No Poder do Espírito - 07 A fé de Jesus, os mandamentos de Deus e a paciência dos santos

no poder do espirito w. w prescot


The Bible echo, 20 e 27 de JAneiro de 1896, Pregado em 2 de novembro de 1895 

Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Ap 14:12, Almeida Antiga).

No estudo de hoje, vamos reverter a ordem e dizer: aqui estão os que guardam a fé de Jesus e os mandamentos de Deus. Aqui está a paciência dos santos. 

A fim de podermos guardar qualquer coisa que seja, precisamos primeiramente obtê-la. Assim, antes de podermos guardar a fé de Jesus, precisamos obtê-la. A fé é dom de Deus, e ninguém necessita dizer que não pode tê-la. Paulo diz: 

Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um (Rm 12:3).

Ninguém precisa dizer que não consegue ter fé, pois ela lhe foi concedida por Deus. Deus concede a fé, e a parte que nos corresponde é exercitar tal fé. Assim como no corpo físico o exercício produz crescimento, se exercitarmos a fé que possuímos, ela crescerá.

Você verá que esta é a mensagem final, pois o próximo evento que João viu foi “um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a Sua cabeça uma coroa de ouro, e na Sua mão uma foice aguda” (Ap 14:14, ACF). O que foi visto logo antes de ser revelado o Salvador? Aqueles que guardam os mandamentos de Deus. 

Os mandamentos e ensinos dos homens foram introduzidos para tomar o lugar dos mandamentos de Deus. No entanto, haverá um povo sobre a Terra, justamente antes da vinda de Cristo, que guardará os mandamentos de Deus e não será levado pelas tradições e ensinos dos homens.

O que é a fé de Jesus?

Esse povo também possuirá a fé de Jesus. Nesta época, muito se comenta acerca da fé, mas o assunto ainda não se esgotou. Esta será a fé de Jesus, em claro contraste com a fé do Diabo. 

Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus em lugar dos mandamentos dos homens, e têm a fé de Jesus em vez da fé de Satanás. E qual seria a fé do Diabo? Ela é mencionada em Tiago 2:19: “Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem” (ARC). 

Quando Jesus esteve aqui na carne, os demônios lhe disseram: “Bem sei quem és: o Santo de Deus”. O Diabo crê que Deus existe. Ele sabe que isso é verdade, e treme por isso. Porém, não tem a fé de Jesus. Ele tem apenas uma fé que concorda com a verdade sobre determinado fato. 

Podemos crer que Jesus Cristo é o Filho unigênito de Deus; crer que o sangue de Jesus Cristo é capaz de purificar de todo pecado; podemos crer que todas as afirmações da Bíblia são verdadeiras, sem, contudo, termos a fé de Jesus. Podemos crer no credo da Igreja, que diz: “Creio em um só Deus, o Pai Todo-Poderoso, Criador dos Céus e da Terra, e em Seu único Filho, Jesus Cristo nosso Senhor”. Podemos confessar tudo isso, crer nisso como um fato, e, contudo, não termos a fé de Jesus.

O que é a fé de Jesus em contraste com a fé do Diabo? Vamos buscar a resposta na Palavra de Deus. Ao aproximar-Se do túmulo de Lázaro e ordenar ao morto, dizendo: “Lázaro, vem para fora”, Jesus sabia que estava pronunciando a Palavra de Deus. 

Disso Ele tinha certeza, pois falava continuamente as palavras de Deus. “A palavra que estais ouvindo”, diz Ele, “não é Minha, mas do Pai, que Me enviou” (Jo 14:24). Ele sabia que a Palavra de Deus tinha o poder de realizar o que Ele havia dito, e que Lázaro sairia. Em outras palavras, a fé de Jesus é aquela que crê que a Palavra de Deus cumprirá o que diz. Ela simplesmente permite que a Palavra de Deus seja verdadeira.

