CAPÍTULO 32. Os Concertos Da Promessa

CONCERTO ETERNO

 

 “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão, feita pela mão dos homens. Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo”. Efé. 2:11, 12. 

Uma idéia que prevalece de modo bastante extensivo é a de que Deus tem um concerto com os judeus e outro para os gentios; de que houve um tempo em que o concerto com os judeus excluía inteiramente os gentios, mas que agora um novo concerto foi estabelecido e diz respeito especialmente, se não com exclusividade, aos gentios; em síntese, que os judeus estão, ou estavam, sob o velho concerto, e os gentios sob o novo. 

Que essa noção é um grande erro pode-se ver facilmente da passagem acima citada. 

De fato, os gentios, como tais, não têm parte alguma nos concertos da promessa de Deus. Em Cristo está o sim. “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nEle sim; e por Ele o amém, para glória de Deus por nós” (2a Cor. 1:20). 

Os gentios são aqueles que estão sem Cristo, assim sendo eles são “estranhos aos pactos da promessa”. Nenhum gentio tem qualquer parte em qualquer concerto da promessa. Mas qualquer que deseje pode vir a Cristo, e compartilhar das promessas; pois Cristo declara, “o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37). Mas quando os gentios fazem isso, não importa qual seja a sua nacionalidade, ele deixa de ser um gentio, e se torna membro da “comunidade de Israel”. 

Seja notado também que o judeu, na aceitação comum do termo, ou seja, como membro da nação judaica, é um rejeitador de Cristo, não tem maior parte nas promessas de Deus, ou nos concertos da promessa do que o gentio. Isso é apenas para dizer que ninguém tem qualquer parte nas promessas, exceto aqueles que as aceitam. 

Quem quer que, “sem Cristo”, seja chamado judeu ou gentio, é também “sem Deus no mundo”, e um estranho aos concertos da promessa, e um estranho à comunidade de Israel. Isso é o que o texto, acima citado, nos ensina. 

A pessoa precisa estar em Cristo a fim de compartilhar os benefícios dos “concertos da promessa”, e ser um membro da “comunidade de Israel”. Ser um “israelita de verdade”, portanto, é simplesmente ser um cristão. Isso é tão verdadeiro a respeito do homem que vivia nos dias de Moisés quanto daqueles que viviam no tempo de Paulo, ou dos que vivem hoje. 

Talvez alguns sejam levados a perguntar: “E o que dizer do concerto estabelecido no Sinai? Está querendo dizer que era o mesmo sob o qual os cristãos vivem, ou que foi tão bom? Não nos é dito que ele era defeituoso? E se era defeituoso, como podiam vida e salvação ter derivado dele?” 

Perguntas muito pertinentes e fáceis de responder. É um fato inegável que a graça abundou no Sinai,—“a graça de Deus que traz salvação”—porque Cristo estava ali com toda a Sua plenitude de graça e verdade. 

A misericórdia e a verdade ali se encontraram, e a justiça e a paz fluíram como um rio. Mas não foi por virtude do concerto feito junto ao Sinai, que a misericórdia e a paz ali estiveram. Aquele concerto nada trouxe ao povo, conquanto tudo ali estivesse para desfrutarem. 

O valor comparativo dos dois concertos, que em relação um com o outro são chamados de “o primeiro” e “o segundo”, “o velho” e “o novo”, é assim estabelecido no livro de Hebreus, que apresenta a Cristo como o Sumo Sacerdote, e contrasta o Seu sacerdócio com o de homens. Eis aqui alguns dos pontos de superioridade de nosso grande Sumo Sacerdote sobre os sacerdotes terrestres:— 

1. Aqueles sacerdotes eram constituídos sem juramento, mas este com um juramento por Aquele que disse “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Heb. 7:21). 

2. Eles eram sacerdotes somente por um período curto, “porque pela morte foram impedidos de permanecer”; portanto havia uma contínua mudança e sucessão. Mas Cristo “vivendo sempre”, “tem um sacerdócio perpétuo”. Os sacerdotes terrenos continuavam sendo sacerdotes enquanto vivessem, mas não viviam por muito tempo. Cristo também continua a ser sacerdote enquanto viver, mas Ele vive “para todo o sempre”. 

3. Os sacerdotes levíticos eram constituídos sacerdotes “segundo a lei do mandamento carnal”. O sacerdócio deles era apenas exterior, da carne. Eles podiam lidar com o pecado somente em suas manifestações exteriores, ou seja, de fato em nada. Mas Cristo é o Sumo Sacerdote,“segundo o poder da vida infindável”—uma vida que salva até o fim. Ele ministra a lei no Espírito. 

4. Eles eram ministros somente de um santuário terrestre, que o homem fez. Cristo “que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade, Ministro do santuário e verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem”. 

