24 - A Mensagem do Terceiro Anjo – Sermão 24

A mensagem do terceiro anjo

A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 26 de março de 1893, p. 515-523.

Começaremos com a passagem que lemos na noite passada, que se encontra no “Volume 4”. Ela está na página 443 da edição do Grande Conflito preparada para a colportagem:

“A fim de sabermos como é a imagem, e como deve ser formada, precisamos estudar as características da própria besta: o papado.”

Precisamos estudar isso agora, como nunca precisamos no passado, pois nem todas as características da imagem da besta se desenvolveram ainda. A imagem não se revelou diante do mundo com todas as suas características e manifestações. 

Cada passo que será tomado, e tudo que há de ser realizado de agora em diante, uma coisa após a outra revelará progressivamente as características da imagem, levando à plena maturidade a semelhança da imagem, em todas as suas partes, com a original. 

O que houve agora foi o passo inicial; mas como verificamos em nossos estudos aqui, esse início é de tal natureza que nenhum poder na Terra ou em qualquer outra parte poderá detê-lo. A imagem seguirá avante, e tudo o que lhe é intrínseco se desdobrará, não importa o que possa ser feito para impedir. Ela prosseguirá, mesmo contra os desejos e, muitas vezes, as intenções daqueles que lhe deram início.

Observem agora como a situação tem se desenvolvido entre nós, bem diante de nossos olhos. Muitos anos atrás, quando pela primeira vez iniciamos nossa obra ativa, direta e concreta no campo da liberdade religiosa, fundamos o American Sentinel [A Sentinela Americana]. Já se passaram oito anos, creio eu. Havia apenas uma organização no país que se propunha a alcançar apoio para sua agenda religiosa. 

Em pouco tempo, outras organizações se uniram a essa; e em um ano ou dois já eram quatro ou cinco. O movimento, então, saiu do controle e, de fato, se estendeu além da jurisdição da organização original. Aconteceu então que o foco se desviou completamente da organização original, e adotou-se esse novo formato, ao qual poder crescente foi acrescentado. As organizações que se aliaram à primeira conduziram o movimento para além da intenção da organização original. Nossa oposição se concentrou contra esse novo formato, e tivemos que lidar com ele.

O fato então é que o poder ampliado que essas organizações trouxeram à organização original conduziu todo o movimento ao destino tencionado pela primeira organização; de forma que, agora, nossa missão não é lidar com essas organizações. Não temos nada mais que ver com elas, de forma específica. Nossa luta não é contra elas ou sua obra. 

Temos que lidar agora com o governo dos Estados Unidos. O que essas organizações possam fazer agora não passam de ações sem muita importância e até mesmo insignificantes, pois o governo tomará medidas, e será forçado a tomá-las, que serão completamente contrárias às intenções daqueles que estavam à frente do movimento e fora do controle deles. 

Se no início nossa obra era fazer oposição àquela primeira organização e, depois, à organização ampliada e à obra que realizavam, agora todas essas organizações estão fora de consideração. O que temos que fazer agora é lidar com a obra que elas fizeram.

Estamos nesse ponto agora. Não importa o que a União Americana do Descanso Sabático possa fazer, não temos mais nada a ver com isso agora. O fato é que medidas serão tomadas e ações empreendidas que a União Americana do Descanso Sabático nunca, conscientemente e em são juízo, planejou. Ocorrerão coisas contra os desejos de toda a mobilização e além da intenção consciente das organizações envolvidas. 

Mesmo os mais radicais não tinham outra intenção senão controlar o governo quando alcançassem seus objetivos. Mas – e as organizações não esperavam isto – os católicos controlarão o governo depois de elas terem alcançado seus alvos. Aí então elas se verão perdidas no nevoeiro e em situação de desvantagem. Ações serão empreendidas à revelia delas; ações com que nunca sonharam quando estavam cegadas pelo zelo de ter nas mãos o poder que não lhes pertencia. Não poderão culpar ninguém, exceto a elas mesmas.

O Congresso se encontra no momento em recesso; e a ação que ele tomou está atada ao governo de forma irreparável. E não somente isso, mas uma medida adicional foi tomada nesse sentido nos dois últimos dias da seção. Não pude me inteirar ainda de todos os detalhes relacionados com os efeitos da decisão, mas conheço os fatos. 

São estes: Ficou constatado que o baile de abertura, comemorando a posse de Cleveland, ia acontecer no sábado à noite. Esperava-se, naturalmente, que o povo ficaria dançando até depois da meia-noite. A Banda da Marinha – a Banda Nacional dos Estados Unidos – ficou responsável pela música do baile e pela apresentação de concertos no domingo. Os clérigos da cidade de Washington enviaram um abaixo-assinado ao Congresso, e o senador Quay, era de se esperar, o apresentou. Seguem os detalhes relatados sobre o ocorrido:

“28 de fevereiro de 1893. O Sr. Quay apresentou hoje no Senado uma petição, contendo assinaturas de pastores de muitas igrejas de Washington e de outros cidadãos, relacionada com o assunto do concerto da Banda da Marinha a ocorrer no edifício do Departamento da Previdência Social [Pension Office], no próximo domingo, como parte das cerimônias de posse.”

Não sei como as coisas se desenrolaram, mas esta é a petição:

CONCERTOS DE DOMINGO NO EDIFÍCIO DO DEPARTAMENTO 

DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Sr. Quay: – Apresento uma petição assinada por 60 clérigos da cidade de Washington, e peço permissão para a leitura.

O vice-presidente: – A petição será lida se não houver nenhuma objeção.

