A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 9 de fevereiro de 1893, p. 200-208.
Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo” (Ap 3:18-20).
Esse é o conselho que gostaria de estudar nesta noite. “Aconselho-te”. Quem é este? [Congregação: “Cristo”]. Como Ele é chamado no verso 14? [Congregação: “A Testemunha fiel e verdadeira]. Isso faz Dele um bom conselheiro, não é verdade?
A Testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus, se achega para aconselhar vocês e a mim. Não vemos aqui uma grande condescendência, considerando o lugar de onde Ele vem?
Os temas que estamos estudando nos diversos estudos anteriores, os assuntos que vêm sendo apresentados de forma tão constante e ampla já faz alguns dias, a mensagem enviada à igreja de Laodiceia revelando nossa condição e como não sabemos disso, temos visto isso sob cada ângulo possível, não é mesmo?
Cada pessoa que apresenta suas palestras tem sido usada por Deus para nos orientar. Unindo-se aos pregadores, o Senhor falou diretamente a nós na mensagem que foi lida ontem sobre esse tema. Penso que todos, a essa altura, já estão prontos para confessar que o que Ele diz é a verdade. Portanto, não preciso repetir o assunto nesta noite.
É isso que Cristo nos diz e, se confessarmos que isso é a verdade, estaremos prontos para aceitar, valorizar Seu conselho e beneficiar-nos dele, pois Ele aconselha somente tais pessoas. Vimos nos versos anteriores quem Ele aconselha e quem recebe Seu testemunho: os pobres, os infelizes, os miseráveis, cegos e nus, e que não sabem.
Essa é a classe de pessoas a quem este conselho é dirigido. Nos últimos dias, o Senhor tem lidado conosco de várias formas, por meio da Palavra e do testemunho, para nos trazer ao ponto em que estamos. Agora Ele desce até nós para nos aconselhar.
Não é isso mesmo? Então, irmãos, não vamos ser lentos para aceitar esse conselho como fomos para aceitar o outro. Não vamos ser tão lentos para chegar à condição que nos permite acolher o conselho quanto fomos para estarmos prontos para aceitar aquele outro.
Bem, de agora em diante, Ele se apresenta a nós como conselheiro. Não é verdade? [Congregação: “Sim”]. Então, quando algum de vocês quiser saber se deve vender uma propriedade, será que ele deve perguntar a um irmão o que fazer? [Congregação: “Ele deve ir ao Conselheiro”].
Quando vocês quiserem saber o que fazer, será que devem perguntar a outra pessoa o que fazer? Ora, se eu quero saber o que fazer, como alguma outra pessoa pode me dizer isso, uma vez que ela, se estivesse em meu lugar, teria que fazer a mesma pergunta sobre o que ela deveria fazer? Como tal pessoa poderá me ajudar se ela mesma não sabe o que faria, a menos que esteja na condição em que me encontro? E mesmo se estivesse, não é verdade que ela teria que buscar conselho para si mesma?
Eu possivelmente agiria da seguinte forma: eu sou apenas um membro leigo da igreja, então eu deveria consultar o pastor da igreja, ou alguém de maior proeminência, quanto ao que deveria fazer. Mas vamos supor que esse pastor esteja precisando do mesmo conselho que eu.
Creio que ele deveria procurar o presidente da Associação para saber o que fazer.
Pastor Boyd: Não há segurança na multidão de conselheiros?
Pastor Jones: Mas vamos supor que o presidente da Associação precisasse também de um conselheiro. Nesse caso, ele teria que se dirigir ao presidente da Associação Geral, penso eu.
Mas imaginemos que o presidente da Associação Geral tivesse a mesma pergunta a fazer, a quem ele deveria consultar? [Congregação: “O Senhor”]. Suponhamos que vocês precisam saber se devem vender uma propriedade, ou fazer qualquer outra coisa, a quem vocês devem consultar? A qualquer pessoa? [Congregação: “Consulte o Senhor].
Bem, é claro que vocês podem perguntar ao Senhor, não é mesmo? Então, nós, pessoas comuns, podemos adquirir o conhecimento diretamente de Deus, sem o cansativo processo de passar por meia dúzia de pessoas, como fazem os católicos. Não podemos? [Congregação: “Sim”].
Não concordam comigo? [Congregação: “Sim”]. Na Igreja Católica, as pessoas comuns não têm acesso a Deus a não ser por meio do padre, e este por meio do bispo. O bispo, por sua vez, por meio do arcebispo, e este por meio do cardeal; e o cardeal por meio do papa. É assim que o povo de Deus deve agir? Não, senhor.
Este não é o método de Deus. Quando vocês precisarem saber de algo, perguntem ao Senhor. Ele é o Conselheiro de vocês, e Ele é meu Conselheiro. E sabe, irmão Boyd, quando Ele é meu Conselheiro, então “na multidão de conselheiros há segurança” (Pr 11:14). Mas mesmo então não há segurança, a menos que o Mestre das assembleias for consultado.
Assim, quando Ele é o conselheiro de cada um de nós, e, ao nos reunirmos, juntos buscarmos o conselho Daquele que está em nosso meio, então há segurança na multidão de conselheiros.
Há uma citação pertinente em Obreiros Evangélicos:
“Devemos aconselhar uns aos outros e nos sujeitarmos uns aos outros; mas ao mesmo tempo devemos exercitar a habilidade que Deus nos deu para aprender o que é a verdade. Cada um de nós deve buscar a Deus para ter iluminação divina” (p. 129).
“Depois de terem recebido conselho dos sábios, dos sensatos, há ainda um Conselheiro cuja sabedoria é infalível. Não deixem de apresentar o caso de vocês diante Dele, e roguem por Suas orientações. Ele prometeu que, se vocês necessitarem de sabedoria e Lhe pedirem, Ele ‘a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera’” (Tg 1:5).
Desta noite em diante, gostaria de lhes perguntar novamente: É Ele o Conselheiro de vocês? É Ele, individualmente, nosso Conselheiro? [Congregação: “Sim”].
