09 - A Mensagem do Terceiro Anjo – Sermão 9

A mensagem do terceiro anjo

A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 7 de fevereiro de 1893, p. 178-185.

Alguns afirmaram que eles não conseguem entender como uma pessoa pode reconhecer que ela é infeliz, miserável, pobre, cega e nua, e não sabe disso, e ao mesmo tempo se regozijar no Senhor. Bem, eu gostaria de saber como alguém poderia se alegrar sem reconhecer essas coisas. 

Gostaria de saber como uma pessoa vai se regozijar no Senhor se pensa que tudo está bem com ela. Alguém pode me dizer? Não consigo imaginar. 

Contudo, quando uma pessoa está ciente de que ela é o que o Senhor afirma que ela seja, reconhece o fato e descobre, então, que o Senhor é tão bom a ponto de aceitá-la tal qual está e prepará-la para permanecer na presença de Deus por toda a eternidade, então ela tem um motivo para se regozijar. Não há outra coisa que ela possa fazer.

Ora, irmãos, o Senhor não nos salva porque nós somos tão bons, mas porque Ele é tão bom. Não se esqueçam disso. Ele não nos salva, nem nos abençoa na obra de Deus, no mínimo que seja, porque nós somos tão bons, mas porque Ele é bom e nós somos maus. 

E o que é maravilhoso em tudo isso é que Ele nos abençoará em tão grande medida, sendo nós tão maus. E a alegria é que Ele nos salva e nos faz refletir Sua própria imagem, mesmo nós sendo tão maus quanto somos. É daí que provém o regozijo no Senhor.

Agora, quanto a entender isso, eu não posso entendê-lo, mas sei que é assim, e isso é tudo o que me importa. Mas desde que eu saiba que é assim, não vou me preocupar e ficar incomodado a respeito de como o Senhor pode fazer isso, ou se consigo entender ou não. Vocês estão preocupados com isso? [Congregação: “Não”].

Há outro ponto aqui que podemos considerar. Eu me refiro àqueles que não conseguem entender que é assim. Irmãos, digam ao Senhor várias vezes que é assim e então vocês verão o fato. Vocês não o entenderão no momento, mas o verão. Vocês não podem ver como isso acontece, mas podem ver que é um fato. Não há outra maneira de ver a questão. 

Será que poderei ter essa experiência se meu coração não estiver nela? Não. Ela pertence ao coração, e não é possível vê-la com os olhos. Vocês devem vê-la com o coração, e somente o Espírito de Deus pode nos dar o colírio que lhes permitirão ver. 

Aqui está algo que não explicará, mas ajudará, talvez, vocês a entender o assunto um pouco melhor. No Testemunho núm. 31, página 44, leio as seguintes palavras: “Vocês estão em Cristo? Não, a menos que reconheçam que vocês são pecadores errantes, desamparados e condenados.”

Isso é o que alguns irmãos dizem não poder enxergar. Eles dizem: “Se estou em Cristo, não consigo entender como devo aceitar que sou um pecador desamparado e acabado. Eu pensava que, se eu estivesse em Cristo, eu poderia então agradecer ao Senhor por ser uma pessoa boa, impecável, inteiramente perfeita, santificada e coisas assim.” Evidentemente que não. Ele é. Quando você está em Cristo, Ele é perfeito, Ele é justo, Ele é santo, Ele nunca erra, e Sua santidade é imputada a você; ela é dada a você. A fidelidade Dele, a perfeição Dele é minha, mas eu não sou isso.

Talvez vocês conseguirão ter uma percepção um pouco mais clara desse pensamento se lermos aquele verso familiar a todos, que se encontra em 1 Coríntios 1:30: “Mas vós sois Dele, em Cristo Jesus, o qual Se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”. Então, onde está minha justiça? Em Cristo. Onde está minha sabedoria? Em Cristo. Onde está minha santificação? Em Cristo. Onde está minha redenção? Em Cristo.

Sim, entendo, mas quando venho até Ele em busca de sabedoria e Lhe peço sabedoria, e Ele a concede a mim, não posso me gabar e dizer: “Eu sou sábio? Evidentemente que não. No momento em que eu disser isso, serei mais tolo do que já fui em toda a minha vida. 

Porque ao me entregar ao Senhor, Ele Se condescendeu em permanecer ao meu lado e, dessa forma, me dar Sua sabedoria, para que ela me guie e me oriente nos caminhos da sabedoria e me permita andar nos caminhos da justiça. 

Pelo fato de Ele ter feito essa obra, será que eu posso então me orgulhar por esse fato e dizer: “Agora eu sou sábio? Vocês não percebem que essa seria naturalmente a maior tolice que eu poderia falar? Ele fez a obra; Ele me ajudou, Ele me deu Sua sabedoria; foi Sua sabedoria que me guiou, se apossou de minha mente e coração, me orientou e me conservou nos caminhos da sabedoria. 

Portanto, Ele é minha sabedoria, e eu não tenho sabedoria alguma, mas somente a Dele. Vocês não percebem? Por agora, simplesmente aceitem dessa forma; depois vocês saberão que se trata de um fato.

“Guiar-te-ei com os Meus olhos” (Sl 32:8). Quando Ele diz que me guia com Seus olhos, devo dizer que são Seus olhos que guiam vocês, e não os olhos de vocês. Então, a única coisa a fazer é renunciar completa e incondicionalmente ao nosso eu e permitir que este seja, completa e incondicionalmente Dele, a fim de que Ele seja tudo em cada um de nós.

Portanto, Ele é nossa sabedoria, nossa santificação, nossa redenção e nossa justiça. Então Ele é meu contentamento quando sou infeliz; Ele é meu conforto quando sou miserável; Ele é minha visão quando sou cego; Ele é minha riqueza quando sou pobre, e Ele é meu conhecimento naquilo que não sei.

Agora, a respeito daquele pensamento da noite passada, alguns acharam que eu estava indo longe demais. Talvez pensaram: “Já é o suficiente eu dizer que sou um infeliz, quando Jesus diz que sou infeliz; que sou pobre, quando Ele diz que sou pobre; que sou cego, quando Ele diz que sou cego”. 

Parece-me, porém, que quando Ele diz “nem sabes”, há quem responda: “Eu sei”. Deve ser assim? Não, não. Quando Ele diz que não sabemos, eu devo responder: “Eu nada sei”. Não comecem a colocar interpretações pessoais na maneira de Deus avaliar as coisas. 

