05 - A Mensagem do Terceiro Anjo – Sermão 5

A mensagem do terceiro anjo

A. T. Jones - Publicado no Daily Bulletin of the General Conference, 2 de fevereiro de 1893, p. 108-115.

Reconheço que alguns estão começando a ficar um pouco perplexos pelo fato de não fazerem aquilo que combinamos na primeira noite; ou pelo menos não chegaram a tempo para participarem do nosso acordo. Na primeira noite, como vocês sabem, acertamos que nosso guia seria aquele texto das Escrituras, e acreditar no que ele diz: “Se qualquer pessoa pensa saber alguma coisa, não sabe nada ainda como convém saber” (1 Co 8:2, KJV, tradução literal). 

Alguns que talvez tenham chegado depois de nosso primeiro encontro, e outros que não se lembraram completamente de se ater ao texto, começaram a raciocinar assim: “Bem, todas essas coisas que você apresentou estão claras, mas não vejo como elas se encaixam” nestes e naqueles pontos que mantivemos antes.

Não fiquem receosos. Se essas coisas estão claras – e assim eles afirmam – então vamos dar atenção a elas. Se elas são novas, não tentem colocar vinho novo em odres velhos. A todos aqueles que estejam pensando que essas coisas são novas, eu digo: Não tentem colocar vinho novo em odres velhos. Vocês não podem fazer isso. 

Não fiquem preocupados com o que vocês pensavam antes sobre essas coisas. Não estou falando de forma aleatória sobre essas coisas. Eu sei o que estou dizendo, e sei também outras coisas que ainda apresentarei. Se vocês iniciaram os estudos com ideias corretas, tudo irá se encaixar; mas se vocês estão tendo concepções errôneas, nada vai se encaixar. Vamos estudar esses assuntos juntos. Será que apresentei a vocês algum assunto que não corresponde a fatos concretos? [Ouvintes: “Não”].

Tudo o que estamos estudando nesta semana tem que ver com aquele texto específico com o qual iniciamos. Apresentaremos muitos outros temas baseados em textos que ainda não mencionei. Por ora, contudo, estamos estudando este texto:

“As pessoas que verão agora o que em breve nos sobrevirá, por meio do que está sendo realizado diante de nós, não mais confiarão em invenções humanas, e sentirão que o Espírito Santo deve ser reconhecido, recebido e apresentado perante o povo.”

Até o momento, conseguimos perceber com muita clareza o que está sendo realizado diante de nós, bem como as coisas que nos sobrevirão em breve. Vamos ficar com as coisas que temos e tirar o melhor proveito delas, e o resto tomará conta de si mesmo quando vier.

Nesta noite, vou iniciar outro estudo nessa mesma linha de pensamento, ou seja, sobre aquilo que está sendo realizado diante de nós. Vou simplesmente chamar a atenção para os fatos – coisas que vocês podem ver e coisas que qualquer pessoa do mundo pode ver. Basta ler sobre os eventos comuns do dia a dia conforme descritos nos jornais do mundo. 

Vocês conseguem ver isso, e todos também conseguem. Será que apresentamos qualquer coisa nesses estudos, relacionada com o que está sendo realizado diante de nós, que nem todas as pessoas conseguem ver? [Ouvintes: “Não”]. Quanto ao que nos sobrevirá, podemos anunciar às pessoas. Elas, naturalmente, podem até não acreditar no que em breve há de acontecer, mas não podem deixar de ver o que está diante delas.

No outono passado, fez quatro anos que recebi a incumbência de escrever uma leitura para a semana de oração. O tema era: “Nossa Posição e Obra Atuais”. Nesse material, mencionei alguns dos pensamentos a que me referi na outra noite; mas agora quero lhes chamar a atenção para este pensamento em particular, que fundamentará nosso estudo hoje à noite. Eis o texto:

“Sob nossa Constituição, tal qual se encontra, a total separação entre igreja e Estado e a perfeita liberdade religiosa, por ela asseguradas, têm sido um farol de progresso para todas as outras nações já há um século. O princípio americano das liberdades e direitos humanos exerceu uma influência irresistível sobre outras nações em todas as partes da Terra. Este é o genuíno princípio do protestantismo, que, em suma, corresponde ao princípio anunciado por Cristo, a saber, que as pessoas devem dar a César somente o que pertence a César, e a Deus o que é de Deus.”

“Contra esse princípio, o papado tem continuamente mantido a posição de que nenhum Estado poderia existir sem aliança com a igreja – na verdade, que os Estados existem apenas para apoiar a igreja e agir em seu benefício. 

É verdade que o princípio americano não foi adotado em sua clareza por nenhuma outra nação; todavia, sua influência tem sido incalculável no sentido de desviar a atenção das pessoas da influência da teoria papal. Mas no momento atual em que as outras nações, em sua perplexidade, estão procurando o apoio de Roma, o papado está se aproveitando disso para reafirmar a teoria papal e alegar que essa conjuntura representa um reconhecimento por parte de líderes e governantes de que a sua teoria é correta.”

“Agora, diante de tudo isso, e justamente nesse momento – na realidade, neste exato ano, 1888 – [Aqui eu mencionei a Emenda Constitucional proposta e o projeto de lei dominical nacional, que na época estava diante da nação, conforme proposto pelo senador Blair. 

A proposta solicitava que o cristianismo fosse reconhecido como a religião da nação, e o domingo como o descanso sabático. Então continuei como segue:] Quando isso se concretizar, a influência dessa ação em favor do papado será inestimável. Então se poderá dizer que esta nação, com suas grandes reivindicações de liberdade religiosa e sua posição de modelo diante dos governos terrestres, foi impelida a reverter o que se esperava ser a ordem iluminada e a adotar os princípios que a igreja manteve por todo o tempo.”