O relator chefe: – A petição é a seguinte: Ao presidente dos Estados Unidos, ao secretário do Interior e ao Senado e Câmara dos Representantes reunidos em sessão do Congresso:

Petição

Considerando o anúncio feito nos jornais pela comissão de posse informando que três concertos serão apresentados pela Banda da Marinha no dia 5 de março, domingo, no edifício do Departamento de Previdência Social, como parte do programa das cerimônias de posse;

Considerando que o Congresso dos Estados Unidos, em deferência ao sentimento cristão da nação, clara e inequivocamente expresso pela imprensa religiosa, pelo púlpito e por abaixo-assinados, promulgou uma lei determinando o fechamento das portas da Exposição de Colombo aos domingos.

Portanto, cremos que a permissão para que ocorram no domingo esses concertos da referida banda de músicos em um local que abriga um dos maiores departamentos do governo, num edifício do governo ocupado por outro importante departamento, como parte das cerimônias alusivas à posse do presidente desta grande nação cristã, tendo a sanção de seus governantes eleitos, cremos que tal ato constituiria um pecado nacional. 

Cremos também que tal profanação proposta é sem precedentes, resultaria em dano incalculável e seria usada como autorização e exemplo para a completa secularização do domingo.

Nós enfaticamente solicitamos que ordens sejam divulgadas no sentido de proibir o uso de qualquer edifício do governo para propósitos dessa natureza nesse dia. Assinado por W. R. Graham, pastor da Igreja Protestante Metodista da Rua do Congresso; W. Sherman Phillips, pastor da Igreja Protestante Metodista Monte Tabor e muitos outros.

O fato é que o Senado aprovou uma resolução em resposta a essa petição, não somente atendendo à reivindicação, mas até solicitando informações ao Secretário do Interior. Lendo uma reportagem sobre o desfecho da questão em um jornal, fiquei sabendo que o Secretário do Interior havia dado ordens para que a Banda da Marinha não tocasse no domingo e que o presidente Cleveland havia expressado a mesma opinião. 

Portanto, quando deu meia-noite, no sábado à noite, a banda parou repentinamente, as gigantescas e brilhantes luzes foram desligadas e todos no salão encerraram a dança.

Estou chamando a atenção de vocês para esse fato para que vocês vejam que o governo dos Estados Unidos, ou pelo menos o Senado, tomou um passo adicional em apoio ao domingo ao aprovar essa resolução – e essa é sua posição atual.

Quero apresentar outra situação. Eu me refiro ao caso julgado pela corte do juiz Tuley, em Chicago. As companhias de barco a vapor estavam com a intenção de anular a resolução, por parte dos encarregados da Feira Mundial, que proibia passeios de barco no Parque Jackson aos domingos. 

Essa petição fracassou. O juiz Tuley deliberou que o governo dos Estados Unidos tinha autoridade exclusiva sobre o parque em questões relacionadas com a exposição; e visto que já estava regulamentado que o domingo deveria ser observado lá, não cabia ao Estado de Illinois nem à cidade de Chicago se envolver com qualquer questão relacionada com o evento.

Vocês percebem, então, que toda questão que surge relacionada com esse assunto acaba contribuindo para apoiar o que já foi decidido. Agora, se o Congresso não for convocado para alguma sessão extraordinária, e até o momento nada ocorreu nesse sentido – e tudo indica que não ocorrerá, pois o presidente não expressou nenhuma intenção de fazê-lo –, então essa legislação vai continuar sem qualquer questionamento ou interferência até o término da Feira Mundial, e cumprirá seu propósito pelo qual foi decretada. 

Então, ao final desse período, de mais de um ano, o governo dos Estados Unidos terá vivido em submissão ao atual decreto dominical. Dessa forma, o precedente ficará estabelecido e registrado na experiência e história do governo americano. Considerando que hoje em dia temos poucos políticos verdadeiramente leais, especialmente no Congresso, que governam mais com base no que foi feito do que pelo que deveria ser feito, tal precedente será, agora e sempre, o mais forte argumento e a mais segura fortaleza em favor do domingo como o sagrado dia do governo dos Estados Unidos.

Porém, como já disse anteriormente, se uma sessão extraordinária for convocada e o Congresso revogar esse decreto dominical, tal ação não afetaria em nada o princípio envolvido na legislação dominical. Qualquer legislação posterior pode revogar uma lei aprovada por uma legislatura anterior. Contudo, tal ação não lança dúvida sobre o direito dos legisladores anteriores de promulgarem a lei que foi revogada.

Quando uma legislatura revoga um decreto de uma legislatura anterior, a última não questiona o direito da anterior de tê-lo aprovado, mas simplesmente os princípios adotados na decisão. O direito de agir legislativamente é o mesmo, como se a lei não tivesse sido revogada. Consequentemente, se uma sessão extraordinária for convocada, e revogar a lei que determina o fechamento da feira aos domingos, o governo, mesmo assim, estaria, tão certamente quanto está agora, comprometido e pactuado com o princípio de que a legislação dominical tem amparo legal no governo.

[Voz: “E se a lei for revogada por ser inconstitucional?”]

Pastor Jones: Se o Congresso vier a revogar a lei expressamente com base na afirmação ou argumentação de que ela é completamente inconstitucional, o efeito sobre ela seria mínimo, pois se trataria simplesmente da opinião de um Congresso contra a opinião de outro, como ocorre com frequência entre os grandes partidos. É justamente o que está acontecendo no momento no que diz respeito à posição dos dois grandes partidos sobre a questão tarifária. 

