A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 1º de março de 1893, p. 437-441.
Iniciaremos nesta noite com o primeiro verso de Apocalipse 14:
“Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com Ele cento e quarenta e quatro mil, tendo na fronte escrito o Seu nome e o nome de Seu Pai.”
Esse mesmo número é mencionado no capítulo 7, verso 4, mas farei a leitura a partir do verso 1:
“Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da Terra, conservando seguros os quatro ventos da Terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à Terra e ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus. Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil.”
A razão por que lemos esses dois trechos das Escrituras é para contextualizar o conceito de que o selo de Deus e o nome de Deus estão inseparavelmente associados.
Os 144 mil tinham o nome de Seu Pai na fronte, e eles foram selados com o selo do Deus vivo na fronte. Então, se descobrirmos o que significa o nome de Deus, ficaremos sabendo o que significa o selo de Deus; pois aquilo que nos há de trazer o Seu nome, e que colocará Seu nome em nossa mente, que colocará Seu nome sobre nós e em nós, será o selo de Deus.
Vamos ler agora Êxodo 3:13, 14. O trecho se refere ao momento em que o Senhor apareceu a Moisés na sarça ardente. Ele o enviou para livrar o povo de Deus do Egito:
“Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o Seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.”
Até então isso era tudo o que o Senhor dissera a Moisés, conforme lemos no verso 6: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”.
Moisés pergunta então:
“Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o Seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel:
EU SOU me enviou a vós outros. Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o Meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração” (v. 13-15).
Mas qual é o Seu nome? “EU SOU O QUE SOU”. Deus havia dito, e eles sabiam, que Ele era o “Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, bem como Deus de seus pais. Eles sabiam que seus pais tinham um Deus a quem adoravam.
Aquele povo tinha ouvido a respeito do Deus de seus pais. Eles se lembravam, embora vagamente agora, do Deus de seus pais. Porém, este Deus lhes revela agora que o Deus de seus pais é o Deus cujo nome é “EU SOU O QUE SOU”, e “este é Meu nome eternamente, e este é Meu memorial de geração em geração” (v. 15. ARC).
Assim, o nome de Deus e Seu memorial andam lado a lado. Percebem?
Mas qual é o Seu nome? “EU SOU”; mas “EU SOU” o quê? “EU SOU O QUE SOU”. Observem bem: não é suficiente Deus declarar aos homens que Ele é; precisamos saber agora que Ele é o que ou aquilo que Ele é, a fim de que o conhecimento de Si mesmo possa nos trazer algum benefício.
A consciência de Sua existência não é suficiente para conhecermos sobre Deus. Não basta saber que Ele existe. Precisamos saber, porém, o que Ele é e qual é a razão de Sua existência para nós. É por isso que Ele não diz simplesmente: “EU SOU”, este é Meu nome. Não, mas “EU SOU” o que “EU SOU”. Este é o Seu nome; e se quisermos conhecer Deus verdadeiramente, precisamos conhecer não somente que Ele é, mas que Ele é o que Ele é; e só podemos dizer que O conhecemos quando conhecermos o que Ele é.
O mesmo pensamento é expresso em Hebreus 11:6:
“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que Se torna galardoador dos que O buscam.”
Bem, qual é o galardão que Deus concede àqueles que O buscam? Ele mesmo; Ele mesmo, tudo o que Ele é e tudo o que Ele tem. Mas se tivéssemos tudo o que Ele tem sem termos a pessoa Dele, que benefício isso teria para nós?
Vocês percebem que se tivéssemos tudo o que Deus tem, sem deixar de ser nós mesmos, seríamos simplesmente supremos, quase demônios, não é verdade? Conceder a um homem tudo o que Deus possui, sem que ele deixe de ser aquilo que ele é, seria algo assustador.
Portanto, não significa nada para nós o fato de Deus nos dar tudo o que Ele tem, a menos que Ele nos dê o que Ele é, a menos que nos dê a Si mesmo. Assim, quando Ele nos concede o que Ele é, dando-nos a Si mesmo, Seu caráter, Seu nome e Sua disposição, então podemos usar o que Ele é e também o que Ele tem, no temor Dele e para a Sua glória.
Consequentemente, o mesmo pensamento está neste verso, ou seja, o de que Ele não é, ou existe, simplesmente, mas que Ele é o que Ele é. “É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe”, que Ele é e que Ele é o que Ele é.