Quando digo que sou infeliz, miserável, pobre, cego e nu, estou fazendo a coisa certa. Mas, acima de tudo, quando Ele diz que eu não sei, devo dizer: “Senhor, eu nada sei”.  “Se qualquer pessoa pensa saber alguma coisa, não sabe nada ainda como convém saber” (1 Co 8:2, KJV, tradução literal). 

Eu ainda não sei, embora eu esteja reconhecendo que sou essas coisas. Contudo, eu não sei o quão infeliz, miserável, pobre, cego e nu eu realmente sou, como saberia se ele me revelasse minha real condição. No momento em que aceitarmos a mensagem de Laodiceia tal qual ela é apresentada, certamente receberemos tudo que Deus nos oferece nela. 

Então, irmãos, esse é o objetivo da mensagem. Não há outro. Que ela realize a Sua obra da maneira que Deus deseja. Olhem aqui. Vamos dar atenção a este testemunho encontrado no Volume 1, páginas 186 e 187, e dado em 1859:

“Foi-me mostrado que o testemunho aos laodiceanos se aplica ao povo de Deus no tempo presente, e a razão por que ela não tem realizado uma obra maior se deve à dureza do coração deles. Mas Deus tem dado à mensagem tempo para realizar sua obra. 

O coração precisa ser purificado dos pecados que por tanto tempo têm excluído Jesus. Esta terrível mensagem fará sua obra. Quando foi apresentada pela primeira vez, ela levou a um íntimo exame do coração.”

É isso que ela vai fazer neste tempo. Deixemos, então, que ela faça sua obra. Porém, houve um intervalo de tempo desde que ela foi apresentada pela primeira vez. Continuo a leitura:

“Os pecados foram confessados e em todos os lugares o povo de Deus foi sacudido. Quase todos creram que essa mensagem concluiria o alto clamor do terceiro anjo. Mas como o povo não viu a poderosa obra concluída em um curto espaço de tempo, muitos perderam o efeito da mensagem.”

Eles desistiram, conforme este testemunho não publicado afirma:

“Os pecados de Israel devem ir a juízo com antecedência. Cada pecado deve ser confessado no santuário, então o trabalho há de ir adiante, isso deve ser feito agora. A chuva serôdia está vindo sobre aqueles que são puros – todos, então, a receberão como no passado. Ninguém recebe a chuva serôdia a não ser os que fazem tudo o que podem. 

Cristo nos ajudará. Todos poderiam ser vencedores pela graça de Deus mediante o sangue de Jesus. Todo o Céu está interessado na obra. Anjos estão interessados.” “Deus pode fazer deles um exército contra os inimigos deles. Vocês desistem rápido demais. Vocês soltam cedo demais aquele braço! O braço de Deus é poderoso. 

Satanás trabalha de diferentes maneiras para roubar a mente de fixar-se em Deus. Vitória, vitória! Precisamos tê-la sobre cada erro. Um solene aprofundar-se em Deus. Prepare-se. Coloque a sua casa em ordem.”

Quando, porém, ela foi primeiramente apresentada, pelo fato de ela não ter feito a obra “em pouco tempo”, eles disseram: “O tempo não chegou”; assim, desistiram da mensagem e a perderam. Leio novamente um texto do Testemunho, Volume 1, página 186:

“Vi que esta mensagem não realizaria sua obra em alguns poucos meses. Seu propósito é despertar o povo de Deus, revelar-lhe suas apostasias e levá-lo a um zeloso arrependimento, de modo que seja favorecido com a presença de Jesus e seja preparado para o alto clamor do terceiro anjo. 

À medida que esta mensagem exercia sua influência sobre o coração, ela conduzia pessoas a uma profunda humildade diante de Deus. Anjos eram enviados em toda direção para preparar corações descrentes para a verdade.”

Esta é a posição em que nos encontramos. Enquanto esta mensagem está nos preparando para o alto clamor, Deus está enviando anjos por toda a parte para preparar pessoas para a verdade. E quando sairmos dessa assembleia com esta mensagem como a conhecemos agora, as pessoas a ouvirão.

“A causa de Deus começou a erguer-se, e Seu povo tomou conhecimento de sua posição. Se o conselho da Testemunha Verdadeira tivesse sido completamente ouvido, Deus teria operado em favor de Seu povo com maior poder. Todavia, os esforços empreendidos desde que a mensagem tem sido dada foram abençoados por Deus, e muitas almas têm sido trazidas do erro e das trevas para se regozijarem na verdade. Deus provará Seu povo.”

O ponto especial que queria ressaltar é a parte que diz que a finalidade da mensagem é que o povo de Deus “seja favorecido com a presença de Jesus e seja preparado para o alto clamor do terceiro anjo”. O que nos prepara então para o alto clamor do terceiro anjo? A mensagem a Laodiceia.

Agora, irmãos, aquele trecho que eu estava lendo ontem à noite nos fornece a razão por que é importante que nossos olhos sejam ungidos com o colírio exatamente agora. Ontem à noite eu somente li a passagem. Agora eu a lerei novamente para explorarmos um pouco mais:

“Se aqueles que têm recebido grande luz não possuem fé e obediência correspondentes, tornam-se logo fermentados com a apostasia predominante; outro espírito os controla. Embora tenham sido exaltados ao Céu no aspecto dos privilégios e oportunidades, estão em condição pior que os mais zelosos defensores do erro. Há muitos que, dessa forma, estão se preparando para a ineficiência moral na grande crise.”

Vocês estão “se preparando” para “a ineficiência moral” neste tempo? Será que faço parte desse grupo?

“Eles são vacilantes e indecisos. Outros que não tiveram tão grande luz, que nunca se identificaram com a verdade, sob a influência do Espírito responderão à luz quando esta brilhar sobre eles. A verdade que perdeu seu poder sobre aqueles que por muito tempo têm desprezado sua preciosa instrução aparece bela e atrativa àqueles que estão prontos para andar na luz.”

O ponto que queremos estudar agora é a afirmação de que muitos “estão se preparando para a ineficiência moral na grande crise”. Precisamos investigar o que significa essa “ineficiência moral”, qual é o perigo envolvido e como caímos nela, não é verdade? Se eu estou nessa condição, então será que eu não devo saber o que essa “deficiência moral” significa, os perigos envolvidos e como caí nela? 