5. Eles eram meros homens pecadores, como se demonstrou por sua mortalidade. Cristo é“declarado Filho de Deus em poder, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos” (Rom. 1:4), assim Ele é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus” (Heb. 7:26). 

Agora, “de tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador”. 

O concerto do qual Cristo é Ministro é tanto melhor do que aquele do qual os sacerdotes levíticos eram ministros, cujo sacerdócio data somente do estabelecimento do concerto no Sinai, tal como Cristo e Seu sacerdócio são melhores do que eles e o sacerdócio deles. 

Isso significa que o concerto do qual Cristo, como Sumo Sacerdote, é Ministro, é tanto melhor do que o concerto que procede do Sinai, quanto Cristo é melhor do que o homem; quanto o céu é mais elevado do que a Terra; quanto o santuário no céu é maior do que o santuário na terra; quanto as obras de Deus são melhores do que as obras da carne; quanto “a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus” é melhor do que “a lei do mandamento carnal”; quanto a vida eterna é melhor do que uma vida que não passa de “um vapor que aparece por um momento e depois se desvanece”; quanto o juramento de Deus é melhor do que a palavra do homem. 

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A Diferença 

E agora podemos ler onde jaz a vasta diferença: “Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança, que está firmada em melhores promessas. 

Porque, se aquela primeira aliança fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda. Porque repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança. 

Não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; como não permaneceram naquela Minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. 

Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo; e não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos Me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. 

Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não Me lembrarei mais” (Heb. 8:6-12). Os fatos seguintes devem destacarse de forma bem evidente ao atento leitor deste texto:-- 

1. Ambos os concertos são somente com Israel. Os gentios, como já vimos, são “estranhos às alianças da promessa”. É sempre admitido e mesmo reivindicado que eles nada têm que ver com o velho concerto; mas têm até menos ligação com o novo concerto. 

2. Ambos os concertos são estabelecidos com “a casa de Israel”; não com uns poucos indivíduos, nem com uma nação dividida, mas “com a casa de Israel e com a casa de Judá”, ou seja, com todo o povo de Israel. 

O primeiro concerto foi feito com toda a casa de Israel, antes que se houvesse dividido; o segundo concerto será feito quando Deus tiver tirado os filhos de Israel dentre os pagãos, e os tornado uma nação, quando “nunca mais serão duas nações, e nunca mais se dividirão para o futuro em dois reinos” (Eze. 37:22, 26). Com respeito a isso, porém, teremos mais a dizer depois. 

3. Ambos os concertos contêm promessas, e são fundamentados sobre elas. 

4. O “novo concerto” é melhor do que o que foi feito no Sinai. 

5. É melhor, porque as promessas sobre que está fundado são melhores. 

6. Contudo, será visto, por comparar os termos do novo com os do velho, que o objetivo tencionado por cada um é o mesmo. O velho dizia: “se obedecerdes a Minha voz”; o novo diz,“porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei”. 

Cada um faz referência à lei de Deus. Ambos têm santidade e todas as recompensas da santidade, como objetivo. No concerto do Sinai foi dito a Israel: “e vós Me sereis um reino sacerdotal e um povo santo” (Êxodo 19:6). Isso é exatamente o que o próprio povo de Deus realmente é, “o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1ª Ped. 2:5, 9). 

Mas as promessas daquele concerto no Sinai nunca foram concretizadas, e pela razão mesma de serem falhas. As promessas daquele concerto dependiam todas do povo. 

Eles disseram: “Tudo o que o Senhor tem falado, nós faremos” (Êxo. 19:8; 24:7). Prometeram observar os Seus mandamentos, conquanto já tivessem demonstrado sua incapacidade de fazer qualquer coisa por si mesmos. As promessas feitas de observar a lei, como a própria lei, estavam “enfermas pela carne” (Rom. 8:3). A força daquele concerto era, portanto, somente a força da lei; e essa é morte. 

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Por Que o Concerto no Sinai? 

Por que, então, foi feito aquele concerto?—Pela mesma razão pela qual a lei foi estabelecida no Sinai: “por causa da transgressão”. O Senhor diz que foi porque eles “não permaneceram naquela Minha aliança”. Eles haviam considerado levianamente o “concerto eterno” que Deus havia feito com Abraão, e, portanto, estabeleceu esse com eles, como um testemunho contra eles. 

Aquele “concerto eterno” com Abraão foi um concerto de fé. Era eterno, e, portanto, a outorga da lei não poderia anulá-lo. Foi confirmado por um juramento de Deus, e, portanto, a lei não poderia acrescentar coisa alguma a ele. 

Em vista de que a lei nada acrescentava àquele concerto, e contudo não era contra as suas promessas, segue-se que a lei estava contida em suas promessas. O concerto de Deus com Abraão assegurou-lhe e à sua semente a justiça da lei pela fé. Não pelas obras, mas pela fé. 

