No Poder do Espírito - 04 Sermões em Pedra

no poder do espirito w. w prescot

The Bible echo, 16 e 23 de dezembro de 1895, Pregado em 23 de outubro de 1895

Certo poeta mencionou ter visto sermões em pedra, e esse será o nosso estudo de hoje – veremos “sermões em pedra”.

José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem sobre o muro. Os flecheiros lhe dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem. O seu arco, porém, permanece firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo Pastor e pela Pedra de Israel (Gn 49:22-24).

E, chegando-vos para Ele, a Pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (1Pe 2:4, 5, ARC).

Veremos diversos casos em que, na experiência de um ou de outro, num relato ou outro, aparece a ideia de “pedra viva”. 

Então veio Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim. Com isso, ordenou Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, e peleja contra Amaleque; amanhã, estarei eu no cimo do outeiro, e o bordão de Deus estará na minha mão. 

Fez Josué como Moisés lhe dissera e pelejou contra Amaleque; Moisés, porém, Arão e Hur subiram ao cimo do outeiro. Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque. Ora, as mãos de Moisés eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela se assentou (Êx 17:8-12).

O fato de que Moisés se assentou sobre a rocha transmite um significado um pouco maior do que ele simplesmente ter algo sobre o que se assentar. Indica que o Deus de Israel, “a Rocha de Israel”, era quem lhe daria a vitória.

A Pedra nas mãos do Jovem Pastor de Israel

Temos, também, o caso de Davi e Golias. Não precisamos tomar tempo agora para ler sobre como os Filisteus haviam derrotado o exército de Israel, e como Golias saía, manhã após manhã, a fim de desafiá-los. Davi, que não passava de um jovem pastor naquela época, desceu para visitar a seus irmãos. 

Eles, porém, o desprezaram. “E acendeu-se a ira de Eliabe contra Davi, e disse: porque desceste aqui? E com quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto?” (1Sm 17:28). Davi tinha vindo de sua tarefa de guardar as ovelhas. Um pastor é alguém que guarda as suas ovelhas; ele não é alguém que as perde. Cristo é o Bom Pastor.

Davi, após falar com Saul, obteve o seu consentimento para sair e lutar com Golias, e “Saul vestiu a Davi com suas vestes e lhe pôs sobre a cabeça um capacete de bronze, e vestiu-o de uma couraça” (1Sm 17:38). Ele pensou que, se Davi fosse lutar contra Golias, precisaria de armadura. O relato continua:

Disse Davi a Saul: Não posso andar com isto, pois nunca o usei. E Davi tirou aquilo de sobre si. Tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco pedras lisas do ribeiro, e as pôs no alforje de pastor, que trazia, a saber, no surrão; e, lançando mão da sua funda, foi-se chegando ao filisteu. 

O filisteu também se vinha chegando a Davi; e o seu escudeiro ia adiante dele. Olhando o filisteu e vendo a Davi, o desprezou, porquanto era moço ruivo e de boa aparência. Disse o filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para vires a mim com paus? E, pelos seus deuses, amaldiçoou o filisteu a Davi. Disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim, e darei a tua carne às aves do céu e às bestas-feras do campo. Davi, porém, disse ao filisteu: 

Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado. […] Sucedeu que, dispondo-se o filisteu a encontrar-se com Davi, este se apressou e, deixando as suas fileiras, correu de encontro ao filisteu. 

Davi meteu a mão no alforje, e tomou dali uma pedra, e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa; a pedra encravou-se-lhe na testa, e ele caiu com o rosto em terra. Assim, prevaleceu Davi contra o filisteu, com uma funda e com uma pedra (1Sm 17:38-50).

Davi saiu em nome do Senhor, e Jesus foi com ele para dar-lhe a vitória simplesmente por meio de uma pedra. Não foi apenas a força e a precisão de Davi que fizeram com que a pedra afundasse na testa do filisteu. 

Era o poder de Deus que pelejava a batalha por ele. Isto foi registrado para nós. Temos batalhas a enfrentar contra inimigos do exército do Senhor, e prevaleceremos contra eles com uma pedra. 

Davi, sem armadura, sem implementos de guerra, avançando com a fé do Senhor dos Exércitos, é o exemplo para nós. Ele prevaleceu com uma pedra. Jesus Cristo, a pedra viva, é a nossa força e poder para as batalhas contra o inimigo. um edifÍCio de PedrAs PrePArAdAs

Em 1 Reis 6, temos um relato da construção do templo de Salomão. No verso 7, encontra-se a descrição da casa: 

Edificava-se a casa com pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro se ouviu na casa quando a edificavam (1Re 6:7).