“Visto que esta nação tem sido o modelo de liberdade, esclarecimento e progresso a todas as outras, quando seus princípios forem revertidos, quando as liberdades e direitos humanos forem negados, quando a nação retroceder para os princípios do papado da Era das Trevas, e for colocada em ação uma perseguição por motivo de consciência, então a reação sobre outras nações será de tamanha magnitude que as reivindicações e poder do papado serão infinitamente confirmados e engrandecidos.” “Assim se cumprirá este texto da Escrituras: 

‘Adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no livro da vida’ [Ap 13:8]. 

Dessa forma, será concedido ao papado poder para guerrear contra os santos de Deus, conforme descrevem as Escrituras: ‘Este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles, até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino’ (Dn 7:21, 22).”

Na época, eu não tinha encontrado esta passagem que lerei agora, extraída da obra de Schaff “Igreja e Estado”. O Dr. Philip Schaff, tendo vivido na Europa e sendo natural de lá, chegou a este país quando adulto. 

Tendo feito seus estudos de pós-graduação em universidades europeias, o que lhe deu um conhecimento sobre questões europeias superior ao que qualquer outra pessoa possa ter nos Estados Unidos, e tendo chegado em nosso país e se inteirado sobre as questões norte-americanas num nível considerável, ele escreveu o seguinte em sua obra “Igreja e Estado nos Estados Unidos”, na página 83:

“Concluindo, cabe-nos analisar brevemente a influência do sistema americano sobre outros países e igrejas no exterior.”

“No contexto da presente geração, o princípio de liberdade religiosa e igualdade, acompanhado de um afrouxamento do vínculo de união entre igreja e Estado, tem alcançado um progresso firme e irresistível entre as principais nações da Europa e tem sido claramente incorporado, em maior ou menor grau, em constituições escritas.” [...]

“A bem-sucedida obra do princípio de liberdade religiosa nos Estados Unidos tem estimulado esse avanço sem qualquer interferência oficial. Todos os defensores do princípio voluntário [relacionado à manutenção das igrejas e da religião] e da separação entre igreja e Estado na Europa mencionam o exemplo deste país como o argumento prático de maior peso que possam apresentar.”

Pastor Lewis Johnson: Sabemos que esse é o caso na Escandinávia.

Pastor Jones: Sim, essa influência está disseminada em toda a Europa. Mas o que queremos é que seja assim neste país, pois esta é a influência que o país teve até o momento. Isto, a fim de saber qual será a influência de nossa nação agora que ela retrocedeu e está seguindo numa direção oposta.

Esta é a declaração do Dr. Schaff quanto aos princípios do papado em relação com o império germânico, em 1871:

“O Tratado de Westphalia de 1648 confirmou os direitos iguais das duas igrejas em disputa. O papa, porém, nunca consentiu nem mesmo com essa tolerância limitada e sempre protestará contra ela. 

A bula papal “Syllabus” de 1864 condena a tolerância religiosa e a coloca entre as 80 heresias da presente era. A Igreja Romana não reconhece nenhuma outra igreja, e não pode coerentemente fazê-lo. Ela não admite nenhuma fronteira nacional ou geográfica e, de sua sede no Vaticano, proclama-se a ‘vice-gerente de Deus na Terra’. Naturalmente, ela se vê obrigada a submeter-se, mas o faz com protesto” (p. 91, 92).

Com base no que acabamos de ler, vemos que os princípios do papado são diretamente opostos aos princípios da Constituição dos Estados Unidos.

Lerei algumas outras passagens relacionadas com os princípios papais. As citações são da obra “Rome and the Newest Fashions in Religion” [Roma e as Mais Novas Modas na Religião], de Gladstone e Schaff. Na página 113 lemos que o papa declara como erro – e consequentemente condena – a afirmação de que:

“Todo homem é livre para aceitar e professar a religião que ele crê ser verdadeira, guiado pela luz da razão.”

A igreja de Roma considera essa declaração um erro. Contudo, esta é a doutrina do governo dos Estados Unidos. Esta é a doutrina da Constituição dos Estados Unidos.

Outra declaração considerada erro e condenada por Roma é a de que:

“A igreja não tem o poder de fazer uso da força ou de qualquer poder temporal direto ou indireto” (p. 115).

Esse é um erro condenado pela Igreja Católica. Esta, contudo, é a doutrina da Constituição dos Estados Unidos. É um princípio fundamental do governo dos Estados Unidos o fato de que as igrejas não têm nada que ver com assuntos do governo.

Outro erro condenado pelo papado é a afirmação de que “a igreja deve estar separada do Estado e o Estado da igreja” (p. 123).

Todas essas declarações são consideradas erros pela Igreja Católica. Mas tudo isso expressa a essência doutrinária da Constituição dos Estados Unidos, conforme seus idealizadores a estabeleceram e definiram que assim fosse. E não preciso mostrar mais nada como evidência de como os princípios do papado são claramente antagônicos aos princípios da Constituição do governo dos Estados Unidos.

Há outra citação que gostaria de ler. Trata-se da declaração do papa Leão XIII de 1891 referente à autoridade da igreja e suas prerrogativas. Na página 868 da obra “The Two Replubics” [As Duas Repúblicas], escrevendo para o mundo inteiro sobre condições trabalhistas e as dificuldades entre trabalho e capital, governo e proletariado, etc., ele afirma:

“É a igreja que proclama, com base no evangelho, os ensinos por meio dos quais o conflito pode chegar a um fim, ou pelo menos se mostrar o menos amargo possível. A igreja usa seus esforços não apenas para iluminar a mente, mas para dirigir, mediante seus preceitos, a vida e a conduta dos homens; [...] e age com base no firme ponto de vista de que, para esses propósitos, ela deveria recorrer, no devido grau e medida, à ajuda da lei e da autoridade de Estado.”

