No Poder do Espírito - 03 Permanecer em Cristo e andar em Cristo

no poder do espirito w. w prescot

The Bible echo, 2 e 9 de dezembro de 1895, Pregado em 20 de outubro de 1895

Permanecer e andar são as lições daquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou” (1Jo 2:6).

te texto. Como resultado de permanecermos em Cristo, devemos andar como Ele andou. A primeira lição é permanecer em Cristo: 

'Permanecei em Mim, e Eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer' (Jo 15:4, 5).

Cristo diz: “Eu sou a videira verdadeira”. Há muitos que professam ser videiras, mas Eu sou a videira verdadeira, Eu sou a videira que tem vida. Nós somos os ramos. Nas Escrituras, porém, Cristo é citado como um ramo (branch, na versão King James [KJV]), ou renovo: 

Eis que Eu farei vir o Meu servo, o Renovo; Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; Ele brotará do Seu lugar e edificará o templo do Senhor (Zc 3:8; 6:12).

Porque foi subindo como renovo perante Ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-Lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse (Is 53:2).

“Eu sou a videira, vós, os ramos”. Mas a Escritura fala de Cristo como o ramo. Cristo é um ramo em relação a Deus para que Ele possa ser uma videira para nós. Antes de qualquer ramo poder crescer, é necessário que haja alguma vida no subsolo que não é aparente. Assim, o ramo é, afinal, apenas uma raiz que se tornou visível, a qual, para viver, depende das raízes que extraem vida do solo.

Jesus Cristo, o ramo

Deus é a fonte de todas as coisas, mas Ele Se torna visível aos homens em Jesus Cristo o Ramo; e Cristo, o Ramo, é também a raiz de Deus, crescendo à vista, para que os homens O vejam, e Deus seja manifestado. 

Quando Jesus Cristo veio ao mundo, era Deus manifestando a Si mesmo; mas como a raiz saiu do que parecia ser terra seca, pois não se manifestou da maneira que os homens pensavam que deveria, eles não a reconheceram. 

Consideraram-na como algo indesejado, e, assim, a rejeitaram. Contudo, Ele era um ramo que brotava da raiz da vida, era Deus manifestando-Se ao mundo para que pudesse ser visto. Nuvens e trevas rodeiam o Seu trono; contudo, Ele Se manifestou para que o mundo, caso quisesse, pudesse reconhecê-Lo no Ramo.

Cristo tornou-Se um ramo de Deus, a fim de que fosse uma videira para outros ramos. Mas o ramo só permanece na videira se tiver uma viva ligação com ela. 

Logo que o ramo se separa da videira, embora volte a ser encostado nela com muito cuidado, já não mais permanece na videira. Nela não poderá permanecer, a menos que seja enxertado; e o sucesso desse enxerto depende de conseguir-se uma conexão tal que a vida da videira flua, novamente, para dentro do ramo.

O ramo está na videira

Nós estamos em Cristo assim como o ramo está na videira, de maneira que a vida de Deus passa a ser a nossa vida. O ramo está repleto de vida, ainda que não tenha vida em si mesmo. Portanto, devemos dispor-nos, a cada dia, a estarmos cheios da vida de Deus. 

Somente quando a conexão entre o ramo e a videira é rompida é que, neste exato momento, o ramo deixa de viver. Esta é a lição de permanecer em Cristo. Estando o ramo ligado à videira, cheio de vida, este necessita, mesmo assim, ser constantemente alimentado. Assim, para vivermos, devemos estar ligados a Cristo, totalmente dependentes dEle.

Esta é a lição. Mas qual é a aplicação? “Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou” (1Jo 2:6). Se o ramo estiver ligado à videira, produzirá os frutos da videira. 

Deus em Cristo é a videira verdadeira, mas o fruto da videira não é encontrado diretamente no caule. O fruto se encontra nos ramos. Cristo é nossa videira, e aqueles que, mediante conexão com Ele, são Seus ramos produzirão o mesmo fruto que Ele produziu quando aqui esteve em forma de ramo. Esse é o significado de andar como Ele andou.