As pedras do templo eram cortadas e lavradas, e cada pedra era preparada para ocupar um espaço específico no templo, mesmo antes de ser posta em seu lugar definitivo; e então quando eram trazidas da pedreira, cada pedra encaixava-se em seu lugar. 

O edifício foi montado, pedra após pedra, e não se ouvia qualquer som de machado ou martelo. “E preparavam a madeira e as pedras para se edificar a casa”. Mas todo o preparo foi feito antes de serem encaixadas as pedras.

Uma Casa espiritual

Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. 

Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. 

Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes (1Pe 2:4-8).

Cristo é a pedra viva; e, logo que entramos em contato com Ele, tornamo-nos pedras vivas. Separados dEle, estamos mortos; mas ao entrarmos em contato com Ele, somos para Ele edificados casa espiritual, “a qual casa somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança” (Hb 3:6) – “sendo Ele Mesmo, Cristo Jesus, a Pedra angular” (Ef 2:20). “Porque vós sois o templo do Deus vivente” (2Co 6:16, ARC). 

E a casa toda, adequadamente estruturada, cresce como santo templo ao Senhor. Somos edificados juntamente, a fim de sermos uma habitação para Deus. Cada crente é um templo de Deus; e, assim, os crentes são edificados juntamente, e isso forma a Igreja, a qual é o templo do Deus vivo. Ele, por Seu Santo Espírito, faz dali o lugar de Sua habitação.

Tornamo-nos pedras vivas porque Ele é uma pedra viva, e somos edificados sobre Ele. 

Homem algum pode assentar outro fundamento além do que já foi posto. “Voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei” (At 15:16). Ele novamente ajuntará um povo com o qual irá construir Sua Igreja. 

Agora mesmo Ele está trabalhando, preparando as pedras para Seu templo. Elas estão sendo cortadas e lavradas, cada uma delas, a fim de ocupar seu devido lugar no templo de Deus. Quando esse templo estiver completo, a obra estará terminada.

Preparando as Pedras

Novamente, em Oséias, ressaltamos a ilustração da preparação: Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa. Por isso, os talhei por meio dos profetas (Os 6:4, KJV).

Quando O Senhor nos tira lá da pedreira, somos como pedras brutas e não lapidadas. Este é o início de nossa experiência. Cada indivíduo deve ser lapidado a fim de se encaixar em seu devido lugar no templo de Deus. 

E quando o templo for montado, isso acontecerá sem que haja som de machado ou martelo, pois esta parte já foi feita antes. Ele, então, dirá: “Vinde, benditos de Meu Pai”. Mas não devemos esperar até aquele momento para nos preparar. 

A obra de preparo dessas pedras brutas e sem forma deve ser efetuada antes disso. Certa vez, visitei um cemitério no qual havia uma belíssima estátua de um homem em pé, ao lado de uma cadeira. Era muito grande. 

O guia então chamou minha atenção para o fato de que a estátua havia sido feita de uma só pedra. Quando começou a tarefa, o escultor viu uma enorme pedra, mas também nela viu o homem e a cadeira. Contemplando-a, o escultor perde de vista as quinas brutas, e vê em seu lugar um homem de porte gigante, em pé, ali, perfeito. Tudo mais deve ser cortado fora, e ele se lança ao trabalho com suas ferramentas. 

Ele deseja que o mundo veja o que ele está vendo; então, corta tudo fora, menos o homem e a cadeira.

Deus nos recebe como pedras brutas e não promissoras. Contudo, percebe em nós uma expressão de Seu caráter, e nos enxerga, não como pedras brutas, mas como aquilo que podemos nos tornar. 

Mesmo sendo ainda pedras brutas, Ele vê a Jesus Cristo em nós. Então, Ele põe mãos à obra de cortar e polir. Mas, o que Ele está fazendo? Alguns poderiam pensar que estivesse destruindo tudo. Ele tem, porém, um lugar determinado para essa pedra, e quer que seja cortada de maneira específica. 

A obra de lapidação consiste nas experiências difíceis da vida, quando parece que Cristo nos irá fazer em pedaços. No entanto, Ele não vai arruinar Sua pedra. Sabe exatamente o lugar que ela deve ocupar em Seu templo, e faz os cortes de modo a encaixá-la. 

O Senhor prossegue em Sua obra de lapidação a fim de preparar um povo, cada um ocupando seu devido lugar no templo celestial; e cada indivíduo se torna uma Pedra Viva em razão de seu contato com Cristo, a Pedra viva. 

