No Poder do Espírito - 05 O grande conflito entre o bem e o mal

no poder do espirito w. w prescot

The Bible echo, 17 e 24 de fevereiro de 1896, Pregado em 23 de outubro de 1895. 

Se considerarmos o fato de que a cruz de Jesus venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no “Céu” (Mt 6:10) Cristo não tem que ver unicamente com esta Terra, talvez isso nos ajude a compreender mais claramente nossa própria relação para com Deus, bem como o significado do serviço a Deus, que, em suma, é o significado da verdadeira religião. 

Teremos uma visão muito limitada do plano da salvação se confinarmos sua abrangência apenas a este nosso mundo.

Na prece que lemos no texto de abertura, apresenta-se um contraste entre o Céu e a terra, e o pedido é de que a vontade de Deus seja feita na Terra assim como é feita no Céu. O fato de que a vontade de Deus reina ali suprema faz do Céu o que ele é; e este mundo é o que é pelo fato de a vontade de Deus não ser feita aqui.

O universo está interessado no Plano da salvação

Vamos iniciar considerando dois ou três textos que nos chamam a atenção para o fato de que o Céu foi, e ainda é, afetado pelo plano divino da salvação. O pecado afetou mais do que apenas esta Terra. Portanto, não é apenas esta Terra que depende do plano da salvação.

Em suas epístolas, Paulo declara: 

Desvendando-nos o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nEle, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra (Ef 1:9, 10).

Porque aprouve a Deus que, nEle, residisse toda a plenitude; e que, havendo feito a paz pelo sangue da Sua cruz, por meio dEle, reconciliasse consigo Mesmo todas as coisas, quer sobre a Terra, quer nos céus (Cl 1:19, 20).

À primeira vista, pode parecer um tanto estranho existir algo no Céu que necessite reconciliação pelo sangue de Sua cruz, mas é isso mesmo que a Bíblia declara. O plano da salvação abrange mais do que apenas reconciliar os que estão na Terra. Há algo a ser reconciliado com relação às coisas no Céu.

A rebelião no Céu

No Apocalipse, João escreveu: “E houve batalha no céu” (Apocalipse 12:7, ACF). Estamos acostumados a pensar que apenas esta Terra tem permanecido num estado de rebelião. Esse verso, porém, diz que houve guerra no Céu:

Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no Céu o lugar deles. 

E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra, e, com ele, os seus anjos. 

Então, ouvi grande voz do Céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus (Ap 12:7-10).

“Miguel e os seus anjos pelejaram”. Miguel é Cristo. Três versos bem fáceis nos revelam essa verdade:

Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não Se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda! (Jd 1:9).

Aí vemos que Miguel é mencionado como o arcanjo. Em Tessalonicenses, Paulo afirma: 

Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de Arcanjo (1Ts 4:16, Almeida Antiga).

O próprio Senhor descerá com a voz do arcanjo. Mas lemos em João 5:25:

Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; […] e sairão. (Jo 5:25, 28).

Miguel é o arcanjo. O Senhor descerá com a voz do arcanjo; e é a voz do Senhor que chama os mortos de suas tumbas.

“E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente”. O termo aqui não é usado no sentido em que usamos a expressão “aquela velha víbora”, mas trata-se da antiga serpente, a mesma que causou perturbação no Éden. 

Houve guerra no Céu e a antiga serpente, que causou perturbação no Éden e hoje ainda perturba por aqui, suscitou a rebelião, liderou suas hostes na batalha e foi lançada para a Terra.

O que Causou A desordem no Céu?

Existe algum modo de descobrirmos o que causou a desordem no Céu? Acho que facilmente podemos descobri-lo lendo a experiência de Cristo com Satanás quando esteve nesta Terra:

Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado (Mt 27:17, 18).

Em primeiro lugar, foi a inveja de Satanás contra Cristo que causou a guerra no Céu. Assim, os que se opõem a Cristo demonstrarão a mesma disposição ainda hoje. Referindo-se à experiência dos que haviam sido convertidos, e da vida que antes levavam, Paulo declara:

Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros (Tt 3:3).