O partido democrático insiste que o projeto de lei de tarifas alfandegárias dos republicanos é inconstitucional. Portanto, se essa legislação dominical vier a ser revogada devido a sua inconstitucionalidade, qualquer Congresso posterior poderia retomar a questão, pois já fez isso uma vez antes. Dessa forma, teríamos uma controvérsia infindável sobre o assunto, e isso é tudo o que aconteceria.

Mas nada que possa ser feito poderá, pela própria natureza dos fatos, suprimir a legislação por completo ou o direito do governo de levá-la avante. A verdade é que o governo está de tal forma preso nas mãos dessa hierarquia que nunca poderá se livrar dela. 

Surgirão controvérsias; e assim que os católicos derem um passo adiante e mostrar sua força, os professos protestantes ficarão ressentidos. Podemos esperar isso a qualquer momento. Isso poderá vir de qualquer direção ou de praticamente qualquer fonte. Certamente virá, e, de fato, isso já começou. Quando os edifícios da Feira Mundial foram inaugurados, os católicos, o cardeal Gibbons e o representante do papa receberam ali grandes honras. 

Por causa disso, grande número de professos protestantes e pregadores ficaram muito enfurecidos. Disseram que não queriam mais se envolver com nada relacionado com a feira. Eles declararam: “Se a prioridade deve ser dada aos católicos, e se a eles cabem as honras e tudo o mais, simplesmente não teremos nada mais que ver com a feira”. Bem, os católicos não estão preocupados com isso. Eles receberam as honras e terão o poder; e se os “protestantes” não apreciam isso, que fiquem fora então. 

Se eles se afastarem, estarão dando aos católicos muito mais abertura para realizarem o que sempre desejaram. Em suma, se os protestantes se esquivarem, os católicos terão muito mais força; se vão embora, estarão reconhecendo a supremacia católica. Assim, estão cativos, e tudo o que podem fazer é se conduzirem de acordo com a vontade desse poder. É tudo o que eles podem fazer.

Há uma única coisa que podem fazer. Eles podem, se quiserem, escapar de tudo isso e se libertar do impasse. Mas só conseguirão fazer isso se aceitarem a mensagem do terceiro anjo. Não há outra saída. Muitos desses homens entraram nesse jogo sem conhecer as implicações. 

Foram levados a participar de tudo isso pela influência de ministros em posição superior à deles nas diversas denominações, sem se darem conta do que estava envolvido. Quando perceberem que estão presos num confuso labirinto, e perdidos, não importa o quanto caminham e que direção tomam; quando perceberem isso e como se deixaram ser completamente vendidos, eles ganharão sua liberdade ao fugirem para Deus. 

E é por isso que o Senhor ergue Seu povo acima do mundo e faz com que Sua igreja resplandeça, de forma que não podemos nos ocultar. Quando essas pessoas buscarem libertação, eles verão onde ela está, pois Deus pôs a libertação diante do mundo na mensagem do terceiro anjo; e “não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte” (Mt 5:14).

Então, quando Deus nos erguer e nos colocar, por assim dizer, sobre um elevado monte, e fizer com que Sua luz irradie em todas as direções, pessoas de todos os lugares a verão; e quando perceberem que estão completamente perdidas no lugar onde estão, ficarão felizes em receber o livramento de qualquer fonte. 

Elas ficarão felizes em saber que é Deus que está indicando o caminho da libertação. Elas vão preferir ficar do lado de Deus do que do papado, mesmo que tenham que vir até os adventistas do sétimo dia para encontrá-Lo. Eles farão isso.

Outro ponto: Quando houve a inauguração do edifício-igreja erigido para sediar palestras, reuniões e congressos alusivos aos ideais da Feira Mundial – o World’s Congress Auxiliary –, o arcebispo Ireland, o mais respeitável convidado, foi o ilustríssimo orador. 

Esse edifício de congressos iniciou suas atividades com a sanção, a bênção e a boa vontade da Igreja Católica. A proeminência dada aos católicos nesse ato inaugural inicial, e nas outras cerimônias de abertura da feira propriamente dita, levou os ministros protestantes a dizer: “Bem, se os católicos vão estar no controle de tudo, não estaremos lá”.

Agora, quando ocorrer o Congresso Mundial de Religiões, e todos esses assuntos forem ventilados, é de se esperar – não sabemos exatamente a extensão de tudo isso –, mas é de se esperar que surjam polêmicas devido a esse reconhecimento governamental da religião. E de agora em diante, em tudo que vier a acontecer, só nos resta esperar novos desdobramentos da imagem que está formada.

Nossa expectativa agora quanto ao futuro é que, em cada passo dado e em cada ação tomada, outros traços se desenvolverão, conduzindo à plena maturidade a imagem da besta, que está viva e é uma realidade presente.

Quando nossa nação, em decorrência de todas essas coisas, for atingida por tumultos, revoltas e toda sorte de males, haverá um esforço para restaurar o governo a seus princípios originais. Haverá um esforço para resgatar o governo e libertá-lo do mal resultante da formação da imagem. Surgirão perseguições em intensidade cada vez maior devido a essa nova postura governamental. Haverá uma reação. 

Caso essa reação conduza a uma ação por parte do governo, podemos esperar um nítido retorno do governo aos princípios originais da Declaração da Independência, como afirmei outra noite. Quando isso acontecer, será o momento de estarmos prontos para uma ação imediata. 

Nesse tempo, todos devem munir-se de entusiasmo adicional, aprofundar a consagração, dedicar-se de corpo e alma ao trabalho, usando toda força e energia. A oportunidade deve ser aproveitada, porque quando essa reação perder sua força e a maré do mal subir novamente – e isso certamente ocorrerá –, trazendo consigo a opressão e a perseguição religiosa, esta virá para ficar.