A dificuldade é fazer com que o povo chegue a uma posição em que consiga entender aquilo de que necessita. O Senhor sempre nos dará uma saída, e Ele nos mostra o caminho. 

Mas nossa primeira necessidade é entender o perigo, e, então, entender como caímos nessa condição. Vamos estudar isso. Vamos investigar o assunto; e queremos fazê-lo com o mesmo espírito com que fizemos este estudo na noite passada, pois se trata de um único estudo.

Nos “Testemunhos Especiais”, intitulado “Perigo em Adotar Métodos Mundanos na Obra de Deus”, página 5, leio estas palavras:

“Já em 1882, testemunhos do mais profundo interesse, sobre pontos de importância vital, foram apresentados a nosso povo com relação à obra e ao espírito que deveria caracterizar os obreiros. 

Pelo fato de essas advertências terem sido negligenciadas, os mesmos males apontados por elas têm sido acariciados por muitos, impedindo o progresso da obra e colocando muitas almas em perigo. 

Os que são autossuficientes, que não sentem a necessidade constante de oração e vigilância, serão enredados. Mediante fé viva e fervorosa oração, as sentinelas de Deus devem se tornar participantes da natureza divina; caso contrário, serão encontradas professamente trabalhando para Deus, mas, na realidade, prestando seu serviço ao príncipe das trevas.”

É uma coisa terrível estar nessa condição. Pensar que se está “trabalhando para Deus”, quando, na verdade, todo o trabalho é para o inimigo! Quem estará nessa situação? Os que não têm fé sincera, que não entregaram tudo e não possuem a Cristo. Em outras palavras, aqueles que não deram ouvidos à mensagem a Laodiceia.

O testemunho continua:

“Pelo fato de seus olhos não terem sido ungidos pelo colírio celestial, o entendimento deles ficará cegado, e eles estarão ignorantes quanto aos espantosos e capciosos estratagemas do inimigo.”

Irmãos, estamos no tempo – e permaneceremos nele desde agora até o fim do mundo – em que enfrentaremos situações que nos deixarão perdidos se contarmos com a razão. Tomaremos o lado errado. Repito: se dependermos da razão, certamente tomaremos o lado errado. 

Poderemos perceber a situação somente com o colírio celestial pelo qual se cumpre a palavra: “Conhecereis a verdade” (Jo 8:32). Com ele, assim que o engano chamar nossa atenção, perceberemos todo o caminho para onde ele quer nos levar. 

Haverá momentos em que a causa de Deus e a honra da causa de Deus dependerá daquilo que vocês e eu dissermos; e Satanás poderá tirar vantagens daquilo que vocês e eu dissermos. 

E nessas ocasiões, que sempre ocorrerão, se vocês e eu não ficarmos atentos e não recebermos o Espírito celestial para nos dar a palavra correta a dizer, diremos a palavra errada, e esta colocará cada um de nossos irmãos na defensiva. Assim, cada um de nós ficará em desvantagem, pois o inimigo está chegando ao ponto em que ele está investigando cada posição que tomamos.

O inimigo está alerta agora, observando cada posição adotada, com o único propósito de pervertê-la e nos colocar em desvantagem. Precisamos de algo que vá além da sabedoria humana, ou de nossa própria razão, para sabermos como tomar a posição correta. 

Estaremos em situações em que a honra da causa de Deus dependerá de nós. Perguntas nunca ouvidas antes serão feitas. Poderemos estar diante de uma comissão, de uma assembleia legislativa, ou coisa do tipo – lugares para onde Deus possa nos chamar com o intuito de nos dar a oportunidade de difundir a luz e a verdade –, e ali ouvir uma pergunta que nunca nos havia sido feita antes. Vocês terão que saber naquele instante que resposta dar. 

Vocês não terão tempo para pensar ou raciocinar sobre a pergunta. Quando vocês tiverem que responder a certas perguntas, se vocês demorarem ou derem uma pausa para raciocinar sobre elas, a probabilidade é que a racionalidade de seu argumento possa parecer exatamente o oposto do que o Espírito Santo teria a dizer sobre o assunto, pois os caminhos Dele não são os nossos caminhos.

Irmãos, não estou falando aleatoriamente. Situações semelhantes já ocorreram. E hoje vocês e eu estamos em desvantagem; e há fardos que foram postos sobre vocês e eu, que teremos que carregar precisamente devido à cegueira de alguns adventistas do sétimo dia. 

Essa é a situação em que nos encontramos. E quando nossos inimigos percebem essas coisas, se infelizmente isso ocorrer, e as usam contra nós com o objetivo de lançar descrédito sobre nossa posição, quando defendemos a verdade como é em Cristo, não teremos outra saída a não ser repudiar tudo o que foi dito e declarar que não é a verdade, embora tenha vindo de uma adventista do sétimo dia. 

Estar numa situação como essa é algo terrível. Eu não quero colocar vocês em situações assim e não quero que vocês façam o mesmo em relação a mim; e sei que vocês não desejam fazer isso. Então, vocês e eu precisamos da unção celestial para sabermos o que dizer e o que fazer numa situação inesperada. “Aconselho-te que de Mim compres [...] colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas” (Ap 3:18).

Na página 7 lemos o seguinte:

“Os que creem na verdade devem ser quais fiéis sentinelas na torre de vigia; caso contrário, Satanás irá lhes sugerir raciocínios enganosos, e eles darão voz a opiniões que hão de trair responsabilidades santas e sagradas.”

Mas que responsabilidades santas e sagradas nós temos? É a causa de Deus, a obra da mensagem do terceiro anjo. Não é isso a única responsabilidade que temos? Então, quando vocês e eu traímos responsabilidades santas e sagradas, o que estamos traindo? 

Estamos traindo a mensagem do terceiro anjo. Além disso, estamos traindo cada um de nossos irmãos, os colocando em desvantagem, os vendendo às mãos do inimigo. Tudo isso nos mostra que vocês e eu devemos andar em veredas retas.

[Uma voz: Não existe um texto que diz que o Espírito de Deus nos dirá o que falar?].

Pastor Jones: Exatamente, e é precisamente isso que estou ressaltando. Esta exortação é para nós dependermos do Espírito de Deus e termos a certeza de que O temos. O objetivo dela não é para fazermos pouco caso dos ensinos do Espírito de Deus, nem da orientação do Espírito de Deus. Na página 13, há uma referência a Elias:

“Será que Elias se enfraquece diante do rei? Será que ele recua e se intimida, recorrendo à lisonja para abrandar as emoções do governante enfurecido? Israel tem pervertido seus caminhos e abandonado as veredas da lealdade a Deus. 