Essa é a mais recente doutrina da igreja papal, oficialmente declarada; e, como ocorre com as demais, está em completo antagonismo com a doutrina da Constituição dos Estados Unidos conforme registrada ali e intencionada por seus idealizadores, e não conforme o que a Suprema Corte dos Estados Unidos quis que ela significasse, em 29 de fevereiro de 1892.

O fato é que a influência de nosso governo sobre as outras nações tem sido no sentido de afastá-las do papado e de afastá-las da doutrina do papado. E, conforme as palavras do Dr. Schaff, essa influência tem sido “firme e irresistível”. 

No entanto, com a decisão da Suprema Corte, de 29 de fevereiro de 1892, e na legislação do Congresso que reconhece e estabelece o domingo como o sábado cristão, o governo dos Estados Unidos reverteu essa conjuntura. A Constituição deixou de ser considerada e foi passada por alto completamente. O governo dos Estados Unidos se encontra no momento nas mãos de uma hierarquia, que, a fim de cumprir seu propósito, deu as mãos, de modo específico, ao papado.

Bem, quanto à influência que isso terá sobre as nações, permitam-me ler algo que está no testemunho publicado na edição núm. 1 do Boletim, no topo da página 16. Ele toca nesse assunto que estamos considerando nesta noite, e ali o Senhor nos diz qual é a consequência desse revés na ordem original prevalecente neste governo:

“Quando a América, a terra da liberdade religiosa, unir-se ao papado para forçar a consciência dos homens a honrar o falso sábado, as pessoas de cada país do globo serão levadas a seguir o exemplo dela.”

Irmãos, qual é a extensão da influência desta nação agora que ela retrocedeu? Ela atingirá cada nação do globo. Qual foi o resultado do retrocesso que ocorreu nesta nação? A formação da imagem da besta. Bem, diante desse fato e de outras lições que já aprendemos, estamos diante da realidade de que cumpre-nos fazer soar aquela mensagem com suas palavras e termos exatos. 

Até onde essa mensagem deve ir? A toda nação, e tribo, e língua e povo. Assim, já que esta nação, devido a seu retrocesso, levará todas as nações do globo na direção errada, ou seja, de volta para os princípios do papado, chegou o tempo então para que a mensagem do terceiro anjo alcance todas as nações do globo.

Essa é a mensagem para o momento. Vocês estão prontos para ir? Se essa é a mensagem que deve ser pregada ao mundo, não convém que todos os que professam essa mensagem fiquem de prontidão para ir aos confins da Terra quando Deus os chamar? A influência do que aconteceu neste país será no sentido de levar as nações do globo de volta ao papado. 

A obra da mensagem do terceiro anjo é advertir as nações da Terra contra a adoração do papado e dessa imagem dele, o qual nos conduz de volta ao papado. Assim como é certo que essa influência há de alcançar todas as nações do globo, igualmente certo é o fato de que essa advertência deve ir a cada nação do globo. Portanto, será considerado infiel todo aquele que recuar diante do chamado divino para ir a qualquer lugar do globo, deixando de cumprir seu dever de proclamar a mensagem que Deus nos confiou por meio da mensagem do terceiro anjo. 

Não concordam? Então, temos diante de nós a necessidade de nos consagrar com uma intensidade tal qual nunca houve entre os adventistas do sétimo dia. Precisamos de uma consagração que esteja disposta a colocar nas mãos de Deus família, propriedade e tudo o mais, de maneira que Deus possa nos chamar e nos enviar – ou fazer uso de nossos recursos – para onde quer que Sua vontade indicar. Vocês estão prontos? Não chegou o tempo de estarmos prontos?

Pastor C. L. Boyd: Sim, todos estão prontos, irmão Jones.

Pastor Jones: Ótimo! Mas precisamos refletir sobre esse assunto.

Fui compelido a dizer hoje a um irmão, enquanto conversávamos, que os acontecimentos atuais colocam sobre a fé genuína um peso de responsabilidade maior do que o que já tivemos de suportar até o momento.  

Na verdade, temos que nos olhar, por assim dizer, no espelho e dizer a nós mesmos que estamos diante do fato irrefutável e concreto de que as sete últimas pragas serão derramadas muito em breve, que devemos trabalhar tendo em vista essa realidade, e que a volta do Senhor vem em seguida das sete últimas pragas – e sabemos que, com a vinda do Senhor, chega o fim deste mundo. 

Encarar os fatos assim e dizer a mim mesmo essas coisas – eu digo a vocês: isso pesa muito sobre a pessoa. Pesa muito sobre mim. Bem, irmãos, tudo o que posso lhes dizer é que deixemos que pese. Preciso lhes falar sem rodeios. Gostaria de suavizar se pudesse. Não falaria mais nesse assunto se pudesse. Mas pesa sobre o próprio âmago da fé de uma pessoa. Esse é o fato. Irmãos, deixem que isso pese, até que sejamos completamente esvaziados do eu e nos unamos inteiramente a Jesus Cristo.

“Quando a América, a terra da liberdade religiosa, unir-se ao papado para forçar a consciência dos homens a honrar o falso sábado, as pessoas de cada país do globo serão levadas a seguir o exemplo dela. 

Nosso povo não está nem meio desperto para realizar tudo o que podem com os recursos a seu alcance para fazer propagar a mensagem de advertência ao mundo. Novas igrejas devem ser construídas e novas congregações, organizadas. Que a luz brilhe em todas as terras e diante de todos os povos.”