Bem, para explorar mais esse pensamento, pergunto: O que é Deus, antes de qualquer coisa, para todas as coisas e pessoas do Universo? [Congregação: “Criador”]. Certamente! A primeira coisa que Deus é para qualquer coisa, animada ou inanimada, é o fato de ser o Criador, pois por meio Dele todas as coisas existem. Ele é o Autor de tudo.
Então, a primeira coisa que qualquer ser humano, anjo ou outra inteligência precisa fazer é conhecer a Deus como Criador. Deus diz: “EU SOU O QUE SOU”. Assim, a primeira coisa que qualquer criatura deve pensar quanto ao que Deus é, ou seja, quanto à compreensão do Seu nome, é que Ele é Criador. Portanto, já constatamos que Seu nome se encontra inseparavelmente associado a Seu memorial. Assim, “este é Meu nome eternamente, e este é Meu memorial de geração em geração”.
Vamos ler agora Ezequiel 20:20. Vocês estão familiarizados com esse verso bíblico: “Santificai os Meus sábados, pois servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o SENHOR, vosso Deus”. O sábado é sinal do que então? Um sinal de que Ele é o Senhor Deus.
Mas o Seu nome não se limita ao fato de Ele existir. Vai além disso. Sendo o sábado o sinal de que Ele é o Senhor Deus, não é verdade que ele é o sinal de que Deus é o que é bem como do fato de que Ele é, ou existe? [Congregação: “Sim”]. Pensem bem. Isso é verdade? [Congregação: “Sim, senhor”].
Visto que o sábado é o sinal de que Ele é o verdadeiro Deus, e visto que Ele nos disse que Ele é o que Ele é, concluímos que o sábado é o sinal daquilo que Deus é bem como o sinal de que Ele é. Percebem? [Congregação: “Sim”]. Então, sendo este o Seu nome – “EU SOU” o que “EU SOU” – e sendo o sábado o sinal de que Ele é o que Ele é, não percebem como o sábado equivale a Seu nome eternamente e que este é Seu memorial de geração em geração? Deus nos deu o sábado: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”.
Ele o deu como o memorial de que Ele é o Senhor. Consequentemente, “este é Meu nome eternamente” corresponde a Seu memorial.
[Voz: “Por favor, repita o pensamento”]. Tudo bem. Vamos voltar e retomar o pensamento desde o início. Quanto ao sábado, Deus diz: “Santificai os Meus sábados”, e ele servirá de sinal. O último dia do ciclo semanal não é um sinal do Deus verdadeiro.
O último do ciclo não significa nada. Uma pessoa que guarda o último dia do cliclo semanal pode fazê-lo sem conhecer o Senhor, da mesma forma que ela pode guardar o primeiro dia do ciclo semanal sem conhecer o Senhor. Mas ela não consegue guardar o sábado – o descanso sabático – sem conhecer o Senhor.
Há três classes de observadores de um dia no mundo: os guardadores do sétimo dia da semana, os guardadores do primeiro dia da semana, e os guardadores do sábado – do descanso sabático. O que Deus deseja é guardadores do sábado. Mas existem muitos guardadores do sétimo dia da semana com a pretensão de serem guardadores do sábado. Esse é o grande erro nestes últimos dias.
“Santificai os Meus sábados, pois servirão de sinal”. Precisamos começar por aí. Então, o sábado é um sinal que Deus estabeleceu para nós, dado pelo próprio Deus, “para que saibais que Eu sou o SENHOR, vosso Deus”. O sábado, portanto, é o sinal de que Ele é o Senhor Deus.
Mas Deus não é Deus simplesmente no que diz respeito à Sua existência. Ele é, Ele existe, mas Ele é o que Ele é. Na verdade, esse é o Seu nome, certo? “EU SOU” o que “EU SOU”, o Senhor Deus. O sábado é um sinal de que Ele é o Senhor Deus.
O sábado é um sinal de que Ele é o Senhor Deus. O sábado, portanto, é um sinal de que Ele é, ou existe, e de que Ele é o que Ele é. Mas Seu nome, Deus disse, é “EU SOU O QUE SOU”. “Este é Meu nome eternamente, e este é Meu memorial de geração em geração”. Qual é o sinal de que Ele é o que Ele é? [Congregação: “O sábado”].
Deus diz que o sábado é Seu memorial: “Ele fez um memorial para Suas maravilhosas obras” (Sl 111:4, Young’s Literal Translation), e assim por diante. Então, vocês não percebem que o dia designado como sinal de que Ele é o que Ele é – e este é Seu nome eternamente – corresponde a Seu memorial de geração em geração? Preciso repetir novamente? [Voz: “Não, ficou claro”]. Vocês entenderam agora? [Congregação: “Sim, senhor”].