Portanto, a Palavra de Deus é verdadeira, quer creiamos ou não. João declara: “Outra vez vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nEle e em vós” (1Jo 2:8, ARC). O propósito da Palavra de Deus é ser verdade em nós. A Palavra era verdade em Jesus Cristo, e Ele era o verdadeiro representante da Palavra. Ele era o que quer que a Palavra dissesse. E se a Palavra de Deus for verdade em nós, ela nos fará semelhantes a Cristo. 

Temos fé na Palavra de Deus quando cremos que ela é viva, que tem poder para transformar nosso caráter e operar em nós o que nela está escrito. fé nA PALAvrA

Este é o tipo de fé que Jesus aprovou. No evangelho de Mateus, lemos: Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-Se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. 

Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. 

Pois também eu sou homem sujeito [e não “com”] à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, admirou-Se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta (Mt 8:5-10).

Ali estava o centurião, um comandante de cem homens no exército romano. Ele diz a Jesus: fale a palavra. Isso é tudo que você precisa fazer.

Digamos que a autoridade romana é o César, que o nome do centurião é Júlio, e o do soldado, Alexandre. Júlio diz a Alexandre: “Vai;” mas Alexandre diz: “Que direito você tem de me mandar ir? Quando estiver pronto, eu vou”. Mas esse é o homem Júlio conversando com o homem Alexandre, sem levar em conta a questão de autoridade. 

Agora, o centurião Júlio diz ao soldado Alexandre: “Vai,” e o soldado atende prontamente, pois Júlio está falando como representante de César; e, na realidade, é César falando. Então, percebe-se a diferença entre um homem falando a outro homem, e um centurião falando a um soldado. O soldado vai, porque todo o poder do império romano dá respaldo à palavra do centurião.

E o centurião disse a Cristo: Percebo que você, Jesus de Nazaré, está aqui, e que está sob autoridade, representando Deus. Quando você fala, não é o Jesus filho de José quem está falando, mas o Filho de Deus; e sei que a palavra que você fala é a palavra de Deus, e que nela há poder. Esse é o tipo de fé que Cristo aprova. 

O centurião estava convicto de que Cristo não era apenas o filho do carpinteiro, mas o Filho do Deus vivo, e cria que toda a autoridade de Deus encontrava-se na palavra por Ele falada.

“A fé vem pelo ouvir”, e não teremos proveito em falar de fé independentemente da Palavra de Deus. O fato de desejarmos algo de todo nosso coração, não constitui a mínima evidência de que isso ocorrerá. 

Fé é confiança na Palavra de Deus, dependência da Palavra de Deus, deixar que a Palavra de Deus seja verdade. Fé é enxergar Cristo em Sua Palavra como o poder do Deus vivo, e crer de todo o coração que Ele cumprirá o que disse. 

Fé não é sentimentalismo, não é meramente crer que algo é verdade. A fé inclui submeter-se e ceder completamente à Palavra de Deus. Verifique se você tem a fé de Jesus ou a fé do Diabo. Satanás acredita que a Bíblia é verdadeira, acredita nisso mais plenamente do que muitos que fazem alta profissão de fé! 

Ele sabe que a Bíblia é totalmente verdadeira. Sabe que ela é verdade, mas não permite que ela seja verdade nele. Ele é uma mentira. Toda sua vida é uma mentira. Ele é mentira do começo ao fim, e assim são todos cujo caráter seja semelhante ao dele, e cuja fé não vá além da dele. Nosso próprio caráter é uma mentira se não estiver em harmonia com a Palavra de Deus.

Antes de ser convertida, a pessoa tem a oportunidade de dizer: “Sou verdadeira, sou justa”, e assim fazer de Deus um mentiroso. Por outro lado, poderá dizer: “Unicamente Deus é verdadeiro”, fazendo de si mesma uma mentirosa. 

As Escrituras declaram: “Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem” (Rm 3:4). Cada pessoa não convertida deve escolher entre chamar Deus de mentiroso, ou admitir que ela mesma é mentirosa. Pecado é ser falso, e é isso que torna o Diabo completamente falso, pois ele peca desde o princípio. 