Espero que o irmão Robinson consiga tudo o que ele solicitou para edificar a obra em Londres. Espero que a irmã White consiga tudo o que ela solicita para edificar aquela igreja na Austrália. Digo o mesmo em relação ao irmão Chadwick e todos os demais que fazem seus apelos. 

Afinal de contas, por quanto tempo nossas propriedades terão algum valor, levando em conta que as sete últimas pragas logo sobrevirão? Que valor elas terão? Que bem elas poderão realizar quando as sete últimas pragas caírem? Que utilidade terão?

Mas essa é a grande questão. Quando reconhecermos com convicção a presente situação e não negarmos os fatos, a saber, que as sete últimas pragas estão prestes a cair e que o acontecimento que imediatamente se segue é a volta do Senhor, isso vai pesar sobre o próprio âmago de nossa fé. Trará à tona o que se encontra em nós. Se uma pessoa tem, de fato, confiança na mensagem, isso o revelará.

E haverá abundância de recursos. Não me sinto nem um pouco preocupado com a questão de recursos. Se os adventistas do sétimo dia que têm recursos não se consagrarem ao Senhor e não permitirem que Deus faça uso de seus recursos, Ele conseguirá meios em outro lugar. 

Ele chamará outras pessoas. Irmãos, a pior coisa que pode acontecer a um adventista do sétimo dia com recursos é o fato de Deus ter que deixá-lo de lado e encontrar alguém que possa suprir o que for necessário. Não há neste mundo pessoa em pior condição do que um adventista do sétimo dia deixado sozinho a seguir seu rumo. 

Chegamos a um momento em que Deus deseja que usemos tudo o que possuímos. E quando crermos nisso, Deus fará uso de nossos meios e de nós mesmos. Assim, Sua obra logo será realizada e não mais haverá necessidade de recursos. Essa é a situação atual.

Do modo como este governo era, ele conduzia as nações para longe do papado. Do modo como este governo é agora, ele conduz a todos após si a voltar ao papado. E o papado está consciente desse fato. Consciente disso, ele está trabalhando tendo em vista exatamente esse propósito, e tem seus dedos, ou melhor dizendo, tem todo o braço dedicado a essa obra, e está começando a controlar o governo segundo seus interesses. 

Tudo o que o protestantismo é hoje nos Estados Unidos – e tudo o que essas igrejas que trabalharam em favor do decreto dominical representam – não passa de um instrumento nas mãos do papado.

Quantos de vocês já assistiram a uma apresentação de marionetes como o show Punch e Judy? [Muitos dos ouvintes levantaram a mão]. Aqueles pequenos bonecos que saltam para frente e para trás, sacudidos para cima e para baixo, para um lado e outro, são manipulados por alguém por detrás da cortina. Você não consegue ver a pessoa. 

Esses fantoches sacudidos em todas as direções representam exatamente o que essas igrejas protestantes são atualmente nas mãos do papado. Ele está nos bastidores, atrás da cortina. Ele manipula os fios e, por assim dizer, dispara o gatilho. Esses protestantes, em sua cegueira, pensam estar fazendo grandes coisas para si mesmos; contudo, não passam de marionetes nas mãos do papado, que opera a seu bel prazer sobre este governo, e por meio dele, com um impacto em todo o mundo.

Chegou o momento de dizer ao povo a realidade dos fatos. Mas quando a mensagem é soada e os adverte sobre isso, ela diz que “caiu Babilônia” e que eles devem sair dela, se quiserem escapar das pragas. E quando as pessoas são chamadas a se retirar dela, para onde podem ir? 

Todo o mundo está sob o controle do papado, com exceção da mensagem do terceiro anjo, graças a Deus! Esta nunca estará sob o controle do papado! Deus seja louvado! Todo o mundo está sob o controle do papado e de seus princípios. Ao serem chamados para se retirarem dele, qual é o único lugar onde podem se refugiar? Na mensagem do terceiro anjo, conforme dada por Deus.

Irmãos, vivemos no momento mais solene jamais visto pelo mundo. Convém que nós, que vivemos nesse grandioso momento da história, nos consagremos a Deus!

Em outro momento, lerei uma declaração que se encontra no volume 4, afirmando que uma grande quantidade de ministros se voltarão para a verdade da mensagem do terceiro anjo sob o “alto clamor”. 

Quando muitos dos ministros que no momento pensam que esta obra em favor do decreto dominical, e tudo o mais relacionado, está correto – eles não enxergam o que está por detrás –, quando o papado começar a mover-se um pouco mais abertamente, eles se afastarão de toda essa movimentação; eles cortarão os laços com essa obra. 

Mas para onde podem ir? Para a mensagem do terceiro anjo. Graças ao Senhor! Quero lhes dizer, irmãos, que o poder de Deus vai realizar algo prontamente. Oh! Que possamos entregar tudo a Ele para que isso aconteça!

Permitam-me ler os objetivos do papado usando suas próprias palavras. A citação se encontra no jornal Sun de Nova York, de 11 de julho de 1892 – e se existe um periódico católico oficial nos Estados Unidos, este é o Sun de Nova York. Não se esqueça disso. Não que o Sun seja circulado declaradamente como jornal católico, mas o fato é que ele é. 

Esse periódico tem um correspondente em Roma, no Vaticano, um sacerdote, cujo nome não sei. Ele não assina seu nome, mas usa um pseudônimo. Tenhamos em mente que mensagens que chegam ao Sun de Roma são sempre diretas ao ponto. Digo, portanto, que o Sun, para todos os efeitos, representa o papado e a Igreja Católica neste país mais do que os veículos mais católicos de comunicação, com exceção, talvez, do periódico do cardeal Gibbons. 

