12 - O amor de Cristo em nós

Evangelho aos romanos

Capitulo 12 - O amor de Cristo em nós 

Rm 12:1-8: "ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria."  

A partir deste momento, até o final da epístola, Paulo vai apresentar uma série de aplicações práticas a teologia apresentada desde o capítulo um até o onze. Os últimos cinco capítulos desta carta não apresentam complexidade, porém, é possível compreendê-las muito melhor ao lê-las em relação com aquilo que imediatamente as precede; os cinco versículos anteriores. Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. (Rm 12:1). 

Os últimos versículos do capítulo precedente estabelecem o poder e a sabedoria insondáveis e infinitos de Deus. Ninguém Lhe pode acrescentar nada. Ninguém pode pretender que Deus tenha a mínima obrigação para com ele.  

Ninguém Lhe pode dar nada na expectativa de receber algo em troca. Porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas. Pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais. Pois nEle vivemos, e nos movemos, e existimos. (At 17:25,28). 

O resultado natural de haver conhecido o poder e a sabedoria de Deus, é nos submetermos intensamente a Ele. Quem não o faz está virtualmente negando Sua existência. É interessante notar que o termo grego traduzido por “rogar”, compartilha sua etimologia com “consolar”, com referência à ação do Espírito Santo. Trata-se da mesma palavra empregada em Mateus 5: 4: Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 

Podemos também encontrá-la em 1 Tessalonicenses 4: 18: Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras. Ela aparece várias vezes nos seguintes versículos: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É Ele que nos consola em todas as nossas tribulações, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. (2 Co 1:3-5). 

Existe ânimo e consolação em saber que Deus é Todopoderoso. Portanto, há consolo em todas as Suas exortações e mandamentos, visto que Ele não espera que ajamos em nossa própria força, mas na Sua.  

Cada mandado divino nada mais é que uma declaração do que Ele fará em e por nós, se nos submetermos ao Seu poder. Em cada reprovação há uma exposição de nossa necessidade, para que Ele a possa prover abundantemente. O Espírito convence do pecado, porém, sem nunca deixar de ser o Consolador. Quando Ele nos convence dos nossos pecados, em seguida nos encaminha para a justiça que provém de Deus, e nos coloca diante do trono da graça. A justificação pela fé não significa apenas o perdão dos pecados, mas também uma nova vida. Inclui santificação e justificação, transformação e reconciliação.  

O propósito de Deus é restaurar completamente os pecadores para torná-los aptos a viver na sua presença. Somente estes poderão estar em pé diante do trono de Deus nos últimos dias. Os outros vão dizer aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir? (Ap 6:16-17).  

A resposta está nos versículos seguintes: depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, Dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus. (Ap 7:1-3).  

O capítulo catorze nos diz o que é este selo: e olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. (Ap 14:1). Nome na Bíblia se refere ao caráter. O que nós observamos por estas passagens, é que, Deus está selando os seus servos, colocando neles o seu caráter. “Deus é amor.” Portanto Seu poder é amor, de maneira que quando o apóstolo se refere ao poder e sabedoria de Deus, como os argumentos por causa dos quais deveríamos submeter-nos a Ele, está-nos exortando pelas misericórdias de Deus. 

Nunca se esqueça de que toda manifestação do poder de Deus é uma mostra de Seu amor, e que o amor é o poder mediante o qual Ele opera. Em Jesus Cristo é revelado o amor de Deus (1 Jo 4:10); Ele é poder de Deus e sabedoria de Deus. (1 Co 1:24). Lembremo-nos que, quando Deus fez aliança com o povo de Israel no Sinai; Deus ordenou a Moisés, espargir o sangue dos bezerros sobre o povo dizendo: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras. (Êx 24:5-8).  

Notem que é uma sequência. Primeiro é feito um sacrifício, em seguida Moisés apresenta a lei de Deus ao povo, e depois ele salpica o sangue sobre o povo. O que Moisés estava dizendo com este ritual é que para cumprir a lei é preciso ter o sangue da vítima inocente sobre nós. (Dt 12:23). Ou seja, avida da vítima sobre nós. (Lv 17:14).  

Assim, só é possível cumprir a lei se a vida de Cristo estiver sobre nós. Jesus, se referindo ao seu sacrifício na cruz do calvário disse: isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança. (Mt 26:28). Que nova aliança era esta? A aliança que foi revelada a Daniel, que seria firmada no final das setenta semanas, ou seja, na última semana. (Dn 9:27).

Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu haver casado com eles, diz o SENHOR. (Jr 31:31-32).  

Em quê, esta nova aliança seria diferente? Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (Jr 31:33). 

As mesmas leis que foram dadas ao povo de Israel no Sinai; estão sendo agora escritas por Cristo em nossos corações; para não nos conformarmos com este mundo, mas que sejamos transformados pela renovação da nossa mente, para que experimentemos qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2). Porque os que nutrem uma mente carnal inclinam-se para as coisas da carne; mas os que nutrem uma mente espiritual para as coisas do Espírito. (Rm 8:5).  

A palavra Grega traduzida aqui como transformados, é a mesma que aparece em Mateus 17: 2, quando Jesus se transfigurou diante dos seus discípulos; a glória de Deus desceu sobre Ele e o seu rosto brilhava como o sol. Assim também nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. (2Co 3:18). A santificação inclui uma separação externa de todos os costumes profanos do mundo e uma transformação interior.  

Este processo é descrito como um novo nascimento em João 3: 3. Portanto não se desesperem, um bebê vai se desenvolvendo naturalmente até chegar a ser varão perfeito em Cristo Jesus. Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. (Rm 12:3). A exortação feita a todo homem é que ele não tenha de si mesmo um conceito superior ao que deveria. Quão elevado deveria ser o conceito que temos de nós mesmos? Infunde-lhes, Senhor, o medo; saibam as nações que não passam de mortais. (Sal. 9:20).  

A humildade é o efeito imediato da entrega a Deus e da subsequente renovação da mente. O crente consagrado reconhece a sua dependência da graça de Deus para cada dom espiritual que pode desfrutar, e isto não deixa espaço para uma autoestima indevida. 

O cristão se avalia com discriminação sensata e bom senso. Este é o verdadeiro padrão pelo qual os seres humanos devem se avaliar. A pessoa cuja mente não foi renovada e que é carnal, é estimada pelos padrões do mundo: pela riqueza, posição ou conhecimento. Ele está sempre se esforçando para dar a impressão de que é maior do que realmente é. 

Mas quando a fé intervém e a mente é renovada, o crente recebe o poder de discernir as verdadeiras limitações das suas capacidades. A fé lhe proporciona um novo padrão de medida para determinar com precisão a natureza e a extensão de suas habilidades e, portanto, ele não excede o que pensa de si mesmo. Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé. (Ha 2:4).  

Entenda que quanto maior for a sua fé, maior será a sua influência e poder espiritual. Mas isso não o deixará orgulhoso, pois quanto maior for a sua medida de fé, mais penetrante será a compreensão da sua completa dependência de Deus. A fé é algo tão fácil e natural como respirar. É a herança comum de cada homem e na qual todos se acham em igualdade. Crer é tão natural para o filho de um infiel, como o é para o filho de um santo. 

É tão somente erguendo uma barreira de orgulho perante si (Sal. 73:6) que alguém pode achar difícil crer. E mesmo em tal caso, ele crerá, visto que se não crê em Deus, crê em Satanás. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. (Rm 12:4-5). 

Há um só corpo (Ef 4:4), que é a igreja. Cristo é a cabeça (Ef 1:22,23) Porque somos membros do seu corpo. (Ef 5:30). No corpo há muitos membros, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. Do mesmo jeito que acontece ao corpo humano, há no corpo de Cristo muitos membros e nem todos têm a mesma função, porém, estão a tal ponto integrados e unidos uns aos outros; são tão mutuamente dependentes, que nenhum deles pode vangloriar-se sobre os demais.  

Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. (1 Co 12:21). Assim acontece na igreja de Cristo. Não há divisões nem orgulho; nenhum membro procura ocupar o lugar e nem fazer o trabalho de outro. Nenhum membro acha que é independente dos demais, e todos têm uma solicitude similar uns pelos outros. Os membros não têm a mesma função e nem todos têm os mesmos dons.  

Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. Mas o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como Lhe apraz, a cada um, individualmente. (1 Co 12:4-11).  

Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé. Embora haja diversidade de dons, um só poder sustenta todos eles. Um só e o mesmo Espírito que opera todas estas coisas. (1 Co 12:11) Assim, profetizar ou exercer qualquer outro dom conforme a proporção da fé, consistem em ministrá-los na força que Deus supre. (1 Pe 4:11). 