Ele é mentiroso e o pai da mentira. Deus declara que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23). Devemos permitir que Ele seja verdadeiro, e devemos dizer: “Eu pequei”. Mas quando experimentamos isso dessa maneira, há algo mais a ser dito. 

Ao vir Natan a Davi para reprová-lo por seu pecado, dizendo-lhe: “Tu és o homem”, Davi lhe respondeu: “Pequei contra o Senhor. E Natan lhe disse: Também o Senhor te perdoou o teu pecado; não morrerás” (2Sm 12:13). Permita que a palavra de Deus seja verdadeira. 

Quando o Senhor diz: “Você pecou e carece da glória de Deus”, responda: “Eu pequei”. Ao fazermos essa confissão, Ele nos responde: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1:9). 

A isso devemos responder: “Assim é, e que a Palavra de Deus seja verdade em nós”. Dessa forma, continuaremos a dizer “amém” não apenas em palavras, mas em nossa vida. Isso é fé, uma fé viva, divina.

Fé na Palavra resulta em reforma

Essa fé conduziu à Reforma do século 16. É também a fé que deve operar a reforma do século 19. Nos tempos de Lutero, a igreja havia enterrado a Palavra de Deus e estava dando ao povo um ensinamento que ela própria criara, da mesma maneira que o faz nos dias atuais de modo tão abrangente. 

A obra de Lutero era trazer ao povo a Palavra, e permitir que se alimentassem dela. A Palavra de Deus é vista constantemente nos escritos de Lutero. Fé na Palavra de Deus – aquela fé que crê na Palavra de Deus a despeito de qualquer circunstância exterior – resultou na Reforma. 

Seremos testados nesse mesmo ponto. A Palavra nos afirma que milagres serão efetuados com o fim de sustentar a mentira. Os que dependem de circunstâncias externas, como evidência de sua aceitação para com Deus, são exatamente os mesmos que estão se preparando para se tornarem cativos do Diabo quando este bem o desejar. Ele pode produzir sinais externos. A Palavra afirma que ele fará fogo descer do céu à vista dos homens.

Sobre o que nos apoiaremos quando a Terra for removida? A Palavra de Deus será o único fundamento seguro. Contudo, se não aprendermos a permanecer inabaláveis sobre a Palavra, não estaremos preparados para nos expor ao perigo naquele dia, e faremos parte do grupo que se apresenta perante o Senhor com medo. 

Precisamos nos acostumar a viver na presença de Deus, a ver Aquele que é invisível, e, assim, quando Ele Se tornar visível, não teremos medo algum. 

Esta é a fé de Jesus: a fé que crê que a Palavra de Deus é verdadeira, que permite que a Palavra de Deus opere com todo seu poder em nós, e que se submete totalmente a esse processo. Ninguém consegue ter fé em Jesus se não estiver disposto a abandonar tudo por Ele. Ele tudo nos deu, e tudo demanda.

Vamos fazer um acróstico com a palavra “fé” [em inglês: faith]. Isso pode ajudar a gravar essas ideias em nossa mente:

F – Forsaking, Abandonando

A – All, Tudo

I – I, Eu

T – Take, Recebo

H – Him, a Ele

A fé de Jesus significa: Abandonando Tudo, Eu Recebo a Ele e permito que Ele seja verdade em mim. Ser uma pessoa santa é simplesmente ser uma pessoa verdadeira. Ser um pecador é simplesmente ser um mentiroso. 

Cristo é a Testemunha fiel e verdadeira. Cristo é a Videira verdadeira. Tudo de Cristo é verdadeiro. Ser igual a Cristo é ser verdadeiro; ser diferente de Cristo é ser falso.

Guardando os mandamentos

Agora, vamos considerar o outro conceito: “Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus”. Assim como se dá com a fé, o mesmo ocorre com os mandamentos. 

Em outras palavras, antes de podermos guardá-los, precisamos recebê-los. E como recebemos os mandamentos? Da mesma maneira que recebemos a fé – Deus precisa dá-los a nós. Leiamos o que dizem as Escrituras: 

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as Minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo (Hb 8:10).