O concerto com Abraão era tão amplo em seu escopo que abarcava todas as nações, mesmo“todas as famílias da Terra”. É esse concerto, respaldado pelo juramento de Deus, o concerto pelo qual temos agora confiança e esperança ao irmos a Jesus, em Quem foi confirmado. É por virtude desse concerto, e esse somente, que qualquer homem recebe a bênção de Deus, pois a cruz de Cristo simplesmente traz a bênção de Abraão sobre nós. 

Aquele concerto foi inteiramente de fé, e é por isso que assegura salvação, uma vez que “pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras para que ninguém se glorie”. 

A história de Abraão torna bastante enfático o fato de que a salvação é inteiramente de Deus, e não pelo poder do homem. “O poder pertence a Deus” (Sal. 62:11); e o Evangelho é “o poder Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rom. 1:16). 

Com base no caso de Abraão, bem como no de Isaque e Jacó, somos levados a saber que somente o próprio Deus pode cumprir as promessas de Deus. Eles nada obtiveram por sua própria sabedoria ou habilidade ou poder; tudo lhes foi um dom de Deus. Ele os conduziu, e Ele os protegeu. 

Essa é a verdade que tem sido tornada mais destacada na libertação dos filhos de Israel do Egito. Deus introduziu-Se a eles como “o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó” (Êxo. 3:15); e Ele encarregou Moisés de fazê-los saber que Ele estava para libertá-los no cumprimento de Seu concerto com Abraão. Deus falou a Moisés, dizendo-lhe:- 

“Eu sou o Senhor. E Eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó, como o Deus TodoPoderoso; mas pelo Meu nome, o Senhor, não lhes fui conhecido. E também estabeleci a Minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra de suas peregrinações, na qual foram peregrinos. 

E também tenho ouvido o gemido dos filhos de Israel, aos quais os egípcios fazem servir; e lembrei-Me da Minha aliança. Portanto dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor; Eu vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei da servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos. 

E Eu vos tomarei por Meu povo, e serei vosso Deus; e vós sabereis que Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas dos egípcios. Eu vos levarei à terra, acerca da qual levantei a Minha mão jurando que a daria a Abraão, a Isaque e a Jacó; e vo-la darei por herança. Eu sou o Senhor” (Êxodo 6:2-8). 

Leia novamente as palavras de Deus pouco antes de estabelecer o concerto do Sinai:- 

“Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a Mim. Agora, pois, se atentamente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a Terra é Minha; e vós Me sereis um reino sacerdotal e um povo santo” (Êxo. 19:3-6). 

Note agora como Deus Se demora sobre o fato de que Ele próprio tinha feito tudo quanto foi feito por eles. Havia-os livrado dos egípcios, e os trazido para Si. Esse era o ponto que estavam continuamente esquecendo, como indicado por suas murmurações. 

Eles tinham chegado ao ponto de questionar se o Senhor estava entre eles ou não; e suas murmurações sempre indicavam o pensamento de que eles mesmos podiam dirigir as coisas melhor do que Deus. O Senhor os havia conduzido pela passagem da montanha rumo ao Mar Vermelho, e pelo deserto onde não havia alimento nem bebida, e milagrosamente lhes havia suprido suas necessidades em toda ocasião, para fazê-los entender que podiam viver somente segundo a Sua palavra. Deu. 8:3. 

O concerto que Deus estabeleceu com Abraão tinha por fundamento fé e confiança. “Abraão creu em Deus, e isso foi-lhe contado por justiça”. Assim, quando Deus, em cumprimento desse concerto, estava livrando Israel da escravidão, todo o Seu trato com eles tinha o fito de ensinar-lhes a confiar nEle, de modo que pudessem, de fato, ser os filhos do concerto. 

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A Lição de Confiança 

A resposta deles foi a autoconfiança. Leiam o registro de sua desconfiança em Deus no Salmo 106. Ele os havia provado no Mar Vermelho, na concessão do maná, e nas águas em Meribá. Em todas as ocasiões eles haviam falhado em confiar nEle perfeitamente. 

Agora Ele vem para prová-los uma vez mais, na outorga da lei. Como já aprendemos, Deus nunca intencionou que os homens devessem tentar a justificação pela lei, ou que devessem pensar que tal coisa fosse possível. 

Na outorga da lei, como mostrado por todas as circunstâncias acompanhantes, Ele determinou que os filhos de Israel, e nós também, aprendêssemos que a lei está infinitamente acima do alcance de todo esforço humano, para tornar claro que uma vez que observar os mandamentos é essencial para a salvação que Ele prometeu, Ele próprio cumprirá a lei em nós. 