Cristo é nosso exemplo

Isso nos conduz ao pensamento de que Cristo é nosso exemplo: “Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou”. Não como os homens dizem que Ele andou, mas como Ele realmente andou. 

E como saberemos como Ele andou? Ao lermos e estudarmos Sua vida. É assim que descobrimos como Cristo andou e como devemos andar. E andaremos como Ele andou, não unicamente como uma obrigação, mas como um resultado. 

Se alguém diz que permanece em Cristo e não anda como Ele andou, sua vida é contrária a sua profissão de fé. Não nos conectamos a Cristo ao tentarmos andar como Ele andou; não permanecemos em Cristo ao tentarmos caminhar como Ele caminhou. 

Primeiro nos conectamos a Cristo, e, então, como consequência, da mesma forma que o ramo produz o fruto da videira, o cristão que realmente permanece em Cristo também produzirá o mesmo fruto que Cristo produziu, andando como Ele andou.

Se permanecermos nEle, andaremos em Seus passos, e Ele nos deixou um exemplo para que pudéssemos seguir suas pegadas. Há muitas pessoas que tomam sobre si a incumbência de determinar quais são as pegadas de Cristo. 

Contudo, a Palavra de Cristo é o verdadeiro teste, e nela podemos descobrir se essas pessoas estão indicando ou não as pegadas corretas. No mundo atual, há muitos falsos conceitos acerca de Cristo, que fazem, na verdade, com que as pessoas creiam num falso Cristo. 

Não é aquilo que pensamos acerca de Cristo, mas aquilo que Ele realmente é, que nos deve servir de exemplo; não o que nos foi ensinando acerca de Cristo, mas o que a Palavra nos declara que Ele é.

Foi revelado a Simeão “que ele não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor” (Lc 2:26); e é isso que também queremos. Não alguma ideia humana acerca do que Cristo deveria ser, mas o próprio Cristo do Senhor. Este é o Cristo da Palavra, e nossa compreensão sobre como Cristo andou deve ser formada totalmente mediante a Palavra.

Um teste Prático

E agora vamos testar essa ideia pela Palavra. É bem provável que, tão logo falemos de andar com Cristo, alguém tenha a seguinte ideia: Cristo andou sobre a água, e você certamente não espera que andemos sobre a água. Deixe-me chamar sua atenção para um incidente no início do ministério de Cristo:

Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e O seguiram (Mt 4:18-20).

Antes de Cristo andar sobre o mar, Ele andou à beira do mar, sobre a terra; e antes de Jesus ver Pedro andando por sobre a água, viu-o na terra e o chamou para segui-Lo. Pedro deixou as redes e O seguiu. Mais tarde, no ministério de Cristo, descobrimos que, após Ele alimentar cinco mil pessoas, Seus discípulos subiram ao barco a fim de passar ao outro lado do lago. Ele, porém, retirou-Se ao monte para orar:

[…] Em caindo a tarde, lá estava Ele, só. Entretanto, o barco já estava longe, a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar (Mt 14:23-35).

Percebam, porém, que, antes de Ele andar sobre o mar, havia passado a noite em oração secreta. “Entretanto, o barco já estava longe, a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário”. Assim está nossa embarcação. É bem provável que, neste exato momento, algum barco esteja sendo sacudido pelas ondas da tempestade humana. E, à quarta vigília da noite, Jesus veio até eles após haver encerrado Seu período de oração secreta, andando sobre o mar. 

E os discípulos, ao verem-No andando sobre as águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Tende bom ânimo! Sou Eu. Não temais! (v. 26, 27)

Deixem que Jesus nos diga isto agora: “Tende bom ânimo! Sou Eu, não temais”.

Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas. E Ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus. Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salvame, Senhor! E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste? (v. 28-31)

O andar da fé

O andar de Cristo sobre o mar foi o andar da fé, mas Pedro falhou por causa de sua falta de fé. É algo contrário às leis naturais andar sobre a água, e é contrário à nossa natureza andar como Cristo andou; mas o que Ele nos diz é o mesmo que disse a Pedro: 

“Tende bom ânimo! Sou Eu. Não temais!” Quer seja na terra ou no mar, Sua palavra é uma rocha, e quando Ele a coloca debaixo de nossos pés, constrói para nós uma ponte feita com a rocha, e não faz a mínima diferença se Ele põe essa ponte na terra, na água, ou no céu.