A inveja é característica do coração natural, como vemos em Roma-

nos 1:29: “Cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja”. Foi a inveja que causou oposição a Cristo quando esteve aqui em carne – e a inveja era simplesmente uma continuação desse mesmo sentimento que causara a contenda no Céu. 

O que é inveja? É o desejo que alguém tem de ocupar uma posição mais elevada do que a que ocupa, é possuir um sentimento exagerado de seu valor próprio. O amor jamais pensa dessa maneira, pois “o amor não é invejoso” (1Co 13:4, ACF).

As Escrituras deixam bem claro que foi o sentimento de inveja, da parte de Satanás, que gerou todo o transtorno no Céu: “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: […]”. Note as próximas cinco afirmações, e veja como cada uma se inicia: 

Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. 

Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo (Is 14:12-14, ACF).

Ezequiel também fala acerca de Satanás: 

Assim diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. 

Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti. 

Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem (Ez 28:12-17).

Com esses versos, vocês podem ver que foi um sentimento de inveja, por parte de Satanás, que causou a discórdia no Céu.

Cristo era o unigênito Filho de Deus, e não um ser criado. Satanás, por sua vez, era criado. Como Filho unigênito, Cristo podia adentrar completamente nos conselhos de Deus. 

E pelo fato de Satanás não ter o mesmo privilégio de Cristo, a inveja brotou em seu coração, e ele determinou-se no seguinte pensamento: Eu me exaltarei. Começou a incitar a rebelião e a dizer: “Deus é arbitrário”. 

Dessa forma, começou a ganhar simpatizantes. “Estamos escravizados, mas eu tenho um plano melhor de governo. Escolham-me como líder, me exaltem, e, então, exaltarei vocês”. Você percebe que esse mesmo princípio tem estado presente no mundo desde a queda? Ou seja: Você me exalta, e eu exalto você – talvez.

A insatisfação de satanás

Satanás conseguiu ajuntar um número suficiente de seguidores para fazer uma rebelião no Céu. Sendo dali expulso, decidiu estabelecer seu reino nesta Terra, e mostrar ao Universo que ele poderia governar de fato. Gradualmente, estenderia seu governo até arrebatar de Deus o domínio, e, então, “seria como o Altíssimo”, seria Deus.

Começou da mesma forma que havia iniciado no Céu, isto é, criando insatisfação. Ele disse à mulher: “Deus sabe que, no dia em que vocês comerem do fruto da árvore do conhecimento, serão como deuses. 

A razão apresentada por Deus para que vocês não comam dessa árvore é uma mentira. Ele declarou que vocês iriam morrer, mas isso não vai acontecer. A verdade é: quando vocês comerem dessa árvore, serão como Deus. 

Ele não deseja isso, e, por esse motivo, está tentando impedi-los. Se vocês me ouvirem e comerem, serão como deuses”. E eles comeram. Fazendo isso, Adão mostrou-se desleal a Deus, e transferiu todas as coisas às mãos de Satanás.

Adão e o seu domínio

Num sentido especial, Adão era o filho de Deus: “Filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus” (Lc 3:38, NVI). Ele era filho de Deus num sentido diferente daquele que nós o somos: “Amados, agora, somos filhos de Deus” (1Jo 3:2). 

Somos filhos de Deus pela recriação. Adão era filho de Deus pela criação inicial. Ele foi posto aqui para dominar sobre esta parte do Universo como representante de Deus:

Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra (Gn 1:26).

Deus fez de Adão Seu primeiro-ministro, e confiou o domínio em suas mãos, reconhecendo-o como Seu representante na Terra. o domínio usurpado Pela fraude

Sendo expulso do Céu em razão daquela guerra, o diabo vem para a Terra, e, por meio de engano, induz Adão, o representante de Cristo, a entregar-lhe o domínio da Terra. Ele toma posse da Terra mediante mentiras e fraude, e decide realizar aquilo que havia fracassado em fazer no Céu. As Escrituras reconhecem esse fato. Cristo disse:

Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em Mim (Jo 14:30).

Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos (2Co 4:4).

Satanás faz referência a esse fato por ocasião da tentação de Cristo no deserto:

E o diabo, levando-O a um alto monte, mostrou-Lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-Lhe o diabo: Dar-te-ei a Ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se Tu me adorares, tudo será Teu (Lc 4:4-7, ACF).