E agora, será que o profeta, a fim de preservar sua vida, iria trair sagradas e santas responsabilidades? Será que ele profetiza coisas suaves para agradar ao rei e para alcançar seu favor? Irá ele se esquivar do problema? Haverá ele de esconder do rei a verdadeira razão por que os juízos de Deus estão caindo sobre a terra de Israel?”

O que isso significa para nós? Não estamos vivendo no tempo de Elias? Não seremos ex-

pulsos como Elias foi? O fogo não há de descer do céu contra a verdade de Deus, assim como desceu lá em favor da verdade de Deus? Não seremos nós expulsos para estarmos sob a proteção dos anjos como Elias esteve? 

E para sermos transladados como ele foi? Nossa posição não é a mesma dele? Não precisamos então da mesma fé que ele teve? Há uma mensagem muito importante para nós sobre esse assunto no “Testemunho núm. 32, página 139:

“Será que Satanás há de triunfar sempre assim? Oh, não! A luz refletida da cruz do Calvário indica que uma obra maior do que nossos olhos já testemunharam deve ser realizada. O terceiro anjo, voando pelo meio do céu, anunciando os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus, representa nossa obra. 

A mensagem não perde nada de sua força à medida que o anjo prossegue em seu voo; pois João o vê crescendo em força e poder até que toda a Terra é iluminada com sua glória. 

A trajetória do povo de Deus guardador de Seus mandamentos é para frente, sempre para frente. A mensagem da verdade que levamos deve ir a nações, línguas e povos. Em breve ela irá com grande voz, e a Terra será iluminada com sua glória.”

Mas, o que nos é dito agora não é que ela em breve irá, mas que ela já “começou” e “vai” com grande voz.

“Estamos nos preparando para este grande derramamento do Espírito de Deus? Agentes humanos devem ser empregados nesta obra. Zelo e energia devem ser intensificados. Talentos que estão se enferrujando pela inatividade devem ser estimulados para o serviço. 

A voz que vier a dizer: “Esperem, não permitam que fardos sejam impostos sobre vocês”, esta é a voz dos espias covardes. Precisamos agora de Calebes que apressadamente se moverão para frente – capitães em Israel que, com palavras corajosas, farão um poderoso relatório em favor de ação imediata.”

Quem entrou na terra de Canaã? [Ouvintes: Calebe e Josué]. Os homens que disseram que eles poderiam entrar. E porque Deus estava com eles, puderam entrar na terra depois que todos os demais já haviam tombado no deserto. 

Eles continuaram com seus irmãos, destinados a perecer, cuja incredulidade fez com que ambos vagueassem por todos aqueles 38 anos. Mas Deus havia prometido: “Vocês entrarão na terra”. 

Quem há de entrar na terra agora? Vocês não lembram que nos foi lido um testemunho declarando que da mesma forma que Israel estava nas fronteiras de Canaã, nós também estamos? Quem vai entrar? Aqueles que fizerem “um poderoso relatório em favor de ação imediata”. Esses entrarão. 

Deus assim o diz. É possível que os incrédulos e temerosos hesitem e levem a causa de Deus a retardar-se; mas não temam. Deus prometeu que nós entraremos. Os Calebes entrarão. Isso está definido.

“Quando as pessoas egoístas, amantes da tranquilidade e dominadas pelo medo, temendo altos gigantes e muros inacessíveis, clamarem por uma retirada, que a voz dos Calebes seja ouvida, mesmo que os covardes se levantem com pedras nas mãos, prontos para derrubá-los por seu testemunho.”

Qual é o nosso propósito aqui? Estudamos até o momento que não devemos temer todos os poderes deste mundo, nem os poderes dos inimigos que se levantarão contra nós e a causa de Deus. Vimos isso em nossos estudos. 

Agora chegamos ao ponto em que se requer de nós que permaneçamos fiéis à mensagem de Deus e que não tenhamos medo nem mesmo de adventistas do sétimo dia covardes. Essa é a posição que Deus deseja que tomemos. 

Ele quer que tenhamos consciência de que a mensagem é para agora. Ele quer que proclamemos a mensagem como ela se apresenta agora. Caso nos deparemos com aqueles que estão prontos para nos derrubar com pedras e paus, prontos para nos maltratar, ou seja lá o que for, vamos dar graças a Deus que chegou o tempo para “ação imediata”.

Segue mais uma mensagem do Testemunho Especial, p. 6:

“Foi-me mostrado que as loucuras de Israel nos dias de Samuel se repetirão entre o povo de Deus hoje, a menos que haja maior humildade, menos confiança no eu e mais confiança no Senhor Deus de Israel, o Regente do povo.” Leio ainda no mesmo capítulo:

“Eles devem ser talhados pelos profetas com reprovação, advertência, admoestação e conselhos, para que sejam moldados segundo o Padrão divino.”

Na página 41 lemos:

“O mundo não deve ser nosso critério. Que o Senhor opere; que a voz do Senhor seja ouvida. Os que estão empregados em qualquer ramo da obra por meio do qual o mundo possa ser transformado, não devem entrar em aliança com aqueles que não conhecem a verdade. 

O mundo não conhece o Pai nem o Filho, e eles não possuem qualquer discernimento espiritual quanto ao caráter de nossa obra, quanto ao que nos cumpre fazer ou deixar de fazer. Devemos obedecer às ordens que vêm do alto. Não devemos ouvir os conselhos ou seguir os planos sugeridos por incrédulos. 

As sugestões propostas por aqueles que não conhecem a obra que Deus está realizando para este tempo serão do tipo que enfraquecerão o poder dos instrumentos de Deus. Ao aceitarem tais sugestões, o conselho de Cristo é desprezado.”

Qual é o propósito dessa advertência? Existe algum perigo em seguirmos métodos mundanos? Se não houvesse nenhum perigo, Deus não teria falado que esse perigo existe. 

Existe algum perigo em nos aliarmos com organizações mundanas ou as tomarmos como modelo? Um homem ou uma mulher faz uma carreira em alguma organização secular e acaba se tornando o líder dela; então, pelo fato de ele ou ela ter demonstrado algum sucesso no campo da “temperança” ou “moralidade”, ou qualquer coisa do tipo, achamos que temos que copiar o modelo deles ou adotar seus planos.

