer perfeitamente à Lei, pela fé na Palavra de Deus, citada a cada tentação]”.

15) Quando foi crucificado o nosso velho homem, o nosso ego? Legal e objetivamente, ao morrermos na cruz ‘em Cristo’. E, subjetiva e experimentalmente, ao aceitarmos a salvação, provida por Ele, passando pelo batismo, o qual simboliza a nossa morte e a nossa ressurreição ‘nEle’. 

“Não sabeis que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? Portanto, fomos sepultados com Ele para morte pelo batismo, para que assim como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida... sabendo isto, que o nosso velho homem [nossa natureza humana tendente ao mal, nosso ego], foi crucificado com Ele, para que o corpo do pecado [a carne pecaminosa] pudesse ser destruído, para que não sirvamos mais ao pecado. 

Porque aquele que morreu está liberto [da lei] do pecado ... Assim também vós, considerai-vos mortos de fato para o pecado, mas vivos para Deus em Jesus Cristo nosso Senhor. Não reine, portanto, [a lei d...]o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em seus desejos” (Rm 6.3-12 - KJ). 

16) O que precisa acontecer, antes de vivermos com Cristo? “Fiel é a palavra, porque morremos com Ele, também com Ele viveremos” (2 Tm 2.11). 

Há muitos cristãos que anseiam viver ‘com Cristo’, sem primeiro morrer ‘com Ele’. Pretendem continuar vivendo a velha vida de pecado. Trata-se do que se intitula: ‘graça barata’. 

Como se o fato de se crer em Cristo e aceitá-Lo como Salvador fosse uma licença ou permissão ou uma autorização para continuar pecando. Mas, esse não é o ensinamento contido nas Escrituras (Cl 3.9). Como vimos nas páginas 102-103, há dois requisitos imprescindíveis, que precisam ser satisfeitos por nós, se é que vamos estar entre os bem-aventurados que herdarão a vida eterna: 

· termos o direito – o que Cristo fez por nós; aceitar a ‘veste nupcial’;

· sermos dignos – o que Cristo faz em nós; usar aquela veste. Não basta apenas ‘termos o direito’. Precisamos também ‘nos tornar dignos de Sua confiança’, o que tem a ver com a ‘obediência pela fé’ no poder da Palavra de Deus e com sentir prazer na comunhão com o Altíssimo. É também por essa razão que nos interessamos em levar o evangelho a todos: para que se familiarizem com o Senhor e Ele lhes seja agradável. 

Também é possível alguém iludir-se, crendo estar ‘justificado pela fé’ e ter ‘paz com Deus’ (Rm 5.1), enquanto continua a transgredir a Lei conscientemente. Mas, o que diz a Palavra? 

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” (1 Co 6.9-10 - CF).

Devemos, assim, nos precaver em relação a estes aspectos da doutrina de Jesus, sendo nosso Substituto, como:

· Se, em razão de Ele ter obedecido à Lei de Deus, nós não necessitássemos agora obedecer a ela ou estivéssemos em liberdade para transgredir impunemente os Seus mandamentos;

· Se, em virtude de Ele ter morrido ‘por nós’, nós não necessitássemos morrer para o pecado;

· Se o fato de Ele – ‘sendo nós’ – ter negado o Seu ego nos autorizasse agora a viver egoisticamente, sem negar o nosso próprio ego e, ainda assim, alcançar a felicidade. “O que diz que está nEle deve andar como Ele caminhou” (1 Jo 2.6).

Neste mundo pecaminoso, iniciamos com vida e terminamos com morte. No reino de Deus, acontece exatamente o oposto. Começamos com a morte – para a lei da maldade, para os apelos de nosso ‘ego’ – e terminamos com a vida imortal em Cristo (Rm 6.8-11). Morremos para o ‘eu’, para a carne, para as tendências ao mal a fim de vivermos para agradar a Cristo. 

É precisamente isso o que significa a conversão. Quando Cristo nos chama para segui-Lo, nos chama para morrer para o ego. Um cristão nasce espiritualmente crucificado com Cristo. E todo aquele que não vive crucificado, ‘não pode ser Meu discípulo’ (Lc 14.33).