Deus precisa nos dar os mandamentos antes que os possamos guar-

dar, e deve dá-los a nós a Seu próprio modo, escrevendo-os em nosso coração. Paulo esclarece esse ponto:

Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração (2Co 3:3, ARC). Os mandamentos foram primeiro escritos pelo dedo de Deus nas tábuas de pedra, prefigurando assim a obra do Espírito de Deus de escrevê-los no coração. Compare estes dois versos: 

Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós (Mt 12:28).

Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós (Lc 11:20).

Um verso diz “dedo de Deus”, e o outro, “Espírito de Deus”. Deus escreveu com Seu próprio dedo sobre as tábuas de pedra, e declara que escreverá Seus mandamentos em nosso coração, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo. 

Isso foi profetizado quando Ele os escreveu sobre pedra. Além disso, assim como Ele os escreveu em pedra, agora os escreve com Seu Espírito, e Sua escrita em nosso coração deve ser tão eterna quanto Sua escrita na pedra. Aquele que faz a vontade de Deus permanece eternamente. Aquele que guarda as Suas palavras nunca morrerá.

A Palavra de Deus é a própria vida de Deus; e essa Palavra, estando em nosso coração, nos guardará pela eternidade. A Palavra de Deus, escrita mediante o Espírito de Deus sobre as tabuas do coração, jamais será mudada. 

É o caráter dEle. Mas Deus nunca coloca alguma coisa em nosso coração – nem jamais permite que o Diabo o faça – a menos que o consintamos. Deus nunca escreverá Sua lei em nosso coração sem nosso consentimento. Vamos, então, supor que Deus está fazendo Sua obra de escrever Sua lei em nosso coração. 

Ele escreve: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êx 20:3), e você diz: “Estou de acordo”. Ele continua escrevendo: Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 

Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque Eu Sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que Me amam e guardam os Meus mandamentos” (Êx 20:4-6), e você diz: “Está certo”. Ele escreve o terceiro mandamento, e novamente você diz: “Eu o aceito”. 

Então Ele começa a escrever o quarto, e você se assusta e diz: “Ah, não! Não escreva esse. Não posso permitir a entrada desse”. O que acontece então? Ele para de escrever; e por sua recusa em deixar que Ele escreva o quarto mandamento, você apaga aquilo que Ele já escreveu, e a lei de Deus é removida de seu coração. 

Ele não irá escrever uma parte de Sua lei em nosso coração se não estivermos de acordo. Devemos estudar a lei em Jesus Cristo, o qual guardou os mandamentos de Seu Pai, e, então, devemos nos submeter a ela, para que a própria vida que foi manifesta em Jesus Cristo também seja manifesta em nós. É mais uma questão de nos submetermos e permitirmos que essa vida manifeste a si mesma, em vez de nós mesmos a manifestarmos.

Cristo – A Lei viva

Escrever a lei no coração consiste simplesmente em ter Cristo habitando em nós. Cristo era a lei viva, a lei em vida. O Espírito de Cristo é o Espírito daquela vida divino-humana que viveu em obediência aos mandamentos de Deus. 

É esse Espírito que Ele coloca sobre nós, Seu outro Eu habitando em nós. A Lei de Deus é ministrada pelo Espírito de Deus. 

Quando a Lei entra no coração, é o próprio Cristo quem está entrando; é “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:27). E quando Cristo entra em nosso coração, Ele é a Lei viva, a Lei de Deus demonstrada em caráter. Cristo habitando em nosso coração significa introduzir em nossa vida o caráter de Deus. Guardar os mandamentos de Deus significa manifestar o caráter de Jesus Cristo.

Falemos um pouco sobre a obediência aos mandamentos de Deus. Guardar os mandamentos de Deus significa obedecer-lhes. Contudo, há incontáveis esforços feitos para lhes prestar obediência que não podem ser considerados como guarda dos mandamentos. 