Quero repetir também as palavras do irmão Underwood sobre esse mesmo assunto, especialmente no que diz respeito à venda de propriedades: “Se as pessoas buscassem com maior intensidade o Senhor para receberem Dele orientação, haveria mais direção da parte de Deus”.
Haveria mais Dele em nossa obra e em nossos conselhos. Por que razão Ele teria Se tornado nosso Conselheiro se Ele não esperava que aceitássemos Seu conselho? Vamos então aceitá-lo.
Qual é o nome Dele? [Resposta: Maravilhoso Conselheiro]. Na Bíblia está escrito assim: “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9:6, ARC). Esse é o nome pelo qual Ele será chamado. Qual é a primeira parte do Seu nome? [Resposta: “Maravilhoso”].
A segunda parte? [Resposta: “Conselheiro”]. A próxima parte? [Resposta: “Deus Forte”]. A próxima? [Resposta: “Pai da Eternidade”]. E a última parte? [Resposta: “Príncipe da Paz”]. Ele é Maravilhoso e Conselheiro; então não é Ele um Maravilhoso Conselheiro? [Resposta: “Sim”]. É isso mesmo.
Vocês devem se lembrar daquele verso que diz que Ele é “maravilhoso em conselho”. E o que mais? “Grande em obra” (Is 28:29, ARC). Não se esqueçam de que, quando Ele vem como conselheiro, Ele está ali também para realizar grandes obras.
Ele dá Seus conselhos como Alguém que é grande em obra, “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fl 2:13).
Então, temos à nossa disposição este Conselheiro, a Testemunha fiel e verdadeira, o maravilhoso Conselheiro, maravilhoso em conselho e grande em obra. Assim, quando buscamos e recebemos Seu conselho, Ele nos acompanhará na execução desse conselho da mesma forma que esteve ao nosso lado inicialmente ao dar o conselho.
Não é verdade? Se não aprendemos isso ainda, não há razão alguma para irmos adiante, a menos que confiemos plenamente em Seu poder, Seu caráter, em Sua justiça e em Sua vida. Se houver qualquer ideia diferente dessa, ou qualquer intenção de avançar sem essa confiança plena, a melhor coisa a fazer é desistir agora mesmo e não prosseguir.
Portanto, não é possível dar um passo adiante sem Ele. Excelente. Ele é nosso Maravilhoso Conselheiro, maravilhoso em conselho e grande em obra. Ele diz: “Eu estou com vocês para aconselhar; Eu estou com vocês para executar”.
“Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo” (Ap 3:18). Outras passagens bíblicas mostram que nada vai nos satisfazer a não ser esse ouro capaz de passar pelo teste do fogo.
Vocês se lembram de 1 Pedro 1:3 e 5, que fala da viva esperança para a qual Deus nos gerou de novo pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, e sobre como somos guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação. Como somos guardados? [Resposta: “Pelo poder de Deus].
Mediante o quê? [Resposta: “A fé”]. Para o quê? [Resposta: “Para a salvação”]. Quando? [Resposta: “Prestes para revelar-se no último tempo”]. Poderíamos ler “prestes para revelar-se” e parar por aqui, pois já estamos no último tempo. Mas quero falar mais sobre essa esperança. Como somos guardados? [Resposta: “Pelo poder de Deus”]. Mediante o quê? [Resposta: “A fé”].
Por causa de tudo isso, o que devemos fazer? [Resposta: “Alegrar-se grandemente”]. Vocês estão se alegrando neste momento? Gostaria de saber: é essa a experiência de vocês? [Resposta: “Sim, sim”]. “Em que vós grandemente vos alegrais” (v. 6, ARC).
É isso que vocês estão fazendo? Então por que vocês andam por aí deprimidos, cabisbaixos? Chegou o tempo de crermos nas Escrituras. Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. O Senhor falou, e Abraão se alegrou grandemente por ser de fato assim. Vocês creem que o que Deus falou por meio de Pedro é de fato assim? Vocês se alegram grandemente nisso? [Resposta: “Sim].
“Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora, [...] sendo necessário, [...] estejais por um pouco contristados com várias tentações” (v. 6, ARC). Quantas tentações? [Resposta: “Várias”]. Passamos por várias tentações, mas mesmo assim nos alegramos grandemente todo o tempo. Como pode ser isso? Isso pode ser assim, porque Deus o diz. E é assim, não é verdade?
Esta é a única maneira pela qual eu posso saber que isso pode ser uma realidade: porque Deus disse que assim é. Agora, qual é o propósito dessas tentações? “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo” (v. 7, ARC).
O que é provado? [Resposta: “A fé”]. Vocês creem que a fé de vocês será provada pelo fogo? Vocês acreditam que a fé de vocês poderá resistir a esse teste de refinamento como o ouro que é apurado pelo fogo? [Resposta: “Sim”].
Vamos estudar isso mais adiante. No mundo em que vivemos, é impressionante como os homens se preocupam com o ouro que perece! Muitos acumulam grande quantidade de ouro e edificam grandes edifícios para guardá-lo em segurança.
Eles colocam o ouro numa pequena caixa e a trancam. Essa caixa é posta em outra maior, que também é trancada. Em seguida colocam essa caixa num enorme cofre, onde se encontram muitas outras caixas. Este é trancado também. Então um portão, que também é trancado, isola tudo isso.
Um guarda fica encarregado de rodear o edifício a noite toda para garantir a segurança. Centenas de pessoas nas grandes cidades se preocupam dessa forma com o ouro que perece. Permitam-me lhes dizer, meus irmãos e irmãs, que a prova da fé de vocês – não importa quão fraca seja, é mais preciosa aos olhos de nosso Maravilhoso Conselheiro, é mais preciosa aos olhos de Deus do que todo o ouro e joias que possam existir em todos os caixas-fortes do mundo.