Cada um ponha a serviço dos demais o dom que recebeu, dispensando fielmente as diferentes graças de Deus. Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. (Rm 12:78). Isso só é possível quando estamos dispostos a agir com humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. (Fl 2:3). 

Essa ação, por seu turno, torna-se possível somente quando alguém está consciente de sua própria indignidade. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. (Fp 2:5-8). Este é o padrão de fé que a graça nos proporciona.  

Rm 12:9-13: "O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;"  

O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. (Rm 12:9). O amor é o dom máximo. É o combustível que alimenta o corpo espiritual. Quando Paulo descreve os frutos do Espírito em Gálatas 5: 22, o primeiro da lista é o amor, sem o qual os outros não se desenvolvem perfeitamente. 

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. (1Co 13:13). O amor não é um sentimento; o amor é uma pessoa, Deus é amor. A vida de Cristo é uma revelação do amor de Deus. Só podemos desfrutar do verdadeiro amor, o amor de Deus, se a vida de Cristo estiver em nós. Se Cristo viver em nós. (Gl 2:20).  

Quando nos esforçamos para amar com nossas próprias forças; surge uma demonstração de amor; um amor fingido, de um coração não regenerado. As palavras da sua boca são mais macias do que a manteiga, mas há guerra no seu coração: as suas palavras são mais brandas do que o azeite; contudo, são espadas desembainhadas. (Sl 55:21). O verdadeiro amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. (1Co 13:6).  

O amor sincero não pode esconder o mal de outra pessoa, não importa o quanto você ame essa pessoa. Seu objetivo sempre será lutar contra o que é ruim e apoiar o que é bom. O amor de Eli pelos seus filhos rebeldes provou não ser genuíno. Se o seu amor fosse verdadeiro, ele teria corrigido as más tendências dos seus filhos. 

Mas as Escrituras registram os resultados desastrosos da indulgência cega tomando o lugar do amor verdadeiro. Portanto amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. (Rm 12:10). 

A manifestação de Cristo em carne, tornando-se participante da família humana foi a maior demonstração do amor de Deus; para que através do sacrifício de Cristo, pudéssemos crer em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a nossa fé e esperança estivessem em Deus; Purificando as nossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; e assim, pudéssemos amar ardentemente uns aos outros com um coração puro. (1Pe 1:20-22).  

Assim, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. 

Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. (Fp 2:1-3). Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor. (Rm 12:11). E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens. (Cl 3:23). Este zelo constante é o resultado do genuíno amor cristão, pois é o amor de Cristo que constrange ou governa os seus seguidores (2 Co 5:13-14).  

Não há lugar para os preguiçosos no reino de Deus, pois a sua falta de zelo é sinal do seu egoísmo e falta de amor. Eles não foram suficientemente tocados pelo amor e sacrifício de Cristo e, portanto, não estão dispostos a unir-se ao seu Mestre com toda a sua energia no trabalho urgente de resgatar os pecadores das águas tempestuosas do pecado. 

O cristão zeloso sempre manterá seu interesse pela causa de Deus no ponto de ebulição. Seu fervor lhe dará poder diante dos homens (At 18:25) e lhe trará poder de Deus. O apóstolo João foi um pregador poderoso, fervoroso e profundamente atencioso, e o fervor que caracterizou seus ensinamentos deu-lhe acesso a todas as classes sociais. É o Espírito Santo que coloca em nós a vida de Cristo, nos habitando a trabalhar com o mesmo zelo que Ele trabalhou para o Pai.  

Assim, alegrai-vos nesta esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração. (Rm 12:12). Esta esperança permite ao cristão olhar além das trevas e da tribulação do momento presente para coisas que são invisíveis, mas eternas. (2 Co 4:17-18). O fato de que a esperança, como muitas das virtudes cristãs, brota da virtude básica do amor, é afirmado em 1Co 13,7: o amor tudo espera. O zelo descrito no versículo anterior sempre encontra oposição e dificuldades.  

Mas o cristão, com a esperança da glória de Deus nos seus pensamentos, não murmura contra Deus nem sente inimizade contra os seus perseguidores. Ele permanece calmamente em seu posto de dever, apesar das provações que isso acarreta. 

Esta perseverança paciente foi perfeitamente exemplificada por Cristo, que, embora sujeito às circunstâncias mais difíceis, suportou mais do que qualquer um dos seus seguidores alguma vez terá de suportar. O apóstolo Paulo sabia por experiência própria que os sofrimentos por causa de Cristo seriam intensos (2Co 1:4).  