Ele tomou posse deste mundo, estabeleceu seu reino, e hoje diz: “Eu sou rei”.

De que Lado estamos?

E a quem pertencemos? E com quem estamos simpatizando neste governo terrestre? Desse ponto de vista, a religião se resolve nesta questão: Serei leal a Deus neste grande conflito que teve início no Céu e agora se transfere para a Terra, ou servirei a Satanás? De quem seremos súditos neste grande conflito?

A essênciA dos dois reinos

Satanás fundou seu reino por meio de fraude e usurpação, e o mantém mediante a força. Essas são as características dele. Deus, porém, é amor. Seu Reino é fundado sobre o amor, e o único poder que Ele usa em Seu Reino é o poder do amor.

A acusação que Satanás lançou contra Deus foi a de que Deus era arbitrário, determinado a fazer as coisas do Seu próprio jeito, e que não amava Seu povo. Satanás prometeu que, se os anjos o seguissem, estabeleceria um reino melhor. 

Resta, portanto, que essa promessa se realize. Embora Deus possa ver o fim desde o princípio, os seres criados não o podem. Portanto, se Ele houvesse esmagado a rebelião à força, se por mera força bruta a houvesse suprimido, restaria ainda na mente dos seres criados uma interrogação sobre a justiça de Deus. Então Deus permite que Satanás desenvolva seu plano, para que todo o Universo veja o contraste entre o plano de Satanás e o plano de Deus.

Este mundo é o palco

Um drama está sendo representado neste mundo, o qual atrai a atenção do Universo. Somos chamados a ser atores nesse drama. A questão a ser resolvida é: que plano de governo é o melhor, de Satanás ou de Deus? A quem os seres criados por Deus prestarão sua lealdade? Quando Deus envia Seus servos, qual é sua obra? Vejamos:

Livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados (At 26:17, 18).

A questão é de lealdade a Deus. Pode ser que isso ajude você a compreender o significado de certas coisas que, possivelmente, lhe tenham parecido questionáveis.

O caso de Jó

O caso de Jó é marcante, e, provavelmente, tem sido motivo de consideração por todos os que já tiveram a Bíblia em mãos. Abram comigo no primeiro capítulo do livro de Jó, e acompanhem o caso com esse pensamento em mente. “Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles”. 

Que direito tinha ele de estar lá? Esses filhos eram representantes de Deus nas diversas partes do Universo. Adão era um filho de Deus, e foi posto nesta Terra a fim de que, sob a tutela de Deus, exercesse domínio sobre a Terra. 

Contudo, ele traiu seu domínio, e Satanás entrou e tomou seu lugar. Assim, quando o concílio foi convocado, a fim de que os representantes de Deus se ajuntassem para deliberar quanto à conduta em seu território, veio também Satanás. Ao ser feita a chamada, a Terra respondeu: “Presente”. Mas foi Satanás, e não Adão, quem respondeu.

Então, perguntou o Senhor a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela (Jó 1:7).

Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1Pe 5:8).

O Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. Ele andava fazendo o bem. 

Perguntou ainda o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. 

Então, respondeu Satanás ao Senhor: Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra. Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra Ti na Tua face (Jó 1:9-11).

Essas são as próprias características de Satanás.

Você percebe? Deus diz a Satanás: “Meu servo Jó, apesar de estar em teu território, permanece leal a Mim”. “Oh, sim”, diz Satanás, “mas isso não prova nada. Qualquer pessoa agiria assim pela estima que tu demonstras para com ele. 

Não é o amor que faz com que Jó permaneça unido a Ti. Ele Te está servindo pela recompensa que terá. Qualquer um faria isso”. Deu para perceber o motivo pelo qual Satanás se queixa? Você o cercou de um muro. Isso não é justo! Ele está no meu domínio. 

Tenho a impressão de que qualquer pessoa seria leal a Ti em circunstâncias assim”. E isso foi dito num concílio onde se encontravam os representantes de todo o Universo. Ali fez ele a mesma acusação que havia feito no Céu. 

E, ao invés de decidir a questão ali mesmo de forma arbitrária, o Senhor disse: “Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão” (Jó 1:12). Sabemos o que sucedeu. 

