A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 6 de fevereiro de 1893, p. 164-170.
Apresentamos evidências que nos mostram repetidas vezes que estamos vivenciando exatamente os eventos que trarão o fim do mundo. Um acúmulo de evidências está sendo apresentado, com base na Bíblia e nas claras declarações do Senhor por meio dos Testemunhos, indicando que agora é o tempo em que precisamos do único poder pelo qual a mensagem será dada ao mundo, a fim de salvar os que serão salvos da ruína que virá em decorrência dos eventos que estão à nossa volta.
Irmãos, os perigos do fim do mundo que nos ameaçam, como perseguição, fatores externos, são, e sempre serão, muito pequenos em comparação com os perigos que pairam sobre cada indivíduo em sua própria experiência pessoal. [Vozes entre os ouvintes: “É isso mesmo”].
O maior perigo relacionado com esta congregação e com nosso povo em toda parte é não quererem enxergar as coisas que têm que ver com eles individualmente, dando maior atenção às coisas externas. Eles olharão mais para fatores externos e a suas evidências do que cuidarão em garantir que estão em harmonia com Deus.
Eles acabam investigando essas coisas mais de forma teórica do que com o desejo de terem dentro de si um Cristo vivo, a fim de que todos esses eventos externos se tornem realidades vivas e que estejamos preparados para enfrentá-los no temor do Senhor, confiantes em Sua salvação. Esse é o maior perigo, como disse, que ameaça esta congregação aqui; e podemos incluir neste grupo cada professo guardador do sábado ao redor do mundo.
Chegamos, então, no estudo desse assunto, a uma parte que toca especialmente cada um de nós individualmente, a parte que vocês e eu precisamos fazer e aquilo que precisamos receber de Deus. Precisamos examinar essas coisas e agir com base nelas, tendo em vista a salvação de Deus quanto a elas, para vocês e para mim.
Para mim, com base no que conheço, e na consciência que tenho do que está ocorrendo, este estudo e o próximo são os mais solenes de todos que já apresentei. Eu não os escolhi, e eles me causam espanto. Contudo, irmãos, como o irmão Prescott nos apresentou em uma das noites, não adianta amenizar as coisas.
Não será de nenhuma utilidade apresentar os fatos sob uma luz falsa. Não podemos tratar o assunto levianamente. É inútil andarmos nestes dias com os olhos fechados, alheios à situação a nossa volta.
Não adianta permitirmos que a verdade de Deus desperte nossas expectativas – como inevitavelmente ela o fará – quanto aos eventos futuros, se, mesmo com tudo isso, permitirmos que dificuldades em nosso próprio coração e vida impeçam que essas coisas tenham seu impacto positivo quando de fato vierem. Agir assim não nos trará nenhum benefício, certo?
Quero repetir que os estudos que temos diante de nós, que devem ser apresentados – e não tenho como fugir disso –, são para mim os mais temerários quanto às realidades que eles nos mostram e da situação em que eles nos colocam, do que tudo o mais que já apresentei em meus ensinos. Repito, então, que o tema me causa temor.
Tenho meus receios devido a algumas consequências que o estudo poderá trazer, pois corre-se o risco de ele não ser recebido como deveria, com a mente e o coração submissos diante de Deus, perguntando unicamente a Ele se as coisas são de fato assim.
Algumas coisas, talvez, não vão soar agradáveis ao ouvido de todos, como não é agradável para mim ter que relatá-las. Elas têm uma aplicação muito pessoal para cada um de nós. Mas, irmãos, conhecendo o momento em que estamos vivendo e a situação diante de nós, no temor de Deus, devo apresentar o assunto.
Não tendo como fugir dessa tarefa, quero lhes pedir, para começar, que não me vejam numa posição exaltada, como se estivesse separado de vocês, olhando do alto para baixo e me excluindo dos temas que possam ser apresentados. Estamos juntos em tudo isso.
Como parte deste grupo, eu, com a mesma certeza e com a mesma intensidade, preciso estar preparado para receber o que Deus tem para nos dar – e digo o mesmo em relação a qualquer pessoa sobre a Terra. Portanto, não me tenham como alguém separado de vocês na discussão desses assuntos. Se perceberem faltas que vocês têm cometido, eu também vou perceber as minhas faltas cometidas.
Por favor, não me culpem se lhes apresentar coisas que exponham as faltas de vocês; não me culpem como se os estivesse julgando ou censurando algum defeito de vocês. Eu vou simplesmente apresentar os fatos, e cabe a vocês, que estão nessa obra, decidir se eles se aplicam a vocês.