Não tenham medo de que Deus venha a Se esquecer de sua fé. Como Ele a considera? Mais preciosa do que ouro que perece. Quem é que diz isso? O Maravilhoso Conselheiro, o próprio Senhor. Sejamos gratos a Deus por Ele ver nossa fraca e tremente fé assim.
Então, irmãos, não temos aqui o maior encorajamento que o Senhor nos poderia oferecer? Não sei por que as pessoas lamentam que sua fé seja fraca. Às vezes você pode dizer: “Não tenho nenhuma fé”. Bem, o Senhor diz que você tem; por isso, seja grato a Deus pela fé que você tem.
Não importa que seja pequena, até mesmo do tamanho de uma semente de mostarda. Agradeça a Deus por você tê-la, e também por ela ser mais preciosa para Ele do que todo o ouro e riqueza desta Terra. É assim que Deus considera sua fé.
Vocês não devem questionar se possuem fé ou não. Deus disse que vocês têm, e isso é suficiente.
Vamos ler Romanos 10:6-8:
“Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao Céu (isto é, a trazer do alto a Cristo)? Ou: Quem descerá ao abismo (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo)? Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos.”
Então, é correto lamentar ou questionar se temos fé ou não? Não é. Deus implantou a fé no coração de todos que nascem neste mundo por meio daquela Luz “que alumia a todo homem que vem ao mundo” (Jo 1:9).
Deus fará com que essa fé cresça grandemente, e revelará Sua justiça a nós à medida que cresce “de fé em fé” (Rm 1:17). Afinal de contas, de onde provém a fé? Foi Deus quem a concedeu para nós. Quem é o Autor da fé? Cristo; e a Luz que ilumina a todo homem que vem ao mundo é Jesus Cristo. Essa é a fé que está no coração de cada pessoa. Se cada um usar a fé que possui, esta nunca lhe faltará; mas se ele não usar a fé que possui, como é possível que ele adquira um nível mais elevado de fé?
Então temos fé, não temos? E a prova da sua fé é “mais preciosa” do que todo o ouro que já existiu neste mundo. Observem bem: ela é mais preciosa aos olhos de Deus. Isso não significa que o ouro seja precioso aos olhos de Deus. O pensamento não é esse, de forma alguma. Ela é mais preciosa, aos olhos de Deus, do que todo o ouro poderia ser aos olhos de uma pessoa.
Quão precioso todo esse ouro seria se uma pessoa, sozinha, o possuísse? Certamente ela se acharia muito rica e se orgulharia imensamente por isso. Então, não se esqueçam de que a prova da fé que vocês têm – pequena como for – é mais preciosa aos olhos de Deus do que todo o ouro deste mundo seria aos olhos de qualquer ser humano.
Assim, “a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo”, é preciosa aos olhos de Deus. Quem é o mais interessado nesse processo? [Congregação: “O Senhor”]. Certamente! Eu não consigo expressar o quanto ela é preciosa aos olhos de Deus. Minha concepção da preciosidade dessa fé está tão distante da realidade quanto meus pensamentos estão distantes dos pensamentos divinos.
Portanto, Ele é a pessoa mais interessada em todo o Universo na prova da nossa fé, na maneira como ela é exercida e em todo o seu processo. Não é ela uma dádiva de Deus? Não é Ele o maior interessado? Esta é a luz verdadeira pela qual deveríamos entender esse assunto.
Vamos prosseguir com a leitura: “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais” (1Pe 1:7, 8).
Nós O amamos? Deus diz que sim, e assim é. “No qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso” (v. 8). É isso mesmo? Certamente que sim. Irmãos, frequentemente penso nessa parte: “não O havendo visto, amais”, e crendo que assim é, imaginem como será quando nós O virmos? E a bênção de tudo isso é que não teremos que esperar muito agora por esse momento. [Congregação: “Deus seja louvado”].
Há outra passagem que gostaria de mencionar. Ela se encontra em 1 Pedro 4, verso 12. “Amados”. Somos “amados”? Quem é que faz essa afirmação? O Conselheiro. Ele chama vocês e a mim de amados. Ora, irmãos, a única coisa que nos resta é sermos as pessoas mais felizes do mundo por Deus Se dirigir a nós dessa maneira.
Ele Se achega a nós, torna-Se o Maravilhoso Conselheiro, desejoso de nos aconselhar e falar conosco, e a primeira palavra que Ele diz é: “Amados”. Já pensamos muitas vezes que, quando o anjo veio diretamente para falar com Daniel lhe dizendo “homem muito amado” (Dn 10:19), se tratava de uma afirmação muito pessoal. Mas essa não é mais pessoal do que quando Deus nos chama de “amados”. Ele mesmo Se achega a nós e diz: “Amados”.
Continuando: “Não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse”. A maneira como Deus Se dirige a nós é nos chamando de “amados”. Vamos utilizar o texto dessa forma.
Amados, será que devemos considerar as ardentes provas como coisas estranhas de agora em diante? Não há nada de estranho com elas. Então não devemos ficar surpresos quando elas vierem. Vocês sabem que muitas pessoas são um tanto desconfiadas e tímidas, e quando se encontram face a face com alguém estranho ficam apavoradas.
Agora, se vocês e eu ficarmos desconfiados e tímidos diante das provações – e podem estar certos de que logo vamos nos deparar com uma delas, uma muito forte –, certamente ficaremos apavorados. Mas podem ter certeza de que, se ficarmos apavorados diante de uma provação, o inimigo terá ganho uma vitória.
O desejo dele é nos pegar desprevenidos e nos deixar apavorados, um momento que seja, pois assim ele nos atingirá com seus dardos inflamados a fim de nos ferir.
O Senhor vem até nós e nos dá o seguinte conselho: “Não estranheis”. Então, quando enfrentarmos essas ardentes provas, não estaremos diante de um desconhecido. Vocês entendem? Já estaremos familiarizados com ela, já as conhecemos.