Porém Pedro afundou. E o Pedro que naufragou naquela noite sobre a água é o Pedro que falhou em outra noite, ao deixar de testemunhar por Jesus. O motivo, em ambos os casos, foi sua falta de fé. 

Em cada passo de Cristo, há uma lição para nós, e assim como é sobrenatural para o homem andar sobre a água, também é sobrenatural para ele andar como Cristo andou – em obediência ao caráter de Deus. Mas o poder é concedido mediante a fé na Palavra de Deus: “Vinde a Mim” (Mt 11:28).

A Crítica dos homens

Embora Cristo fosse Deus encarnado, ainda assim Ele não escapou à crítica dos homens quanto à Sua maneira de andar. Observe o relato: E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. Ora, vendo isto, os fariseus […] (Mt 9:10, 11).

O que é um fariseu? É um homem que toma sobre si a tarefa de ser seu próprio salvador, e confia muito em sua própria força para cumprir essa tarefa. Não importa se tal homem viveu há mil e oitocentos anos, ou se vive no presente. E o que é um Cristão? É aquele que depende de Cristo como seu Salvador, e confia inteiramente nEle.

Cristo entrou em contato com fariseus que tentavam se fazer de santos, e o culpavam por comer com publicanos e pecadores: 

[…] os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Mas Jesus, ouvindo, disse: 

Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento (Mt 9:11-13).

Quando acusaram Seu procedimento, Ele declarou: “Estou andando de acordo com as Escrituras, e se vocês seguissem as Escrituras, não achariam falta em Mim”. Esses homens eram os líderes do pensamento religioso da época. Eram considerados mestres do povo, e se orgulhavam dessa posição. No entanto, criticaram os passos de Cristo.

Leiamos mais um relato: 

Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi!, indignaram-se […].

Por que eles se ofenderam? – Porque as crianças clamavam Hosana a Cristo e não aos escribas e fariseus.

[…] e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor? (Mt 21:15, 16).

“Eu estou andando de acordo com as Escrituras.”

Neste ponto, vamos abrir no evangelho de Marcos: 

Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? (Mc 2:23, 24).

Qual foi a razão de O acusarem dessa vez? Na primeira foi por sentar e comer com pecadores; mas, para Jesus, receber pecadores constituía Sua glória, tanto no passado quanto agora. 

Na segunda vez, eles O tiveram por culpado em razão das crianças cantarem em Seu louvor. Deixemos então que elas cantem agora! Na terceira vez, foi porque Ele não guardou o Sábado de acordo com as ideias deles. E como Ele replicou?

Mas Ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? (v. 25).

Em outras palavras: Se vocês tivessem lido as Escrituras, certamente 

não encontrariam culpa em Mim dessa maneira. Os princípios apresentados nas Escrituras são os princípios que governam Minha vida, mas não ando de acordo com a interpretação que vocês fazem das Escrituras.

Para aqueles que anseiam pela verdade, a controvérsia se encerra tão logo a verdade lhes seja apresentada. Agora, aqueles que desejam simplesmente uma discussão irão se esquivar de um ponto a outro, como os fariseus o fizeram com Cristo.

De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos. E estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado […]. 

Novamente a mesma controvérsia:

E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio! Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio (Mc 3:1-4).

E fizeram bem, pois nada havia a ser dito; e Ele curou o paralítico.

A Controvérsia no tempo de Cristo e em nosso tempo

Nos tempos de Cristo, a disputa entre Ele e os fariseus era sobre como guardar o sábado. E quando Cristo resolveu essa questão, Ele o fez com base nas Escrituras. 

A questão nos dias de hoje é: que dia devemos guardar como sábado? Vamos resolvê-la da mesma maneira. Isso é andar como Cristo andou. “Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou”. Não como as pessoas dizem que Ele andou. 

Se alguém disser que Cristo guardou o primeiro dia da semana, vá à Bíblia, e peça que a pessoa lhe forneça a passagem onde esse fato está registrado. Se alguns alegarem que o sábado foi mudado por Cristo ou pelos apóstolos, em honra à ressurreição, peça por um “Assim diz o Senhor”. 