Vou ler a carta escrita diretamente pelo correspondente do Sun em Roma no último verão. Ela se intitula “O Papado e a Nacionalidade, o Papa Leão e os Estados Unidos”. Depois de mencionar sobre certas hierarquias na Igreja Católica, bispos, arcebispos, etc., e sobre seus alvos nos Estado Unidos, a carta diz:

“Leão XIII, porém, tem uma meta ainda mais elevada. Seu apelo para uma unificação nacional se fundamenta em uma concepção tradicional da Santa Sé. Segundo a visão do papa, os Estados Unidos chegaram a um período em que se torna necessário efetuar a fusão de todos os elementos heterogêneos para que a nação seja um corpo homogêneo e indissolúvel. 

Estadistas estão preocupados, e com razão, com a multiplicidade de forças centrífugas que ameaçam a república com a desintegração. Há inimigos que fazem uso desse perigo latente para acusar os católicos estrangeiros de terem a tendência de formar um Estado dentro do Estado. É por essa razão que o papa deseja que os católicos se mostrem os mobilizadores mais esclarecidos e devotos em favor da unidade nacional e da assimilação política. 

Alguns incidentes deram uma aparência ruim à lealdade de alguns grupos estrangeiros. Toda a dúvida sobre esse assunto deveria desaparecer. A igreja sempre foi a colaboradora competente de todos os povos na obra da unidade nacional. Foi ela que constituiu, por meio dos esforços de papas e bispos, as grandes entidades políticas e as grandes organizações nacionais. 

As raças mais unidas e as populações mais sólidas, do ponto de vista político e nacional, são aquelas que mais profundamente sentiram a ação salutar do papado e da igreja. A França é o exemplo típico dessa lei da história. 

Se a Itália, na Idade Média, não tirou vantagens desse benefício incomparável, não foi porque os Estados enciumados interferiram na obra de unificação empreendida pela igreja e os pontífices romanos?” “A América sente a urgente necessidade dessa obra de fusão interna. Formada por um mosaico de raças e nacionalidades, ela quer ser uma nação, uma entidade coletiva que seja forte e unida. O que a igreja fez no passado em favor de outras nações, ela fará em favor dos Estados Unidos.” [...]

“Essa é a razão por que a Santa Sé estimula o clero americano a proteger com zelo a solidariedade e o trabalho em prol da fusão de todos os elementos estrangeiros e heterogêneos para que a nação se torne uma vasta família nacional. 

A igreja americana fornece, e deve fornecer, no momento atual, a prova de que o cristianismo constitui a escola do patriotismo e do sentimento nacional. 

Ao continuar a favorecer essa obra de unificação, ela moldará a grandeza dos Estados Unidos e demonstrará até que ponto a religião e a igreja são os geradores da independência política e patriótica.” “Visto que o perigo iminente para os Estados Unidos reside no fracionamento da república em partidos centrífugos e hostis, os católicos se erguerão, por meio de sua cooperação no processo de concentração nacional, como os melhores filhos da terra e os defensores da unidade política. 

O papa imprimirá sobre todos o lema E pluribus unum, que se aplica ao assunto que estamos tratando.”

“Finalmente, o papa Leão XIII deseja ver força nessa unidade. Como todas as almas intuitivas, ele reconhece que nos Estados americanos unidos e em sua jovem e florescente igreja se encontra a fonte de uma nova vida para os europeus. Ele quer que a América seja poderosa, a fim de que a Europa retome sua força ao apropriar-se de um modelo rejuvenescido.”

Quero lhes dizer algo mais agora, irmãos: quando as coisas chegam a esse ponto no governo dos Estados Unidos, a ponto de o papado dar-se ao luxo de apresentar seus propósitos e intenções com toda essa clareza, devo lhes dizer que elas praticamente foram longe demais. 

O papado não fala abertamente sem antes ter a certeza de que possui a vantagem. Ele sempre trabalha às escondidas e secretamente, até que chegue o momento de se erguer; e isso ele não faz antes que esteja pronto. A partir do momento em que as coisas nos Estados Unidos se mostram de tal forma sob o controle do papado que ele chega a falar desse modo aberto ao povo dos Estados Unidos, podemos saber então que a situação está do agrado do papado.

“A Europa está observando de perto os Estados Unidos. Certas coisas ali podem amedrontar algumas pessoas, mas a atração geral é invencível. Bryce, Claudio, Fanet, Carlies e todos os historiadores e jornalistas se dão conta desse fato. De agora em diante, vamos precisar de autores que adotem o seguinte parâmetro: ‘Do que podemos nos apropriar e do que deveríamos nos apropriar dos Estados Unidos para o benefício de nossa reorganização social, política e eclesiástica?’”

Até 1892, o que alguma nação europeia, ou qualquer outra nação, poderia tomar para si deste governo no sentido de reorganização eclesiástica? Nada. Que relação tinha este governo com questões eclesiásticas? A Constituição tinha um compromisso absoluto contra qualquer coisa do tipo. 

Agora, porém, desde que a Constituição foi ignorada, o papado pode começar a perguntar: “O que podemos aproveitar dos Estados Unidos para beneficiar nossa reorganização eclesiástica?” O fato, porém, é que o exemplo já foi dado, a ação já foi tomada, de modo que o papado pode se apropriar do exemplo e da influência dos Estados Unidos para levar a efeito a reorganização eclesiástica na Europa e em todas as outras nações. E ele está fazendo isso. Ele está neste momento se aproveitando dessa situação e a usando para seus propósitos.

“Do ponto de vista específico do papa, ‘Que exemplos esses americanos católicos estão nos dando?’ O problema é complexo, impreciso e múltiplo; contudo, todas as mentes fortes e de visão ampla estão sendo cativadas pelo que estão presenciando.” “A resposta depende, em grande medida, do desdobramento dos destinos americanos. 