Não importa o quanto uma pessoa seja desconfiada e tímida. Quando ela se encontra de repente com um conhecido, o encontro não será assustador. Ela não vai ficar apavorada, mas alegre por se encontrar com o amigo.
Portanto, o Senhor deseja que estejamos tão bem familiarizados com as provas que, mesmo que alguma venha repentinamente, possamos dizer: “Olá! Prazer em vê-la. Eu conheço você.
Pode me acompanhar”. Assim, com esse conselho divino, não vamos achar esquisito o fato de passarmos por provações “como se coisa estranha vos acontecesse”. Não devemos nos defrontar com as provas ou lidar com elas como se fossem estranhas, mas como nossas conhecidas; e mais do que isso, como nossas auxiliares rumo a Sião.
Tiago nos disse há muito tempo: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações” (Tg 1:2). Como ele se dirige a nós? “Meus irmãos”. Aqui somos chamados de “meus irmãos”, e em outros lugares, de “amados”.
O que significa a palavra “várias”? Diversas. Pedro também menciona as “várias provações” por que devemos passar (1Pe 1:6). Então, irmãos, tenhamos por motivo de toda alegria o passarmos por várias, diferentes e diversas provações ou tentações.
O pensamento transmitido por esses versos é o de que devemos considerar motivo de alegria o fato de passarmos por diferentes tentações, e de que nenhuma delas deve ser vista como um estranho, mas como um conhecido.
Pedro diz ainda: “Pelo contrário, alegrai-vos na medida em que” – sereis? Não; mas “na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo” (1Pe 4:13). Aqui está o tema principal a ser ressaltado. Em Tiago, somos chamados de “meus irmãos”. Vamos ler agora um texto que vai relacionar as duas passagens:
“Porque convinha que Aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles. Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que Ele não Se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hb 2:10-11).
Esse é o motivo por que Ele nos chama de irmãos, e a razão pela qual devemos ter por motivo de toda alegria passarmos por várias provações. Ele esteve na mesma situação. Ele enfrentou cada uma delas. Ele suportou cada tentação em sua força máxima.
Ele passou por tudo isso por nós. Agora Ele Se dirige a nós, dizendo: “Eu passarei por elas com você”. Ele as enfrentou sozinho por nós primeiramente. Agora Ele passa por elas junto de nós. “O lagar, Eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo” (Is 63:3).
Mas, graças ao Senhor, Deus estava com Ele, pois “Aquele que Me enviou está comigo, não Me deixou só” (Jo 8:29). Deus seja louvado porque Jesus teve a nobre coragem de passar por tudo sozinho, confiando somente que o Pai estaria com Ele.
E como Ele é bom, pois Ele não nos pede que passemos pelas provas sozinhos. Não. Ele vem e diz: “Irei com você em meio a todas essas provações”. Meus irmãos, Ele irá com vocês. Aí está a razão por que não devemos considerar as provas como algo estranho. Jesus nos chama de Seus irmãos. Ele passou por cada uma dessas provações e as conhece muito bem. Portanto, não devemos considerá-las como desconhecidas.
As provações eram algo estranho para Cristo? Não. Por quantas provações Ele passou? Todas. Dentre as provações por que vocês vão passar em toda a vida, quais Ele enfrentou? Cada uma delas.
Qual foi a intensidade da luta de Cristo ao suportar cada provação? A máxima, em cada ponto. Contra quem Ele estava lutando ao passar por tudo isso? Satanás. Satanás tem um arsenal de enganos, provações e tentações tão poderoso que ninguém gostaria jamais de enfrentar sozinho, não é verdade? E pensar que cada item de seu arsenal foi usado contra “meu Irmão”! Satanás fez Jesus passar por todo tipo de tentação.
Qual foi a intensidade dos esforços de Satanás ao ele afligir Jesus com cada uma das tentações? O mais alto grau possível. Não é verdade que ele teve que exercer todo o poder que conhecia ao fazer Jesus passar por cada ponto específico relacionado com as tentações e provações? Certamente.
Não concordam que Satanás pôs Jesus à prova em todos os pontos possíveis que ele poderia inventar? Não é um fato que ele atormentou Jesus com suas maquinações com toda intensidade possível? Sim.
Então, será que ele não usou a capacidade máxima de seu arsenal de enganos, tentações e provações contra Cristo? Não teria ele usado todo o poder que lhe é possível usar em todas essas provações e tentações? Sim. Pois bem.
Quando estou em Jesus, e quando Ele está em mim, quanto do poder de Satanás sobrou com o qual ele possa me atingir? [Congregação: “Nada”]. Quantas artimanhas suas sobraram para ele usar contra mim? Nenhuma. Vocês não percebem, então, que quando estamos em Cristo temos a vitória, e a temos agora? Vitória não é a única palavra. Nós temos o triunfo, e o temos agora.
Vamos ler agora 2 Coríntios 2:14: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo”. Quando? “Sempre”. Não é verdade? [Ouvintes: “Sim”]. “Em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do Seu conhecimento”. Como? “Por meio de nós”. Não é assim? Onde? [Ouvintes: “Em todo lugar”].
Pensem nisso. Quando? Agora e sempre. Esse é o momento. Como? Por meio de nós. Onde? Em todo o lugar. Assim, gostaria de saber por que não temos a vitória em Cristo? Gostaria de saber por que não somos vencedores agora. “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5:4).
É verdade? Sim, esta é a vitória. Cristo é nossa vitória. A Sua vitória é a nossa vitória, não é mesmo? Sim. Então, quando estamos Nele, estamos perfeitamente seguros, não estamos? Estamos seguros enquanto estivermos Nele? Sim.
Creio que vocês se lembram do que acontecia nos tempos antigos quando havia as cidades de refúgio. Naquela época, se acontecia um acidente – por exemplo, um machado sair do cabo e atingir um homem e o matar –, e um amigo estivesse presente e, sem ponderar sobre a situação e dominado pela ira, saísse à procura do homicida para se vingar imediatamente, o que este deveria fazer?