Estas são as palavras de Deus: “Ouve-Me, povo Meu, e Eu te atestarei; ó Israel, se Me ouvires! não haverá entre ti deus alheio, nem te prostrarás ante um deus estranho” (Sal. 81:8, 9). “Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a Mim; ouvi, e a vossa alma viverá” (Isa. 55:3). 

Sua palavra transforma a alma da morte do pecado para a vida de justiça, tal como trouxe Lázaro da sepultura. 

Uma cuidadosa leitura de Êxo. 19:1-6, mostrará que não há indicação de que outro concerto devesse então ser feito. De fato, a evidência aponta ao contrário disso. O Senhor referiu-Se ao Seu concerto—o concerto muito antes feito com Abraão,—e os exortou a observá-lo, dizendo qual seria o resultado de observá-lo. 

O concerto com Abraão foi, como vimos, um concerto de fé, e eles poderiam cumpri-lo simplesmente mantendo a fé. Deus não lhes pediu para entrarem noutro concerto com Ele, mas somente para aceitarem o Seu concerto de paz, que muito antes havia estabelecido com os pais. 

A resposta apropriada do povo, portanto, teria sido, “Amém, que assim seja, ó Senhor, tudo conforme a Tua vontade”. Pelo contrário, eles disseram: “Tudo quanto o Senhor falou, nós faremos”; e repetiram sua promessa, com ênfase adicional, mesmo após terem ouvido a lei proclamada. 

Era a mesma autoconfiança que levou seus descendente a dizerem para Cristo: “Que havemos de fazer para executarmos as obras de Deus?” Imaginem homens mortais pretendendo ser capazes de realizar as obras de Deus! Cristo respondeu: “A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou”. Assim também se deu no deserto do Sinai, quando a lei foi dada e o concerto feito. 

A idéia de assumir a responsabilidade de realizar as obras de Deus mostrava falta de apreciação de Sua grandeza e santidade. É somente quando os homens são ignorantes da justiça de Deus, que se põem a estabelecer sua própria justiça, recusando submeterse à justiça de Deus. Ver Rom. 10:3. 

As promessas deles de nada valiam, porque não tinham o poder para cumpri-las. O concerto, portanto, que tinha por base essas promessas, era totalmente sem valor no que tangia a conceder-lhes vida. Tudo quanto podiam obter daquele concerto era somente o que podiam obter deles próprios, e isso era a morte. 

Confiar nisso era fazer um concerto com a morte, e estar de acordo com a sepultura. O terem entrado nesse concerto era uma virtual notificação ao Senhor de que podiam virar-se muito bem sem Ele; que eram capazes de cumprir qualquer promessa que Ele pudesse fazer. 

Mas Deus não desistiu deles, “Porque dizia: Certamente eles são meu povo, filhos que não mentirão; assim Ele Se fez o seu Salvador” (Isa. 63:8). Ele sabia que eles haviam sido movidos por bons impulsos ao fazerem aquela promessa, e que não percebiam o que ela significava. 

Eles tinham zelo por Deus, mas não segundo o conhecimento. Ele os havia trazido da terra do Egito, para poder ensinar-lhes a conhecê-Lo, e não Se irou com eles por serem tão vagarosos em aprender a lição.

Ele havia suportado Abraão ao este imaginar que podia levar avante os planos de Deus, e Ele tinha sido muito paciente com Jacó quando ele se revelou tão ignorante ao ponto de supor que a prometida herança de Deus podia ser obtida por barganhas astuciosas e fraudulentas. Assim agora Ele suportava a ignorância e falta de fé de Seus filhos, a fim de que pudesse depois conduzi-los à fé. 

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A Divina Compaixão 

Deus encontra os homens exatamente onde estão. Ele pode “compadecer-Se ternamente dos ignorantes e errados” (Heb. 5:2). Ele está sempre e por toda parte buscando atrair todos os homens a Si, não importa quão depravados sejam; e, portanto, quando Ele discerne mesmo a mínima evidência de disposição ou desejo de servi-Lo, Ele imediatamente a nutre, fazendo o máximo para que, a partir disso, a alma possa ser conduzida para maior amor e mais perfeito conhecimento. 

Assim, conquanto os filhos de Israel tivessem falhado nesse supremo teste de confiança nEle, Ele aproveitou sua expressa disposição em servi-Lo, ainda que fosse somente em“seus fracos meios”. Devido à descrença deles, não podiam ter tudo quanto Ele desejava que tivessem; mas o que obtiveram de fato mediante sua falta de fé foi um constante lembrete do que poderiam ter tido, se tivessem crido plenamente. 

Devido à sua ignorância da grandeza de Sua santidade, que se expressava com a promessa de cumprir a lei, Deus continuou, pela proclamação da lei, a mostrar-lhes a grandeza de Sua justiça, e completa impossibilidade de que a cumprissem. 