Deus desenvolverá em cada pessoa exatamente o aspecto de caráter que irá melhor se encaixar no lugar que Ele quer preenchido. Quando voltar, anunciará o fim da obra de preparação: “Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda (Ap 22:11, ARC).

Quando recebemos Jesus Cristo, Deus vê em nós aquela perfeição de caráter que podemos alcançar. Ele sabe o que pretende fazer conosco. Concede-nos o caráter de Cristo, e, então, olha para este caráter. Dessa forma, “os fez aceitos no Amado” (Ef 1:6, tradução Reina Valera). 

Ele nos aceita, não pelo que somos, mas pelo que Ele Se propõe a fazer de nós e pelo que Cristo é. Fará de cada um de nós uma pedra para Seu templo. O Construtor-mestre observa uma pedra bruta e enxerga nela Seu modelo de perfeição. Ele nos aceita, não pelo que nós somos, mas pelo que Ele é.

Consideremos outra linha de pensamento:

E, tendo acabado de falar com ele no monte Sinai, deu a Moisés as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus (Êx 31:18). 

Em Êxodo 34:28, somos informados do que estava escrito nas tábuas. Você deve se lembrar de que, quando Moisés desceu da montanha pela primeira vez, descobriu que os filhos de Israel já tinham quebrado os mandamentos de Deus, e estavam adorando ídolos. 

Ao vê-los, lançou ao chão as duas tábuas de pedra e as quebrou. Deus, então, lhe ordenou que preparasse duas outras tábuas. Aqui você pode ver a lei sendo reescrita. Primeiro, o homem quebrou a lei. Deus, então, a escreveu nas tábuas de pedra. 

Depois de escrevê-la ali e de revelar Seu caráter ao povo por meio de palavras, Jesus Cristo veio para exemplificá-la em Sua vida. Foi Jesus Cristo quem proclamou a lei no Sinai; e ao vir em carne humana, assentou-Se sobre um outro monte, e, mais uma vez, anunciou a lei. Ela está no sermão do monte. 

Era a mesma lei, o mesmo Cristo, os mesmos princípios, mas Ele a estava desdobrando. Ele não apenas a desdobrou em palavras, mas Ele mesmo era a lei, a expressão do caráter de Deus. Ele nos declara o que Deus é, não apenas em Sua Palavra, mas sendo Ele mesmo Deus entre nós. Ele era Deus manifestado na carne. “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14).

Então, Cristo é a rocha, a rocha de Israel. Já desde a primeira vez, Deus havia escrito a lei de forma perfeita e completa em tábuas de pedra e entregado ao povo. Mas agora, escreveu a mesma lei sobre a Pedra Viva e deu-a ao povo. Você verá, então, que Cristo é a lei viva. Isso significou colocar a lei em pedra pela segunda vez. Aqui, então, temos a lei em pedra duas vezes: sobre as tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus, e sobre a Pedra viva, Cristo, e apresentada ao povo.

A Lei escrita sobre As tábuas de Pedra

Consideremos, por um momento, a lei escrita sobre as tábuas de pedra. “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse” (Rm 5:20, ACF). A lei veio para tornar conhecido o pecado, e para condenar o pecado. “O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei” (1Co 15:56). 

O pecado não é considerado onde não há lei. O pecado resulta em morte. “O pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:15). A lei nas tábuas de pedra, vista simplesmente como as dez palavras de Deus, condena para a morte. “A morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5:12). 

Assim, quando consideramos a lei simplesmente como o código legal de Deus, ela significa para nós morte. Mas Deus pôs esta mesma lei sobre uma Pedra viva, e quando a vemos escrita sobre a Pedra Viva, ela significa para nós vida. 

Contudo, continua sendo a mesma lei. Podemos encontrá-la escrita em tábuas de pedra, e ser condenados e mortos por ela, ou podemos encontrá-la sobre a Pedra viva, e viver por ela. Mas é necessário que nos encontremos com ela. Deus não nos pergunta se queremos ou não fazê-lo. E não faz diferença o que dizemos. Quer sejamos por ela condenados ou vivificados, ela continua sendo a mesma lei de Deus. É nossa atitude para com ela que faz a diferença.

A Lei do espírito da vida

A lei em Jesus Cristo é a Lei do Espírito da Vida. Ele é a Pedra Viva, a Rocha Eterna. “Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó” (Mt 21:44). Uma dessas duas opções vai acontecer: ou caímos sobre a Rocha, ou a Rocha cai sobre nós. 