Na Europa, é possível que isso aconteça duas vezes. Lerei uma passagem sobre esse assunto que nunca foi publicada. O testemunho foi dado numa visão em 1850 e em outra em 1852. O irmão Cornell tinha esse material e nos permitiu copiá-lo. Ele afirma que o irmão O. Hewit estava presente no momento das visões e guardou essas cópias. 

O seguinte foi dito a respeito daquele ponto: “Vi que na Europa, à medida que os acontecimentos se desenrolavam para se cumprirem os desejos deles, haveria uma aparente desaceleração uma ou duas vezes, o que faria com que o coração dos ímpios ficassem aliviados e endurecidos; mas os esforços não ficariam paralisados (só na aparência), pois a mente de reis e governantes estava determinada a subverter uns aos outros, e a mente do povo igualmente determinada a conseguir a supremacia.”

Vocês percebem, então, que, embora os esforços arrefeçam uma ou duas vezes, isso não acontece de fato, mas só na aparência. Lemos que isso fará com que o coração dos ímpios fique aliviado. Aliviado de quê? O que havia atingido o coração dos ímpios? Ora, a mensagem que os advertia sobre o significado dessas coisas, como o Senhor disse: “Angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo” (Lc 21:25, 26). 

O Espírito de Deus os convencerá da realidade das coisas, e eles ficarão com medo – não alegres – com o que sobrevirá ao mundo. Então, quando houver uma desaceleração dos eventos angustiosos, ficarão aliviados. Percebem? Então dirão: “Sabíamos que tudo isso era um falso alarme”. Então, quando o pêndulo dos eventos voltar, e a mensagem ir adiante com a advertência: “Falamos que isso iria acontecer. 

Não deixem de se preparar”. Eles dirão então: “Foi isso o que vocês disseram antes, mas houve uma diminuição e os eventos foram para outra direção”. E é por isso que lemos que eles ficarão endurecidos, assim como o coração de Faraó se endureceu. Da mesma forma, o coração dos ímpios ficará aliviado e endurecido; e quando a onda voltar novamente, o fim virá e eles serão tragados.

Agora vamos falar do nosso próprio país: Em 1888, quando fui ao Senado, tive uma audiência diante da Comissão do Senado. Quando voltei, a irmã White me perguntou como estava a situação lá e quais eram as perspectivas. 

Eu lhe disse o que os senadores haviam me informado, ou seja, que aquela sessão do Congresso, por ser de curta duração, se encerraria em 4 de março; que a sessão já estava muito adiantada, e, por essa razão, a legislação possivelmente não seria colocada em votação, mesmo que fosse apresentada. 

Considerando a agenda deles, eles achavam que não seria nem mesmo possível discutir o assunto no Senado; e se isso ocorresse, não havia possibilidade de que fosse aprovada e discutida nas duas câmaras, como é a regra. Eu disse a ela como a situação estava. A resposta dela foi a seguinte: “Então está mais próximo do que esperamos”. 

A maneira natural de analisar a situação seria: Se a legislação não fosse aprovada nesse momento, as coisas que aguardamos – dificuldades, perseguições, e assim por diante – estariam mais distantes; mas se fosse, então tudo estaria mais próximo. Bem, essa seria a maneira mais lógica de ver a situação. Mas como o caminho de Deus é o correto e o nosso o errado, o modo como Ele age certamente é o oposto do nosso. Assim, o que para nós seria naturalmente o sinal de que certos eventos estão mais distantes, para Deus é sinal de que estão mais próximos.

Ela continuou, então, dizendo que quando houvesse a aprovação, quando eles tivessem o governo em suas mãos e dessem início à opressão e revelassem o espírito que os move, as opressões e perseguições decorrentes disso causariam uma reação por parte de homens íntegros que têm aversão a perseguições, e haveria então uma calmaria, um pequeno tempo de alívio e aparente paz. E então, quando o pêndulo da intolerância voltasse, depois da reação, tudo chegaria ao fim brevemente. Vocês percebem então que a situação aqui é semelhante à que ela viu que ocorreria na Europa, conforme expresso no testemunho de 1852.

Foi por isso que eu disse em outra noite que nenhum de nós precisa ser fisgado ou enganado por nada que ocorrerá de agora em diante; eu me refiro a ações com a intenção ou expectativa de reverter o que já foi feito. 

Não importa o que venha a acontecer, tenham em mente que, quando vier, isso não passará de uma pequena trégua que Deus nos dá para podermos realizar uma obra maior do que a que já realizamos no mundo; e tais coisas só servirão para nos abrir o caminho para que realizemos de modo mais fácil o que temos que fazer. Assim, quem adotar essa visão, e agir com base nela, essa pessoa, quando a obra de Deus estiver terminada, simplesmente avançará triunfantemente rumo à assembleia sobre o Monte Sião.

Por outro lado, há muitos que estarão dizendo: “Ah, não! Vocês estavam acelerando demais as coisas. Vocês estavam tirando conclusões extremadas de tudo isso”. Temos advertências sobre essas coisas também. Segue o registro do que alguns dirão:

“Quando a sentinela, ao ver a espada se aproximando, dá determinado sonido na trombeta, as pessoas em seus postos ecoarão a advertência, e todos terão a oportunidade de se preparar para o conflito. Mas, com muita frequência, o líder mostra hesitação, parecendo dizer: ‘Não vamos nos apressar tanto. Pode haver um erro. Precisamos tomar cuidado para não darmos falso alarme’. A própria hesitação e incerteza da parte dele revela esta mensagem: ‘Paz e segurança’” (Testemunho 33, p. 243).

Vocês não percebem aqui que a pessoa que hesitar, ou vacilar, está dizendo, por meio de sua conduta: “Paz e segurança”? É possível que ela não diga isso em voz alta, mas está dizendo de qualquer forma. É por isso que eu li em estudos anteriores: “Precisa-se de Calebes que dirão: ‘Agora é o tempo para ação’”. Continuo a leitura:

“A própria hesitação e incerteza da parte dele revela esta mensagem: ‘Paz e segurança. Não fiquem agitados. Não fiquem alarmados. A agitação sobre essa questão da emenda religiosa é maior do que se faz necessária. Todo esse alvoroço vai se acalmar’”.

Percebem? Isso mostra que alguns falarão isso. Vocês não percebem, então, que aqueles que falam dessa forma e se comportam de forma hesitante, morosa, questionadora, duvidosa, quando virem algo parecido com o retrocesso do que foi feito, dirão: “Sim, foi isso que lhes falamos. Falamos sobre isso há muito tempo. Mas vocês foram adiante e causaram uma agitação, um alarme entre o povo, e agora tudo foi revogado. Qual é o valor da obra de vocês? Vocês deram um falso alarme. Vocês iludiram o povo”.

Não se trata disso! Porque, quando a calmaria vier, esta é verdadeiramente o sinal para aqueles que se firmam no temor do Senhor e permanecem no conselho do Senhor de que é chegada sua grandiosa oportunidade. [Voz: “Essa calmaria não vem em resposta a nossas orações para que se conservem seguros os quatro ventos?”] Sim, senhor. 

Mas quando essa calmaria vier, em vez de dizer “paz e segurança”, todo aquele que permanece no conselho de Deus, há de clamar: “Preparem-se, rapidamente. Preparem-se; pois assim que a maré avançar novamente, quem for atingido por ela, este será tragado para sempre. Esse é o perigo, percebem?

Vamos explorar mais este assunto, agora com base em O Grande Conflito, p. 443:

“Quando a igreja primitiva se corrompeu, afastando-se da simplicidade do evangelho e aceitando ritos e costumes pagãos, perdeu o Espírito e o poder de Deus; e, para que pudesse governar a consciência do povo, procurou o apoio do poder secular.” Vejam que aqui está se falando do papado.

“Disso resultou o papado, uma igreja que dirigia o poder do Estado e o empregava para favorecer aos seus próprios fins, especialmente na punição da ‘heresia’. A fim de formarem os Estados Unidos uma imagem da besta, o poder religioso deve a tal ponto dirigir o governo civil que a autoridade do Estado também seja empregada pela igreja para realizar os seus próprios fins.”

Alguém aqui viu algo do tipo realizado nos Estados Unidos? [Congregação: “Sim”]. Honestamente falando, você acredita que existe alguém neste recinto, além de você mesmo, que viu coisa semelhante nos Estados Unidos? [Congregação: “Sim”]. 

Há alguém que não viu? [Congregação: “Não”]. Independentemente do que essa pessoa diga sobre o assunto, do que pensa sobre ele, ou de sua opinião sobre o tema, eu pergunto novamente: Há alguém aqui, ou nos Estados Unidos, que não chegou a ver isso? O ponto não é o que a pessoa crê sobre o assunto. 

Não se trata disso, absolutamente; mas há por acaso alguém que não tenha visto acontecer o que li acima? [Congregação: “Não”]. Não há ninguém que não tenha visto o que foi feito. Eles sabem que a ação foi realizada, mesmo que não aceitem que se trate da imagem da besta. 

A questão não é essa. O fato é que a conduta descrita foi praticada. Todos viram o que aconteceu. Se alguém disse que não se trata da imagem da besta, podemos responder que foi, de qualquer forma, algo muito semelhante a isso. Nesse ponto talvez todos estejamos de acordo.

Há outro ponto que merece ser considerado aqui. Alguns têm expressado o desejo de que a Suprema Corte faça uma declaração sobre qual foi a intenção ou propósito dela com essa decisão. Mas, irmãos, isso não faria um bem sequer. Se a Suprema Corte dos Estados Unidos elaborar uma declaração explícita de que não foi, de forma alguma, a intenção dela tornar esta nação cristã, nem de estabelecer aqui uma religião nacional, isso não afetaria a situação em absolutamente nada.

A questão não tem que ver com a intenção  da Suprema Corte. A questão é o que ela fez. E é isso que conta. E a conduta da Corte será vista e seus frutos serão colhidos. Os efeitos prosseguirão, apesar de qual tenha sido a intenção da Suprema Corte. A situação não depende, em nada, disso. Eu não creio que qualquer membro da Suprema Corte tenha a intenção de que aconteça o que está intrínseco no que ela disse. Portanto, não é possível que a intenção dela seja o que está intrínseco em sua decisão. A Corte não sabe o que está envolvido na questão. Eles nem sonham as decorrências de tudo isso.

Será que o Congresso estava consciente das implicações do decreto dominical referente ao fechamento da Feira Mundial aos domingos? Será que estavam conscientes do que está em jogo? [Congregação: “Não”]. Vamos supor que o Congresso tomasse uma postura e aprovasse uma resolução em favor de todo o povo americano, declarando: “Não foi, sob hipótese alguma, nossa intenção, por meio deste decreto, colocar o governo dos Estados Unidos e a autoridade do governo nas mãos das igrejas”. E eles poderiam dizer isso honestamente, não concordam?

Pergunta: – Os bispos na época de Constantino estavam conscientes das implicações das atitudes deles?

Resposta: – Não. Eles não enxergavam as implicações. Eles não estavam conscientes disso. 

Esta é a questão.

Então, se o Congresso claramente disser que eles não tiveram a intenção de colocar o governo nas mãos das igrejas, podemos concluir, portanto, que o governo não está nas mãos das igrejas. Esta conclusão está correta? Não. O governo está sim, não importa qual foi a intenção deles.

A questão é que os congressistas não sabem as implicações do que foi feito; mas uma coisa podemos dizer: eles mesmos sabem agora que há implicações que na época não conheciam. Um senador do Estado de Washington disse ao irmão Decker que, se na época ele tivesse as informações que veio a ter posteriormente, o voto dele teria sido outro. Exatamente isso. 

E há outros membros da câmara que disseram a mesma coisa. O grande dano está justamente nisso. Satanás não está preocupado, e o papado também não está preocupado, se eles estão conscientes ou não das implicações, ou se tiveram esta ou aquela intenção. A ação já foi tomada, seus frutos hão de aparecer e o mal intrínseco nela virá à tona, apesar de qual tenha sido a intenção da Corte, do Congresso, e apesar do que a Corte ou o Congresso sabiam.

De qualquer forma, nossa fonte de interpretação para essas ações tomadas não se encontra nessas considerações. Nossa fonte de interpretação para esses eventos é a Palavra de Deus. Podemos interpretar essas ações tomadas investigando a história do papado. E somente aqueles que investigarem bem essa história poderão perceber o que existe por detrás das ações que foram tomadas. 

Quem não estiver familiarizado com a história do papado; quem não tiver estudado e investigado a origem dessas coisas, seus abusos, seu crescimento, a lógica de cada passo até ele alcançar plena maturidade; quem não tiver acompanhado tudo isso não estará preparado para enxergar o que há nessas coisas e qual será o resultado delas.

É por essa razão que o Senhor dirige nossa atenção para a história passada para encontrarmos ali a fonte de nosso conhecimento. Permitam-me ler algo novamente:

“A fim de sabermos o que é a imagem, e como deve ser formada, precisamos estudar as características da própria besta: o papado” (O Grande Conflito, p. 443).

Como disse noite passada, Deus nos concedeu informações que nos permitem saber com muita antecedência o que vai acontecer, de maneira que, quando acontecer, possamos reconhecer de imediato que estamos diante do papado.

Portanto, a intenção da Suprema Corte em tudo isso não tem nada que ver com a questão. Se um documento fosse oficialmente apresentado pela Suprema Corte dos Estados Unidos, assinado por cada juiz, declarando que não houve nenhuma intenção de dar o poder às igrejas, eu simplesmente diria: “Isso não tem nada que ver com a questão”. 

O que conta é o que eles disseram; e o que eles disseram foi isto: “Esta é uma nação cristã”, e “provaram” isso. E as implicações dessa afirmação virão à tona, não importa quais tenham sido as intenções deles ou o que eles sabiam a respeito. Isso não tem nada que ver com o assunto.

E temos todos aqueles testemunhos que lemos aqui. Todos eles estão na pequena publicação “Special Testimonies” [Testemunhos Especiais]. Ali lemos que não devemos obter informações de fontes externas, que não devemos nos aconselhar com o mundo. Nossas ordens devem vir do alto. 

Nossos conselhos devem proceder de lá. Na Review and Herald de 21 de fevereiro, página 1, há uma declaração que diz que aqueles que permanecem no conselho de Deus terão sabedoria para detectar os movimentos de Satanás e evitá-los. Irmãos, o Senhor nos deu armas para cada situação para lutarmos contra qualquer coisa que Satanás possa fazer. 

Vejam só: Ele deixou à nossa disposição três fontes para que tenhamos pleno conhecimento dessas coisas: a Bíblia, os Testemunhos e a história do papado. Temos três fontes de conhecimento que nos explicam sobre as operações da primeira e segunda bestas: a história, as Escrituras e o Espírito de Profecia. Não temos todas as armas necessárias?

Portanto, vamos fazer uso dos documentos e meios que Deus nos deu para estarmos escudados contra esses enganos. É disso que precisamos. Precisamos estudar; mas qual é a utilidade de um pregador se ele não estudar? Digam-me.  Ele não tem nada mais a fazer do que estudar; e nada mais a fazer do que trabalhar. Estudar e trabalhar, trabalhar e estudar o tempo todo. 

É claro que estudar por completo, com dedicação e com todo empenho esses assuntos implica trabalhar mais arduamente do que muitos têm feito. Mas não fiquem com receio de que vocês vão fundir a cabeça. Não se preocupem. Minha mensagem não é só para os ministros, mas para cada adventista do sétimo dia, pois todos devem ser ministros em um momento ou outro. 

Meu desejo é que cada adventista do sétimo dia se dedicasse a estudar esses temas até que cada fibra do cérebro se rompesse. Isso faria bem a todos. Gostaria que cada um estudasse até que o cérebro estourasse devido ao grande esforço. O que o Senhor diz? “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma”; e quanto do pensamento? [Congregação: “De todo o teu pensamento”] (Mt 22:37, ARC). Vamos agir assim. Não fiquem para trás. Vamos prosseguir rumo a esse alvo. Ele quer que façamos tudo para Ele “de todo o teu pensamento”. De todo o teu pensamento. Todo mesmo. Que Deus tenha o domínio sobre nossa mente.

Vou continuar a ler aquela declaração que fala daqueles que dizem que “todo esse alvoroço vai se acalmar”. “Testemunho núm. 33”, páginas 243, 244:

“Mas, com muita frequência, o líder mostra hesitação, parecendo dizer: ‘Não vamos nos apressar tanto. Pode haver um erro. Precisamos tomar cuidado para não darmos falso alarme’. A própria hesitação e incerteza da parte dele revelam esta mensagem: ‘Paz e segurança. Não fiquem agitados. 

Não fiquem alarmados. A agitação sobre essa questão da emenda religiosa é maior do que se faz necessária. Todo esse alvoroço vai se acalmar’. Dessa forma, ele, para todos os efeitos, nega a mensagem enviada por Deus; e a advertência, cujo fim era levar as igrejas à vigorosa ação, deixa de cumprir sua obra. O trombeta da sentinela não dá o sonido certo, e o povo não se prepara para a batalha. 

Que a sentinela fique alerta, para que, por meio de sua hesitação e demora, almas não se percam, e o sangue delas seja requerido de sua mão.”

Outro ponto. Alguns dos nossos irmãos do ministério, e muitos dentre o povo, têm dito: “Não creio que esta obra em prol da liberdade religiosa, sobre a relação entre igreja e estado, corresponde exatamente à nossa obra. Parece muito com política. 

Não acho que esta é precisamente nossa obra: lutar por essa separação entre igreja e Estado e garantir nossa liberdade para guardar o sábado”. Bem, isso depende completamente da condição do coração de cada um. Depende totalmente do que isso significa para você. Se a questão é meramente política, então tudo só tem que ver com política. 

Por outro lado, se de fato essa obra significa para você um esforço para garantir liberdade religiosa na sua vida e no seu coração, então estamos lidando com o evangelho. Se para você não passa de teoria, formalismo exterior, então tudo se resume a questões políticas. Isso é tudo que você conhece. 

Mas se no seu íntimo você deseja garantir a liberdade de sua alma, a liberdade genuína que Cristo concede à alma convertida, então você está engajado na verdadeira obra da liberdade religiosa, na obra do evangelho de Cristo, e não em nenhuma ação política. Esta é a diferença entre política e o evangelho de Cristo.

Gostaria de saber qual é o maior, mais sagaz e mais dissimulado político da Terra? [Congregação: “O papa de Roma”]. Sim, claro, o papa. Ele sempre foi o mais habilidoso político. Cada um deles foi um político, vocês sabem. 

Mas ele professa o evangelho. Existe alguém que professa a religião mais do que o papa? Mas os princípios e o evangelho que o papado professa são puramente aparentes, superficiais. As ações do papado nada mais são do que ações políticas. 

Mas deixem que os princípios do evangelho que esses homens ostentam no exterior apenas, e que eles mantêm como teoria, como credo; deixem que esses princípios do evangelho alcancem o coração e introduza Cristo no coração, aí, sim, vocês verão a verdadeira liberdade religiosa. Nesse caso, porém, papas não mais existiriam.

Assim, os irmãos que estão achando que a obra em prol da liberdade religiosa se parece muito com ação política, esses irmãos precisam descobrir o que significa a liberdade religiosa e precisam, de coração, aplicá-la para a própria vida deles. Dessa forma, verão que não se trata de política, mas, sim, de religião. Essas pessoas ainda não descobriram o significado da verdadeira religião. 

Não, senhor. A pessoa que encontra a liberdade religiosa que existe em Jesus Cristo, a qual o evangelho lhe proporciona – essa liberdade que separa todo assunto religioso do Estado –, tal pessoa terá em alta conta a separação entre igreja e Estado. 

A pessoa que tem essa consciência sabe que não se trata de política. Ele conhece o caminho seguro, e é neste em que vai caminhar e prosseguir, não importa qualquer argumentação contrária que o mundo possa mencionar ou elaborar. Aqui não estamos falando de política, mas de princípio.

Bem, esta deve ser nossa posição. Estas são algumas coisas que precisamos considerar. E o segredo de tudo, o princípio e o fim de tudo, o tudo em todos, é simplesmente Jesus Cristo habitando no homem interior – Cristo, a esperança da glória. Isso explica tudo, esclarece tudo e supre tudo. Cristo, Cristo, e Este crucificado, é tudo o que o ser humano possa querer e precisar. É tudo o que precisamos ter, pois “Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. 

Também, Nele, estais aperfeiçoados” (Cl 2:9).

Agora, ao nos separarmos, vamos adiante, levando a mensagem que Deus nos deu, no poder que acompanha essa mensagem, a fim de pregarmos o evangelho eterno a cada nação, e tribo, e língua, e povo – e não se esqueçam disto –, “dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”, anunciando também a mensagem do outro anjo que se segue: “Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (Ap 14:6-8). 

Ela fez isso? Deu a beber a todas as nações agora? [Congregação: “Sim”]. Que o anjo seguinte proclame sua mensagem com voz ainda mais potente:

“Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da Sua ira. [...] Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor” (Ap 14:9, 10, 12, 13).

Então, quando algum de seus amigos morre, por que prantear? Deus prometeu uma bênção para ele. Não se prive de uma bênção também por causa de incredulidade. “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor”. Em seguida vem a confirmação: “Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham” (v. 13).

“Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a Filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para Aquele que Se achava sentado sobre a nuvem: Toma a Tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da Terra já amadureceu! E Aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a Sua foice sobre a Terra, e a Terra foi ceifada” (Ap 14:14-16)

“Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus” (Ap 15:2).

É para lá que estamos indo. É uma viagem em linha reta, sem parada. É para lá que vamos.

Vocês percebem que tudo que fazemos, todo assunto que consideramos, cada palavra que proferimos, tudo é feito em função da vinda do Senhor. Ele está vindo! Ele está vindo! Isso não deixa vocês alegres? Sim, o Senhor está vindo, o próprio Jesus. “Haveremos de vê-Lo como Ele é” (1Jo 3:2). 

Não como Ele era, mas como Ele é. Veremos Sua face resplandecente como o sol; Sua veste, branca como a luz; Sua voz, como a voz de uma multidão, falando palavras de paz e de alegria eterna aos que O aguardam. Sim, irmãos, Ele está vindo; com toda Sua glória, Ele está vindo. 

Nós O veremos. Nós O veremos. Sim, como aquele bendito hino diz:

Ele vem, não uma criança em Belém,

Ele vem, não para numa manjedoura deitar;

Ele vem, não para sofrer com desdém;

Ele vem, não um estrangeiro sem onde repousar.

Ele vem, não para o Getsêmani,

Para no jardim chorar e gotas de sangue suar;

Ele vem, não para no Calvário morrer,

Para os rebeldes o perdão comprar;

Não, não. Eis que glória, reluzente glória, está agora ao Seu redor.

Exatamente. Envolto por um esplendor de ilimitada glória. Quantos dos santos anjos O acompanharão? [Congregação: “Todos eles”]. Todos? [Congregação: “Sim, todos”]. 

Mas vamos conhecê-Lo então em meio a tão grande multidão de anjos, cada um com brilho mais intenso do que o do sol? Ah, irmãos! 

Aquele que esteve conosco em todo o caminho; 

Aquele que esteve conosco no sofrimento;

Aquele que esteve conosco na dor; 

Aquele que nos livrou da angústia; 

Aquele que andou conosco a cada momento; 

Aquele que nos salvou dos nossos pecados; 

Aquele que nos permitiu conhecê-Lo; será que alguma coisa poderá ofuscar Seu brilho e O esconder de nós? [Congregação: “Não”]. Não. 

Se Sua bendita presença nos uniu a Ele quando Ele estava tão distante, será que alguma coisa poderá nos manter longe Dele no momento em que Ele estiver tão perto? Não. 

E os milhares de milhares de anjos, as miríades de miríades, não estarão lá para nos distanciar Dele. Eles não estarão lá para cercá-Lo como soldados ou guarda-costas para manter as pessoas longe. Oh, não. Eles vêm para nos conduzir até Ele. [Congregação: “Amém”]. 

Esta é a única missão deles ali: levar-nos até Ele. E Ele nos receberá para Si mesmo. Ele assim prometeu. Sim, esta foi Sua promessa. E nós O veremos por nós mesmos, e nossos olhos O verão, e não outros. Sim, não outros. As últimas palavras de Paulo foram: “Ó, Senhor, quando Te abraçarei? Quando Te verei por mim mesmo sem um véu ofuscante no meio?” (Sketches from the Life of Paul [Breve Relato da Vida de Paulo], p. 331).

Irmãos, esse dia não está longe. [Vozes: “Não, certamente não”]. Não vai demorar. Mais do que isso, irmãos, nós veremos nossos queridos ali. Vocês alguma vez perceberam como Paulo muda sua linha de raciocínio quando dirige palavras de conforto àqueles que, pela morte, perderam seus amigos? Aquelas palavras sobre a ressurreição dos que morreram em Cristo? 1 Tessalonicenses 4. 

Vamos ler a passagem: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. [...] Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre” uns com os outros? [Congregação: “Com o Senhor”]. Interessante. 

Ele começou sua mensagem de conforto dizendo que depois de certo tempo eles se encontrariam com seus amigos falecidos; mas quando chega esse momento, ele tira o foco completamente dos mortos ressuscitados. Por que isso? Porque o Senhor será tudo em todos naquele dia. É claro que ficaremos felizes porque nossos amigos estarão todos lá; mas, irmãos, a maior alegria de todas será vermos que nosso Amigo estará lá. Naquele dia, Ele terá a primazia sobre todos os outros amigos. Ficaremos tão felizes porque esse Amigo estará lá que não teremos tempo para procurar os outros. É por isso que Paulo diz:

“Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com O Senhor” (1Ts 4:16, 17).

Irmãos, naquele dia não haverá nenhum véu ofuscante no meio. Seremos como Ele, pois O veremos como Ele é. Fiquemos felizes por isso. Sempre felizes. Contem às pessoas que Jesus está vindo. Digam-lhes: “Preparem-se, pois Ele está vindo”. Digam-lhes essas coisas. 

Digam que Sua vinda está próxima. Preparem-se, pois Ele está vindo. Preparem-se para se encontrar com Ele, pois Ele está vindo. Preparem-se para ser como Ele; pois aquela glória, da qual podemos desfrutar uma parte agora, nos tornará completamente semelhantes a Ele naquele dia.

Vamos pegar nossos hinários e cantar todos juntos o hino de núm. 1.175, “Na Manhã da Ressurreição”:

“Na manhã da ressurreição, veremos o Salvador vindo, E os filhos de Deus celebrando em alta voz, no reino do Senhor.” Coro:

“Ressuscitaremos, ressuscitaremos, Quando a forte trombeta fender o céu azul; Sim, os mortos em Cristo ressuscitarão, todos os mortos em Cristo ressurgirão; Na manhã da ressurreição, ressuscitaremos.”

“Antevemos a glória do advento. Embora a visão pareça tardar, Confortaremos uns aos outros com a Palavra do Senhor.”

“Pela fé já sabemos que nosso combate logo findará; Em breve saudaremos uns aos outros na formosa e feliz Canaã.”

“Contaremos a encantadora história, quando virmos nossos amigos na glória; E preparados ficaremos para saudar nosso Rei celeste.”


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