Vou também ficar atento para perceber se esses fatos têm que ver com minha vida. O que eu quero, irmãos, é simplesmente buscar a Deus juntamente com vocês de todo o coração, [Congregação: “Amém”], e remover qualquer empecilho do caminho para que Deus nos conceda o que Ele tem para nós.
Não tentarei – e não esperem isso de mim – ir muito rápido, pois minha intenção é fazer tudo com a devida calma para que os assuntos sejam tratados cuidadosamente. Vou precisar desses dois estudos para lhes apresentar o que tenho em mente. Então vamos estudar juntos o assunto.
Vou iniciar com o pensamento que encerrou o nosso estudo de ontem à noite. Refleti com vocês sobre o tema de que chegou o tempo em que Deus prometeu dar a chuva temporã e a serôdia. Chegou o tempo em que devemos rogar por ela e esperá-la. E vamos ter em mente o estudo e o testemunho que o irmão Prescott nos apresentou em uma das noites sobre o mesmo assunto.
Gostaria de ler nesta noite aquela citação a que me referi ontem à noite, mas não tinha o livro comigo. Ela se encontra em “O Ministério de Pedro e a Conversão de Saulo”, página 9. Depois de mencionar sobre o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste e os resultados na conversão de almas, etc., o texto diz:
“Este testemunho referente ao estabelecimento da igreja cristã nos é dado, não apenas como uma porção da história sagrada, mas também como lição. Todos os que professam o nome de Cristo deveriam estar esperando, vigiando e orando com um só coração. Todas as diferenças deveriam ser colocadas de lado, e a unidade e o terno amor uns pelos outros permear o todo. Então nossas orações poderão ascender juntas a nosso Pai celestial com fé forte e fervorosa. Então poderemos esperar, com paciência e esperança, pelo cumprimento da promessa.”
Em que momento entra essa palavra “então”? Quando estivermos esperando, vigiando e orando com um só coração, e todas as diferenças forem colocadas de lado; quando a unidade e o terno amor uns pelos outros permearem o todo.
Portanto, irmãos, se houver alguma diferença entre vocês e qualquer pessoa nesta Terra – quer ela esteja neste instituto ou não –, é tempo de vocês e eu a removermos do caminho. Se a pessoa não estiver aqui, impedindo, assim, uma conversa pessoal para esclarecer o assunto, escrevam para ela e falem tudo que for necessário; digam a sua posição e a intenção do seu procedimento.
Vocês não terão mais nenhuma responsabilidade quanto a essa pessoa, quer ela aceite ou não suas palavras. Vocês terão agido no temor de Deus, seguindo o que Ele pede que vocês façam.
[Pergunta de alguém da congregação: “Você quer dizer pessoas do mundo, qualquer pessoa?”] Sim, eu me refiro a qualquer pessoa, porque, se houver pecados entre mim e pessoas de fora da igreja, elas têm consciência disso, e essas diferenças serão um empecilho quando as abordarmos com a mensagem, mesmo que Deus nos desse de Seu Santo Espírito no derramamento da chuva serôdia.
Vocês não percebem que qualquer diferença, qualquer inimizade, qualquer coisa do tipo entre mim e alguma pessoa do mundo será um empecilho para mim quando eu abordá-la com a mensagem?
Se enganamos alguém, se não fomos honestos em algum negócio ou transação comercial em nosso relacionamento com o mundo, por favor, irmãos, para o bem de nossa alma, vamos acertar tudo isso. Talvez aqui em Battle Creek haja alguns que estão nessa situação em relação a pessoas desta cidade – me refiro a pessoas dentre o nosso povo em seu relacionamento com gente desta cidade.
Nossas reuniões estão sendo realizadas nesta cidade em benefício das pessoas deste lugar. E foi mencionado aqui neste instituto que nossa expectativa é que, quando a bênção de Deus viesse sobre este encontro, ela deveria ser levada às pessoas desta cidade, as quais, por sua vez, deveriam se unir a nós nessa missão.
Digo, portanto, aos adventistas do sétimo dia desta cidade: endireitem as coisas desonestas, para o bem de sua própria alma e das pessoas a quem Deus quer salvar nesta cidade. Se o seu hábito tem sido o de enganar as pessoas, vá e confesse tudo a elas, e restitua o que você roubou. Se você não tem sido correto em suas transações comerciais, se você conseguiu qualquer coisa de modo ganancioso, repare a iniquidade. Viva uma vida de retidão à vista de Deus.