Se cairmos sobre a Rocha, nós é que estamos na parte de cima. Seremos quebrados e Ela nos sarará. Se Ela cair sobre nós, a Rocha é que está em cima, e nos reduzirá a pó. Todos temos de passar por uma dessas duas experiências. Será que nós cairemos sobre a Rocha viva, ou Ela cairá sobre nós e nos tornará em pó? 

Devemos nos encontrar com a lei de Deus estando ausentes de Cristo, ou estando em Cristo. Ao nos encontrarmos com Deus ausentes de Cristo, Ele é um fogo consumidor. Quando O encontramos em Cristo, Ele é nossa glória. Devemos estar escondidos na Rocha a fim de contemplarmos a glória de Deus sem perecer. 

Eu apelo a vocês que considerem seriamente essa lição. É necessário que nos encontremos face a face com a lei de Deus. Quando o Espírito de Deus traz a lei perante nossa mente e nos torna convictos, faz isso para que possamos ser perdoados e purificados.

o Grande Propósito de Deus

Deixem-me chamar sua atenção para outro ponto. O propósito de Deus encontrado na História, nos tipos, nas sombras e nas cerimônias é pregar o evangelho; e, mesmo em algumas situações que nos parecem as mais ameaçadoras, Deus ainda está pregando o evangelho. 

Não duvido de que, na mente de muitos, tenha havido a impressão de que a morte por apedrejamento fosse uma terrível punição. Quantos olham para isso como uma maneira de pregar o evangelho? Pode ser que vocês se lembrem de que nos dias da teocracia de Deus, quando Sua lei era a lei da nação, qualquer ofensa contra essa lei era punida com apedrejamento. 

Contudo, nesse método de punição, por se quebrar a lei nacional, Deus estava pregando o evangelho. Se você fizer um estudo desse assunto, e analisar cada um dos dez mandamentos, verá que a punição por quebrá-los, como lei nacional, era o apedrejamento. 

Então como era o evangelho pregado em tais circunstâncias? Deus estava ensinando ao povo, mediante essa forma de punição, que a lei sem Cristo os apedrejaria até a morte. Assim como aquelas pedras literais os matavam, a lei em pedras mortas os mataria. Mesmo com isso Ele os estava ensinando a respeito da Pedra Viva, a Pedra de Israel, a lei em vida, e isto é o evangelho.

Manda que estas Pedras se transformem em Pães

“Então, o tentador, aproximando-se, Lhe disse: Se Tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães (Mt 4:3).” É como se Deus colocasse lições para nós até mesmo na boca do diabo. Alguns ensinam Cristo por inveja; no entanto, Cristo é pregado. 

“Se Tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. A obra de Cristo nesta Terra era tornar pedras em pães, para que a lei, que sobre as tábuas de pedra condena e mata, fosse nEle – a Pedra Viva – transformada no próprio pão da vida. 

Sua obra, ao longo de toda Sua carreira, foi transformar pedras em pães, colocar a lei no evangelho, transformar a morte na vida, e tornar-Se a vida que vive. Ele disse: “Eu sou o pão da vida”, e, ao mesmo tempo, Ele é a Rocha de Israel. 

A lei de Deus, vivida por Cristo, torna-se vida, e Ele declara que o mandamento é vida eterna. Assim, embora Cristo recusasse, em Seu Próprio benefício, transformar pedras literais em pães, Sua vida inteira foi gasta transformando pedras em pães para saciar o anseio de almas famintas. 

Quando recebemos a lei de Deus em Cristo, ela tem poder para nos fazer semelhantes a Ele. 

Um edifício Cheio de Glória

Essa lição sobre as pedras encontra-se em todas as Escrituras. Considere, por exemplo, a lição encontrada em 1 Reis 6:14: “Assim, edificou Salomão a casa e a rematou”. Lembre-se de que essa casa foi construída de pedras. Olhando de fora, tudo que se podia ver eram pedras; e você sabe que, às vezes, um prédio feito de pedras tem uma aparência fria e não convidativa. 

Assim, edificou Salomão a casa e a rematou. Também revestiu as paredes da casa por dentro com tábuas de cedro; desde o soalho da casa até ao teto, cobriu com madeira por dentro; e cobriu o piso da casa com tábuas de cipreste. 

Da mesma sorte, revestiu também os vinte côvados dos fundos da casa com tábuas de cedro, desde o soalho até ao teto; e esse interior ele constituiu em santuário, a saber, o Santo dos Santos. Era, pois, o Santo Lugar do templo de quarenta côvados. O cedro da casa por dentro era lavrado de colocíntidas e flores abertas; tudo era cedro, pedra nenhuma se via (1Rs 6:14-18).