Bem, vamos continuar com nosso pensamento. O sábado é o sinal de que Ele é, e de que Ele é o que Ele é; e a primeira coisa que Ele é, é o fato de ser Criador. Portanto, a primeira coisa que o sábado expressa é o fato de Deus ser Criador. Mas será que isso é a única coisa que o sábado demonstra? Não, pois Deus é mais do que isso – não mais do que isso no sentido de Ele ser diferente disso.
Na verdade, tudo o mais tem seu fundamento no fato de Ele ser o Criador. Mas o que Deus é, com base no fato de ser o Criador, é mais amplamente expresso em outros lugares, de forma que possamos conhecer mais plenamente o que Ele é, tendo como base o fato de ser Criador. Leiamos Êxodo 31:17: “Entre Mim e os filhos de Israel é sinal para sempre; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, e, ao sétimo dia, descansou, e tomou alento.” Já vimos que o sábado é um sinal “para que saibais que Eu sou o SENHOR, vosso Deus”.
Como o sábado representa este sinal? Não é porque “em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, e, ao sétimo dia, descansou, e tomou alento”? Visto que o sábado se torna um sinal pelo fato de Deus, como Criador, ter feito céus e terra em seis dias, este dia é um sinal Dele mesmo ao executar a obra da criação. Não é verdade? [Voz: “Sim”].
Vamos agora colocar as duas ideias juntas: o sábado é um sinal de que
Ele é o Senhor, porque “em seis dias” Ele “fez [...] os céus e a terra”. Então, como já verificamos, a primeira coisa que Deus é é ser Criador; e a primeira coisa que o sábado expressa é o fato de Deus ser o Criador, mostrando, assim, o que Ele é. Mas o mandamento do sábado diz:
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho [...]; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êx 20:8-11).
Lembra-te do dia de sábado. O que é o dia de sábado? Como já lemos em Ezequiel 20, ele é um “sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o SENHOR”. Lembra-te então dessa instituição que proclama que Eu sou Deus. Devemos nos lembrar desse dia que revela que Ele é Deus.
Portanto, não é verdade que esta instituição é o memorial que faz com que as pessoas se lembrem de Deus? Afinal de contas, este é o propósito de um memorial: fazer as pessoas se lembrarem de algo ou alguém. Deus quer que Suas criaturas O mantenham na memória, e para esse propósito instituiu o sábado. E então Ele diz: “Lembrem-se do que instituí para vocês se lembrarem de Mim”.
Permitam-me acrescentar outro pensamento aqui. Devemos nos lembrar daquilo que faz Deus ser lembrado, ou, em outras palavras, que mantém Deus na mente. Quando Deus está presente na mente, Ele não está ali apenas como Aquele que existe, mas como Aquele que é o que é.
Então, quando o que Deus é se fizer presente em nossa mente, podemos dizer que Seu nome está ali, não é verdade? Onde é posto o nome? [Congregação: “Na fronte”]. “Com a mente, sou escravo da lei de Deus” (Rm 7:25). Percebem? É o desejo de Deus, portanto, estar na mente das pessoas.
E o sábado é aquilo que faz com que o próprio Deus – não uma teoria a respeito Dele – seja lembrado e colocado na mente, pois o sábado é o sinal de que “Eu sou o SENHOR, vosso Deus”. Vamos então nos lembrar do sinal que revela o Senhor nosso Deus e O torna vivo em nossa mente. E Ele é o que Ele é. Isso significa que quando Ele vem à nossa mente, o que Ele é vem junto. Esse é o pensamento. Não é o sábado, então, Seu memorial?
O propósito específico de um memorial, sua essência é fazer com que algo permaneça na mente. Vocês percebem então que, sendo esse o caso, o nome de Deus e Seu memorial, Seu sábado, não podem, de forma alguma, ser separados. Consequentemente, quando Deus disse a Moisés “EU SOU O QUE SOU”, Ele acrescentou: “Este é Meu nome eternamente, e este é Meu memorial de geração em geração”; pois o memorial faz Deus ser lembrado na mente, e quando Ele vem à mente, e também o que Ele é, pode-se dizer que Deus, com Seu verdadeiro nome, é posto na mente. Assim, o nome do Pai na mente daquelas pessoas mencionadas representa o selo do Deus vivo em suas frontes.