Esta é a mensagem para nós:
“Todas as diferenças deveriam ser colocadas de lado, e a unidade e o terno amor uns pelos outros permear o todo.”
É isso que os discípulos estavam fazendo quando buscaram o Senhor durante aqueles dez dias. Eles colocaram de lado todas as diferenças.
Vocês não acham que, nesses dez dias, os outros discípulos que ficaram com muita inveja de Tiago e João quando, por meio de sua mãe, eles pediram ao Salvador para que os dois se assentassem, em Seu reino, um à Sua direita e outro à Sua esquerda, provocando ressentimento nos outros discípulos – vocês não acham que eles acertaram suas diferenças, fizeram confissões mútuas, conversaram uns com os outros sobre o assunto e viram quão mal foi toda a situação?
O Salvador pegou aquela criança e disse: “Quem quiser ser o maior no reino dos Céus deve se tornar como esta criança e ser servo de todos”. Eles estavam ali acertando esses problemas, eliminando essas diferenças e todo aquele ciúme que havia surgido por medo de um ser maior no reino de Deus do que algum dos outros discípulos.
E temos o testemunho divino de que essas coisas se encontram também entre nós: ambição por posições, inveja de cargos e inveja da condição de outros. Essas coisas existem entre nós. Chegou o tempo de eliminar tudo isso.
Chegou o tempo de cada um de nós descobrir o quanto ele pode se humilhar aos pés de Cristo, e não o quanto ele pode se exaltar diante dos homens ao ocupar cargos na Associação, nas comissões da Associação ou nas comissões da Associação Geral. Isso deve ser eliminado de nossas considerações.
“Todas as diferenças deveriam ser colocadas de lado, e a unidade e o terno amor uns pelos outros permear o todo.”
Como isso se refere especialmente a nós, irmãos e irmãs na igreja, cumpre-nos saber se existe alguma diferença entre nós e qualquer pessoa neste mundo, a fim de que seja eliminada do caminho. O custo desse acerto pode nos parecer muito alto.
Mas não devemos pensar assim. De qualquer forma, não custará nossa vida; mas certamente custará nossa vida se decidirmos não fazer os acertos. Não tem como fugir. Quando fizermos o que se requer de nós, “então nossas orações poderão ascender juntas a nosso Pai celestial com fé forte e fervorosa”.
Sim, irmãos. Quando vocês estiverem conscientes de que estão limpos à vista de Deus, tendo feito tudo ao seu alcance para tirar toda e qualquer diferença entre vocês e seus irmãos que possam estar obstruindo o caminho, e confessado a Deus tudo o que Ele tiver lhes mostrado; quando nos colocarmos diante de Deus como pecadores errantes, desamparados e incompletos, vendo nossa necessidade do que Ele tem para nos dar, então teremos à nossa disposição todas as Suas promessas, que são para nós.
E sabemos que essas promessas são nossas. Poderemos então depender delas; e “então nossas orações poderão ascender juntas a nosso Pai celestial com fé forte e fervorosa. Então poderemos esperar, com paciência e esperança, pelo cumprimento da promessa”.
É isso que devemos fazer agora. Quando isso for feito, quando forem eliminadas as diferenças, a unidade prevalecer e cada um estiver buscando unidade de coração e mente, então, conforme Deus prometeu, estaremos em harmonia uns com os outros. Chegou o tempo. Vamos proceder assim.
Gostaria de ler novamente outro trecho da página 9:
“A resposta pode vir com rapidez repentina e irresistível, ou pode ser prorrogada por dias e semanas para que nossa fé seja provada. Mas Deus sabe como e quando responder a nossa oração. Nossa parte nessa obra é nos colocar em conexão com o canal divino. Deus é responsável por Sua parte.”
Esse texto faz eco ao pensamento que consideramos ontem à noite. Quando o canal estiver aberto, e nossas orações forem elevadas ao Céu, conforme são descritas, e o Espírito de Deus for derramado, Ele preencherá toda a capacidade do canal que estiver aberto.
“Nossa parte nessa obra é nos colocar em conexão com o canal divino. Deus é responsável por Sua parte. Aquele que prometeu é fiel. O grande e importante assunto que nos diz respeito é termos um só coração e mente, colocando de lado toda inveja e malícia, e, como humildes suplicantes, vigiar e esperar. Jesus, nosso Representante e Cabeça, está pronto para fazer por nós o que Ele fez em favor daqueles que estavam orando e vigiando no dia de Pentecoste.”