A Palavra de Deus é nosso único guia seguro. Ande como Ele andou. Aquele que anda como Cristo andou não andará necessariamente como andam os principais mestres religiosos de hoje. Cristo não o fez, pois foram os próprios fariseus que acharam falta nEle. 

Cristo não conformou Sua vida às ideias deles. Ele lhes declarou o que as Escrituras diziam, e afirmou-lhes que andava de acordo com a Palavra. E hoje, deixemos que a Palavra desfaça toda controvérsia.

Cristo – A manifestação do Caráter de Deus

Quando Cristo, revendo Sua vida de 33 anos, declarou haver concluído a obra que Seu pai Lhe dera para fazer, como foi que Ele a resumiu?

[…] porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer. Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor; assim como também Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e no Seu amor permaneço (Jo 15:15, 10).

Essa declaração não é tanto um mandamento, mas sim um exemplo; e ao declarar essas palavras, Cristo apresentou Sua biografia completa. Ao afirmar “Eu Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai”, contou-nos a história de Sua vida inteira. 

E qual é o significado? – Tenho manifestado o caráter de Meu Pai. O que, então, significa guardar os mandamentos? – Significa manifestar o caráter de Deus, como revelado em Jesus Cristo. Guardar os mandamentos não é nada menos que isso. 

Os fariseus se orgulhavam de que estavam guardando os mandamentos, mas Cristo disse: “Vocês não conhecem as Escrituras” [cf. Mc 12:24]. O que eles conheciam sobre as Escrituras havia sido aprendido com o intelecto. O que aprendemos sobre as Escrituras, devemos aprender de coração: “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes […]” (Ef 1:18) – isto é, saber de coração, real e verdadeiramente.

Quando Cristo lhes declarou que havia guardado os mandamentos de Seu Pai, disse ser Ele mesmo a manifestação de Deus na Terra. Com estas palavras, disse-lhes que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo; afirmou-lhes que não falava Suas próprias palavras, mas as palavras de Seu Pai: “O Pai, que permanece em Mim, faz as Suas obras” (Jo 14:10). 

Falou-lhes que Ele era a Palavra de Deus na Terra porque estava proclamando o caráter de Deus. Disse-lhes que Ele era Jesus Cristo. Tudo isso lhes falou nestas palavras: “Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai”. Cristo era um homem, o Filho do homem. Houve, então, um homem que andou nesta terra e guardou os mandamentos de Deus. Ele é nosso exemplo. Devemos andar como Ele andou.

Será que Podemos Guardar os mandamentos?

Quando lemos nas Escrituras que guardar os mandamentos signi-

fica manifestar o caráter de Deus, podemos pensar: para nós, isso é algo impossível de fazer. Esse é um bom começo. Nós não podemos fazê-lo, é verdade. Mas quem foi que guardou os mandamentos? – Jesus Cristo. 

Quem pode guardá-los novamente, mesmo em carne pecaminosa? – Jesus Cristo. E como andaremos como Ele andou? 

Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como disse Deus: Habitarei neles e andarei neles; serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo (2Co 6:16).

Deus habitou em Cristo e andou em Cristo. Cristo era o ramo em relação a Deus para que pudesse ser videira para nós, a fim de que a vida, por meio dEle, pudesse fluir para dentro de nós como ramos, de modo que pudéssemos produzir o fruto da videira.

“Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou”. Deixem que as Escrituras nos digam como Ele andou: “Eu Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai”. 

A vida de Deus permanece naquele que permanece em Cristo; e cumpre-se a Escritura: “Habitarei neles e andarei neles”. Por meio do Espírito Santo habitando no homem, Deus, em Cristo, anda no homem. Isso revela como podemos andar como Cristo andou. 

Em primeiro lugar, porém, aceite o que diz a Palavra de Deus. Não aceite o que o homem diz. Deixe que a luz de Deus brilhe sobre Sua palavra. Deixe que Seu Espírito Santo nos ensine a bendita e viva verdade de Sua Palavra, e o próprio Deus cumprirá Sua Palavra em todo aquele que a receber.