A relação entre o amor e o saber suportar também é indicada em 1Co 13,7: o amor tudo suporta. Colocar constantemente a mente nas coisas de cima (Cl 3:2) e estimar o valor de cada ato e impulso contemplando a glória de Deus e Sua vontade, são o remédio seguro para a impaciência durante a ofensa e a oposição. 

Além disso, Deus dá o seu Espírito àqueles que desejam fervorosa e continuamente a presença divina (Jo 16:23-24); e o mesmo Espírito que produz amor (Rm 12,9) e alegria (Rm 12:12), também proporciona paciência e autocontrole. (Gl 5: 22-23). Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade. (Rm 12:13).  

E não vos esqueçais da beneficência e das doações, porque com tais sacrifícios Deus se agrada. (Hb 13:16). Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindonos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos.  

E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus; o que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós. Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça. (2Co 8:1-7).  

Rm 12:14-21: "Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram; Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos; A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem."  

Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. (Rm 12:14). Em certas ocasiões os homens perseguem de acordo com a lei; outras vezes, sem nenhum apoio legal. Seja como for desenfreada a violência das massas, não devemos proferir palavreado áspero algum contra os que assim procedem. Pelo contrário, devemos falar o bem. 

É impossível fazê-lo sem o Espírito de Cristo, que orou por aqueles que O entregaram e crucificaram; que também não Se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele, o diabo. (Jd 9). Mostrar desdém pelos que nos perseguem não está de acordo com a instrução divina. 

Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram. (Rm 12:15).  

Não é fácil ao homem natural alegar-se com os que estão alegres, nem chorar com os aflitos. Somente a graça de Deus lhe pode conferir essa simpatia. Quem sabe não seja particularmente difícil lamentar-se com os aflitos, porém, costuma ser menos fácil jubilar-se com os que estão alegres. Quando meu filho fraturou gravemente o fêmur, eu e minha esposa, passamos momentos difíceis no hospital. Estávamos aguardando a cirurgia, que era adiada dia após dia. A angústia e o desespero eram enormes.  

Um dia chegou uma mulher com seu filho, na mesma situação que o meu; e em menos de três dias ela conseguiu a cirurgia para o seu filho. Esta mulher estava radiante de alegria, e me contava em detalhes como ela recebeu esta grande benção. Confesso que eu não consegui me alegrar com ela. Somente a graça de Deus nos capacita alegrar-se com os que se alegram, independentemente das tribulações que estamos passando.  

Hoje eu aprendi confiar em Deus, porque vi que o que Deus tinha para o meu filho era algo melhor e mais eficaz que uma cirurgia. Por falta de equipamentos e materiais cirúrgicos, não foi possível fazer a cirurgia no meu filho. Como último recurso, os médicos arriscaram colocar o gesso, prática esta, que eles já haviam descartado devido à gravidade das fraturas. Hoje quando olho para o meu filho perfeitamente saudável, sem nem uma sequela, sem platinas; eu vejo o grande amor de Deus para conosco.  

Não devemos nunca desconfiar de Deus e deixar de testemunhar da graça de Deus, nos alegrando com aqueles que se alegram. Porque a alegria que Deus estava reservado para mim era muito maior do que a daquela mulher. Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos. (Rm 12:16). Porque pela incredulidade, os judeus foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. (Rm 11:20). O amor não se vangloria, não se ensoberbece (1Co 13:4).  

Não pode existir concórdia amorosa onde há arrogância, onde há ambições pessoais, fatuidade ou desprezo pelos outros. Se o Filho de Deus estava disposto a descer tão baixo por amor às suas criaturas corruptas, não há dúvida de que os cristãos agradecidos também devem estar dispostos a associar-se com qualquer um dos seus vizinhos mortais. Sentir-se orgulhoso das próprias opiniões é uma ofensa ao amor cristão, pois implica desprezar as opiniões dos outros e, finalmente, até os conselhos de Deus. É por isso que o profeta adverte: ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e dos que são prudentes aos seus próprios olhos! (Is 5:21).  

O cristão cuja mente foi renovada não confiará na presunção da sua própria capacidade e compreensões superiores, nem se recusará a ouvir os conselhos dos outros; Pelo contrário, com amor e humildade respeitará o julgamento dos seus irmãos na fé e estará disposto a ouvir e aprender. Você estará pronto para reconhecer e admitir suas próprias limitações e erros e aprender com os outros. 