Se os Estados Unidos conseguirem solucionar os muitos problemas que nos deixam perplexos, a Europa seguirá o exemplo deles; e essa expansão de luz será um marco na história não somente dos Estados Unidos, mas de toda a humanidade. Res vestra agitur [O assunto lhe diz respeito] é o que poderíamos então dizer aos americanos. 

É por essa razão que o santo padre, ansioso pela paz e vigor, colabora com paixão na obra de consolidação e desenvolvimento dos assuntos americanos. Segundo ele, a igreja deveria ser o crisol escolhido para modelar e assimilar as raças em uma família unida. E essa é a razão especial por que ele trabalha em prol da sistematização dos assuntos eclesiásticos, de maneira que este distante membro do cristianismo possa infundir novo sangue no velho organismo.”

Irmãos, será que é possível alguém fechar os olhos para o que está ocorrendo diante de nós e até mesmo para o que está ocorrendo diante de todo o mundo? Vocês conseguem ver o que está acontecendo diante de nós? Estamos conscientes do que em breve nos sobrevirá em decorrência do que está tendo lugar?

O papado não somente proclama seu propósito, mas ele corre atrás dele com rapidez, desferindo um golpe ousado para tornar seu plano efetivo. Quanto àquele representante especial do papa, àquela Delegação Apostólica “permanente”, recentemente estabelecida neste país, o que isso significa? 

O monsenhor Satolli chegou a este país como representante pessoal do papa para assistir aos eventos de abertura da Feira Mundial – uma boa desculpa. Oficialmente falando, ele veio como qualquer outro que viria em missão especial. Mas quando chegou aqui, então foi necessário que ele ficasse por mais tempo, provisoriamente como delegado do papa. Houve, no entanto, um partido de oposição na igreja católica que começou a dizer: “Nós não o queremos”. 

O papa então simplesmente o estabeleceu definitivamente. Vejam o relato do fato publicado no Sun de Nova York de 15 de janeiro de 1892: Roma, 14 de janeiro. O papa decidiu estabelecer uma delegação apostólica permanente nos Estados Unidos, e nomeou o monsenhor Satolli como o primeiro delegado. O Vaticano considera que essa decisão é uma resposta suficiente à oposição feita contra o monsenhor Satolli e sua missão.

A Propaganda  tornará disponíveis, por meio do reverendo F. Z. Rooker, os documentos que legitimam o novo poder conferido ao monsenhor Satolli como delegado permanente.

Afirma-se que o papa Leão está imensamente interessado pela situação na América e desejoso de colocar um fim nas diferenças eclesiásticas que ali existem. Com esse propósito, o papa está preparando uma encíclica ao bispado americano, recomendando harmonia e união.

Washington, 14 de janeiro. O monsenhor Satolli, o delegado papal, recebeu hoje na Universidade Católica o seguinte telegrama do Dr. O’Connell, o secretário americano do Departamento de Relações Públicas, o qual acompanhou o monsenhor Satolli a este país e retornou recentemente a Roma:

Roma, 14 de janeiro de 1893 Monsenhor Satolli:

A delegação apostólica está permanentemente estabelecida nos Estados Unidos, e fica confirmada sua posição como o primeiro delegado.

O’Connell Recebemos também aqui uma informação que confirma o anúncio de que o reverendo F. Z. Rooker, de Albany, havia sido oficialmente nomeado secretário da delegação apostólica. Fomos informados ainda que ele havia partido de Roma em direção a Nova York e certamente era o portador da bula papal que criou a delegação e confirmou todos os poderes do monsenhor Satolli.

St. Paul, 14 de janeiro. Quando interrogado sobre a instituição de uma delegação apostólica nos Estados Unidos, nesta tarde, o arcebispo Ireland afirmou: ‘Sim, uma delegação apostólica permanente foi estabelecida nos Estados Unidos, e o monsenhor Satolli foi nomeado o primeiro delegado apostólico. O decreto foi emitido em Roma na noite passada. Eu mesmo recebi um telegrama diretamente da Cidade Eterna a esse respeito. Sinto-me muito alegre. As controvérsias que têm agitado os católicos americanos já faz algum tempo acabaram e a paz reinará.

“O monsenhor Satolli veio a este país como Delegado Papal – termo que indica uma missão temporária e poderes relativamente limitados. Objeções foram imediatamente levantadas contra ele em certas regiões. 

Sua autoridade foi questionada ou negada, exigiu-se que retornasse, e sua missão declarada um fracasso. Diante de todas essas reclamações, o papa fornece uma resposta rápida e efetiva. Ele declara que teremos uma delegação apostólica permanente nos Estados Unidos. 

Sua satisfação com o trabalho realizado pelo delegado é tão grande que o papa, em amplo reconhecimento dos direitos do monsenhor Satolli, o nomeia como o primeiro delegado apostólico.” “Leão XIII é um homem de firme caráter: a oposição fortalece sua determinação. 

Tudo o que ocorreu desde a chegada do monsenhor Satolli demonstra com mais nitidez a necessidade de um representante do papa revestido de poderes bem definidos e extensos. Para os católicos, Roma é o supremo tribunal; mas Roma está muito distante. Uma mão próxima se faz necessária para que possa, a qualquer momento, se erguer e pedir que o mar se acalme. 

Se alguns homens estavam procurando o meio mais eficiente para tornar patente diante de todos a necessidade de um delegado na América, eles não poderiam ter adotado, como prova de sua tese, argumentos mais efetivos do que o método que, de fato, vêm seguindo. Sejamos gratos a Deus por tudo que tem sido realizado.”

“A Igreja Católica na América se encontra agora completamente organizada e está vestida com o manto de perfeita estatura. Ela tem em seu próprio território uma suprema corte – uma ramificação do Tribunal de Apelação de Roma. Sua vida deriva deste último, mas com poderes inerentes para ação imediata. 