Vamos continuar com a leitura: 

Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o Meu Espírito e farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis (Ez 36:26, 27).

Esta é a promessa de Deus. Mas quando Ele diz: “Meu filho, este é o caminho”, e eu escolho seguir outro caminho, Ele não nos força a andar em Seu caminho. Ele não nos força a agir contrário a nossa vontade no assunto. Mas quando alguém diz: “Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus decretos” (Sl 119:33), Ele lhe mostra o caminho e o faz andar nele. É assim que Deus trabalha.

A Bíblia Sagrada nos ensina a mesma verdade em centenas de formas diferentes. Vamos, então, supor que nós abrimos numa página do que poderíamos chamar de o livro de ilustrações de Deus. 

A fim de auxiliar as crianças em sua compreensão, damos a elas gravuras para ilustrar o que lhes queremos ensinar. Nós também somos crianças, e Deus frequentemente nos ensina algumas verdades colocando perante nós alguma ilustração. Aqui está uma delas:

E vieram a Ele muitas multidões trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos e outros muitos e os largaram junto aos pés de Jesus; e Ele os curou. 

Será que poderiam estar em condição pior? A situação deles era terrível; contudo, “Ele os curou”.

De modo que o povo se maravilhou ao ver que os mudos falavam, os aleijados recobravam saúde, os coxos andavam e os cegos viam. Então, glorificavam ao Deus de Israel (Mt 15:30, 31).

Nós somos aleijados: não podemos andar como Cristo andou. A caminhada de Cristo foi nobre. Não conseguimos andar dessa forma. Então, o que Ele faz por nós? Ele curou aquelas pessoas. Será que não pode nos curar?

Aqui está outra ilustração dada por Deus, que já consideramos muitas vezes: a do homem que era aleijado de nascença. Aceite o texto bíblico tal como se apresenta. Qual era o problema desse homem? Ele era aleijado. 

E por quanto tempo havia sido aleijado? A vida toda. O que Pedro lhe disse? “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” E o que aconteceu? “E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram”. 

E ao ser fortalecido, o que ele fez? “De um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus”. Porém, precisou receber força em nome de Jesus de Nazaré antes de poder andar. 

E todas as pessoas “se encheram de admiração e assombro por isso que lhe acontecera”. “À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: Israelitas, por que vos maravilhais disto?” Vós que acreditais no Deus de Israel, por que vos maravilhais disto? Não acreditais num Deus poderoso? “Por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? (At 3:6-12).

Andando Como Cristo Andou

Ninguém pode fazer com que outra pessoa ande como Cristo andou se não possuir força para andar dessa maneira. Isso só pode ocorrer mediante a fé em Jesus de Nazaré:

Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo Nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós (At 3:16).

O Deus de Israel está vivo hoje; e o mesmo poder que tocou aquele homem que nunca tinha andado, e o habilitou a andar, pode tomar o pior dos pecadores, que nunca tenha andado nos caminhos de Cristo, e fazê-lo andar como Cristo andou. “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3:6, ARC).

Aqui está mais uma ilustração para nos mostrar que podemos andar como Ele andou, por meio da fé em Seu nome: “Em Listra, costumava estar assentado certo homem aleijado, paralítico desde o seu nascimento, o qual jamais pudera andar”. 

Mas ele tinha ouvido Paulo pregar, e a mensagem havia tomado posse de seu coração. Paulo percebeu que ele tinha fé para ser curado e “disse-lhe em alta voz: Apruma-te direito sobre os pés! Ele saltou e andava” (At 14:8-10). Andou como uma pessoa saudável. 

Foi curado para que pudesse andar. Essa é a obra de Jesus Cristo. E hoje, por meio de Seu poder, nós podemos andar como Ele andou. “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nEle” (Cl 2:6). E a única maneira de andar como Cristo andou é andarmos nEle.

 “E andai em amor, como também Cristo nos amou e Se entregou a Si mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef 5:2). Muitas pessoas têm uma ideia muito errada sobre o que significa andar em amor. Pensam que isso significa atingir um estado de êxtase, a ponto de não saberem onde estão ou o que estão fazendo. 