Tenho aqui outro pensamento que é digno de nossa profunda consideração:
“Jesus está tão disposto a comunicar coragem e graça a Seus seguidores hoje quanto esteve com relação aos discípulos da igreja primitiva. Ninguém deveria irrefletidamente convidar uma oportunidade para pelejar com os principados e potestades das trevas.”
Precisamos entrar na batalha contra o mal com cuidado e cautela. Precisamos estar seguros e só entrar nesse conflito quando soubermos que Deus está conosco, munidos do poder e da graça de Deus que podem nos dar coragem e força para enfrentar esses poderes com os quais temos de lidar. A luta que está diante de nós não é nada trivial.
“Quando Deus pedir que eles se envolvam no conflito, isso será no momento adequado. Ele dará então aos fracos e hesitantes coragem e eloquência além do que esperavam ou imaginavam.”
Então, o que o Senhor deseja que façamos é buscá-Lo; assim, quando Ele nos enviar, iremos somente com Seu poder e graça. Na página 11, lemos:
“Os discípulos e apóstolos de Cristo tinham profundo senso da própria ineficiência; e com humilhação e oração uniram sua fraqueza à força Dele, sua ignorância à sabedoria Dele, sua indignidade à justiça Dele, sua pobreza à riqueza inesgotável Dele. Assim fortalecidos e equipados, não hesitaram no serviço de seu Mestre.”
E que equipamento é esse! Imaginem como é completo: força, sabedoria, justiça e riqueza. É exatamente dessas coisas que precisamos em face daquilo que está contra nós. Não podemos contar com qualquer poder da Terra, nem com a reputação que homens possam nos dar, nem com riquezas que o mundo possa nos fornecer, nem com a própria vida. Estou repetindo quase tudo que enumerei no estudo anterior.
Mas como foi que eles conseguiram força? Quando reconheceram e confessaram sua fraqueza. Como conseguiram sabedoria? Confessando a sua ignorância. Como alcançaram a justiça? Confessando sua indignidade. Como conseguiram riqueza, riqueza inesgotável?
Confessando sua pobreza.
Portanto, essa é a condição em que devemos estar: ineficientes, ignorantes, pobres, indignos e cegos. Não é isso o que a mensagem a Laodiceia nos diz – que somos infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus, e não sabemos disso? Num dia desses, alguém estava lendo essa mensagem e comentou sobre a palavra “cegueira”.
Imediatamente minha mente foi transportada para o capítulo nove de João e o último verso (Jo 9:41). Jesus fala essas palavras no final do relato sobre a cura daquele homem que era cego de nascença, mas cuja vista foi restaurada. O que diz o verso? “Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.”
Quando Jesus diz a vocês e a mim que somos cegos, a coisa a fazer é dizer: “Senhor, somos cegos”. Ele disse a Seus ouvintes que eles eram cegos, e eles eram cegos. Eles, porém, afirmaram que não eram. Mas de fato eram. Se tivessem confessado sua cegueira, teriam visto a Deus por meio da cura da cegueira daquele homem.
Bem, irmãos, o que precisamos fazer é encarar honestamente a mensagem de Laodiceia e reconhecer tudo o que a mensagem diz que somos.
Quando Ele afirma que vocês e eu somos infelizes, digam-Lhe: “É verdade, eu sou infeliz”; miseráveis, “Sim, sou miserável”; pobres, “Sim, sou pobre, um completo mendigo, sem condições de ser qualquer outra coisa neste mundo”; cegos, “Sim, sou cego, e nunca serei qualquer outra coisa”; nus, “É verdade”; e que não sei disso, “Isso também é verdade; eu nada sei como convém saber”.
Então Lhe direi cada dia e cada hora: Senhor, tudo isso é verdade; mas, por favor, em vez de minha infelicidade, dá-me o Teu próprio contentamento; em vez de minha miséria, dá-me o Teu conforto; em vez de minha pobreza, enche-me de Tuas riquezas; em vez de minha cegueira, sê Tu minha visão; em vez de minha nudez, oh!, cobre-me com Tua própria justiça; e o que eu não sei, ensina-me Tu”. [Congregação: “Amém”].