A justiça, porém, não vem pela lei. Algumas pessoas penduram a lei na parede, lendo-a repetidas vezes, e então tentam cumprir o que ela diz. Elas fazem de tudo que se possa imaginar, mas não conseguem guardá-la. Por quê? Porque a colocam lá em cima. E não é lá que Deus a coloca. 

Ele disse que vai colocá-la em seu coração, e é ali que você deve mantê-la. “Do coração procedem as fontes da vida”. Você acha possível que de um coração onde está escrita a lei de Deus procedam homicídios? Jesus nos revelou o que existe no coração natural: Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura (Mc 7:21, 22).

É isso que Deus vê no coração natural, mas será que o homem en-

xerga tudo isso? “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr 17:9). Alguém pode dizer: “Não sou um assassino, sou uma pessoa honesta. Vou à igreja regularmente e nada dessas coisas estão em meu coração”. Mas são exatamente essas coisas que estão ali presentes. Se Cristo não estiver no coração, tendo expulsado tais coisas, elas já entraram e profanaram o templo da alma.

Portanto, ao Cristo entrar, sendo Ele a lei viva, essa lei é escrita nas tabuas do coração. Entrando Ele, todos os males do coração natural são lançados fora por Sua santa presença. Ao nos submetermos a Ele, Cristo escreve Sua lei em nosso coração e vida. 

A religião não pode ser transmitida meramente como uma teoria. Religião é vida. Cristo escreve Sua lei em nosso coração escrevendo-a em nossa vida. Quando isso acontece, homicídios e enganos são expulsos! É isso que significa escrever a lei no coração. É isso que significa colocar a própria vida de Cristo como nossa vida, de maneira que nossa vida se torna uma manifestação da vida dEle.

É um grande erro pensar que guardar os mandamentos de Deus significa pegarmos a Lei, olharmos para ela, e, então, em nossa mente, resolvermos cumpri-la. Isso só pode resultar em fracasso e desânimo. 

É unicamente após compreendermos que a divina Lei que devemos receber é Cristo, e de fato O recebermos, que a Lei é escrita em nosso coração, e nossa vida entra em harmonia com ela. A Lei do Senhor é santa, justa e boa. 

Não podemos tornar santa nossa vida, mas Cristo pode fazê-lo por nós. Quem dera pudéssemos enxergar, em sua verdadeira luz, o privilégio de vivermos em harmonia com a Lei de Deus. É o privilégio de sermos como Cristo é, de termos uma vida verdadeira, de estarmos em comunhão com Deus, que criou todas as coisas por meio de Jesus Cristo. O grande privilégio da humanidade é viver em harmonia com a Lei de Deus. o Propósito da vida de Cristo na terra

A missão de Cristo era mostrar a perfeição da Lei de Deus, e tornar possível que vivêssemos em harmonia com ela. Tendo diante de nós a vida e o ensino de Cristo para nos mostrar o significado da Lei de Deus, é um fato surpreendente que tantos permitam que o Diabo os engane, privando-lhes de aproveitar o privilégio de viver em harmonia com a Lei de Deus. 

Ser como Cristo é, ser como Deus é, viver a verdadeira vida, ser elevado, ser posto em comunhão com Deus, isso tudo é realmente um privilégio. Há pessoas que dizem: “Mas se eu viver em harmonia com a Lei de Deus, vou perder meu status financeiro, e o que será de minha família?” Convém lembrar, no entanto, que não há nada que possa sobrevir aos que estão em harmonia com a Lei de Deus, salvo o que Ele permitir. 

Se Deus tirar algo de nós, é somente para dar-nos em troca algo melhor. Talvez não signifique que teremos mais dinheiro, mas que importa? Porventura Deus não cuida de Seus filhos? “Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). 

É Deus quem disse isso. “Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem”. A fé faz com que a Palavra de Deus seja verdadeira. Ela crê no que Ele diz, não considerando nada além da Palavra de Deus.