17) Para qual verdade Paulo chama a atenção, relativamente àqueles que creem em Cristo? “Porque vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3.3). 

Quando cremos em Jesus, como nosso Salvador pessoal, as nossas tendências hereditárias ao mal, características de nossa natureza humana, não deixarão de existir; dizemos que elas morrem – ou que nós morremos para elas – no sentido de que termina seu domínio sobre nós, assim como acontece quando um governo é deposto.  Entretanto, estarão em constante luta para retornar à posição perdida; e, se não tivermos êxito em vigiar, atenta e permanentemente, elas, de fato, a reassumirão. 

“Bendito o que vigia e guarda suas vestes para não andar nu e que não vejam sua nudez” (Ap 16.15) que se revela no egoísmo, na predominância de suas tendências ao mal. 

18) Quando Paulo morreu para a lei? “Porque mediante a lei [de Deus], morri para a lei [do pecado e da morte], para viver para Deus. Porque com Cristo fui crucificado, e não sou mais eu quem vivo, mas o Cristo vive em Mim. E o que agora vivo no corpo, eu vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e entregou a Si mesmo por mim” (Gl 2.19-20). 

  Paulo, tendo aceitado a Jesus como seu Salvador pessoal, morreu para a lei do pecado e da morte ‘em Cristo’, ao ter passado pelo ‘novo nascimento’.

19) A cruz de Cristo nos liberta da culpa, da penalidade da segunda morte e de vivermos sob o domínio da lei do pecado, da sujeição ao nosso ego. Que tipo de vida viverá, então, o crente? 

 “Mas agora, tendo sido libertados do pecado, e tendo-vos tornado servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna” (Rm 6.22 - KJ). Quando cremos ‘em Cristo’ e O aceitamos como nosso Salvador, recebemos a salvação tanto da culpa e da penalidade do pecado, bem como do poder e da escravidão da lei do pecado e passamos a viver vitoriosamente sobre o nosso ego, pela fé no poder da Palavra de Deus.

20) Quantas vezes deve o cristão tomar a cruz e seguir a Cristo? “O que deseja vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-Me” (Lc 9.23). 

 Muitos cristãos se equivocam ao separar da cruz de Cristo, a própria cruz pessoal – que devem levar. Esse equívoco conduz a outro erro: equiparar a cruz – referida por Cristo – com as dificuldades que enfrentam na vida. 

Nas Escrituras, há apenas uma cruz que salva: a de Cristo, que deve tornar-se a nossa cruz. Simboliza a negação do eu, a saber: dizer não às tendências ao mal de nossa natureza humana, hereditárias ou cultivadas. Tê-las como odiosas. Não tem nada a ver com as dificuldades da vida, que são necessárias, válidas e úteis para o desenvolvimento do caráter cristão. 

A respeito das dificuldades, a serem enfrentadas na vida, eis esta admoestação: “Amados, não estranheis a ardente prova que vem a vós para vos testar, como se coisa estranha vos acontecesse. 

Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes dos sofrimentos de Cristo ... Se sois censurados pelo nome de Cristo, felizes sois, porque o Espírito de glória e de Deus repousa sobre vós; por eles, Ele é blasfemado, mas por vós, Ele é glorificado. 

Mas que nenhum de vós padeça como homicida, ou como ladrão, ou como malfeitor, ou como intrometido em assuntos de outros homens. Porém, se algum homem padece como cristão, que não se envergonhe, antes glorifique a Deus nisto” (1 Pe 4.12-16).

21) Como Jesus explicou esse princípio da cruz? “Se o Grão de trigo, caindo na terra, não morrer, permanece só; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.24-25 - KJ). 