Deus tem algo melhor do que isso. Ele quer que demos atenção aos planos que vêm do alto. Já faz muito tempo que Ele nos disse que, embora algumas dessas organizações pudessem ter coisas que, em si mesmas, eram boas – e a temperança é mencionada como uma delas –, não podemos nos unir a elas se tais organizações estiverem aliadas à marca da besta, a instituições dominicais que trabalham em prol desse dia ou da promulgação de leis que obrigam as pessoas a violar sua consciência. 

Esse testemunho está à nossa disposição, que eu saiba, já faz oito anos, ou quase nove anos. O que Deus deseja é nos ter ao Seu lado. Permitiremos que Ele faça uso de nós? Seremos completamente submissos à Sua vontade? Daremos atenção às ordens do alto e obedeceremos a elas?

Há uma mensagem sobre esse ponto no Volume 1 dos Testemunhos, p. 183, que fala da causa quando o alto clamor começar:

“Todos pareciam ter um profundo senso da própria indignidade e manifestavam inteira submissão à vontade de Deus.”

Na página 2 do Testemunho “Perigo em Adotar Métodos Mundanos na Obra de Deus”, leio estas palavras:

“‘Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas’ [Ap 2:4, 5]. 

Aquele que chorou sobre o impenitente Israel, quando observou a ignorância deles a respeito de Deus e de Cristo, seu redentor, olhou para o centro da obra em Battle Creek. [Mas, irmãos, nós estamos em Battle Creek agora, e isso se aplica a nós]. 

Grande perigo rodeava as pessoas, mas alguns não sabiam disso. Incredulidade e impenitência lhes cegavam os olhos, e eles confiavam na sabedoria humana para dirigir quanto aos interesses mais importantes da causa de Deus.”

Leio agora a seguinte citação extraída do Testemunho intitulado “Aos Irmãos em Posições de Responsabilide”, página 10:

“A apostasia original iniciou-se por causa de incredulidade e negação da verdade. Devemos fixar os olhos da fé firmemente em Jesus. Quando chegarem os dias – e eles certamente virão – em que a lei de Deus for anulada, o zelo dos verdadeiros e leais deveria se erguer com a emergência e se mostrar ainda mais fervoroso e decidido, e o testemunho deles deveria ser ainda mais positivo e inabalável.” Na página 12 lemos:

“Há aqueles que se orgulham pela grande precaução que possuem quanto ao recebimento de ‘nova luz’, como eles a chamam, mas estão cegados pelo inimigo e não conseguem discernir as obras e os métodos de Deus. Luz, preciosa luz, chega do Céu, e eles se mobilizam contra ela. 

O que acontece em seguida? Esses mesmos aceitarão mensagens que Deus não enviou. Dessa forma, certamente se tornam perigosos para a causa de Deus pelo fato de estabelecerem falsos padrões.” Lemos ainda:

“Eles precisam da unção celestial para que compreendam o que é luz e verdade.”

Isso se aplica a vocês e a mim. Isso se aplica a mim especialmente. Quero lhes dar uma sugestão. Seria bom vocês lerem, se ainda não o fizeram, o artigo de primeira página da Review de 7 de fevereiro. Ele fala amplamente sobre esse assunto. Lerei algumas sentenças:

“Adotar uma atitude que dá a aparência de transigência é uma nova circunstância para este povo. É uma experiência nova, um afastamento dos princípios que temos seguido, os quais fizeram de nós o que somos hoje: um povo a quem Deus tornou próspero, um povo que tem o Senhor dos Exércitos consigo. [...] A vocês que estão ligados com coisas sagradas, Deus pede que tomem cuidado onde colocam os pés. Ele os considera responsáveis pela luz da verdade, para que ela possa brilhar em raios claros e distintos ao mundo. 

O mundo, com seus esquemas, nunca os ajudará a deixar a luz de vocês brilhar. [...] Todos os que defendem a verdade deveriam fazê-lo em justiça e não deixar de prezar seu valor e santidade. [...] Precisamos da sabedoria e habilidade divinas para que possamos aproveitar cada oportunidade que a providência de Deus disponibilizar para a apresentação da verdade.”

Devemos aproveitar a oportunidade e não trai-la, nem fracassar, quando ela for oferecida, devido à nossa falta de preparo. Qual o propósito de estarmos aqui se não estivermos preparados? Qual é o propósito de vocês e eu, ministros adventistas do sétimo dia, encarregados de levar a mensagem do terceiro anjo, qual é o propósito de estarmos aqui se não estivermos preparados quando Deus nos chamar e nos der uma oportunidade?

“Não permitam que o temor dos homens e o desejo de patrocínio obscureçam um único raio da luz celestial. Se as sentinelas da verdade deixassem agora de fazer soar a advertência, elas seriam indignas de sua posição como portadoras de luz ao mundo; mas caso o estandarte caia de suas mãos, o Senhor levantaria outros que seriam fiéis e leais.” “Será necessário coragem moral para fazer a obra de Deus sem vacilar. 

Os que se empenharem nesta obra não podem dar lugar algum ao amor próprio, considerações egoístas, ambição, amor à comodidade ou desejo de evitar a cruz. [...] Alguns poderão não mostrar visivelmente de que lado do conflito estão. 

Eles aparentemente não se colocam contra a verdade, mas esses não apoiarão ousadamente a causa de Cristo, por temerem perder posses ou sofrer opróbrio. Todos esses estão incluídos entre os inimigos de Cristo.”

Chegou o tempo para que os amigos de Cristo se tornem conhecidos. E se ocorrer de um adventista do sétimo dia ser alvo de investigação por seu posicionamento em favor de Cristo e da mensagem, que a amizade de vocês por Cristo se manifeste ao vocês apoiarem tal pessoa.

Tenho alguns minutos para falar sobre como chegamos a essa situação e como esses perigos nos sobrevieram.

Em outra noite, vocês devem lembrar que eu estava lendo o capítulo 2 de Joel. Então um dos irmãos, o irmão Corliss, chamou nossa atenção para o texto na margem da KJV do verso 23. Vocês se lembram disso? Eu lhe disse que faria menção da margem em outro momento. Agora, vamos todos ler esse verso na margem. 

O verso no texto é traduzido assim: “Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor, vosso Deus, porque Ele vos deu a chuva temporã moderadamente”. O que a margem diz? “Ensinador de justiça” [KJV; cf. Jl 2:23 na ARC]. Como esse “ensinador” é dado? “De acordo com a justiça”, que também se encontra na margem. “Fará descer, como outrora, a chuva temporã e a serôdia”. 