Temos aqui um governo doméstico para os católicos americanos, dentro dos limites que católicos fora de Roma possam ter governo próprio. Além de nossa própria energia e inspiração, teremos em todos os nossos empreendimentos a pronta direção e estímulo, como nunca antes, da soberana cabeça da igreja. 

Os católicos terão uma percepção mais clara do que a unidade da igreja e a supremacia papal significam. Uma autoridade distante definha, às vezes, ao nível de uma teoria especulativa ou de um belo ideal, mas a autoridade presente corresponde a um teste vivo. Ela testa a obediência de uma pessoa e, ao mesmo tempo, acrescenta nova força para o bom proceder.”

“No que diz respeito ao país como um todo, o povo americano receberá com alegria o reconhecimento de que o importante elemento religioso católico na América recebeu uma nova glória e passará a ter uma vida mais fortificada.”

“Além disso, uma familiaridade mais próxima com as operações do papado será interessante e salutar, pois contribuirá para dissipar muitos antigos preconceitos. O papado aparecerá a todos nós em sua verdadeira luz, como instituição em esplêndida harmonia com as aspirações da democracia moderna, pronta a acelerar a marcha de tudo o que é útil, bom e enobrecedor no progresso moderno. 

As nuvens do antigo e ultrapassado conservadorismo, pretensamente pairando sobre o trono de Pedro, existem apenas no turvo rio do preconceito religioso ou nos mais sombrios recônditos de mentes estreitas e vendadas.”

“Isso não existe no Vaticano. No mundo de hoje, a mente mais perspicaz e liberal que existe é a do papa Leão. O coração mais manso e generoso é o seu. Nem católicos nem protestantes da América o conhecem suficientemente. Cabe a todos estudá-lo. É dever especial dos católicos aproximar-se mais dele e seguir com maior lealdade sua direção espiritual.”

Há outras coisas que aconteceram relacionadas com a questão de dinheiro público destinado às igrejas. A igreja católica está recebendo praticamente toda essa verba no momento, pois os metodistas, batistas e episcopais se recusaram a continuar recebendo dinheiro do governo. 

E importantes ministros da igreja presbiteriana estão tentando convencer essa igreja a se recusar a receber dinheiro do governo. Em breve, portanto, a Igreja Católica será praticamente a única a receber dinheiro dos cofres públicos, uma quantia equivalente a quase 400 mil dólares por ano. 

Será que os protestantes ficarão apenas observando, permitindo que os católicos usufruam desse dinheiro, sem mobilizarem uma grande oposição contra isso? Mas tal protesto de nada adiantará. Se protestarem com base no argumento de que a ação é inconstitucional, a Igreja Católica pode simplesmente responder: “Esta é uma nação cristã”.

De fato, a Suprema Corte decidiu que esta é uma nação cristã. E para provar o fato, a Suprema Corte citou o decreto de Fernando e Isabel, cuja única religião era a católica, os quais enviaram Colombo, que era católico, para descobrir novos mundos, a fim de levá-los a Deus e à religião cristã. 

E a única religião que Fernando, Isabel ou Colombo tinham em mente e com a qual tinham alguma relação era a religião católica. Quando a Suprema Corte cita esse decreto para provar que esta nação é cristã, temos uma prova de que ela é uma nação cristã católica. Esse é o argumento a que a Igreja Católica pode recorrer, e os protestantes não podem, com sucesso, refutá-lo. 

Os protestantes não podem negar a constitucionalidade do argumento, pois eles usaram a decisão da Suprema Corte em favor de seus próprios interesses, em favor de seus próprios objetivos na legislação dominical. Eles endossaram a decisão como legítima. E pelo fato de terem usado a decisão em favor de seus próprios objetivos, eles não podem retroceder nessa questão quando o papado a usa em favor de seus próprios objetivos. 

Nunca no passado algo ficou tão preso numa armadilha como os protestantes na América; e a única maneira de poderem escapar da armadilha é permitir que o Senhor Jesus Cristo os livre desse ato iníquo por meio da mensagem do terceiro anjo. Não chegou o momento de eles receberem essa mensagem?

Os católicos conduziram a última campanha relacionada exatamente com essa questão. O presidente Harrison, durante toda a sua administração, procurou interromper o programa de apropriação de verbas para as igrejas. A Igreja Católica fez oposição a seus esforços em todo o tempo de sua administração. Ela tentou impedir sua nomeação em Minneapolis, mas fracassou. Então, quando Cleveland foi nomeado, ela usou toda a sua influência em favor de Cleveland, e ele foi eleito. 

O presidente Harrison tentou interromper a alocação de verbas, mas não conseguiu, e foi obrigado a confessar através do senador Dawes na tribuna do Congresso que isso seria impossível. Bem, se foi impossível interromper esse programa por uma administração completamente contrária a ele, que possibilidades existe de que isso aconteça na gestão de uma administração que iniciou o programa, que o favorece e que recebeu o apoio da Igreja Católica precisamente quanto a esse ponto?

Assim, nas mãos de quem se encontra hoje o governo dos Estados Unidos? Nas mãos da Igreja Católica, que exercerá seu controle ali a despeito de tudo o que os protestantes vierem a fazer. Ela nunca teria conseguido isso se os protestantes tivessem sido de fato protestantes e não tivessem caído no jogo dela. O falso protestantismo traiu o governo dos Estados Unidos, estabelecido com base em princípios divinos, e o entregou às mãos do papado; e ali ficará não importa o que os protestantes possam fazer ou falar.