-- The Present Truth, 10 de dezembro de 1896. 

 

[1] Efésios 2:12; 

[2] Hebreus 7:23; 

[3] Hebreus 7:25; 

[4] Hebreus 7:24; 

[5] Apoc. 1:18; 

[6] Hebreus 7:16; 

[7] Hebreus 7:16, KJV; 

[8] Hebreus 8: 1 e 2; 

[9] Hebreus 7:22, Almeida Revista e Corrigida. O leitor notará que a palavra “concerto” (“aliança” na Almeida Fiel) é usada ao invés de “testamento” como em outras versões. As palavras “concerto”e “testamento,” são ambas traduzidas de uma e mesma palavra grega, “diathēkē.” 

Muita confusão resultou porque os tradutores a verteram “concerto” em alguns lugares (Lucas 1:72; Gálatas 3:15; Hebreus 8: 6-10) e “testamento” em outros (Mat. 26:28; 1ª Cor.11:25; 2ª Cor. 3:6; etc). 

A tradução deveria ser uniforme; e considerando que a referência é para aquela na qual a tradução do hebraico é sempre “concerto,” esta palavra deve ser sempre usada. 

Seja lembrado que em qualquer tradução da Bíblia em que a palavra “testamento” é encontrada, “concerto” é a palavra que deve ser usada, ou pelo menos subentendida. (Uma possível dúvida talvez permaneça para Gálatas 3:15, onde “testamento” parece ser condizente com o conceito jurídico de manifestação de última vontade, pela qual uma pessoa dispõe, para depois da morte, de parte ou de todos os seus bens. Ou seria isto parte das confusões acima referidas? Talvez sim. 

A velha e a nova dispensações são uma melhor designação para o Velho e o Novo Testamentos em que a palavra "testamento" tem o sentido de uma "declaração de última vontade" que necessita a morte de um testador a fim de entrar em vigência. 

No entanto, esta não é a natureza de concerto eterno de Deus, pois foi eficaz para pecadores por toda a velha dispensação, apesar de Cristo não ter ainda morrido. A velha dispensação então designa os tempos antes da missão de Cristo encarnado à terra e a nova dispensação designa o tempo após o Seu ministério terreno 

[10] Rom. 8:2; 

[11] Hebreus 7:16; 

[12] Tiago 4:14; 

[13] Efésios 2:12; 

[14] Êxodo 19:5, KJV; a Almeida diz: “se diligentemente ouvirdes a Minha voz”; veja também Deut. 11:22, 6:17; Jeremias 7:23, 11:4, etc...; 

[15] Hebreus 8:10; 10:16; Jeremias 31:33, e 32:40; 

[16] Gálatas 3:19; 

[17] Hebreus 8:9; 

[18] Gênesis 9:16 e Hebreus 13:20 Almeida Revista e Corrigida; na Almeida Fiel: “Aliança eterna.”Em Gênesis 17: 7, 13 e 19; Ezequiel 37:26, etc., vemos aliança perpétua. Em todos estes exemplos aliança é sinônimo de concerto e pacto; 

[19] Gênesis 12:3 e 28:14; 

[20] Efésios 2: 8 e 9; 

[21] Romanos 4:3; 

[22] Êxodo 19:8; 

[23] João 6: 28; 

[24] João 6: 29; 

[25] Em verdade Deus desejava que eles entrassem na terra prometida, mas “vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade” ( Hebreus 3: 19). 

ADENDO AO CAPÍTULO 32 DE O CONCERTO ETERNO 

Estimado leitor, o Novo Concerto ocasionalmente também recebeu o título de Antiga Aliança ou Velho Concerto, o que contribuiu para se estabelecer um equívoco na mente de muitos. Conforme se percebe no capítulo anterior (32, de O Concerto Eterno) o autor deixou de distinguir a diferença entre a Antiga Aliança de Êxodo 19 e 24 e a primeira etapa da Nova Aliança, i. é, a primeira fase, a de antes da cruz. 

Graças a Deus, o Senhor nos legou uma excelente explanação, que elucida bem esse assunto, por intermédio de Ellen G. White, conforme se lê a seguir do livro Patriarcas e Profetas,sendo que as ênfases e as notas de referência foram-lhe todas acrescentadas: 

 “A lei cerimonial foi dada por Cristo. Mesmo depois que ela não mais devia ser observada, Paulo apresentou-a aos judeus em sua verdadeira posição e valor, mostrando o seu lugar no plano da redenção e sua relação para com a obra de Cristo; e o grande apóstolo declara gloriosa esta lei, digna de seu divino Originador. 