Quando Ele deu a chuva temporã, o que ela representou? “Um ensinador de justiça”. E quando Ele der a chuva serôdia, o que ela representará? “Um ensinador de justiça”. E como? “De acordo com a justiça”. Então, será que isso não corresponde exatamente ao que o testemunho nos disse naquele artigo que li para vocês várias vezes? “O alto clamor do terceiro anjo”, a chuva serôdia, já começou “na mensagem da justiça de Cristo”. 

Não é isso o que Joel nos disse muito tempo atrás? Será que nossos olhos não ficaram tapados de maneira que não conseguimos ver? Não precisávamos da unção? Irmãos, será que há algo no mundo que precisamos mais do que isso? Deveríamos ficar muito alegres por Deus ter enviado Seu próprio Espírito aos profetas para nos mostrar coisas que não conseguíamos ver! Deveríamos ficar infinitamente alegres por isso.

Assim, a chuva serôdia – o alto clamor –, segundo o testemunho e segundo as Escrituras, é o “ensino de justiça”, e “de acordo com a justiça” também. Agora, irmãos, quando foi que essa mensagem da justiça de Cristo começou entre nós como um povo? [Um ou dois na audiência: “Três ou quatro anos atrás”]. 

Quantos? Três ou quatro? [Congregação: “Quatro”]. Sim, quatro. Onde foi isso? [Congregação: “Minneapolis”]. Então, o que os irmãos rejeitaram em Minneapolis? [Alguns na congregação: “O alto clamor”]. O que é aquela mensagem de justiça? 

O Testemunho nos disse o que ela é: o alto clamor – a chuva serôdia. Então o que os irmãos, naquela terrível posição em que se encontravam, rejeitaram em Minneapolis? Eles rejeitaram a chuva serôdia – o alto clamor da mensagem do terceiro anjo.

Irmãos, isso não é triste demais? É claro que os irmãos não sabiam que estavam fazendo isso, mas o Espírito do Senhor estava lá para lhes dizer que era isso o que estavam fazendo, não é verdade? Mas quando eles estavam rejeitando o alto clamor, “o ensino de justiça”, e então o Espírito do Senhor, por meio de Seu profeta, Se manifestou e nos disse o que eles estavam fazendo, então o que aconteceu? 

Ah, então eles simplesmente colocaram de lado esse profeta com todos os demais. Foi isso o que aconteceu em seguida. Irmãos, é tempo de pensarmos sobre essas coisas. É tempo de pensarmos seriamente, de pensarmos cuidadosamente.

Na página 8 do Testemunho “Perigo em Adotar Métodos Mundanos na Obra de Deus”, leio o seguinte:

“Como Intercessor e Advogado do homem, Jesus guiará todos os que estão dispostos a ser guiados, dizendo: ‘Sigam-Me para o alto, passo a passo, onde a clara luz do Sol da Justiça brilha’. Mas nem todos estão seguindo a luz. Alguns estão se distanciando do caminho seguro, que, a cada passo, é um caminho de humildade. 

Deus confiou a Seus servos uma mensagem para este tempo; mas essa mensagem não coincide, em todos as suas particularidades, com as ideias de todos os líderes, e alguns criticam a mensagem e os mensageiros. Eles até ousam rejeitar as palavras de reprovação enviadas a eles da parte de Deus por meio de Seu Santo Espírito.”

Vocês sabem quem eram essas pessoas. Minha intenção não é que vocês apontem o dedo para outros. Vocês sabem se vocês faziam parte desse grupo ou não. 

Irmãos, chegou o tempo de retomarmos hoje à noite o que rejeitamos lá. Ninguém de nós é capaz de imaginar a maravilhosa bênção que Deus tinha para nós em Minneapolis, da qual já poderíamos estar desfrutando durante esses quatro anos, se os corações tivessem se mostrado prontos para receber a mensagem que Deus enviou. 

Estaríamos quatro anos adiantados; e nesta noite já estaríamos em meio das maravilhas do próprio alto clamor. Vocês não lembram que o Espírito de Profecia nos disse ali naquele momento que a bênção estava pairando sobre nossa cabeça? Bem, irmãos, vocês têm consciência de tudo. 

Não nos cabe examinar uns aos outros. Cada um examine a si mesmo. Cada um sabe que parte desempenhou naquele evento; e chegou o tempo de analisarmos detalhadamente todo o assunto. Sim, irmãos, chegou o tempo de esmiuçar o assunto. Eu lerei outra citação sobre isso daqui a pouco. Voltando à leitura:

“Que poder de reserva tem o Senhor com o qual alcançar aqueles que desprezaram Suas advertências e reprovações e atribuíram os testemunhos do Espírito de Deus a uma fonte em nada superior à sabedoria humana? 

No juízo, o que vocês que assim agiram podem oferecer a Deus como desculpa por terem dado as costas às evidências que Deus forneceu de que Ele estava na obra? ‘Pelos seus frutos os conhecereis’. Eu não gostaria de repetir agora diante de vocês as evidências apresentadas nos últimos dois anos a respeito da atuação de Deus por meio de Seus servos escolhidos.”

Este testemunho foi dado no outono de 1890, em 3 de novembro. Se retrocedermos dois anos, chegamos ao outono de 1888, ao mês de novembro; e isso foi em Minneapolis, onde essas coisas ocorreram. 

Estão presentes aqui uma meia dúzia de irmãos, ou talvez uma dúzia, que, em outra ocasião, depois de Minneapolis, ouviram, em um Instituto , o Espírito de Deus reprovar e repreender com palavras claras o espírito de Minneapolis que estava se manifestando naquele Instituto em que nos encontrávamos. Foi dito claramente que se tratava do “espírito de Satanás”. Isso aconteceu na primavera seguinte depois de Minneapolis.

Mas eu continuo:

“Mas a evidência atual de Sua operação está revelada a vocês, e vocês estão agora na obrigação de crer. Vocês não podem negligenciar as mensagens de advertência de Deus, vocês não podem rejeitá-las ou tratá-las levianamente sem correrem o risco de perda infinita. Críticas capciosas, o ridículo e a distorção dos fatos, tudo isso só pode ser tolerado à custa da degradação da própria alma. 