A primeira ideia, portanto, transmitida pelo sábado é a de um Criador, de um poder criador; e isso é lembrado por meio das coisas que foram feitas. O sábado é um sinal de que Ele é o Senhor porque Ele criou todas as coisas. Dessa forma, o sábado é o sinal, o memorial do Senhor nosso Deus, que Se manifestou na criação.
Vamos estudar por um momento agora como Deus Se manifestou na criação. Hebreus 1:1, 2:
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”
Vamos ler também os dois primeiros versos de João:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez.” Agora o verso 14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
Há outro verso que gostaria de ler sobre este mesmo tema que explica o assunto de outra forma. Efésios 3:9, última parte: “Deus, que criou todas as coisas por meio de Jesus Cristo” (KJV).
Assim, Deus Se manifestou na criação em Jesus Cristo e por intermédio Dele. Não é verdade? [Congregação: “Sim”]. Será, então, que uma pessoa que não conhece a Jesus Cristo terá concepções corretas sobre as coisas criadas, sobre a criação? [Congregação: “Não”]. Tal pessoa não encontrará Deus ali. Ela não encontrará os conceitos de Deus ali, pois Deus Se manifestou em Cristo na criação.
Vamos explorar o assunto: Como Deus Se manifestou em Cristo na criação? Talvez seja melhor dizer no processo de criação, pois estamos falando da origem de todas as coisas agora. Como, então, Ele Se manifestou em Cristo no processo de criação? Salmo 33:6, 9:
“Os céus por Sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de Sua boca, o exército deles.” “Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.”
Hebreus 11:3: “Pela fé, entendemos que foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”.
Até o momento vimos que a manifestação de Deus na criação representa o primeiro aspecto por meio do qual o que Deus é pode ser conhecido. Mas Deus Se manifesta no ato de criação em Jesus Cristo, por Sua palavra.
E essa palavra por meio da qual Ele criou todas as coisas tem em si o poder de fazer aparecer algo que antes não podia ser visto, já que não existia. Percebem? “Os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hb 11:3, ARC).
Então, depois que Deus falou, coisas foram vistas que antes de Ele falar não eram absolutamente aparentes. Ninguém as podia ver. Então há poder na palavra que Deus, em Jesus Cristo, fala – um poder capaz de criar algo. Em outras palavras, capaz de criar algo que Ele nomeia na palavra que Ele pronuncia.
Ou seja: Deus pode chamar as coisas que não existem como se já existissem, e nem por isso ser um mentiroso. Um homem pode falar de coisas que não existem como se existissem, mas não há poder algum em sua palavra para produzir essas coisas; consequentemente, ele se torna mentiroso.
E há muita gente que faz exatamente isso. Elas falam de coisas que não existem como se existissem, mas tudo não passa de mentira. E a razão por que são mentirosas é que não há poder algum nelas ou na palavra delas para criar qualquer coisa.
Elas gostariam muito que assim fosse, ou seja, que o que elas estão falando se tornasse real; mas tal não acontece. Todavia, elas falam como se existisse, mas tudo é mentira, por mais que elas almejem que seja real. Não há poder na palavra delas para criar o elemento desejado na mente ao pronunciarem a palavra.
Mas Deus não é assim. O pensamento que está na mente de Deus, quando expresso por meio de uma palavra, esta palavra produz o elemento que estava presente no pensamento. A energia criativa, o poder divino, se encontra na palavra que Deus fala. Dessa forma, quando não existia nenhum mundo, Deus em Jesus Cristo falou, e os mundos apareceram; e eles ainda permanecem, pois Deus outrora falou.
Vamos ler agora dois versos que expressam esses pensamentos. A palavra que Deus fala não somente produz algum elemento que está no pensamento, mas ela mantém esse elemento em existência depois de ter sido criado. Eu quero que vocês percebam que a palavra que Deus falar tem em si todo o poder.
Vamos ler agora Colossenses 1:14-17. Paulo está aqui falando de Cristo, o Filho de Deus,
“no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, Nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.”
Isto é, por meio Dele todas as coisas se mantêm firmes. Mas o que as criou? O que fez este mundo da forma como é? O poder de Sua palavra. [Voz: “Ele ordenou, e tudo permaneceu firme” (Sl 33:9, KJV)]. O mundo é enorme. Há muitos elementos que o compõem. Mas quando Deus falou, o mundo passou a existir com todos os seus ingredientes. Então, a palavra que criou o mundo o sustém na forma em que está.
Quero apresentar agora outro pensamento que está no terceiro verso de Hebreus 1. Vamos retomar do verso 1:
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o Universo.
Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder.” O que sustenta todas as coisas desde que foram criadas? [Congregação: “A palavra do Seu poder”].
Está Deus na obrigação de continuar a falar desde que falou, no momento da criação, a fim de sustentar tudo em seu devido lugar? [Congregação: “Não”]. Será que é necessário que Ele continue falando ao mundo todos os dias para o sustentar? [Congregação: “Não”].
É necessário que Ele continue falando o tempo todo para os mundos e planetas para que estes se mantenham em curso e em seus respectivos lugares? Não. A palavra que os criou no princípio tem em si o poder criativo que os mantém e os sustenta.
2 Pedro 3:1-7:
“Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas.”
Recordar de quê? Das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas. Por que devemos nos lembrar delas? Porque Deus deseja que experimentemos o valor dessas palavras; e, ao nos lembrarmos delas, deseja que alcancemos em nossa mente, em nossa vida, a força e o poder das palavras.
A verdade é que as palavras proferidas pelos profetas eram as palavras de Deus, que eles falaram “pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam” (1Pd 1:11).
Devemos, então, nos recordar dessas palavras,
“bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos, tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.
Porque, deliberadamente, esquecem que” – ou seja, pessoas que falam dessa forma, que todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação – “esquecem que de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água.”
Por meio de que o mundo foi afogado em água? [Congregação: “A palavra de Deus]. Deus falou. “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo”.
A que Pedro nos chama a atenção aqui no que diz respeito à palavra que ele deseja que recordemos? Ele deseja que estejamos plenamente conscientes das palavras de Deus, pelas seguintes razões: essa palavra no princípio criou os mundos; essa palavra os sustenta em seu devido lugar; essa palavra trouxe o dilúvio; essa palavra resgatou a Terra do dilúvio e ainda a mantém. Então, essa palavra, capaz de criar mundos, salvar mundos, essa palavra Deus deseja que a conservemos em sua totalidade em nossa mente, de modo que conheçamos o poder dessa palavra.
Vocês percebem, então, que o pensamento que permeia nossa discussão é que essa palavra tudo criou, tudo mantém e sustém, e preserva tudo até que Deus fale novamente.
Quando Ele falar novamente, tudo se desintegrará. Nesse dia, sairá “grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está!” Sobrevirão “relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a Terra; tal foi o terremoto, forte e grande”; e “todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados”. Cairão “as cidades das nações”. O próprio céu se fenderá e fugirá do seu lugar.
Quero lhes dizer que, quando vier esse dia, todo aquele cuja mente estiver firmada na palavra que tudo faz, este estará perfeitamente seguro. Quando essa palavra que cria todas as coisas é minha certeza, quando essa palavra é meu fundamento, quando essa palavra é minha confiança, ora, não importa se esta Terra se vá. Minha certeza é que a palavra de Deus permanecerá.
Assim, Deus Se manifestou em Cristo por meio de Sua palavra na criação, e ainda Se manifesta dessa forma nas coisas criadas, criando, preservando, mantendo e sustentando.
Então, a gravitação é Deus em Jesus Cristo. Como vocês sabem, a ciência nos diz que a lei da gravitação sustenta todas as coisas. Mas o que é a gravitação? “Ora, é o que sustenta tudo”. Há uma resposta melhor do que essa. A resposta é: A gravitação, a lei da gravitação, mantém todas as coisas em seu lugar. Mas o que é gravitação? É o poder de Deus manifesto em Jesus Cristo na criação. Isso é gravitação.
A coesão, na ciência, é a força que mantém unida a matéria. Mas o que é coesão? A resposta que a ciência pode dar é esta: A palavra “coesão” provém de duas palavras latinas, co e haerere, que significam manter junto; em outras palavras, coesão é coesão.
Há uma resposta melhor do que essa. Temos a resposta de Deus; e Ele diz que coesão é o poder de Deus manifesto em Jesus Cristo na criação, pois, por meio Dele, todas as coisas se mantém unidas, ligadas, sem se desintegrarem. Isso é coesão.
A origem de todas as coisas não reside na geração espontânea, nem na evolução. Tudo surgiu graças à manifestação de Deus e de Seu poder revelado em Jesus Cristo, cuja palavra criou todas as coisas visíveis, que antes não eram aparentes. Portanto, Deus em Jesus Cristo é origem de tudo: isso é criação. Deus em Jesus Cristo é o mantenedor de tudo: isso é coesão.
Deus em Jesus Cristo é o sustentador de tudo: isso é gravitação.