As posses de Jó, uma após a outra, lhe foram tomadas, e, para finalizar, seus filhos foram mortos e ele ficou totalmente só. Foi, então, aconselhado a desistir de tudo. “Porém, em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1:22).

Satanás novamente se apresenta perante Deus

O livro de Jó menciona um segundo concílio no Céu:

Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles apresentar-se perante o Senhor. Então, o Senhor disse a Satanás: Donde vens? Respondeu Satanás ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela. 

Perguntou o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade, embora Me incitasses contra ele, para o consumir sem causa (Jó 2:1-3).

Seria de imaginar que o relatório de Deus daria por encerrado o conflito, mas você nunca vai conseguir resolver nada com Satanás, mesmo usando o argumento certo. 

Então, Satanás respondeu ao Senhor: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende, porém, a mão, tocalhe nos ossos e na carne e verás se não blasfema contra Ti na Tua face. Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida (Jó 2:6).

A integridAde de Jó

Você se lembra da experiência de Jó depois disso, de como sua esposa o incitou a amaldiçoar a Deus e a morrer. Mas nem assim ele cedeu. “Ainda que ele me mate,” disse ele, “eu nele confiarei” (Jó 13:15, KJV). E disse mais:

Tão certo como vive Deus, que me tirou o direito, e o Todo-Poderoso, que amargurou a minha alma, enquanto em mim estiver a minha vida, e o sopro de Deus nos meus narizes, nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano. Longe de mim que eu vos dê razão! Até que eu expire, nunca afastarei de mim a minha integridade (Jó 27:2-5).

A Lição

O que isso significou? Aqui ocorreu uma demonstração – não apenas aos poucos que possam saber do caso de Jó, ou a quem quer que tenha lido mesmo que de passagem acerca de sua vida, mas perante todo o Universo – de que o poder do amor de Deus foi suficiente para sustentar um homem em sua integridade. 

Apesar de suas posses, seus filhos e tudo o que era seu terem sido destruídos, ainda assim o amor que Deus tinha para com ele e o amor que havia florescido em seu coração para com Deus foram suficientes para o sustentar, a ponto de ele dizer: “mesmo que eu morra, não abandonarei a minha integridade”. Jó estava mostrando perante todo o Universo quanto poder havia no amor de Deus.

Muitas vezes passamos por experiências que não podemos entender. Qual a causa desta aflição? Por que veio esta perda? Por que vêm esses problemas? Você percebeu que Jó estava perante o Universo como um homem em quem se podia confiar para revelar como o poder do amor de Deus podia mantê-lo firme em sua confiança, demonstrando que, no amor de Deus, há um poder suficiente para nos sustentar nas tribulações?

Você já se perguntou por que um homem como João Batista encerrou sua vida como o fez? Um grande profeta; contudo, encerrou sua vida preso numa masmorra. Sua cabeça foi decepada e o seu tronco enterrado pelos seus discípulos; e “eles foram e contaram a Jesus”. 

Que significava aquilo para Jesus? Tanto para Ele, quanto para todo o Universo expectante, significou o seguinte: houve alguém que foi fiel até a morte. “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2:10). As páginas da História estão repletas de exemplos como esse. 

Os mártires de todas as eras têm testificado do poder do amor de Deus. E lembrem-se de que mártires podem ser encontrados em lares bem humildes. Nem sempre os feitos mais heroicos são realizados nos palácios mais nobres. Deus e Seu Universo olham e observam essas testemunhas de Seu amor, veem que elas não se desviam de sua integridade pelos sofismas e maquinações de Satanás, mas são fiéis até a morte.

O dom de Cristo desmente as acusações de satanás

Na própria experiência de Cristo sobre esta Terra, temos um exemplo de como funciona o plano do governo de Deus. A acusação que Satanás trouxera ao princípio era de que Deus era um Ser arbitrário, determinado a estabelecer Seu próprio caminho, e que não amava a ninguém. 

Contudo, quando Satanás levou o homem a se desviar do caminho da verdade, mantendo-o cativo, mesmo assim “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). 