O uso desse tipo de arma não lhes garante vitórias preciosas; ao contrário, rebaixa a mente e separa a alma de Deus. Coisas sagradas são reduzidas ao nível das comuns, e um estado de coisas é criado que agrada ao príncipe das trevas, entristecendo e afastando o Espírito de Deus. 

Objeções capciosas e críticas deixam a alma tão destituída do orvalho da graça, como os montes de Gilboa eram destituídos de chuva. Não se pode depositar confiança no julgamento daqueles que cedem ao desejo de ridicularizar e deturpar. Nenhum peso pode ser dado a seus conselhos ou resoluções. Vocês precisam ter as credenciais divinas antes de darem passos categóricos para moldar o funcionamento da obra de Deus.”

“Acusar e criticar aqueles a quem Deus está usando é o mesmo que acusar e criticar o Senhor, que os enviou. Todos devem cultivar suas capacidades religiosas para que tenham correto discernimento de assuntos religiosos. Alguns têm fracassado em distinguir entre ouro puro e mero brilho, entre a matéria e a sombra.”

Antes de ler o próximo parágrafo, gostaria de ler dois parágrafos deste testemunho que ainda não foi publicado:

“As falsas ideias que foram extensamente desenvolvidas em Minneapolis não foram inteiramente desarraigadas de algumas mentes. Aqueles que não fizeram completa obra de arrependimento, com base na luz que Deus Se agradou em dar a Seu povo desde aquela época, não verão as coisas claramente e estarão prontos para considerar como engano as mensagens que Deus envia.”

Irmãos, pode haver diante de nós perigo maior do que este em que nos colocamos devido às ações aqui mencionadas, contra as quais foram dadas advertências? Eu me refiro ao perigo de trairmos santas e sagradas responsabilidades, o perigo de trairmos nossos irmãos, levando-os a lugares e situações que os obrigarão a carregar terríveis fardos que o inimigo colocará sobre nós e usará para nos perseguir.

Há outra declaração sobre o mesmo assunto, que passo a ler:

“Deveríamos ser as últimas pessoas da Terra a tolerar, no mínimo grau que seja, o espírito de perseguição contra aqueles que estão levando a mensagem de Deus ao mundo. Esse é o traço mais terrível de dessemelhança com Cristo já manifestado entre nós desde a reunião de Minneapolis. Em algum momento isso será visto em seu verdadeiro significado, com todo o fardo de dor que dele resultou.”

Irmãos, Deus está levando isso a sério. É tempo de vocês e eu buscarmos o Senhor agora, enquanto a misericórdia ainda se prolonga, de maneira que possamos ver o fardo de dor em toda a sua enormidade, e enquanto ainda há misericórdia para nos libertar dele. Deus nos chama para Si mesmo.

Agora lerei este parágrafo adicional dos Testemunhos Especiais:

“Os preconceitos e opiniões que dominaram em Minneapolis não estão mortos de forma alguma. As sementes lançadas ali em alguns corações estão prontas para brotar e produzir uma colheita semelhante. 

As copas foram derrubadas, mas as raízes não foram arrancadas; elas ainda produzem fruto não santificado para envenenar o juízo, perverter as percepções e cegar o entendimento daqueles com quem vocês se relacionam no que diz respeito à mensagem e os mensageiros. 

Quando, mediante completa confissão, vocês destruírem a raiz de amargura, vocês verão luz na luz de Deus. Sem essa obra completa, vocês nunca limparão a alma.”

Irmãos, vocês estão dispostos a limpar a alma e abrir o caminho para que o Senhor envie Seu Espírito no derramamento da chuva serôdia?

“Vocês precisam estudar a Palavra de Deus com um propósito; não o de confirmar as próprias ideias, mas trazê-las para que sejam buriladas, condenadas ou aprovadas, conforme estejam em harmonia ou não com a Palavra de Deus. 

A Bíblia deveria ser a companheira constante de vocês. Vocês deveriam estudar os Testemunhos, não para escolher certas sentenças para usá-las segundo suas conveniências, ou para fortalecer seus pontos de vista, desconsiderando, ao mesmo tempo, as mais claras declarações dadas para corrigir o curso de ação de vocês.”

“Tem havido um afastamento de Deus entre nós, e o zeloso trabalho de arrependimento e retorno ao nosso primeiro amor, tão essencial para a restauração diante de Deus e regeneração do coração, ainda não foi efetuado. 

A infidelidade vem fazendo suas incursões em nossas fileiras, pois está na moda afastar-se de Cristo e dar lugar ao ceticismo. Com muitos, o clamor do coração tem sido: ‘Não queremos que Este reine sobre nós’ [Lc 19:14]. Baal, Baal é a escolha. 

A religião de muitos entre nós será a religião do Israel apóstata, pois amam seu próprio caminho e abandonam o caminho do Senhor. A verdadeira religião, a única religião da Bíblia, que ensina o perdão apenas pelos méritos de um Salvador crucificado e ressurreto, que promove a justiça mediante a fé do Filho de Deus, tem sido desprezada, atacada, ridicularizada e rejeitada. 

Ela tem sido denunciada como algo que conduz ao entusiasmo e fanatismo. Mas é a vida de Jesus Cristo na alma, o princípio ativo do amor comunicado pelo Espírito Santo, que unicamente tornará a alma frutífera em boas obras. O amor de Cristo é a força e poder de cada mensagem de Deus que possa ter saído de lábios humanos. Que tipo de futuro está à nossa frente, se deixarmos de alcançar a unidade da fé?

Essa é a questão que consideramos ontem à noite, ou seja, a unidade da fé. Quando os primeiros discípulos se reuniram como um corpo e oraram unânimes, acertando as diferenças, então o Espírito Santo desceu sobre eles. Esta é a experiência que temos diante de nós agora.

Irmãos, não digo essas coisas para criticar ou condenar; mas digo no temor de Deus a fim de que cada um de nós fique consciente de sua situação. 

Se houver aqui alguma dessas raízes de Minneapolis, ainda presentes entre nós nesses últimos quatro anos, ou qualquer outra decorrente delas; e se houver alguma safra resultante desses anos, vamos nos propor agora a desarraigar tudo isso e nos prostrar aos pés de Cristo tendo nos lábios este único clamor: “Eu sou infeliz, miserável, pobre, cego e nu, e não sei disso”. Essa é a nossa situação.