Irmãos, quando chegarmos a esse ponto com um só coração e mente, não teremos dificuldade alguma em nos arrepender. Não será difícil se arrepender, e não haverá falta de arrependimento. O verso seguinte será cumprido:
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3:19). A dificuldade com nossa incapacidade de nos arrepender reside no fato de não confessarmos que aquilo que o Senhor falou é a verdade. Quando eu reconheço que sou infeliz, então eu sei que preciso de algo que me traga satisfação, e sei que nada a não ser o Senhor é capaz de me dar isso; e dependo de nada a não ser Dele para conseguir isso.
E se não O tenho, a única coisa que terei é a infelicidade. Se ficar sem Ele um momento sequer, só terei a infelicidade; e um momento sequer sem o Seu conforto, só me resta a miséria; um momento sequer sem dependência absoluta de Suas riquezas insondáveis – as insondáveis riquezas de Cristo –, terei extrema pobreza e serei um completo mendigo; um momento sequer sem ver e confessar que sou cego, e tê-Lo como minha visão, estarei em pecado. É isso o que Ele diz.
Se vocês disserem que conseguem ver, o pecado de vocês permanece. Cada momento sem reconhecer minha nudez e minha dependência absoluta Dele e de Sua justiça, que me veste, faz certamente de mim uma pessoa arruinada, completamente arruinada; e cada momento que eu começar a dizer; “Agora eu sei o suficiente”, estou enganado, pois eu não sei absolutamente nada.
Então, o que me resta fazer é dizer: “Senhor, eu nada sei. Dependo de Ti para que me ensines tudo, até mesmo que me ensines que sou infeliz, miserável, pobre, cego e nu, e que tenho necessidade em todas essas coisas. E quando eu Lhe disser tudo isso, Ele dará tudo aquilo que necessito. Ele o fará. Essa é a nossa condição.
Tenho aqui uma citação do Volume 1, da edição corrente dos Testemunhos, página 353, que coloca diante de nós algo maravilhoso:
“Na transfiguração, Jesus foi glorificado por Seu Pai. Nós O ouvimos falar: ‘Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado Nele’. Assim, antes de Sua traição e crucifixão, Ele foi fortalecido para Seus terríveis sofrimentos.
À medida que os membros do corpo de Cristo se aproximarem do período de seu último conflito, ‘o tempo de angústia para Jacó’ [Jr 30:7], eles crescerão em Cristo e participarão abundantemente de Seu Espírito.
À medida que a terceira mensagem crescer até chegar a um alto clamor, e à medida que grande poder e glória acompanharem a terminação da obra, o povo fiel de Deus participará dessa glória. É a chuva serôdia que os reaviva e fortalece para passarem pelo tempo de angústia. Suas faces brilharão com a glória daquela luz que acompanha o terceiro anjo.”
Qual é o propósito do alto clamor? Fortalecer-nos para o tempo de angústia. Em que momento estamos? [Congregação: “no alto clamor”]. O alto clamor já começou? [Congregação: “Sim”]. Ele começou com que propósito? Para realizar uma obra em nosso favor, para nos capacitar a subsistir no tempo de angústia.
Falarei um pouco mais agora sobre a necessidade de unidade. Isso que está perante nós, esse apelo em favor do Alto Clamor – da chuva serôdia, é isso que nos fortalece para o tempo de angústia. E ele já começou. Temos o testemunho que confirma o fato. Diante disso, uma coisa muito importante deve acontecer: sermos um em mente e coração.
Agora quero ler este testemunho que ainda não foi publicado. Lerei alguns trechos: “É o pecado em maior ou menor grau que traz divergência e desunião. As afeições precisam ser transformadas, deve-se alcançar uma experiência do renovador poder de Cristo. ‘No qual temos a redenção, pelo Seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da Sua graça’ [Ef 1:7].
O apóstolo, falando a crentes cristãos, chamados pela graça de Deus, diz: ‘Se, porém, andarmos na luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado’ [1Jo 1:7]. As condições estão aqui claramente estabelecidas.
Se andarmos na luz, como Ele está na luz, o resultado seguro virá em seguida: teremos comunhão uns com os outros. Todo ciúme, invejas e más suspeitas serão eliminados. Viveremos como à vista de um Deus santo.”
Isso significa que viveremos agora, hoje, cada dia, como à vista do Deus santo, porque nossas orações estão sendo elevadas a Ele para trazer Sua presença mediante o derramamento de Seu Espírito Santo. Será que podemos nos envolver negligentemente nessa obra, de forma relaxada, sabendo que há invejas, ciúmes e más suspeitas?