O serviço solene do santuário tipificava as grandiosas verdades que seriam reveladas durante gerações sucessivas. A nuvem de incenso que ascendia com as orações de Israel, representa a Sua justiça que unicamente pode tornar aceitável a Deus a oração do pecador; a vítima sangrenta sobre o altar do sacrifício, dava testemunho de um Redentor vindouro; e do santo dos santos resplandecia o sinal visível da presença divina. Assim, através de séculos e séculos de trevas e apostasia, a fé se conservou viva no coração dos homens até chegar o tempo para o advento do Messias prometido.” ... 

“Assim como a Bíblia apresenta duas leis, uma imutável e eterna, e outra provisória e temporária, assim há dois concertos. O concerto da graça foi feito primeiramente com o homem no Éden, quando, depois da queda, foi feita uma promessa divina de que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. 

A todos os homens este concerto oferecia perdão, e a graça auxiliadora de Deus para a futura obediência mediante a fé em Cristo. Prometia-lhes também vida eterna sob condição de fidelidade para com a lei de Deus. Assim receberam os patriarcas a esperança da salvação. 

"Este mesmo concerto foi renovado a Abraão, na promessa: "Em tua semente serão benditas todas as nações da Terra." Gên. 22:18. Esta promessa apontava para Cristo. Assim Abraão a compreendeu (Gál. 3:8 e 16), e confiou em Cristo para o perdão dos pecados. Foi esta fé que lhe foi atribuída como justiça. O concerto com Abraão mantinha também a autoridade da lei de 

Deus. O Senhor apareceu a Abraão e disse: "Eu sou o Deus todo-poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito." Gên. 17:1. O testemunho de Deus concernente a Seu fiel servo foi: "Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis." Gên. 26:5. 

E o Senhor lhe declarou: "Estabelecerei o Meu concerto entre Mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus, e à tua semente depois de ti." Gên. 17:7. 

“Se bem que este concerto houvesse sido feito com Adão e renovado a Abraão, não poderia ser ratificado antes da morte de Cristo. Existira pela promessa de Deus desde que se fez a primeira indicação de redenção; fora aceito pela fé; contudo, ao ser ratificado por Cristo, é chamado um novo concerto. 

A lei de Deus foi a base deste concerto, que era simplesmente uma disposição destinada a levar os homens de novo à harmonia com a vontade divina, colocando-os onde poderiam obedecer à lei de Deus. 

“Outro pacto, chamado nas Escrituras o "velho" concerto, foi formado entre Deus e Israel no Sinai, e foi então ratificado pelo sangue de um sacrifício. 

O concerto abraâmico foi ratificado pelo sangue de Cristo, e é chamado o "segundo", ou o "novo"concerto, porque o sangue pelo qual foi selado foi vertido depois do sangue do primeiro concerto. Que o novo concerto era válido nos dias de Abraão, evidencia-se do fato de que foi então confirmado tanto pela promessa como pelo juramento de Deus,"duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta". Heb. 6:18. 

“Mas, se o concerto abraâmico continha a promessa da redenção, por que se formououtro concerto no Sinai? - Em seu cativeiro, o povo em grande parte (a) perdera o conhecimento de Deus e os princípios do concerto abraâmico. Libertando-os do Egito, Deus procurou revelar-lhes Seu poder e misericórdia, a fim de que fossem levados a amá-Lo e confiar nEle. 

Trouxe-os ao Mar Vermelho — onde, perseguidos pelos egípcios, parecia impossível escaparem — a fim de que se compenetrassem de seu completo desamparo, e da necessidade de auxílio divino; e então lhes operou o livramento. Assim eles se encheram de amor e gratidão para com Deus, e de confiança em Seu poder para os ajudar. Ele os ligara a Si na qualidade de seu Libertador do cativeiro temporal. 

“Havia, porém, uma verdade ainda maior a ser-lhes gravada na mente. Vivendo em meio de idolatria e corrupção, (b) não tinham uma concepção verdadeira da santidade de Deus, (c) da excessiva pecaminosidade de seu próprio coração, (d) de sua completa incapacidade para, por si mesmos, prestar obediência à lei de Deus, e (e) de sua necessidade de um Salvador. Tudo isto deveria ser-lhes ensinado. 

“Deus os levou ao Sinai; manifestou Sua glória; deu-lhes Sua lei, com promessa de grandes bênçãos sob condição de obediência: "Se diligentemente ouvirdes a Minha voz, e guardardes o Meu concerto, então... Me sereis um reino sacerdotal e o povo santo."Êxo. 19:5 e 6. 

O povo não compreendia a pecaminosidade de seus corações, e quesem Cristo lhes era impossível guardar a lei de Deus; e prontamente entraram em concerto com Deus. Entendendo que eram capazes de estabelecer sua própria justiça, declararam: "Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos." Êxo. 24:7. 