“Por dentro, Salomão revestiu a casa de ouro puro” (v. 21). Olhando de fora, era um prédio feito de pedras, e nada além de pedras. Mas, do interior, não se via pedra alguma. 

Coloque-se fora de Cristo, olhe do lado de fora para a vida cristã, e tudo o que verá serão duas tábuas de pedra. Parece amedrontador. Porém, venha agora para dentro. Você não necessita remover as pedras para fazer isso. Venha para dentro, e o prédio estará reluzindo com ouro. 

Somente os que permanecem do lado de fora reclamam de que a lei que devem guardar seja dura. Venha para dentro. No lado de dentro, não se vê pedra alguma. Contudo, elas não são removidas. 

O prédio permanece em pé por causa delas. Suponhamos que você as remova. O que será do resto do prédio? Ele irá desmoronar. Remova a lei, e com ela irá o evangelho. Não se pode preservar o puro ouro do evangelho sem a lei. Venha para dentro. Tudo o que você verá ali é o ouro puro.

Outra consideração: assim que você entra em um prédio de ouro, sua imagem se refletirá em todos os lugares. Cristo deseja que reflitamos Sua imagem no templo do Deus vivo.

Uma Cidade murada

Em toda a Escritura Sagrada, faz-se menção de cidades muradas. Esses muros eram feitos de pedras. Jerusalém era uma cidade murada. O muro tinha por objetivo a proteção. Contudo, mesmo que uma cidade for cercada por muros, não importa quão bem feitos eles sejam, se houver uma brecha, acabou-se a proteção. 

O inimigo nunca ataca uma cidade que tenha brecha no muro em qualquer outro lugar a não ser na brecha. Você verá que esta ideia do muro é muito proeminente em todas as Escrituras. Podemos notar esse fato na experiência de Neemias. Ele estava triste porque a cidade de seus pais estava destruída, e o muro estava derrubado. Por essa razão, ele se propôs subir e reconstruir a cidade e o muro. Diz ele em seu relato: 

Tendo Sambalate ouvido que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus. Então, falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria e disse: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão? Darão cabo da obra num só dia? Renascerão, acaso, dos montões de pó as pedras que foram queimadas? (Nm 4:1, 2).

O que eles pensam que vão fazer? As pedras estão soterradas. Será que estes fracos judeus pensam que vão recuperá-las? O relato continua: Estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derribará o seu muro de pedra. 

Ouve, ó nosso Deus, pois estamos sendo desprezados; caia o seu opróbrio sobre a cabeça deles, e faze que sejam despojo numa terra de cativeiro. Não lhes encubras a iniquidade, e não se risque de diante de Ti o seu pecado, pois Te provocaram à ira, na presença dos que edificavam. 

Assim, edificamos o muro, e todo o muro se fechou até a metade de sua altura; porque o povo tinha ânimo para trabalhar (Nm 4:3-6). o muro de deus ParA seu Povo

Lemos, no livro de Marcos, que certo homem plantou uma vinha e cercou-a de uma sebe. Para que servia a sebe? Para proteção. O Senhor tirou a Sua vinha do Egito, e a estabeleceu, e construiu uma cerca ao seu redor. Este é o propósito de um muro: servir de proteção e manter o inimigo do lado de fora. 

O muro, porém, precisa estar completo. Deus construiu um muro para Seu povo. A lei é esta proteção. Mas para que seja uma proteção completa, precisa ser um muro completo. Nossa segurança está em termos um muro completo. Infelizmente, porém, eles haviam derrubado o muro. É propósito de Deus que o muro seja construído novamente. O Senhor diz:

Porventura, não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? 

Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda; então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás por socorro, e Ele dirá: Eis-me aqui. 

Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam. 

Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável. 

Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor. 

Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse (Is 58:6-14).

Uma brecha a ser reparada

Foi feita uma brecha no muro que Deus desejava estabelecer ao redor de Seu povo. Esta deve ser reparada, e o povo de Deus precisa ser cercado por uma lei perfeita; cada mandamento deve ser restaurado. 

E “serão chamados reparadores de brechas”. Cada um constrói defronte de sua própria casa. Está você construindo defronte de sua casa ao reparar a brecha? Se sim, o muro será novamente construído, mesmo em tempos angustiosos.

Essas considerações constituem apenas uma amostra do que as Escrituras dizem sobre pedras. Deus quer que mantenhamos em mente Suas palavras a fim de podermos viver nelas. Finalmente, que acima de tudo, em tudo e através de tudo vejamos Jesus Cristo, a Rocha de Israel, a Rocha eterna.


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