O Gnosticismo e a Humanidade de Cristo

O Gnosticismo e a Humanidade de Cristo
 

Uma das heresias mais perigosas dos dois primeiros séculos da igreja foi o gnosticismo. Sua doutrina central era que o espírito é inteiramente bom e a matéria, inteiramente má. Desse dualismo anticíclico fluíram cinco erros importantes: 

1. O corpo do homem, que é matéria, é mau por essa mesma razão. Deve ser diferenciado de Deus, que é totalmente espírito e, por isso mesmo, totalmente bom.

2. A salvação é escapar do corpo, sendo obtida năo mediante a fé em Cristo, mas por meio de conhecimento especial (a palavra grega traduzida por “conhecimento” é gnosis, de onde, gnosticismo).

3. A verdadeira humanidade de Cristo era negada de duas maneiras: 

1) Alguns diziam que Cristo somente parecia ter corpo, e essa teoria era chamada docetismo, do grego dokeo (“parecer”); 

2) Outros diziam que o Cristo divino uniu-se ao homem Jesus no batismo, abandonando-o antes de morrer, teoria essa chamada cerintismo, segundo o nome do seu porta-voz mais destacado, Cerinto. Essa opiniăo forma o contexto de boa parte de 1Joăo (v. 1.1; 2.22; 4.2,3).

4. Como o corpo era considerado mau, devia ser tratado com rigor. Essa forma ascética de gnosticismo forma o contexto de parte da carta aos colossenses (2.21-23).

5. Paradoxalmente, esse dualismo também levava a licenciosidade. O raciocínio era que, como a matéria — e não a violação da lei de Deus (1Jo 3.4) — era considerada má, a violação da sua lei não era de consequência moral.

O gnosticismo com o qual o NT lidava era uma forma primitiva dessa heresia, não o sistema desenvolvido e já complexo dos séculos II e III. 

Além da forma encontrada em Colossenses e nas cartas de João, alguma familiaridade com o gnosticismo primitivo se ver refletida em 1 e 2 Timóteo, em Tito, em 2 Pedro e talvez em 1 Coríntios.

Fonte: Introdução da Bíblia de Estudo NVI ao livro de 1 João.

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