Ele tinha que correr, mais do que depressa, para a cidade de refúgio, com o risco de ter o vingador atrás dele com pressa ainda maior. Mas se ele chegasse à cidade, o que acontecia? Ele estava seguro, e o outro homem não podia tocá-lo.
Ali ele estava perfeitamente livre. Imaginem se ele saísse da cidade. Se saísse e o vingador o encontrasse, era certo que seu sangue cairia sobre sua cabeça. Ele ficava responsável por seu ato. Mas estava seguro enquanto permanecesse na cidade de refúgio. Ele devia ficar ali até a morte do sumo sacerdote.
Quando este morria, o homem estava completamente livre. Podia ir e vir sem que o outro homem pudesse tocá-lo, mesmo que isso fosse o que ele mais queria.
Falando de Abraão, está escrito: “Para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio” (Hb 6:18). Já cometemos maldades e pecados.
Qual é o salário do pecado? A morte? Sim, a morte. Quem está atrás de nós? A morte. Quem tinha o poder da morte? Satanás. Quem então está atrás de nós? Satanás. Então “corremos para o refúgio a fim de lançar mão da esperança proposta”. Onde está essa esperança? [Resposta: “Em Cristo”].
Quem é nosso refúgio? [Resposta: “Cristo”]. Quem é nossa cidade de refúgio? [Resposta: “Cristo”]. Quem é nosso inimigo? [Resposta: “Satanás, a morte”].
Portanto, quando estamos em Cristo, nosso refúgio, será que Satanás pode nos tocar? Ele não pode. Como sabemos disso? A Bíblia assim nos diz. Mas se sairmos da cidade de refúgio antes do encerramento do sacerdócio, o que acontece? Satanás não somente pode, mas certamente nos atingirá, e nosso sangue estará sobre nossa cabeça. Se sairmos antes do encerramento do sacerdócio, não temos proteção alguma, e ele nos agarrará.
Se aquele homem permanecesse na cidade dez ou quinze anos, ele conseguiria ficar forte o suficiente para enfrentar o inimigo, não é mesmo? Ele ganharia experiência ali e poderia dizer: “Já estou forte o suficiente. Não temo qualquer inimigo.
Posso sair agora. Está tudo bem, posso sair. Aquele vingador já se foi e se esqueceu de tudo aquilo”. Contudo, ele não tem condições de enfrentar o inimigo, tem? Qual é o único lugar onde ele pode enfrentar o inimigo? Na cidade.
Mas, de qualquer modo, na cidade ele nem mesmo tem que enfrentar o inimigo. Não é mesmo? [Voz: “A cidade se encarrega de enfrentá-lo”]. As muralhas da cidade o enfrentam.
O escudo da fé que apaga todos os dardos inflamados do Maligno – esse escudo da fé que é Jesus Cristo – é a muralha de nossa cidade de refúgio; e os dardos inflamados do inimigo não podem absolutamente atravessá-la.
Assim, nossa força e nossa segurança para sempre se encontra somente dentro do nosso refúgio, não é verdade? E quando o sacerdócio se encerrar, podemos ir a qualquer lugar desse Universo – mas nunca ficar fora de Cristo.
Podemos então ir a qualquer lugar. Será que o inimigo poderá nos causar algum dano? Não, senhor. Vamos permanecer na Cidade, irmãos. Vamos permanecer no refúgio para onde já corremos. Nossa segurança está ali. E quando estamos ali, será que não temos a vitória? Sim, certamente. É Nele que temos a vitória.
Podemos então enfrentar as tentações com regozijo. Ora, temos a vitória antes de enfrentarmos as tentações, não temos? Não é razão para ficarmos alegres? Vocês não preferem entrar numa batalha, sabendo que vocês têm a vitória antes de iniciá-la, do que não ter nenhuma batalha sequer? Então, não vamos deixar de travar esse tipo de batalha. Por favor, que vantagem vocês vão ter se ficarem com medo? A vitória é nossa.
Naturalmente, se formos à guerra imaginando que seremos derrotados, é melhor nem irmos. Se alguém entra em batalha esperando ser derrotado, é melhor fugir antes de começar. Não é o desejo de Deus que entremos numa batalha desse tipo. A batalha de nosso Irmão não foi assim. Não, senhor.
E Ele não quer que a nossa seja assim também. Ele quer que conheçamos qual é a nossa vitória. Ele quer que conheçamos qual é a nossa confiança. Ele quer que conheçamos qual é a nossa força. Ele quer que conheçamos o poder que nos pertence e qual é nosso dever. Assim, quando a luta vier, saberemos como enfrentá-la.
Vamos enfrentá-la em Cristo. Vamos enfrentá-la por meio Dele. Vamos enfrentá-la com o escudo da fé, de maneira que os dardos inflamados do inimigo serão apagados. Não precisamos ter dúvidas quanto a isso. Portanto, é no sofrimento que encontramos o poder, a vitória e a enobrecedora presença de Cristo.
Quando as provações chegam, permanecemos com Ele e sabemos que sem Ele não podemos resistir. “Tende por motivo de toda alegria”. É assim que deve ser. Não estranhem quando as ardentes provas vierem, como se coisa estranha estivesse acontecendo com vocês, fiquem alegres. “Alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de Sua glória, vos alegreis exultando” (1Pe 4:13).
Precisamos, então, de ouro refinado pelo fogo para enfrentarmos essas provações, não é mesmo? Precisamos de algo que resista aos testes que nos sobrevirão, e isso é o que já aprendemos. “Os que resistem a cada teste atenderam ao conselho da Testemunha Verdadeira; receberão a chuva serôdia de modo que sejam transladados”.
Irmãos, não é animador o pensamento de que a chuva serôdia tem o propósito de nos preparar para a transladação? Agora, onde deve cair a chuva serôdia, e quando isso acontece? Agora é o tempo da chuva serôdia, e quando é o tempo para o alto clamor? [Voz: “Agora”]. Para que ela nos deve preparar? [Voz: “Para a transladação”].