Sei que alguns ali a aceitaram. Outros a rejeitaram completamente. Vocês também reconhecem o fato. Outros tentaram ficar no meio termo e receber a mensagem dessa forma. Mas, irmãos, não é assim que devemos tê-la; não é assim que ela é recebida. 

Eles pensaram que seria melhor ficar no meio termo, e, embora não a tenham exatamente recebido, nem se comprometeram decididamente com ela, todavia se mostraram dispostos a seguir a maré, não importava que direção ela tomasse no final; qualquer direção que o corpo de crentes decidisse seguir, eles estavam dispostos a ir junto.

Desde essa época, outros têm visto que Deus está orientando o corpo de crentes exatamente nessa direção, e eles propuseram-se a seguir adiante com o corpo ao vê-lo avançar nesse sentido. Irmãos, vocês precisam se apropriar da justiça de Jesus Cristo no coração de modo mais profundo que isso. 

Todos precisam se apropriar da justiça de Deus de maneira mais íntima, e não simplesmente colocar na balança as diferentes posições e ficar dividido entre dois partidos. Quem assim proceder não tem chance alguma de ver ou conhecer a justiça de Deus.

Outros aparentemente apoiavam a mensagem, e falavam favoravelmente a respeito dela quando existia um espírito de transigência. 

Contudo, quando esse espírito feroz – esse espírito descrito ali como o espírito perseguidor – quando aquele espírito se levantava em sua fúria e fazia guerra contra a mensagem da justiça pela fé, em vez de se posicionarem nobremente, no temor de Deus, e declararem mesmo em face do ataque de que ela “é a verdade de Deus e eu creio nela de coração”, eles começavam a ceder e, de forma apologética, apresentavam desculpas em favor dos que pregavam a mensagem, como se o ponto fosse apenas quanto à personalidade dos indivíduos, que precisava manter-se em vantagem devido à admiração.

Irmãos, a verdade de Deus não precisa de apologia. O homem que prega a verdade de Deus não precisa de apologia. A verdade de Deus requer a fé de vocês. 

É disso que ela precisa. Tudo o que a verdade de Deus precisa é que vocês e eu acreditemos nela, a recebamos no coração e permaneçamos firmes por ela diante de todos os ataques que possam ser lançados contra ela; e que fique claro que vocês devem apoiar os mensageiros a quem Deus envia para pregar, não porque eles sejam homens de algum destaque, mas porque Deus os envia com a mensagem.

Isso, porém, não passa de uma amostra. Situações virão que vão nos surpreender mais do que a que surpreendeu os que estavam presentes em Minneapolis. Veremos coisas mais surpreendentes do que tudo o que já vimos até o momento. 

Sabem, irmãos, será exigido de nós que recebamos e preguemos essa verdade. Porém, a menos que desarraiguemos do coração toda fibra do espírito manifestado ali, trataremos a mensagem e o mensageiro por meio do qual ela é enviada da forma como Deus declarou que tratamos aquela outra mensagem.

Para finalizar o estudo desta noite, lerei a avaliação dessa situação conforme se encontra no Volume 1 dos Testemunhos, páginas 186 e 187:

“Deus provará Seu povo. Jesus os suporta com paciência e não os vomita de Sua boca imediatamente. Disse o anjo: ‘Deus está pesando Seu povo’. Se a mensagem tivesse sido de duração tão breve quanto muitos de nós imaginavam, não teria havido tempo para que o povo desenvolvesse caráter. 

Muitos agiram pelo sentimento e não por princípio e fé, tendo sido agitados por essa impressionante mensagem. Ela atuou nos seus sentimentos e despertou seus temores, mas não realizou a obra que Deus pretendia que realizasse. Deus lê o coração. 

A fim de que Seu povo não se engane quanto à própria condição em que se encontra, Ele lhes concede tempo para que o excitamento se desvaneça; em seguida, os prova para ver se obedecerão ao conselho da Testemunha Verdadeira.”

Assim, não vamos ficar cansados de buscar a Deus nesta assembleia. Se a bênção não vier em um dia, uma semana ou um mês, permaneçamos no caminho, pois Deus disse que ela virá.

Leio ainda na página 187:

“Deus conduz Seu povo adiante, passo a passo. Ele os coloca diante de diferentes pontos planejados para que fique manifesto o que está no coração. Alguns resistem em um ponto, mas caem no próximo. A cada ponto para o qual avançam, o coração é testado com rigor um pouco maior. 

Se o professo povo de Deus constatar que seu coração está em oposição a esta grande obra, tal fato deveria convencê-los de que eles têm uma obra a fazer a fim de vencerem, caso não queiram ser vomitados da boca do Senhor. 

Disse o anjo: ‘Deus efetuará Sua obra com rigor cada vez maior para testar e provar cada um dentre Seu povo’. Alguns estão dispostos a receber um ponto; mas quando Deus os conduz a outro ponto de teste, eles recuam diante dele e mantêm-se afastados, pois percebem que o teste atinge diretamente algum ídolo acariciado.”

Tudo isso eu mesmo tenho testemunhado, repetidas vezes, em casos individuais desde a assembleia de Minneapolis.

“É aí que eles têm a oportunidade de ver o que, no coração deles, está excluindo Jesus. Eles valorizam algo acima da verdade, e o coração deles não está preparado para receber a verdade. Indivíduos são testados e provados por um período de tempo para que se possa ver se sacrificarão seus ídolos e se ouvirão o conselho da Testemunha Verdadeira. 

Todos os que não forem purificados mediante a obediência à verdade e não vencerem o seu egoísmo, orgulho e paixões, os anjos de Deus têm a ordem: ‘Estão entregues a seus ídolos; deixem-nos’ (Os 4:17). 

Esses seguirão em sua obra, deixando aqueles com seus traços pecaminosos não subjugados sob o controle de anjos maus. Os que chegam a cada ponto, resistem a cada teste e vencem, não importa o preço, atenderam ao conselho da Testemunha Verdadeira; receberão a chuva serôdia e, assim, estarão aptos para a transladação.”

Irmãos, esta é a nossa situação. Vamos agir de acordo com ela. Sejamos gratos a Deus porque Ele ainda está lidando conosco a fim de nos salvar de nossos erros, de nossos perigos, manter-nos longe de caminhos errados e derramar sobre nós a chuva serôdia, para que sejamos transladados. 

Este é o propósito da mensagem para vocês e para mim: a transladação. Irmãos, vamos recebê-la de todo o coração e ser gratos a Deus por ela.


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