‘Amar a vida’ significa viver para satisfazer o eu; ‘odiar a sua vida’ significa negar o eu, detestá-lo. Alimentar o ego, isto é, continuar satisfazendo as inclinações ou tendências ao mal de nossa natureza humana, é a fonte de toda a infelicidade. Negar o ego é sinônimo de guardar a Lei, e é esse o verdadeiro e real caminho para a felicidade, pois ‘aquele que guarda a lei, esse é feliz’ (Pv 29.18 - KJ).

22) Qual é outra maneira em que Paulo expressou a mesma verdade? “... Um morreu por todos, e, por conseguinte, todos morreram. Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam para si mesmos, mas para Aquele que morreu e ressuscitou por eles” (2 Co 5.14-15). 

Se Ele não tivesse morrido sendo nós e por nós, todos estaríamos agora mortos. Então agora, em vez de servir o ego, servimos a Cristo ‘até à morte’.

Eis aqui o relato da experiência de um cristão: “Houve um dia em que eu morri; morri para George Muller, suas opiniões, suas preferências, gostos e vontades, para a censura ou aprovação de parentes, irmãos na fé e amigos – e desde esse dia, estudo somente para apresentar-me aprovado diante de Deus”.  

 “Mas se Cristo está em vós, o corpo está morto por causa do pecado” (Rm 8.10). Estando morto para seu ego, já não importa ao cristão o que ele faz, mas o que Deus faz através dele: “... não eu, mas a graça dEle que tem estado comigo” (1 Co 15.10). “... Cristo vive em mim ...” (Gl 2.20).

23) Como nos sentimos após verdadeiramente morrer ‘em Cristo’? “Eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós; tirarei de vossa carne o coração de pedra e vos porei um coração de carne. ... Porei o Meu Espírito dentro de vós e farei que andem segundo Meus mandamentos; guardareis Minhas ordenanças e as cumprireis. 

... Eu vos livrarei de toda a vossa imundícia ... Então vos recordareis ali dos vossos maus caminhos e vossas insensatas obras e franzireis vossa face por causa das vossas iniquidades e por causa de vossas aberrações” (Ez 36.26-31). 

O cristão detestará seu ego e seus pensamentos, desejos e tendências ao mal. Ele ‘chora’ (Mt. 5.4), isto é, lamenta o fato de eles ainda existirem nele e de ele não poder extirpá-los de sua natureza. Apenas no retorno de Cristo, o Senhor nos enxugará dos olhos toda lágrima, vertida também pela presença das tendências ao mal em nós. (Ap 21.4).

24) Que luta manteve o apóstolo Paulo contra seu ego? “... cada dia morro” (1 Co 15.31). 

Paulo enfrentou suas inclinações ao mal, seus maus desejos, diariamente, e até o final de sua vida, a fim de permanecer ‘morto para seu ego’. Ele manteve, com seu ego, uma luta constante e interminável.

25) O que significa ‘cair sobre a Rocha e despedaçar-se’? “A Pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por Cabeça do ângulo ... E, quem cair sobre esta Pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem Ela cair ficará reduzido a pó” (Mt 21.42-44 - CF).

Significa aceitar a Cristo como Salvador, recebendo dEle o perdão e desistir da tentativa de nos salvar, de tentar obedecer apenas por nossos próprios esforços, compreendendo que apenas o Espírito Santo pode criar em nós motivos altruístas e tão somente a Palavra [Verbo, Jesus, Semente] é quem cria em nós obediência perfeita à Lei de Deus, visto que a natureza humana, sendo uma ‘má árvore’, não pode produzir ‘bons frutos’.  

Significa também desistir da ‘justiça própria’, das ‘obras da lei’, do ‘legalismo’, de vestir-se com ‘trapos de imundícia’ – que são todos sinônimos – e aceitar a ‘justiça de Cristo’ pela fé, que é viver Gálatas 2.20! 

A ‘Pedra angular’ vai reduzir a pó os que não se despedaçarem por cair sobre Cristo, isto é, os que não Lhe permitirem viver neles. Eis uma figura de linguagem relativa aos horrores de se passar pela segunda morte.