Temos aqui uma mensagem enviada hoje pelo irmão Conradi, extraída de um jornal da Alemanha. Trata-se da postura presunçosa que a Igreja Católica está adotando no momento com relação à Alemanha. Esse país, como vocês sabem, é o grande modelo de nação protestante na Europa. A citação a seguir foi extraída de um periódico católico; portanto, representa a voz dos católicos sobre essa questão.

“Os jornais católicos na Alemanha declaram abertamente que em breve o poder estará em suas mãos, e a Alemanha retornará à fé católica. Quando dois milhões e meio de dólares foram destinados para a construção de uma catedral protestante em Berlim, os católicos não viram nenhum problema nisso, pois logo ela se tornaria católica de qualquer forma.”

Essas coisas estão ocorrendo diante do mundo, o mundo as observa e as interpreta. Irmãos, será que Deus não nos deu uma palavra de advertência sobre esse assunto? Falando do papado no Grande Conflito, página 580, num capítulo que fala sobre o caráter e propósitos da igreja de Roma, é dito: “Ela sabe ler o futuro”. Se ela, com a luz proveniente apenas da sabedoria que Satanás pode dar – uma sabedoria acumulada apenas por meio de sua ímpia experiência e de sua própria história –, se ela, por esse meio, pode ler o futuro, não convém que o povo com quem Deus Se comunica também saiba ler o futuro?

Temos diante de nós os eventos, bem como a mensagem de Deus. Sabemos que esta nação se desviou no presente dos princípios dados por Deus. Foi por meio desses princípios que os Estados Unidos influenciaram irresistivelmente as nações a se afastar do papado. 

Esta mesma nação está usando agora sua influência para fazê-las voltar ao papado. Tal ação eleva o papado à mais alta posição que ele jamais ocupou nesta Terra. E nessa posição ele cumpre as palavras que se encontram em Apocalipse 18:7, que fala de Babilônia: “[Ela] diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva não sou. Pranto nunca hei de ver!”

As nações com as quais Babilônia – o papado – havia se unido em matrimônio, uma a uma, desde a época de Napoleão, foram se afastando dela, até que nenhuma mais se encontra ao seu lado, e, assim, ela se senta desolada, como uma viúva, sem nenhum esposo dentre os que ela havia se unido todos esses anos. 

O que acontece então? Surge a mais grandiosa nação, a mais jovem de todas, e se coloca diante do mundo defendendo com vigor os princípios que Deus estabeleceu para as nações; e nessa posição estava exercendo influência sobre todas essas nações, deixando Babilônia cada vez mais desolada. Então, ciente disso, ela lança palavras lisonjeiras sobre esta nação para seduzi-la a aceitar seus princípios e a cometer fornicação e adultério com ela. 

E por meio de um protestantismo falso e apóstata, ela foi bem-sucedida. O fato de ela conseguir unir esta nação a si mesma implica que todas as outras nações retornam para ela; e ela está tão feliz com tudo isso que ela se gloria, vive regaladamente e, com júbilo, parabeniza a si mesma, afirmando: “Estou sentada como rainha. Viúva não sou. Pranto nunca hei de ver!”

O que vem em seguida? “Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou” (Ap 18:8).

Então, todos esses eventos, todas essas ações praticadas pelo papado, nos colocam face a face com os juízos de Deus sobre as nações da Terra. E podemos ver o que nos sobrevirá por meio do que está transcorrendo diante de nós. 

Não chegou o tempo de começarmos a dizer às pessoas que não sabem dessas coisas que essas coisas são de fato assim? Não chegou o tempo? Alguns estavam dizendo: “Ora, me parece que não posso mais pregar um sermão ou dar um estudo bíblico, como fazia no passado, sobre os Estados Unidos na profecia”. Graças a Deus! Graças a Deus que vocês não podem mais. Graças a Deus que vocês sabem, de fato, onde os Estados Unidos se encontram agora na profecia, e que vocês não podem usar nenhuma abordagem antiga e ultrapassada. 

Queremos os Estados Unidos na posição que ocupam agora na profecia. É essa a necessidade. Será que vocês não podem dar essa mensagem? [Ouvintes: “Sim”]. Será que as pessoas não conseguem enxergar que as coisas são de fato assim? Quanto a elas crerem ou não no que sobrevirá, não é a questão. Elas só poderão negar que isso é um fato se deixarem de lado sua razão e o que estão vivenciando.

“Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou” (Ap 18:8). Mas que fogo é esse que a consome? “Então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de Sua boca e o destruirá pela manifestação de Sua vinda” (2Ts 2:8). “Porque o nosso Deus é fogo consumidor” diante da iniquidade (Hb 13:29). 

Graças ao Senhor que Ele é. Mas, irmãos, Ele é uma salvação gloriosa àqueles que estão livres da iniquidade. Que Ele nos purifique da iniquidade agora, de maneira que, quando Sua glória se manifestar, não sejamos consumidos, mas sejamos transformados em Sua própria gloriosa semelhança. 

Esse é o desejo Dele. “Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da Terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, quando virem a fumaceira do seu incêndio, e, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo” (Ap 18: 9 e 10).

Não sei lhes dizer se essa “hora” se refere a tempo profético, 15 dias, ou a um período curto e indefinido. Mas saber se é de fato tempo profético ou um período curto e indefinido não é relevante para a discussão desta noite. 

Seja qual for a interpretação, o que o verso mostra é que o tempo é extremamente curto desde o momento em que ela se parabeniza pelo fato de todas as nações terem retornado a ela – realmente um tempo extremamente curto – até o momento em que os juízos de Deus sobrevêm a ela e a todas as nações. E quando isso acontecer, o povo de Deus é libertado.

Então, irmãos, onde estamos? Estamos na própria presença dos iminentes juízos de Deus. 

Portanto, vamos agir como se assim fosse. Vamos agir como se estivéssemos lá.


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