“Tem-se tornado, de modo geral, muito comum condescender com nossas tendências hereditárias e inclinações naturais, mesmo em nossa vida religiosa. Estas nunca podem trazer paz e amor à alma, pois elas sempre nos afastam de Deus e de Sua luz. ‘Quem Me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida’ [Jo 8:12].
Quando surgirem diferenças entre os irmãos quanto à compreensão de algum ponto da verdade, há uma regra bíblica a seguir. No espírito de mansidão e amor uns pelos outros, que os irmãos se reúnam e, depois de fervorosa oração, com o sincero desejo de conhecer a vontade de Deus, estudem a Bíblia com o espírito de uma criança para verem quão próximo podem se unir, sem nada sacrificarem, exceto sua dignidade egoísta.
Eles deveriam se considerar como estando na presença de todo o universo de Deus, que está observando com intenso interesse os momentos em que um irmão tenta entrar em acordo com outro irmão, a fim de compreender as palavras de Cristo, e serem praticantes da palavra, e não apenas ouvintes.”
O que o universo de Deus está fazendo, irmãos? Eles estão observando se vocês e eu somos irmãos. Eles querem nos ver como irmãos. É isso que eles estão fazendo. Eles estão observando para ver se estamos sendo irmãos na igreja, se estamos sendo irmãos e irmãs de fato. Eles estão observando para ver se estamos de acordo uns com os outros. Agora, irmãos, não vamos deixá-los observando em vão.
“Ao se lembrarem da oração de Cristo, que Seus discípulos fossem um como Ele era um com o Pai, vocês não conseguem perceber o quanto todo o Céu está contemplando com cuidado o espírito que vocês manifestam uns pelos outros?
Estão aqueles que afirmam estar salvos pela justiça de Cristo buscando, com todas as capacidades a eles confiadas, atender à oração do Salvador? Entristecerão eles o Santo Espírito de Deus pela condescendência com seus próprios sentimentos não consagrados, por meio da luta pela supremacia e por uma atitude de extremo distanciamento? [...] As solenes e importantes horas entre nós e o juízo não devem ser empregadas em guerra com os crentes.”
Irmãos, será que deveria haver entre nós calúnias e guerra uns contra os outros? O diabo está pelejando contra nossos irmãos. Vamos deixar essas coisas com ele. Vamos amar nossos irmãos.
Vamos defender nossos irmãos. Mesmo quando um adventista do sétimo dia atacar um de nossos irmãos, vamos defendê-lo. Vamos defendê-lo no temor de Deus. A reputação de meu irmão é importante para mim, pois, se alguém ataca diante de mim a reputação de meu irmão, ele atacará a minha diante do meu irmão.
Se escuto essas histórias e tudo o mais sobre meu irmão, o que impede que outras pessoas escutem histórias sobre mim? Não deve ser assim, irmãos. Devemos zelar pela reputação de nossos irmãos. Vamos juntos defender nossos irmãos.
Temos o direito de repreender essas fofocas que chegam até vocês e até mim, essas pessoas que espalham os mais variados boatos sobre os irmãos. Temos o direito de repreender isso, pois esse é o espírito de Satanás. “As solenes e importantes horas” – O que? Os importantes dias ou anos? Não senhor. “As solenes e importantes horas”.
Os dias já se foram. Estamos agora contando as horas. E não vai demorar muito – e talvez já até tenhamos chegado a esse momento –, e as horas terão passado e os minutos começarão a escoar.
“As solenes e importantes horas entre nós e o juízo não devem ser empregadas em guerra com os crentes. Essa é a obra de Satanás. Ele a começou no Céu, e com energia inalterada mantém-se firme nessa obra desde sua queda.
‘Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos’ [Gl 5:15]. Não permitam que haja em nenhum de vocês um coração mal de incredulidade. Chegou o tempo em que se deve ouvir o grito do guarda fiel dirigido a seu colega: ‘Guarda, a que hora estamos da noite?’, o qual responde: Vem a manhã, e também a noite’ [Is 21:11, 12].”
A resposta não deve ser: “Não sei a que horas estamos da noite”. A resposta não deve ser: “Ora, eu acho que você está muito adiantado”; “Eu acho que você está indo rápido demais”; “Acho que você está indo aos extremos”. Essas não devem ser as respostas. Quando o grito soar: “Guarda, a que hora estamos da noite?, a única resposta que Deus aceitará é esta: “Vem a manhã, e também a noite”. Vamos estar então preparados para esse momento.