Deus Cuida dos que lhe são leais

Deus está cuidando de Seu povo nos dias atuais. Há abundante evidência de que os que guardam o sétimo dia, mesmo nos terríveis dias atuais, estão mais bem situados financeiramente do que a média da população. Deus cuidará de todos os que são fiéis a Ele. 

Ele nos prepara uma mesa no deserto a fim de nos mostrar que, se necessário, pode nos trazer pão do Céu e água da rocha. Confie que Deus o fará. O tempo está bem diante de nós em que precisaremos confiar em Jesus Cristo e em Sua palavra para nos manter vestidos e alimentados, para nos manter temporal e espiritualmente. 

Unicamente os que estiverem escondidos em Jesus Cristo estarão seguros. Isso vai acontecer literalmente, e os que não confiam em Jesus Cristo vão perecer. 

Deus está nos alertando, tentando salvar as pessoas da destruição que está por vir. Agora, nossa única salvaguarda está em nos submetermos a Ele em todas as coisas. “Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Ap 14:12, KJV).

Guardando a lei em Cristo

Apesar de não podermos guardar os mandamentos até que os tenhamos, isso não significa que os preceitos da lei não serão vividos em nossas vidas. É exatamente isso que ocorrerá. Homem algum é capaz de fazê-lo por si mesmo. Contudo, devemos receber a lei de Deus em Jesus Cristo e obedecê-la em Jesus Cristo. Então, Deus habita em nós e a Lei é escrita em nosso coração.

“Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”. É por guardarem a fé de Jesus que eles guardam os mandamentos. “Escondi a Tua palavra no meu coração,” disse o salmista, “para eu não pecar contra Ti” (Sl 119:11, ARC). E “pecado é a transgressão da lei” (1Jo 3:4). Jesus Cristo é o alfa e o ômega, o A ao Z; e quando O escondemos no coração, escondemos ali a Palavra de Deus; e aquilo que guardamos como uma lei viva, fica a nosso favor e nos guarda. 

“Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3:11). Vivemos numa época que está a poucos passos da segunda vinda de Cristo. Pela fé de Jesus Cristo, seja a palavra de Deus verdade em nosso caráter. 

Deus deseja que guardemos Seus mandamentos porque são eles que nos guardarão. Cristo declarou: “Sei que o Seu mandamento é a vida eterna”. Por isso Ele disse: “Se alguém guardar a Minha palavra, não verá a morte, eternamente” (Jo 12:50; 8:51). 

A obra de Cristo converteu em sono a morte que havia vindo como resultado da transgressão de Adão. “Se alguém guardar a Minha palavra, não verá a morte, eternamente” pois tem, dentro de si, a palavra viva. “Aquele […] que faz a vontade de Deus permanece eternamente”. Pode vir a adormecer, mas jamais verá a morte. Contudo, aqueles que não guardam os mandamentos de Deus verão a morte da qual não há despertar.

A Perseverança dos santos

“Aqui está a perseverança dos santos”. “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hb 10:36). 

Precisamos de perseverança. “Porque, ainda dentro de pouco tempo, Aquele que vem virá e não tardará”. Aqueles que têm guardado os mandamentos de Deus e esperado por Ele necessitam de persistência, pois ainda há um pouco de tempo a mais.

“O justo viverá pela fé”. Há três trechos no Novo Testamento onde este verso é usado, e a ênfase dada em cada caso é diferente. “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé” (Rm 1:17). Nesse verso a ênfase está em ser justo.

“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé ” (Gl 3:11). Nesse verso, a fé é enfatizada.

“Todavia, o Meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não Se compraz a Minha alma”. Heb 10:38. Aqui, a ideia principal está em viver. Os mandamentos estão sendo guardados; contudo, temos aqui um tempo em que Cristo parece demorar. 

Se vivermos pela fé, permaneceremos vivos em meio a toda destruição ao nosso redor. “Mil cairão ao teu lado, e dez mil a tua direita; mas tu não serás atingido”. “O justo viverá da fé”. “Somente com os teus olhos contemplarás e verás o castigo dos ímpios”. 