Haviam testemunhado a proclamação da lei, com terrível majestade, e tremeram aterrorizados diante do monte; e, no entanto, apenas algumas semanas se passaram antes que violassem seu concerto com Deus e se curvassem para adorar uma imagem esculpida. Não poderiam esperar o favor de Deus mediante um concerto que tinham violado; e agora, vendo sua índole pecaminosa e necessidade de perdão, foram levados a sentir que necessitavam do Salvador revelado no concerto abraâmico e prefigurado nas ofertas sacrificais. Agora, pela fé e amor, uniram-se a Deus como seu Libertador do cativeiro do pecado. Estavam então, preparados para apreciar as bênçãos do novo concerto. 

“As condições do "velho concerto" eram: Obedece e vive - "cumprindo-os[estatutos e juízos] o homem, viverá por eles" (Ezeq. 20:11; Lev. 18:5); mas "maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei". Deut. 27:26. 

O "novo concerto" foi estabelecido com melhores promessas: promessas do perdão dos pecados, e da graça de Deus para renovar o coração, e levá-lo à harmonia com os princípios da lei de Deus."Este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a Minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração. ... Porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados." Jer. 31:33 e 34. 

“A mesma lei que fora gravada em tábuas de pedra, é escrita pelo Espírito Santo nas tábuas do coração. Em vez de cuidarmos em estabelecer nossa própria justiça, aceitamos a justiça de Cristo. 

Seu sangue expia os nossos pecados. Sua obediência é aceita em nosso favor. Então o coração renovado pelo Espírito Santo produzirá os"frutos do Espírito". Mediante a graça de Cristo viveremos em obediência à lei de Deus, escrita em nosso coração. 

Tendo o Espírito de Cristo, andaremos como Ele andou. Pelo profeta Ele declarou a respeito de Si mesmo: "Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a tua lei está dentro do Meu coração." Sal. 40:8. E, quando esteve entre os homens, disse: "O Pai não Me tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada." João 8:29. 

“O apóstolo Paulo apresenta claramente a relação entre a fé e a lei, no novo concerto. Diz ele: "Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo." Rom. 5:1. "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei." Rom. 3:31. 

"Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne — ou seja, ela não podia justificar o homem, porqueem sua natureza pecaminosa este não a poderia guardar — "Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rom. 8:3 e 4. 

19:18. O Ensinador é o mesmo em ambas as dispensações. As reivindicações de Deus são as mesmas. Os mesmos são os princípios de Seu governo. 

Pois tudo procede dAquele "em Quem “A obra de Deus é a mesma em todos os tempos, embora haja graus diversos de desenvolvimento e diferentes manifestações de Seu poder, para satisfazerem as necessidades dos homens nas várias épocas. 

Começando com a primeira promessa evangélica, e vindo através da era patriarcal e judaica, e mesmo até ao presente, tem havido um desenvolvimento gradual dos propósitos de Deus no plano da redenção. O Salvador, tipificado nos ritos e cerimônias da lei judaica, é precisamente o mesmo que Se revela no evangelho. 

As nuvens que envolviam Sua divina pessoa foram removidas; o nevoeiro e as sombras desapareceram; e Jesus, o Redentor do mundo, Se acha revelado. Aquele que do Sinai proclamou a lei e entregou a Moisés os preceitos da lei ritual, é o mesmo que proferiu o sermão do monte. 

Os grandes princípios de amor a Deus, que estabeleceu como fundamento da lei e dos profetas, são apenas uma repetição do que Ele dissera por meio de Moisés ao povo hebreu: 

"Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder." Deut. 6:4 e 5. "Amarás o teu próximo como a ti mesmo."Lev. não há mudança nem sombra de variação". Tia. 1:17.   

Notas desta edição 

[1] Como ela – a lei cerimonial – ‘foi dada por Cristo’ é inconcebível que ela fizesse parte daquela Antiga Aliança que ‘gera filhos para a escravidão’ (Gálatas 4.24) do pecado, simbolizada por Agar. A lei cerimonial faz, sim, parte da primeira fase da Nova Aliança. 

[2] O ‘concerto da graça’ ou a ‘Nova Aliança’ teve duas etapas, fases ou dispensações: a primeira, antes da cruz; e a segunda, depois da cruz. 

Além do ‘concerto da graça’ há também o ‘concerto do Sinai’ ou a ‘Antiga Aliança’, a qual foi celebrada em uma cerimônia única, conforme se lê em Êxodo 24, por volta de 1491 a.C., cerca de um ano antes da inauguração do Santuário Terrestre, ocorrida por volta de 1490 a.C.,descrita em Hebreus 

9.18-22. “A construção do tabernáculo não se iniciou senão algum tempo depois que Israel chegou ao Sinai; e tal edificação sagrada foi pela primeira vez erguida no início do segundo ano a partir do êxodo.” (PP 374). 