Pelo entrega de Seu Filho, Deus provou que havia amor em Seu governo, e que desejava que Sua vontade fosse cumprida por amor. Pelo amor que tinha para com Seus seres criados, entregou Seu único Filho a fim de tornar possível que Sua vontade se cumprisse na Terra. Cristo veio ao mundo a fim de executar esse plano de maneira que o homem possa ser leal a Deus se assim o quiser.

O Clímax do Conflito

Você percebe então que, quando Cristo veio, tal evento foi o clímax do conflito entre Ele e Satanás. Se Satanás, de alguma maneira, fosse capaz fazer com que Cristo, o segundo Adão, o representante da raça humana que recomeçava, se desviasse; se ele pudesse de alguma forma vencê-Lo, triunfaria e estabeleceria seu reino aqui. 

Assim, sobre Cristo foi trazida toda tentação que pudesse existir e todo o poder da malignidade que estava atuando em Satanás por milhares de anos. Para efetuar seu propósito, ele seguiu Cristo a cada passo do Seu caminho, da manjedoura até a cruz. 

Estava decidido a fazer com que Cristo não fosse leal a Deus enquanto estivesse em seu domínio. Quando chegou a ocasião de Cristo ir à cruz, Satanás instigou os homens a praticarem tudo o que a sua malignidade pôde inventar. 

Ele os incitou a derrotar a natureza humana de Cristo de modo a fazê-lo desviar-Se do caminho da lealdade. Tentou suborná-Lo. “Reconheça meu direito ao reino da Terra”, disse ele, “e a Ti darei todos estes reinos”. Mas isso Cristo não podia fazer, pois era justamente o ponto do conflito. 

Chegamos ao clímax do combate na morte de Cristo. Satanás havia acusado Deus de que Seu governo era arbitrário e severo, e declarou que promoveria para seus súditos um governo melhor. O Universo observava como isso se desenrolaria. 

A maldição da desobediência repousava sobre a Terra, mas Cristo veio redimi-la, “fazendo-Se maldição por nós”. Satanás incitou os judeus até que tiraram a vida de Cristo, e assim, Satanás se tornou o assassino do Filho de Deus. 

Ao entregar Seu Filho a este mundo, Deus demonstrou que desejava que Sua vontade – a lei do amor e de obediência incondicional – se cumprisse na Terra da mesma forma como a cumprem no Céu. 

Para tornar isso possível, estava disposto a dar Seu único Filho para morrer. Satanás revelou que estava tão disposto a fazer as coisas a seu próprio modo que estava disposto a tornar-se o assassino do Filho de Deus. Tudo isso aconteceu à vista do Universo. E qual foi a consequência? 

O governo de Deus foi vindicado perante o Universo.

Vindicação do Governo de Deus

Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa. Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus. 

Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus. E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado. […] Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim (Jo 12:20-32, ACF).

Jesus Cristo, levantado entre o Céu e a Terra sobre a cruz, atraiu para Si tanto a Terra como o Céu. Por meio da morte, destruiu aquele que tinha o poder da morte, a saber, o diabo. Não é frequente um rei ganhar seu reino morrendo, mas Jesus Cristo ganhou tanto Seu Reino quanto Seus súditos mediante a morte, e, por meio dela, destruiu Seu inimigo.

A Cruz selou o destino de satanás

“Agora será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim”. Quando Ele foi levantado na cruz e disse “Está consumado”, entregando o espírito, esse grito foi ouvido por todo o Céu e por todo o Universo. 

Assim, onde quer que ainda houvesse pensamentos de rebelião e persistente simpatia por Satanás, aquela cena sobre a cruz revelou que o governo de Satanás significava que nada poderia interpor-se em seu caminho. 

E que, para realizar seu propósito, ele estava disposto até mesmo a matar o Filho de Deus. Assim, eles foram atraídos a Deus por Seu grande amor. Foi, então, selado o destino de Satanás. Ele foi expulso, e foi demonstrado que Deus é amor, e que Ele estava governando pelo poder do amor.

Conclusão

Você acha que, se Satanás não hesitou em tirar a vida do Filho de Deus, hesitaria em tirar a sua? Você acha que o plano de governo dele melhorou? Consegue perceber que tudo é uma questão de lealdade a Deus ou a Satanás? 