É encorajador saber que as provações por que o Senhor está nos fazendo passar agora têm o objetivo de nos preparar para a transladação. E quando Ele vem e dirige a palavra a vocês e a mim, é porque Ele deseja nos transladar; mas Ele não pode transladar o pecado, pode?
Então, o único propósito por que Ele nos mostra a profundidade e largura do pecado é para nos salvar dele e nos transladar. Devemos ficar, então, desanimados quando Ele nos mostra os pecados? Não. Sejamos gratos a Deus porque Ele quer nos transladar; e Seu desejo de fazer isso é tão intenso que Ele quer tirar nossos pecados do caminho o mais rápido possível. Irmãos, vamos crer no Senhor em toda a nossa trajetória e em todo o tempo.
Então, precisamos de algo que resista ao mais severo teste quando provado, tal qual o ouro ao ser refinado pelo fogo. O que o Conselheiro pede que compremos? [Voz: “Ouro refinado pelo fogo”]. É exatamente disso que precisamos agora a fim de enfrentarmos as provações que virão – não: as provações que já estão aqui.
Não precisamos nos preocupar com o que virá. Precisamos desse ouro agora para enfrentarmos as provações que já chegaram. E é exatamente isso que o Conselheiro nos fornece. Ele diz: “Compre de Mim. Eu tenho esse suprimento”. Ele tem isso para nos fornecer porque foi Ele quem o fabricou.
Ele possui o ouro que resistirá ao teste, um ouro que já suportou a prova, que enfrentou todos os testes a que qualquer um jamais venha a ser submetido. O teste nasceu em Seus sofrimentos. É por meio dos sofrimentos que o ouro é refinado, tornado puro, provado e aperfeiçoado para ser um artigo genuíno.
O Espírito do Senhor define o significado disso. O ouro provado no fogo é o amor, “a fé e o amor”. “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”. (Gl 5:6). Em outros lugares é mencionado “fé e obediência”.
O que é a obediência? [voz; “A expressão do amor”]. No livro Caminho a Cristo, p. 60, lemos: “A obediência não é mera aquiescência externa, mas sim o serviço de amor”. Então, quando os Testemunhos falam de fé e obediência, é a mesma coisa que dizer “fé que atua pelo amor”.
Nos Testemunhos, as expressões “fé e obediência” e “fé e amor” correspondem à expressão bíblica “fé que atua pelo amor”. Elas não passam de diferentes modos para expressar a fé genuína e espiritual, porque, em Cristo Jesus, nada tem valor algum, “mas a fé que atua pelo amor”.
A obediência é o serviço de amor, e Jesus pede que compremos Dele o ouro provado no fogo, que é a fé e o amor, “a fé que atua pelo amor”, a genuína mercadoria da fé. O que deve ser refinado por meio de severas e ardentes provações?
A sua fé, que é mais preciosa que ouro refinado no fogo. Vocês percebem, então, que, visto que a fé de todos deve ser assim provada, precisamos da fé que já resistiu à provação. Temos então este testemunho: “Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus” e tem fé em Jesus? Não, a palavra “tem” não se encontra no texto. Eles “guardam os mandamentos de Deus e [guardam] a fé de Jesus” (Ap 14:12, KJV).
Esta é a mercadoria genuína. Esta é a fé que, Nele, suportou o teste. Esta é a fé que enfrentou todas as ferozes tentações que Satanás conhece e todo o poder que Satanás podia mobilizar. Esta foi a fé que resistiu ao teste.
Assim, Ele Se dirige a nós e diz: “Comprem de Mim essa fé que suportou a provação, ‘o ouro provado pelo fogo’”. Portanto, será que não podemos dizer que a expressão “comprem de Mim a fé que resistiu” corresponde à mesma linha de pensamento que vimos no verso: “Tende em vós a mesma mente que houve também em Cristo Jesus” (Fl 2:5)?
Quando a mente que Cristo teve for a mesma que eu tenho, não fará essa mente em mim exatamente o que ela fez Nele? Afinal, como servimos a lei de Deus? “Com a mente, sirvo à lei de Deus” (Rm 7:25, trad. lit. KJV).
Quando Cristo esteve neste mundo, Ele serviu a lei de Deus em todos os momentos. Como Ele fez isso? Com a mente. Por meio de qual processo mental Ele fez isso? Pela fé. Então, não pede Ele a vocês e a mim que compremos Dele a fé de Jesus?
Não é verdade que a fé de Jesus guardou os mandamentos de Deus perfeitamente todo o tempo? Não é essa a fé que opera por amor? O amor é o cumprimento da lei.
Então, não temos diante de nós a mensagem do terceiro anjo quando Ele diz: “Venha e compre de Mim ouro provado no fogo (o amor e a fé), vestes brancas (a justiça de Cristo) para que você se vista e não apareça a vergonha da sua nudez?”
Assim, podemos perceber agora como é que a mente que estava em Cristo resistirá a todas as provações deste mundo. Será que a mente de Cristo não é a mesma ontem, hoje e para sempre? Será que a mente de Cristo Nele próprio agirá de forma diferente da mente de Cristo em mim ou em qualquer outra pessoa? Não. A mente de Cristo era de fato a mente de quem? [Voz: “A mente de Deus”] Deus estava Nele na carne.
Como podemos comprar? Leiam Isaías 55:1: “Ah! Todos vós, os que tendes sede”. Irmãos, não ficamos com muita sede depois de ouvirmos tudo o que o Senhor nos disse nos últimos poucos dias?
Conheço irmãos que vieram até mim e disseram que estavam a ponto de perecer de sede, estavam a ponto de desistir de tão sedentos que estavam. Estas palavras são para vocês e para mim: “Ah!” Vejam, Deus quer chamar a atenção de Seu povo; por isso, Ele clama em alta voz: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas”. “Vinde”.