Esta é a promessa de Deus para nós. Mas Ele também diz: “tendes necessidade de perseverança” (Hb 10:36). “Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (Tg 5:16). 

Jó foi perseverante, apesar de não enxergar o motivo para aquilo acontecer. Contudo, ao experimentar a Jó, Deus estava demonstrando perante o Universo o fato de que Seu amor pode suster a pessoa quando todas as bênçãos temporais são removidas.

No capítulo 18 de Lucas, lemos o relato da viúva e do juiz injusto, registrado como instrução para nós, com referência à demora da vinda do Senhor. Se há um tempo em que não devemos fraquejar, esse é justamente antes da vinda do Senhor. 

Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. 

Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário [ou oponente]. Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me (Lc 18:1-5).

Para se ver livre dela, o juiz a vindicaria contra seu inimigo em juízo:

Não fará Deus justiça aos Seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça (Mt 18:1-7).

Estão Chegando tempos de aflição

Estamos vivendo nos tempos angustiosos previstos na palavra de Deus. Esses tempos desoladores que nos circundam são apenas o começo. “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis” (2Tm 3:1). 

Será que não estamos vendo tempos difíceis, financeiramente e espiritualmente? E esses tempos nos quais temos entrado, apesar de haver momentos em que pareçam melhorar, ficarão cada vez piores. O leve restabelecimento financeiro nestas colônias não é permanente. 

Deus enviou Sua mensagem para preparar um povo para Sua vinda, para ajuntar um povo que compreenderá essas coisas. Os corações dos homens já estão desfalecendo de terror. 

Estão dizendo: o que significam estas coisas? “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem”. Veremos violência e homicídios. Isso é obra do Diabo. 

Veremos neste mundo uma situação tal que homem algum jamais imaginou. Veremos circunstâncias que causarão terror a todo coração que não conhece Jesus Cristo nem o poder de Sua salvação. Já vemos isso se aproximando.

Naquele dia, o povo de Deus clama ao Senhor por libertação, mas Ele parece adiar o dia de seu livramento, pois teremos então atingido o tempo em que a libertação do povo de Deus significará a morte de seus adversários. 

O livramento do povo de Deus de seus inimigos só pode ser sucedido pela vinda do Senhor Jesus e pela destruição de seus adversários. Deus é tão tardio em derramar Sua ira sobre os que O rejeitaram que quase parece haver abandonado Seu povo. Mas Ele fará “justiça aos Seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite”.

Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam estas coisas, mas o fim não será logo. 

Então, lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino, contra reino; haverá grandes terremotos, epidemias e fome em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu. 

Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do Meu nome (Lc 21:9-12).

Perceba por que razão eles são perseguidos. O fato de alguém ser odiado não quer dizer que seja um cristão. Precisa ser odiado “por causa do Meu nome”. O fato de o mundo não gostar de alguém não significa que ele seja um cristão. 

O mundo precisa odiá-lo pela mesma razão que odiaram Cristo. Os que são cristãos serão insultados por estarem em harmonia com a vida e caráter de Cristo. O Senhor nos admoesta:

E isto vos acontecerá para que deis testemunho. Assentai, pois, em vosso coração de não vos preocupardes com o que haveis de responder; porque Eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem. 

E sereis entregues até por vossos pais, irmãos, parentes e amigos; e matarão alguns dentre vós. De todos sereis odiados por causa do Meu nome. Contudo, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça. É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma (Lc 21:13-19).

Ganhem suas vidas por meio da perseverança. Estamos vivendo num tempo bem próximo da vinda do Senhor. “Porque, ainda dentro de pouco tempo, Aquele que vem virá e não tardará”. 

É em nossa perseverança que ganharemos nossa vida. Antes da vinda do Senhor, haverá um povo que estará cumprindo Sua vontade. Nosso dever é estar entre eles. Cabe a nós estar entre aqueles de quem o Senhor dirá: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Ap 14:12).


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