"Para aquele que não trabalha, mas acredita naquele que justifica o ímpio, sua fé é contada para a justiça". Rom. 4:5.
Esta é a única maneira que qualquer pessoa neste mundo pode se tornar justa: primeiro admitir que ele é ímpio; depois acreditar que Deus justifica, conta justo, o ímpio, e ele é justo com a própria justiça de Deus.
Todo mundo no mundo é ímpio. "ímpio" significa "diferente de Deus". E está escrito: "Todos pecaram e carecem da glória [da bondade, do caráter] de Deus".
Qualquer um, portanto, que admita que alguma vez lhe faltou ser como Deus em qualquer coisa, confessa que é ímpio.
Mas a verdade é que todo mundo, em tudo, tem ficado aquém de ser como Deus. Pois "todos eles estão fora do caminho, eles estão juntos se tornando pouco rentáveis; não há nenhum que faça o bem, não, não há um só". Rom. 3:9-18.
Então, como não há ninguém na Terra que não seja ímpio, e como Deus justifica o ímpio, isto da parte de Deus torna a justificação - justiça, salvação plena, livre e segura para toda alma na Terra.
E tudo o que alguém precisa fazer para que tudo seja seguro para si próprio, é aceitá-lo e acreditar que Deus justifica, pessoal e individualmente, aquele que é ímpio.
Assim, por estranho que pareça a muitos, a única qualificação, e a única preparação, para justificação é que uma pessoa reconheça que é ímpia.
Então, tendo tal qualificação, tendo feito tal preparação, tudo o que é exigido dele para obter justificação, plena, livre e segura, é acreditar que Deus o justifica, o ímpio.
É muito fácil para muitos acreditarem que são ímpios e até mesmo reconhecerem isso; mas para eles acreditarem que Deus os justifica - isso é demais.
E a única razão pela qual eles não podem acreditar que Deus os justifica, é que eles são ímpios, tão ímpios.
Se ao menos eles pudessem encontrar algum bem em si mesmos, ou se ao menos pudessem endireitar-se e fazer melhor, poderiam ter alguma coragem para esperar que Deus os justificasse. Sim, eles se justificariam com obras, e então professariam acreditar na justificação pela fé!
Mas isso seria apenas para tirar todo o terreno para a justificação; pois se um homem pode encontrar o bem em si mesmo, ele já o tem, e não precisa dele de nenhum outro lugar. Se ele puder endireitar-se e fazer melhor de si mesmo, ele não precisa de nenhuma justificativa de nenhum outro lugar.
É, portanto, uma contradição em termos de dizer que sou tão ímpio que não vejo como o Senhor pode me justificar. Pois se eu não sou ímpio, não preciso ser feito justo: Eu sou justo. Não há meio termo entre a piedade e a impiedade.
Mas quando uma pessoa se vê tão ímpia a ponto de não encontrar um possível terreno de esperança para a justificação, é apenas ali que entra a fé; de fato, é apenas ali que a fé pode possivelmente entrar.
Pois a fé é dependência apenas da palavra de Deus. Enquanto houver qualquer dependência de si mesmo, enquanto houver qualquer fundamento concebível de esperança para qualquer dependência de qualquer coisa em ou sobre si mesmo, não pode haver fé: enquanto não houver lugar para a fé, já que a fé é dependência "somente da palavra".
Mas quando todo terreno de esperança concebível de qualquer dependência de qualquer coisa dentro ou sobre si mesmo, desaparece, e é reconhecido como desaparecido; quando tudo o que pode ser visto é contra qualquer esperança de justificação, então é que, lançando-se sobre a promessa de Deus, apenas sobre a palavra, esperando contra a esperança, entra a fé: e pela fé encontra a justificação plena e livre, por mais ímpia que seja.
Para sempre está escrito: "Para aquele que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, sua fé é contada como justiça". "Mesmo a justiça de Deus que é pela fé de Jesus Cristo". "A quem Deus propôs . . . declarar sua justiça para a remissão dos pecados que já passaram".
Isto é o que é exercer a fé. Você está exercendo a fé? Para "entender como exercer a fé: esta é a ciência do evangelho".
A. T. Jones.
The Advent Review and Sabbath Herald, Vol. 76, No. 6, 7 de fevereiro de 1899, p. 88.