Para elas, isso significa se posicionar acima das coisas comuns da vida. Contudo, essa não é a visão correta. As Escrituras definem exatamente o que significa andar em amor. “E o amor é este: que andemos segundo os Seus mandamentos” (2Jo 1:6). “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos” (1Jo 5:3).

 “Se Me amais”, disse Cristo, “guardareis os Meus mandamentos”. “Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor; assim como também Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e no Seu amor permaneço” (Jo 14:15, 15:10). 

O amor de Deus não é uma emoção sentimentalista, não é um frenesi fanático. Cristo trabalhou na bancada de carpinteiro durante a maior parte de Sua vida. Nasceu em Nazaré e era submisso a Seus pais. Seu procedimento como jovem é o modo pelo qual todo jovem deve andar. Cristo nos declara a forma pela qual evidenciamos nosso amor por Ele. E não aceita algo diferente disso.

Uma Compreensão Correta sobre Cristo

É de grande importância que tenhamos uma ideia correta sobre Jesus Cristo. Se alguém tiver uma compreensão errônea sobre Cristo, devotará sua vida a este falso conceito, e sacrificará a vida de todos que não veem seu Cristo como ele O vê. 

Podemos exemplificar esse ponto com a vida de Paulo. Ele estava em busca do Messias: mas buscava o seu messias, e não o Messias do Senhor. Assim, quando chegou o Messias do Senhor, ele não O reconheceu. 

Alguns O reconheceram, e acreditaram nEle, mas Paulo começou, imediatamente, a persegui-los porque não acreditavam no seu cristo. “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava”. “No judaísmo”. 

A religião de Deus nunca perseguiu a ninguém. É a religião do homem que leva à perseguição daqueles que não veem Cristo como ele. A religião de Deus jamais age assim. “E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade”. Observe o que era o judaísmo: “Sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 1:13, 14). Ele era zeloso das tradições de seus pais, e não da Palavra de Deus. Paulo continua:

Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela Sua graça, aprouve revelar Seu Filho em mim, para que eu O pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco. 

Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; e não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor. Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. 

Depois, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo. Ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir. E glorificavam a Deus a meu respeito (Gl 1:15-24).

É muito importante termos uma compreensão correta acerca de Cristo.

Cristo é tudo e opera em todos

Para andarmos como Ele andou, precisamos conhecê-Lo em Sua capacidade de adaptar-Se a nós. Para que possamos nos apropriar do amor de Deus, as Escrituras apresentam Jesus da seguinte forma:

“Eu sou a porta” (Jo 10:7). Esta é a entrada. Ninguém pode entrar a não ser por Cristo.

“Eu sou o caminho” (Jo 14:6). Eu sou a porta e o caminho por onde andar.

“Eu sou a luz do mundo” (Jo 8:12) Eu sou a porta, o caminho, a luz. Este é um mundo de trevas e precisamos de uma luz.

“Eu sou o pão da vida” (Jo 6:48). Precisamos de forças para andar no caminho. “Eu sou o pão da vida”.

“Eu sou o bom pastor” (Jo 10:11). É Ele quem acompanha as Suas ovelhas na jornada.

“Eu sou […] a vida” (Jo 14:6). Esta é a força para a jornada.

“Eu sou a ressurreição” (Jo 11:25). Este é o fim da jornada.

Eu sou a porta, Eu sou o caminho, Eu sou a luz, Eu sou o pão, Eu sou o Bom Pastor, Eu sou a vida, Eu sou a ressurreição. Isto é: Eu sou a entrada, a estrada, a iluminação do caminho, a força para andar, o companheiro na viagem, o poder na jornada, o fim do percurso. E, no Salmo 23, Davi declara: 

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo; a Tua vara e o Teu cajado me consolam (Salmo 23:4, ARC).

A caminhada de Jesus Cristo se estende não apenas até a tumba, mas para além dela. E, por causa disso, podemos passar pelo vale da sombra da morte sem sermos deixados lá. “Eu sou a ressurreição e a vida”, e aquele que permanece em Cristo – o qual é a porta, o caminho, a luz, o pão, o bom Pastor, a vida e a ressurreição – anda “assim como Ele andou”.


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