Quando Cristo disse a Pedro: “Vem!”, Pedro podia ir? Sim. Mas como? Ir e andar sobre as águas? [Voz: “Pela palavra, sim”]. Verdade, foi por causa dessa palavra que Pedro andou sobre as águas.
Então, quando se esqueceu da palavra e pensou que estava a ponto de submergir, Ele disse: “Salva-me, Senhor!” Ele não conseguiu chegar até Cristo, conseguiu? Ele começou bem, mas se esqueceu do poder da palavra.
Sua fé vacilou e ele pensou que não poderia chegar até Cristo. Então clamou: “Salva-me, Senhor!” Jesus estendeu a mão. Ele não esperou Pedro ir até Ele, mas estendeu a mão e o ergueu. Meu irmão e irmã, se você reuniu coragem para começar sob a palavra “vem”, e se esqueceu do poder que ela tem, e deixou que sua fé vacilasse por causa da tempestade ao redor, você pode dizer: “Salva-me, Senhor!”. Ele estenderá a mão e salvará você.
“Vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde”. Ele nos pede que compremos, e quem não tiver dinheiro, Ele fornecerá os meios para isso. Ele tomará as providências para conseguirmos a mercadoria. Essa mensagem se dirige também àqueles que pensavam ter dinheiro, quando, na verdade, nem sabiam que nada tinham.
Mas isso se refere a nós! Se refere a mim e a vocês. E Ele se dirige a nós com estas palavras: “amados”, “irmãos”. “Comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”. O mesmo pensamento se encontra em Isaías 52:3: “Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados”.
Como é possível sermos resgatados depois de termos vendido a nós mesmos por nada? Agora, se Deus nos pedisse algo com que nos resgatar, teríamos alguma condição de oferecer? Nós nos vendemos por nada, e se custa algo para sermos redimidos, isso significa ruína eterna, não é mesmo?
Então, uma coisa está fora de dúvida: nosso resgate não nos custa nada. “Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados”. Nada nos custa porque Ele nos dá tudo isso. O preço foi pago, mas não por nós.
“Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-Me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a Mim; ouvi, e a vossa alma viverá” (Is 55:2).
O que vocês devem fazer para viver? [Voz: “Ouvir”]. Vocês estão ouvindo, irmãos? Vocês ouviram o convite? Vocês vivem? Vocês já ouviram a respeito do poder criativo de Jesus Cristo e de como Ele opera maravilhas. Se assim é, estão vocês vivendo com base nisso? Vocês vivem Nele, por Ele e para Ele?
Quando Moisés estava no deserto, ele ergueu uma serpente e disse ao povo: “Olhem e vivam”. E como a serpente foi levantada no deserto, para que o povo vivesse, assim também o Filho do homem foi levantado para que todo aquele que olhasse para Ele vivesse (cf. Nm 21:8 e Jo 3:14, 15). Mas aqui se diz que devemos “ouvir” e viver. O plano que Deus havia fixado era que falássemos a fim de vivermos, mas Moisés o estragou.
Em Números 20, quando o povo estava murmurando por água, lemos que o Senhor disse a Moisés que ele deveria “falar à rocha”, e dela jorraria água. Moisés reuniu o povo e disse: “Ouvi, agora, rebeldes: porventura, faremos sair água desta rocha para vós outros? Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes” (Nm 20:10).
Foi nesse momento em que ele estragou a esplêndida ilustração que Deus planejava fixar na mente do povo: que tudo o que devíamos fazer era falar. Pois a rocha já havia sido ferida quando eles entraram no deserto.
O relato diz que quando o povo teve sede, o Senhor pediu que Moisés subisse o monte Horebe, onde Deus estaria diante dele sobre a rocha. Ele pediu que Moisés ferisse a rocha com a vara que tinha na mão, para que o povo bebesse. Ele fez isso, e a água jorrou (cf. Ex 17). O que representava a rocha? [Voz: “Cristo”].
Então, por que Moisés feriu a rocha na segunda vez? Cristo não deve morrer uma segunda vez em nosso favor. O Senhor queria nos mostrar esse fato por meio daquela esplêndida ilustração que Ele estava a ponto de encenar, mas Moisés se esqueceu de Sua palavra.
Ele não acreditou em Deus e imaginou que poderia fazer como da primeira vez. Ele esqueceu que o Senhor dissera: “Falai à Rocha”; mas ele a feriu e frustrou o propósito de Deus com a ilustração. Deus disse então a ele: “Visto que não crestes em Mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe dei” (Nm 20:12).
Irmãos, o próprio Senhor não pode nos guardar de pecar quando não cremos Nele. Não se esqueçam disso. O Senhor não tinha a intenção de que Moisés agisse daquela forma, mas ele não acreditou em Deus. Por que o Senhor não o guardou de pecar? Como Moisés não acreditou Nele, Deus não conseguia guardá-lo. Assim, convém que cada um de nós, sempre que Deus nos falar, aceite exatamente o que Ele diz. Aí, sim, Ele nos guardará de pecar.
Cristo advertiu Seus discípulos de que naquela noite todos O abandonariam e fugiriam. Eles disseram: “Não, não faremos isso. Não, o Senhor está equivocado”.
Pedro disse: “Ainda que todos Te abandonem, eu não o farei”. Antes que o galo cantasse, ele O negou três vezes, apesar de ter dito: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo Te negarei” (Mt 26:35). Quem estava certo? Cristo.
E todos os discípulos disseram o mesmo; contudo, todos fugiram devido à incredulidade deles. Se eles tivessem acreditado no que Cristo dissera, será que teriam fugido? Não teria Ele salvado o rebanho? Irmãos, o que precisamos fazer é crer no Senhor.
Moisés pensou que, quando o Senhor lhe pediu que falasse à rocha, a intenção de Deus era que ele fizesse como antes: ir e ferir a rocha. Ele deveria ter ouvido o que o Senhor disse. Isso é para vocês e para mim. “Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas” (2Tm 2:7).