26) O que significa ‘construir sua casa sobre a Rocha ou sobre a areia’? “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem sábio, que construiu a sua casa sobre a Rocha. E desceu a chuva, vieram as inundações, e sopraram os ventos e golpearam contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a Rocha. E aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. 

E desceu a chuva, vieram as inundações, e sopraram os ventos e golpearam contra aquela casa, e ela caiu, e grande foi a sua queda” (Mt 7.24-27 - KJ). O significado dessa figura de linguagem é muito semelhante ao da pergunta anterior e se refere ao mesmo tema! Construir a casa sobre a Rocha significa construir o caráter sobre Cristo, pela fé no poder criador e transformador da Palavra de Deus; o que é equivalente a permitir que Jesus venha viver Sua vida perfeita em nós. Essa ‘casa’ [caráter] suporta a fúria das tentações, vencendo-as pela fé e é aprovada pelo Senhor.

E construir a casa sobre a areia significa tentar construir um caráter cristão pelas próprias forças, por forçar a natureza humana, nosso ego, a agir corretamente, isto é, pretender vencer as tentações sem as enfrentar com fé no poder da Palavra. Essa ‘casa’ não suporta as tentações e fracassa, levando o homem à segunda morte, a pior de todas as ruínas. 

27) Dizem-nos: Se não houvéramos nascido pecadores, então não teríamos necessidade de um Salvador até um primeiro pensamento ou ato pecaminoso? O conceito bíblico é que nascemos com tendências hereditárias ao mal, e que elas ainda não são uma ofensa a Deus, não são pecado. 

Pecado é escolha, e não natureza. Assim não somos pecadores por termos nascido na família humana e, sim, tornamo-nos pecadores apenas quando, ainda que, inconscientemente, anuímos, cedemos às más propensões hereditárias ao mal. É óbvio que, enquanto não há consciência do que é certo e errado, não existe culpa. 

Assim, pode haver pecado sem culpa. É o caso das crianças antes da consciência formada ou de pessoas adultas, que não tinham ainda informação de que um determinado ato fosse ofensivo a Deus, fosse pecado. Tornamo-nos culpados somente se o pecado for cometido conscientemente. Antes, não! Isto posto, analisemos a questão proposta:

Primeiro: Jesus foi o único que não pecou. Dos homens, está escrito em Romanos 3.23: “Porquanto todos pecaram, e se encontram privados da glória de Deus”. E, em Salmo 58.3 (CF): “Alienam-se [desviam-se] os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras”. 

Logo estamos diante de uma hipótese irreal, impossível de existir. Trata-se de um absurdo, pois é, de fato, impossível que tenha existido ou que exista ou que venha a existir tal homem que não pecasse antes da conversão. 

Depois da conversão, sim, pode o cristão chegar a não mais pecar, conforme a Bíblia nos apresenta ser o estado dos 144.000, que serão transladados, por ocasião da volta de Jesus. Porém, tal hipótese – de que poderia existir um período, antes da conversão, em que o homem não pecasse – é um absurdo. .

 Segundo: Em 1 Coríntios 15.22 (KJ) lemos que ‘em Adão todos morrem’. De que morte está Paulo falando aqui? Leia João 5.24 e 1 João 3.14. O que significa ‘passar da morte para a vida’? Jesus afirmou: “... se alguém não nasce da água e do Espírito, não poderá entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). 

Sabe-se que, ao se converter, o homem passa da morte espiritual à vida espiritual, isto é, passa de ser governado pelas tendências ao mal para ser regido pelas tendências ao bem. Sem isso, Jesus afirmou que o homem natural não pode entrar no reino dos céus, não pode sentir prazer nas coisas espirituais. 

Se um inconverso, dominado pela lei do egoísmo, fosse levado à eternidade, preferiria a morte antes de viver num ambiente de puro altruísmo. É evidente, então, que, para estar no Céu, necessita-se bem mais do que não ter cometido pecado. Conclui-se que há um segundo absurdo na hipótese formulada.  .