“Não seria bom para nós individualmente examinar cuidadosamente nossa situação diante de Deus à luz de Sua santa Palavra e ver nosso próprio perigo particular?”
Não se trata de ver o quanto somos bons, como somos melhores do que nossos irmãos, mas “ver nosso próprio perigo particular”. Qual é o meu perigo? Basta que eu veja isso, que eu vigie meu próprio comportamento maligno, e não o de outros.
“Deus não Se separa de Seu povo, mas Seu povo se separa de Deus devido ao próprio curso de ação que tomam. E não conheço pecados que sejam maiores à vista de Deus do que o do ciúme e do ódio acalentados contra irmãos e o de voltar as armas de guerra contra eles.”
Que pecados maiores do que esses podem existir? Não são esses pecados que marcam a própria ação de Satanás?
“Eu dirijo meus irmãos ao Calvário. Eu lhes pergunto: Qual é o preço do homem? O unigênito Filho do Deus infinito. É o preço de todos os tesouros celestiais.”
Esse é o preço do ser humano. Será que podemos, então, considerar levianamente a quem Deus deu tanto valor? Faremos isso com as pessoas pelas quais Deus entregou todos os tesouros do Universo? Posso eu desprezar as pessoas, tratá-las como se fossem nada, considerá-las como de pouco valor? Não, senhor.
O ser humano vale tudo o que Deus pagou por ele. Foi isso que Deus pagou por você. Será que vou considerar vocês como pessoas insignificantes, desprezíveis e baratas? Não, senhor. Eu peço a graça de Deus para que possa considerar vocês como tendo o valor que Ele pagou por vocês.
Eu não vou permitir que até mesmo adventistas do sétimo dia diminuam vocês em minha estima. Não farei isso. Não, senhor. Não vou. Como poderia fazê-lo, se tenho amor por Cristo, que pagou o preço? Irmãos, o que precisamos é do amor de Cristo em nosso coração; então amaremos todos a quem Ele ama assim como Ele os amou primeiro. “O mal está sempre guerreando contra o bem.
E como sabemos que o conflito contra o príncipe das trevas é constante, e se tornará implacável, vamos permanecer unidos na batalha.”
Sim, irmãos, preciso do apoio de todos aqueles que foram comprados por Cristo. Preciso desse apoio na batalha. Preciso dele para ser bem-sucedido na luta. Preciso dele. Irmãos, eu me comprometo diante de Deus que, por Sua graça, vocês terão meu apoio na batalha de vocês. Se vocês forem vencidos, eu os erguerei.
Se você falhar, direi: “Anime-se, irmão”. Se você cair, eu direi: “Estou aqui para levantá-lo”. Irmãos, o que Deus deseja é que amemos uns aos outros como Ele nos amou. E certamente amaremos uns aos outros como Ele nos amou; pois, quando O temos, quando Seu amor está em nosso coração, não há outra coisa que podemos fazer, e não faríamos, mesmo se pudéssemos.
“Parem de fazer guerra contra as pessoas de sua própria fé. Que ninguém ajude Satanás em sua obra. Toda nossa obra que temos para realizar está em outra direção.” Irmãos, vamos permanecer unidos hoje, pois Deus quer realizar Sua obra juntamente conosco. “Uma piedade passiva não suprirá as necessidades deste tempo.
Que a passividade se manifeste onde ela é necessária, por meio de um espírito paciente, bondoso e tolerante; mas temos que levar uma mensagem positiva de advertência ao mundo. O Príncipe da Paz assim anunciou Sua obra: ‘Não vim trazer paz, mas espada’ [Mt 10:34]. O mal deve ser atacado.
A falsidade e o erro devem aparecer em seu verdadeiro caráter. O pecado deve ser denunciado, e o testemunho de cada crente na verdade deve ser unânime. Todas as diferenças insignificantes que despertam o espírito combativo entre os irmãos são instrumentos de Satanás para desviar as mentes da grande e terrível questão diante de nós.”
Deixaremos que Satanás nos engane? Irmãos, vocês sabem que, nas coisas deste mundo, é coisa ruim ser enganado; mas quando uma pessoa engana vocês numa coisa insignificante e ínfima, vocês se sentem pior do que se ela os tivesse enganado de qualquer outra forma, não é verdade? [Ouvintes: “Sim”].