Então, o que devemos fazer é olhar e viver; ouvir e viver e falar e viver. Vamos agir assim. A rocha foi ferida. Falem, e Ele fará jorrar a água da vida. Irmãos, esta é a mensagem de nosso Conselheiro: “Ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi” (Is 55:3).
E temos este outro conselho: “Que compres de mim ouro refinado pelo fogo e vestiduras brancas para te vestires”. E vocês se lembram da descrição que fizemos sobre essas vestiduras: A ilustração fala deste “vestido fiado no tear do Céu, no qual não existe um único fio de fabricação humana”. Irmãos, essa veste foi tecida em um corpo humano.
O corpo humano – a carne de Cristo – foi o tear, não é mesmo? Essa veste foi tecida em Jesus; na mesma carne que vocês e eu temos, pois Ele participou da mesma carne e sangue que temos. Esta carne que nos pertence, que Cristo carregou neste mundo, esta foi o tear em que Deus teceu a veste para que cada um de nós vestisse na carne; e Ele deseja que a vistamos agora, assim como a vestiremos no final, quando a carne se tornar imortal!
O que foi o tear? Cristo em Sua carne humana. O que foi produzido nela? [Voz: “As vestes de justiça”]. E ela é para todos nós. A justiça de Cristo – a vida que Ele viveu – em favor de vocês e de mim, conforme estamos considerando esta noite, esta é a veste.
Deus o Pai estava, em Cristo, reconciliando consigo o mundo. “E Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mt 1:23). É um fato, então, que Ele deseja que essa veste seja nossa, mas não quer que esqueçamos quem é o tecelão.
Não somos nós, mas Aquele que está conosco. Foi Deus em Cristo. Cristo deve estar em nós, assim como Deus estava Nele, e o Seu caráter deve ser tecido e moldado em nós por meio dessas tentações e provações que enfrentamos.
Deus é o tecelão, mas não sem a nossa participação. Estamos falando da cooperação entre o divino e o humano – o mistério de Deus em vocês e em mim –, o mesmo mistério que se manifestou no evangelho e que se encontra na mensagem do terceiro anjo. Essa é a palavra do Maravilhoso Conselheiro.
[Voz: “O caráter não foi tecido sem a nossa participação?”] Sim, mas ele não se tornará nosso sem a nossa participação. Assim, somos conduzidos por essas ardentes provações e tentações a fim de sermos participantes do caráter de Cristo.
Além disso, essas provações e tentações que enfrentamos nos revelam nosso caráter e a importância de ter o Dele, de forma que, por meio dessas mesmas tentações pelas quais Ele passou, nos tornemos participantes de Seu caráter, mostrando, no corpo, aos que estão ao nosso redor, a justiça da vida do Senhor Jesus Cristo.
Naturalmente, a veste foi tecida sem a nossa participação; e a beleza de tudo isso é que temos à nossa disposição uma veste tão completa quanto Ele. Devemos crescer em Cristo até que todos cheguemos à unidade da fé. Trata-se ainda da mesma mensagem: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).
Que altura devemos ter no caráter antes de deixarmos este mundo? A mesma de Cristo.
Qual deve ser nossa estatura? A de Cristo. Devemos chegar à perfeita varonilidade segundo a “medida da estatura da plenitude de Cristo”.
Quem é o tecelão? [Voz: “Deus”]. Quem determina o desenho? Deus. Muitas vezes, irmãos, os fios parecem todos enrolados quando os olhamos. As malhas parecem todas sem forma, e não vemos simetria alguma na imagem, nenhuma beleza na forma à medida que a observamos.
A modelagem, porém, não é obra nossa. Não somos o tecelão. Embora os fios fiquem emaranhados, a lançadeira, no seu vai e vem, deixe tudo embaraçado e fiquemos confusos quanto ao produto final, quem está movendo a lançadeira? Deus a está manobrando, de forma que ela cumprirá seu papel.
Não se preocupem se os fios ficarem emaranhados e vocês não conseguirem ver nada de belo na confecção. Deus é o tecelão. É Ele capaz de desembaraçar os fios? É certo que Ele vai desembaraçá-los.
Quando procuramos pela simetria do desenho e o vemos todo torto, com cores mescladas e linhas arrastadas de um lado para outro, parecendo uma imagem danificada, vale perguntar: quem está manufaturando o tecido afinal? É claro que é Deus.
A quem pertence o tear onde se encontra o modelo perfeito do desenho? E quem é o modelo? Cristo é o modelo. E não se esqueçam disso: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai” (Mt 11:27). Nem vocês nem eu podemos moldar nossa vida segundo o modelo. Nós não O conhecemos.
Não conseguimos ver com clareza suficiente para discernir Aquele que dá forma ao modelo, ou saber como modelá-lo corretamente, mesmo que estivéssemos fazendo a tecelagem. Irmãos, é Deus que está fazendo a tecelagem. Ele levará adiante esse processo. Deus vê a imagem completa antes de estar concluída. Aos Seus olhos, ela está perfeita, mesmo que ela nos pareça embaraçada e enviesada.
Irmãos, vamos deixar Deus conduzir o tear. Deixemos que Ele leve avante Seu bendito plano de tecer, em toda a nossa vida e experiência, o precioso modelo de Jesus Cristo.
Está chegando o dia, e não está distante, em que a última lançadeira fará o seu percurso, o último fio será posto no tear e o último arremate do desenho concluído, recebendo, assim, o selo do Deus vivo. Nesse dia, contaremos unicamente com Ele, a fim de sermos semelhantes a Ele, pois “havemos de vê-Lo como Ele é” (1Jo 3:2).
Irmãos, não é Ele um Conselheiro Maravilhoso? Oh! Vamos aceitar o Seu conselho nesta noite. Vamos nos apoderar da bendita fé que foi provada e daquilo que Ele nos fornece, pois tudo nos pertence. Deus nos concedeu essa fé. Ela é minha. É de vocês. Sejamos-Lhe gratos e nos alegremos.