Percebe que devemos nos colocar ou sob a liderança de Satanás – e lutar contra Cristo – ou sob a liderança de Cristo e lutar contra Satanás? De que lado você está? 

Que lado você está escolhendo agora mesmo? “Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens” (1Co 4:9, ACF). No livro de quem está inscrito seu nome? 

Está você alistado como combatente sob a bandeira ensanguentada do Cordeiro, como um leal súdito de Deus? Ou como combatente sob a bandeira negra de Satanás, lutando contra o governo de Deus?

Essa questão dos dois reinos continuará até que Cristo volte pela segunda vez para receber Seu Reino. Estamos muito próximos desse momento. Basta ler as Escrituras e observar os sinais dos tempos para saber que está próximo. 

Pouco argumento é necessário para mostrar a alguém que lê as Escrituras e observa os sinais dos tempos que o Dia do Senhor está próximo e se apressa grandemente. 

O conflito está em seu ápice. Um tremendo poder está sendo exercido a fim de prender os súditos ao reino de Satanás. Ele está usando todo artifício para manter o povo preso nas garras do pecado, a fim de desviar-lhes a mente de perceberem a proximidade da vinda de Cristo, mantendo-os ocupados em busca de prazeres e interesses egoístas. 

Mas Cristo está trabalhando ativamente na Terra, selecionando os que Lhe serão leais. E o que significa ser leal a Ele? Significa obedecer às leis de Seu Reino.

Obediência à Lei de deus é Lealdade a Deus

Cristo proclamou as condições pelas quais podemos nos tornar súditos de Seu Reino. Enviou Seus servos pelo mundo todo, dizendo:

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado (Mt 28:19, 20).

Hoje esses servos estão pregando que a vinda do Seu Reino está próxima, e estão reunindo aqueles que serão leais a Deus.

Ser leal a Deus hoje tem um preço. Custou algo para Jó. Mas há um poder no amor de Jesus Cristo que nos sustenta. Há algo em Seu amor que irá satisfazer toda alma sedenta, e nutrirá todos os que se achegarem a Ele. Hoje é feito o chamado: “Retirai-vos do meio deles, separai-vos”. 

Uma mensagem especial

Os dois reinos não se podem unir. Contudo, parece existir uma tentativa de fazê-los caminhar juntos. Isso não pode ser feito. Eles são perfeitamente opostos um ao outro; luz e trevas não se misturam. 

O amor e o ódio são características opostas e não se podem misturar. Na crucifixão, a cruz de Jesus Cristo fez uma separação entre os penitentes e os impenitentes, e hoje ela causa a mesma divisão. 

E, agora, Deus está enviando uma mensagem especial de lealdade à Sua lei. Ele chama todos os que quiserem a se dedicar à obediência às leis do Seu Reino. E mais do que isso, Ele preparou, nesta última geração, um notável sinal de lealdade. Há uma convocação especial para a parte de Sua lei que tem sido posta de lado:

Santificai os meus sábados, pois servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu Sou o Senhor, vosso Deus (Ez 20:20). 

Nesta geração o Senhor estabeleceu o Seu sábado como um sinal especial de que Ele criou os Céus e a Terra por meio de Jesus Cristo. 

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. […] Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez (Jo 1:1, 3).

O sábado foi estabelecido como um sinal especial de lealdade para com Deus, de obediência à Sua lei, de nossa crença no poder criador e na divindade de Jesus Cristo, nosso Senhor. 

Será que iremos escolhê-Lo como nosso Senhor, passando do reino das trevas para o reino da luz? Em breve Ele voltará, e quando voltar, Aquele a quem pertence o direito de reinar irá reinar. Ele redimiu a Terra, e, quando vier, salvará todos os que forem obedientes às Suas leis e que reconhecerem Cristo como líder.

Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os Seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão Ele mesmo. 

Está vestido com um manto tinto de sangue, e o Seu nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. 

Sai da Sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e Ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no Seu manto e na Sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (Ap 19: 11-16).

É Ele nosso Rei e nosso Senhor? Os que o reconhecem agora como Rei dos reis e Senhor dos senhores estarão prontos para dizer quando Ele for revelado:

Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na Sua salvação exultaremos e nos alegraremos (Is 25:9).


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