A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. (Rm 12:17). O amor não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. (1Co 13:5). Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção. (1Pe 3:9).  

O cristão deve demonstrar grande clarividência para superar obstáculos, para que a sua conduta, evidentemente clara e justa, não só seja irrepreensível diante de Deus, mas também correta diante dos homens. Os seguidores de uma causa impopular que desejam persuadir os outros da verdade e da excelência da sua mensagem devem garantir que o seu comportamento esteja sempre livre de censura. 

Nunca devem suscitar dúvidas sobre as suas ações. O cristão que deseja que a sua luz brilhe diante dos homens para que possam ver as suas boas obras e glorificar o seu Pai que está nos céus (Mt 5:16), nunca se envolverá em atividades ou empreendimentos de caráter duvidoso.  

Paulo nunca teve medo de enfrentar oposição quando o dever e a consciência assim o exigiam. No entanto, aqui ele aconselha e exorta os cristãos a serem cautelosos e solidários para não ofenderem desnecessariamente e despertarem a hostilidade dos outros. Este é o comportamento que indica não apenas amor, mas também bom senso equilibrado. 

É impossível persuadir as pessoas e ao mesmo tempo entrar em conflito com elas. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. (Rm 12:18). Devemos viver em paz com todos os homens até onde isso seja possível. Porém, qual é o limite da possibilidade? Alguns responderiam que até o ponto em que a tolerância deixa de ser uma virtude. Depois disso, dispõem-se a pagar na mesma moeda aos que lhes causaram dor.  

Muitos pensam que esse texto nos exorta a resistir tanto quanto pudermos, e a não tomar parte no problema até que a provocação seja insuportável. Contudo, o texto diz: se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Jamais devemos dar lugar a conflitos, tanto quanto dependa de nós. Nem sempre podemos evitar que os demais promovam batalhas, porém, podemos continuar mostrando nossa paz. 

Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em Ti. (Is 26:3). Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. (Rm 5:1). Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração. (Cl 3:15). Aquele que possui permanentemente essa paz de Deus jamais se achará em conflito com os demais. Meus irmãos, nunca se vinguem de ninguém; deixem que seja Deus que faça justiça.  

Em Deuteronômio 32:35, diz: a mim me pertence a vingança, e a retribuição, a seu tempo, diz o Senhor. (Rm 12:19). Somente um Deus perfeito, que sabe tudo e ama a todos, pode julgar os ímpios com justiça e puni-los com justiça. Tanto a linguagem como o pensamento desta ordem são ilustrados por Efésios 4:27, onde Paulo explica que ao nos vingarmos damos lugar ao diabo. 

Aqueles que abrigam pensamentos de vingança estão dando a Satanás a oportunidade de inspirar raiva, ódio e amargura, quando deveriam promover o crescimento dos frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência (Gl 5:22). Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. (Rm 12:20). A bondade é a melhor vingança de um cristão contra seu inimigo. Amontoar brasas sobre a cabeça de um adversário deve significar realizar atos de amor e não de maldade.  

A passagem de Provérbios 25: 22 termina com estas palavras que Paulo não cita: e o Senhor te retribuirá, ou seja, as boas obras feitas em favor do seu inimigo. Assim também neste contexto o significado geral é resumido nas palavras: não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem. (Rm 12:21). 

Aquele que permite que seu temperamento seja agitado e que seus princípios cristãos de amor e autocontrole sejam postos de lado, sofre uma derrota. Mas quem domina o desejo de vingança e transforma um mal que recebeu numa oportunidade de demonstrar bondade, obtém uma vitória sobre si mesmo e sobre os poderes do mal. 

Isto não só é muito mais nobre em si mesmo, mas será muito mais eficaz, pois desta forma um inimigo pode ser desarmado (Pv 15:1) e uma alma ganha. De acordo com este princípio, Deus não derramou sobre os pecadores a retribuição que eles mereciam há muito tempo, mas antes os derramou com amor e misericórdia. E a bondade, paciência e longanimidade de Deus é o que leva os homens ao arrependimento (Rm 2:4).  

O cristão que está sendo transformado à imagem de Deus (Rm 12:2) mostrará pela maneira como trata seus inimigos que seu caráter está se tornando cada vez mais parecido com o caráter de Deus, que é amor. (1Jo 4:8).


👉 Acesse aqui o Índice Completo do livro 'Evangelho aos Romanos' do Irmão Nilton Santos

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem