5 - Alta traição

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5 - Alta traição

Há alguns que, erroneamente, acreditam que o diabo não é um ser real e pensante, mas apenas uma influência negativa. Considere, entretanto, que após ter sido batizado, Jesus foi ao deserto jejuar. Ali, foi abordado por um visitante muito singular, que Lhe falou: “... Se Tu és o Filho de Deus, ordena que ...”. 

A Bíblia identifica esse visitante, como sendo o caluniador [aramaico aquelcarsa], acusador, adversário, tentador, diabo, demônio e Satanás (Mt 4.1, 3, 5, 8, 10). Ora, uma influência não conversa, não raciocina, não decide. Conclui-se que Satanás é um ser pensante, real, que ainda existe.

Lúcifer, o ex-amigo

Como surgiu? Criou Deus o diabo? Não! Jesus criou Lúcifer, um anjo de luz. A ele Se refere, em Ezequiel 28.12-13: “... Tu eras um modelo perfeito, cheio de sabedoria e coroa de formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus ...”. 

Quem era ele? Foi-lhe dito: “Tu és o querubim ungido ...” (Ez 28.14 - KJ). Lúcifer era o amigo íntimo de Cristo e o comandante dos anjos. Quanto ao caráter: “Irrepreensível andaste em teus caminhos ... até que ...” (Ez 28.15).

Problema incompreensível

Deus não nos revelou como se originou o egoísmo no coração de Lúcifer, o que o transformou no mais infeliz dos seres. Não compreenderíamos. Apenas nos relata: “Como caíste do céu, Ó Lúcifer, filho da manhã! ... Porque tu tens dito em teu coração: Eu ascenderei em direção ao céu. Eu exaltarei meu trono acima das estrelas de Deus. ... Eu serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.12-14 - KJ). 

Pretendeu receber a honra, as homenagens e a adoração dos anjos [‘estrelas’ de Deus (Jó 38.7)], como se fosse o próprio Criador. Desejou Seu poder, Sua honra e Sua majestade, mas não o Seu caráter de amor abnegado. Se aquilo lhe tivesse sido concedido, nem mesmo assim se contentaria! Porque pretender satisfazer o egoísmo é semelhante a tentar apagar fogo com gasolina. 

O pai da mentira

Na impossibilidade de satisfazer seus propósitos, passou a acusar a Deus Pai de ser severo, exigente, dominador, injusto e egoísta. Atribuiu-Lhe o desejo de exaltação própria, e revoltou-se contra Deus e contra Sua Lei. Mesmo conhecendo bem a Deus, Satanás O caluniou. Por isso Jesus afirmou: “... 

Quando ele fala mentira, fala do que lhe é próprio; porque é ...  pai dela” (Jo 8.44 - KJ).

Deus mudou-lhe o nome de Lúcifer – ‘anjo de luz’ – para Satanás, que significa adversário, inimigo. Em Apocalipse 12.7-9 (KJ), lemos: “E houve peleja no céu.  Miguel e os seus anjos lutaram contra o dragão, e lutou o dragão e os seus anjos, e não prevaleceram, nem o seu lugar se achou mais no céu. 

E o grande dragão foi lançado fora, aquela antiga serpente, chamada de Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi lançado à terra, e os seus anjos foram lançados com ele”. Um imenso número de anjos – um terço deles – foi seduzido por Satanás: ‘a terça parte das estrelas do céu’ (Ap 12.4; Jó 38.7); e eles estão fazendo o mal em nosso planeta.

Fonte de desgraças

E Ezequiel 28.15 conclui: “... até que se achou iniquidade em ti”. E por que pecou? “O teu coração elevou-se por causa da tua beleza, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu brilho ...” (Ez 28.17 - KJ). 

Sua influência maldita foi sentida ao longo da história humana. Enganou  Eva com mentiras, induzindo o casal a pecar, ocasionando-lhes a primeira e a segunda morte. “O vencedor não sofrerá o dano da segunda morte” (Ap 2.11). Ver Apocalipse 20.6, 14. Nessa morte os ímpios deixarão de existir para sempre.

“... Ele foi homicida desde o princípio ...” (Jo 8.44 - KJ). Satanás matou a Jesus Cristo na cruz; entretanto, em sua mente, em seu coração, já O havia assassinado antes de ser expulso do Céu. 

De fato, ele ‘foi homicida’ – em suas intenções – antes de o homem ser criado. Ele também afligiu a Jó assim que lhe foi permitido: “Saiu, pois, Satanás de diante da presença de Yahweh, e feriu a Jó com uma úlcera maligna, desde a planta de seus pés até o alto de sua cabeça” (Jó 2.7).

Leão medonho

E, no tempo de Cristo: “Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro em dia de Sábado esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos?” (Lc 13.16 - KJ). Note também este registro: “Perguntou-lhes Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios” (Lc 8.30 - KJ). 

Ciente da existência demoníaca, Pedro nos orienta: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pe 5.8 - KJ). E Paulo: “E não é de admirar; porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2 Co 11.14 - KJ).

Com os dias contados. A Fogueira da raiz e dos ramos

Contudo, Deus sempre protegeu Seu povo: “Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o Gerado por Deus o guarda, e o maligno não o pode atingir” (1 Jo 5.18 - BJ). “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. ...” (Sl 91.1 - KJ).