Terceiro: O que dá ao homem o direito a ele ir ao Céu? Seria o fato de ele nunca ter pecado? Absolutamente, não! O que nos dá o direito a ir ao céu é o que Cristo fez por nós, Sua obediência perfeita que nos é creditada, porque Ele, sendo nós, venceu. Quando Ele venceu, nós vencemos ‘nEle’. A pergunta formulada está admitindo a hipótese de estar no céu, alguém que sequer tivesse o direito de entrar lá, visto que esse direito nos é conferido única e exclusivamente pelo Salvador. Outro absurdo, portanto.

Quarto: Vimos que, segundo Jesus em João 3.5, um homem poderá apreciar o céu apenas se nascer de novo. E como se nasce de novo, como alguém pode passar ‘da morte para a vida’? Na pergunta 10 temos visto que o novo nascimento é possível tão-somente se o ‘velho homem’ morrer. E a única maneira disso acontecer é se ‘morrer em Cristo’, ocasião em que o 

Espírito Santo automaticamente gera e implanta as tendências ao bem no pecador. O pecador torna-se, então, uma ‘nova criatura’; fato que acontece apenas ao se aceitar a Jesus, como Salvador, o que torna patente o quarto absurdo, embutido na pergunta formulada. 

Diga-se, de passagem, que há supostos ‘estudiosos’ da Bíblia, tidos por grandes eruditos, que, contrariando claras doutrinas bíblicas, criam hipóteses absurdas a fim de provar seus equívocos. Foi por coisa semelhante que Lutero afirmou que ‘a Bíblia tem nariz de cera’, pois há falaciosos que tem a tendência de torcêla de maneira a fazê-la concordar com suas ideias, ainda que heréticas.

28) Jesus também passou pelo ‘novo nascimento’?

Sim, passou! Entretanto, o Seu foi ao reverso do nosso. Em nossa experiência uniu-se a nossa natureza pecaminosa com a natureza divina ‘em Cristo’, a qual não tínhamos. Na Sua experiência, uniu-se Sua natureza divina com a natureza humana pecaminosa, que Ele não possuía, e, assim, Se tornou nosso Irmão, o Primogênito de nossa família.

29) Em que ocasião damos o primeiro passo rumo à felicidade?

O passo inicial, rumo à felicidade, é dado no instante em que aceitamos a Jesus como nosso Salvador pessoal, e passarmos pelo ‘novo nascimento’, pelo ‘batismo do Espírito Santo’, o qual deve ser renovado diariamente. 

Se permanecermos ‘em Cristo’, aceitando-O também como o Senhor de nossa vida, o Espírito nos suprirá de amor constantemente e deixaremos de buscar a nossa própria felicidade para nos dedicar à do próximo, a lhe fazer o bem incondicionalmente. Se, pela graça de Deus, o  “‘eu’ se transformar em ‘tu’, todos seremos ‘nós’”  . Se estivermos mortos  para o eu, estaremos vivos para Cristo e para o nosso querido Pai Celestial.

30) Qual é, realmente, o principal motivo que está nos impulsionando a irmos ao Céu, nos motivando a estarmos lá na Pátria Celestial? 

É por aquilo que Ele lá nos preparou, conforme descrito em 1 Coríntios 2.9 ou é por amor ao Pai? Relembrando-nos de Lucas 15.29: a obediência, prestada pelo filho mais velho, estava centrada na busca de interesse próprio, no egoísmo. Ele reclamou que nem sequer um cabrito recebera do Pai. 

Há algo semelhante em nós? Ora, se estivermos lá, seremos uma eterna fonte de alegria à Divindade, conforme se lê em Isaías 53.11 (RA): “Ele verá o fruto [nós] do penoso trabalho de Sua alma e ficará satisfeito”. É essa a nossa principal razão? Estejamos sempre em alerta contra os motivos interesseiros. 

Ore conosco: “Querido Pai Celestial, muito obrigado porque mediante a Lei moral, morri para ‘a lei do pecado e da morte’, ‘em Cristo’ a fim de viver para Deus, para Lhe ser uma contínua fonte de alegria. Em nome de Jesus. Amém”.


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