Pois bem. Satanás provoca essas pequenas diferenças que, em última análise, nenhuma partícula de mérito ou princípio possuem. Todavia, ele coloca nossa atenção nessas coisas, causa uma grande comoção na igreja e, dessa forma, desvia nossas mentes das terríveis questões que estão pairando sobre nossa cabeça. Sabem, é ruim ser enganado, não importa como, mas quando nos permitimos ser enganados em coisas desprezíveis e insignificantes, é pior ainda. Então, vamos abandonar tudo isso.
“A verdadeira paz virá entre o povo de Deus quando, por meio de zelo unido e sincera oração, a falsa paz, presente em grande medida, for perturbada. [...] Os que se encontram sob a influência do Espírito de Deus não serão fanáticos, mas calmos, firmes e livres de extravagância.
Que todos, porém, sobre cujo caminho a luz da verdade tem brilhado de modo claro e nítido, sejam cuidadosos a respeito de como clamam “paz e segurança”. Sejam cuidadosos quanto a iniciativas que vocês possam tomar para suprimir as mensagens de verdade.
Cuidado com a influência que vocês exercem neste tempo. Os que professam crer nas verdades especiais para este tempo precisam ser convertidos e santificados pela verdade.
Como cristãos, somos depositários de verdade sagrada, e não devemos manter a verdade no pátio exterior, mas trazê-la para o santuário da alma. Então a igreja possuirá vitalidade divina por toda a parte. Os fracos serão como Davi, e Davi como o anjo do Senhor.”
Assim, vamos confessar nossa fraqueza e reconhecer o mais rápido possível que somos fracos. “O mais fraco dentre eles nesse dia será como Davi” (Zc 12:8), e sua força se unirá à força de Cristo. “Tudo se englobará em uma só pergunta: ‘Quem mais perto chegará da semelhança com Cristo?’”
Esse será o único interesse, e não a preocupação de quem será o maior na Associação, ou quem será o maior na igreja, ou quem terá esta ou aquela posição na igreja ou na comissão da Associação, mas: “Quem mais perto chegará da semelhança com Cristo?”
“Quem fará os maiores esforços para ganhar almas para a justiça? Quando esta é a ambição dos crentes, as disputas chegam ao fim, e a oração de Cristo é respondida.” Irmãos, esse é o ponto em que nos encontramos.
“Quando o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja primitiva, entre a ‘multidão dos que creram era um o coração e a alma’ [At 4:32]. O Espírito de Cristo fez deles um. Este é o fruto que resulta de permanecer em Cristo. Mas se dissenção, invejas, ciúmes e contendas são os frutos que produzimos, não é possível que estejamos permanecendo em Cristo.”
Apresento agora a passagem que já li uma ou duas vezes:
“Jesus anseia conceder, em grande medida, a dotação celestial sobre Seu povo. [...] Quão grande e difundido deve ser o poder do príncipe do mal, que só pode ser subjugado pelo grandioso poder do Espírito. Deslealdade a Deus e a transgressão em todas as suas formas estão disseminadas em nosso mundo. Aqueles cujo anseio é preservar sua fidelidade a Deus, que são ativos em Seu serviço, se tornam alvos de toda flecha e arma do inferno.”
Isso nos remete diretamente aos estudos que fizemos nas noites anteriores: não temos nenhuma chance de subsistir se não tivermos Cristo.
“Se aqueles que tiveram grande luz não demonstrarem fé e obediência correspondentes, logo se tornam impregnados da apostasia predominante, e outro espírito passa a controlá-los. Embora tenham sido exaltados até os céus em termos de oportunidades e privilégios, eles se encontram em pior condição do que os mais zelosos defensores do erro.”
“Aqueles que tiveram grande luz”, se eles “não demonstrarem fé e obediência correspondentes”, “se encontram em pior condição do que os mais zelosos defensores do erro”. O texto faz referência a vocês e a mim.
O juízo começa pela casa de Deus. Quando aqueles mensageiros passaram pela cidade para matar e exterminar, eles foram orientados a começar com os anciãos que estavam diante da casa (Ez 9:5-7). Se estamos em pior condição do que “os mais zelosos defensores do erro”, então o juízo deve começar por nós.
“Há muitos que, dessa forma, estão se preparando para a ineficiência moral na grande crise.”
Vamos parar este estudo neste ponto e retomá-lo a partir daqui no próximo estudo, pois o nosso tempo expirou.