Uma das boas novas, nas Escrituras, é a de que Satanás, seus anjos e os ímpios perecerão, isto é, deixarão de existir. Eis os relatos bíblicos, do que aconteceu e do que vai acontecer com Lúcifer e seus associados: 

“Então tu contaminaste os teus santuários pela multidão das tuas iniquidades, pela iniquidade do teu comércio; portanto, Eu farei sair um fogo do teu meio, ele te devorará, e te trarei às cinzas sobre a terra à vista de todos aqueles que te contemplam. Todos os que te conhecem entre as pessoas ficarão espantados de ti; tu serás um terror, e nunca mais existirás” (Ez 28.18-19 - KJ). 

“Porque ainda por pouco tempo, e os perversos não existirão mais ...” (Sl 37.10). “Mas os perversos perecerão [perecer = deixar de existir], e os inimigos do SENHOR serão como a gordura dos cordeiros; eles serão consumidos; na fumaça serão totalmente consumidos” (Sl 37.20 - KJ ). 

 “... todos os que cometem perversidade serão como a palha; e o dia que vem os queimará, diz o SENHOR dos Exércitos, e isso não lhes deixará nem raiz nem ramo” (Ml 4.1 - KJ). Os pecados cometidos e para os quais não houve perdão, consumirão aquele que os cometeu. Assim, tanto Satanás – a raiz do pecado – como seus seguidores – os ramos – deixarão de existir. É uma boa notícia.

Dando tempo ao tempo para tirar-lhe a máscara

Por que isso não aconteceu logo que eles pecaram? Possivelmente, porque os anjos fiéis ainda não tinham compreendido as profundas consequências do pecado. Ser-lhes-ia conveniente constatar no que daria a política de Satanás, a fim de que continuassem a servir a Deus por amor e não por medo. 

Ao conhecerem o fruto ruim, condenariam a árvore, mas para tanto, ela precisava desenvolver-se. Era necessário dar tempo para que Satanás e seus comparsas se revelassem completamente; e assim, o caminho, escolhido pelos maus, fosse, decidida e conscientemente, rejeitado pelos anjos fiéis. 

Tentando, de todas as maneiras, impedir que Jesus salvasse também a humanidade, Lúcifer revelou seu maligno caráter. Na cruz, romperam-se os últimos laços de simpatia que os anjos de Deus ainda mantinham por ele. Foi expulso dos seus corações: “Agora é o juízo deste mundo; o governante deste mundo agora é expulso. 

E depois que Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim” (Jo 12.31-32). Ao presenciarem o que Satanás fez a Jesus na cruz, expulsaramno de suas afeições. Ali Cristo venceu-o: “... por isso te lancei por terra [venci-te], diante dos reis e te entregarei a eles como espetáculo” (Ez 28.17). 

A estratégia divina

Por que Satanás continuou a existir após a cruz? Se Satanás e seus anjos tivessem deixado de existir logo após a cruz, as tendências ao mal, que residem em nosso coração, também teriam sumido? A lei do egoísmo [da infelicidade] deixaria de atuar, evaporaria? Não! Lembremo-nos de ‘... que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus ...’ (Rm 8.28 - KJ). 

Satanás sabe da existência da lei da malignidade em nós. Por suas tentações, quer que concordemos com ela a fim de nos acusar perante os Céus e escarnecer de Jesus e caluniar a Deus Pai. O diabo não pode ler os nossos pensamentos ou motivos; mas pode colocar alguma ideia, sugestão ou pensamento mau em nossa mente. Ser tentado não é pecado. Jesus foi tentado e nem por isso pecou. 

A tentação visa, apenas, a que o homem concorde em praticar o mal, a que ceda às suas tendências à maldade, e assim ofenda a Deus, peque. O diabo, porém, não pode nos obrigar a concordar com ele, nem a praticar o mal! Pode apenas sugerir, convidar, tentar, pressionar, coagir e, às vezes, maltratar. Ele depende de nossa vontade, de nossa concordância, de nossa anuência. Houve mártires, queimados vivos, mas que não cederam a Satanás. 

O grande conflito universal

Basicamente, o grande conflito, entre Cristo e Satanás, pode ser resumido assim: enquanto o diabo, agressivamente, insiste afirmando que a maneira de alguém ser feliz é prejudicando o próximo, o nosso Deus nos assegura que seremos tanto mais felizes quanto mais beneficiarmos o nosso semelhante. 

A intenção de Deus é que o cristão aprenda a ter Cristo em seu coração como um poder subjugador de toda inclinação ao mal, mediante o Espírito Santo.

O objetivo de Deus é o de nos conduzir à felicidade, à completa vitória sobre as nossas más tendências e tentações. Dá-nos Seu Espírito Santo, que nos convence do pecado e, pelo poder criador e transformador da Palavra de Deus, podemos vencer a nossa natural atração ao mal, livrando-nos da infelicidade. Dessa maneira, Deus transforma a ação maligna num bem para os que O amam.

Ensinando por contraste e com sinceridade

Como poderíamos preferir e escolher o doce, sem compará-lo com o amargo? O valor da pureza cresce, quando comparada com a corrupção. Como poderíamos apreciar o suave domínio e a doce influência de Cristo, sem compará-los com a dureza e maldade diabólicas? 

Satanás deveria continuar existindo, para que tanto os homens como os anjos, pudessem ver o contraste entre o Príncipe da Luz e o príncipe das trevas. Cumpre-nos escolher a quem almejamos servir. Por nada ter a esconder, Deus nos revelou como Lúcifer, o grande amigo de Jesus, transformou-se em Satanás, Seu e nosso adversário. 

E nós, como entramos na desoladora situação em que nos encontramos?

Oremos juntos: “Querido Pai Celestial, muito obrigado por nos revelares Tua maneira paciente, justa e bondosa com que trataste até o Teu e nosso cruel, perverso e maligno inimigo. Em nome de Jesus. Amém”.


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