[3] O ‘outro pacto’ – aqui referido – trata-se do ‘concerto do Sinai’ ou a ‘Antiga Aliança’, referido em Êxodo 19 e 24. Este é o que ‘gera filhos para servidão’ (Gal. 4:24) do pecado. É o concerto da ‘justiça própria’, das ‘obras da lei’, a tentativa de se ‘justificar pela lei’ (Gálatas 5.4). 

[4] Sacrifício de novilhos, conforme Êxodo 24.5. 

[5] Primeiro concerto ou antiga aliança de Êxodo 19 e 24. 

[6] Ou seja: se já, desde o Éden, existia a Nova Aliança – da graça – por qual razão foi feita a Antiga Aliança, o Concerto ‘das obras da lei’, que gera para escravidão? Deus fez com eles essa Antiga Aliança para que, após fracassarem, compreendessem a necessidade de crerem no verdadeiro e único concerto exequível, o concerto eterno. 

[7] Qual concerto? O ‘abraâmico’ logicamente, pois não havia sido oficializado nenhum outro concerto entre o Senhor e os homens. Deus estava lhes propondo a renovação do Novo Concerto, porém eles – supondo-se capacitados de, por suas próprias forças, guardar a Lei de Deus–propuseram-Lhe o Antigo Concerto. 

Pelas cinco razões – supra expostas: a, b, c, d, e – o Senhor aceitou a proposta deles e firmou com eles oAntigo Concerto, o qual teve uma só e única cerimônia em toda a Bíblia. Entretanto o Antigo Concerto continua vigente e ‘gerando para a servidão’, até o dia de hoje. 

Alguém está sob o Antigo Concerto ou Antiga Aliança sempre que pretende guardar a Lei de Deus, i. é, desenvolver um caráter cristão por suas próprias forças, buscando forçar sua natureza humana pecaminosa a agir corretamente. Em outras palavras, sempre que tentamos vencer uma tentação, sem citar a Palavra de Deus, com fé em Seu poder criador e transformador, estamos na Antiga Aliança. 

Por outro lado, todos os que, seguindo o exemplo de Jesus, registrado em Mateus 4, enfrentam toda tentação, cientes de que a Palavra[Jesus] tem poder de criar em suas mentes o conteúdo da citação, estão na Nova Aliança, entraram, portanto, no ‘descanso de Deus’ (Heb. 4), abandonando suas ‘obras da lei’, seus ‘trapos da imundícia’ (Isaías 64.6). 

Obviamente a ‘obediência por fé’ (Rom. 1.5) no poder criador da Palavra de Deus não se trata de ‘trapos da imundícia’ e, sim, das vestes ‘de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo sãoos atos de justiça dos santos.’ (Apoc. 19.8). 

[8] Primeiro concerto ou antiga aliança de Êxodo 19 e 24, que “gera filhos para a escravidão” (Gal. 4:24). 

[9] Como está claramente declarado, o Santuário Terrestre com suas ofertas sacrificais sempre fizeram parte do concerto abraâmico – o Novo Concerto – exclusivamente. 

[10] Primeiramente os israelitas fizeram com Deus o Velho Concerto: "Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos." Êxo. 24:7. 

Em bem pouco tempo romperam tal aliança – por terem adorado o bezerro de ouro – e: (a) após reconhecerem os princípios do concerto abraâmico; (b)reconhecendo a santidade de Deus, (c) dando-se conta da excessiva pecaminosidade de seu próprio coração, (d) e de sua completa incapacidade para, por si mesmos, prestar obediência à lei de Deus, e (e) de sua necessidade de um Salvador fizeram, com o Senhor, um outro concerto: 

O concerto da graça, a Nova Aliança, em sua primeira fase, mediante as ordenanças da Lei Cerimonial, Santuário Terrestre, Sacerdotes, sacrifícios, etc. Depois de romperem o Velho Concerto, aceitaram o Concerto Abraâmico, que Deus lhes tinha proposto inicialmente. 

Frisemos: o Concerto Abraâmico também se intitula Velho Concerto, entretanto trata-se de outra realidade, integralmente diversa daquela que “gera para a escravidão,” deEx. 19 e 24. 

[11] Primeiro concerto ou antiga aliança de Êxodo 19 e 24. 

[12] Jeremias viveu cerca de 900 anos após o Êxodo. Ao fazer a promessa de um ‘novo concerto’ com a ‘casa de Israel’ [a Igreja cristã], o Senhor estava Se referindo, sim, à segunda fase da Nova Aliança – a de após a cruz – ocasião em que haveria a substituição do Santuário Terrestre pelo Celestial; do sacerdócio segundo a ordem de Levi pelo Sacerdócio ‘segundo a ordem de Melquisedeque’ (Heb. 6.20) e dos sacrifícios de animais pelo sacrifício do Cordeiro de Deus. 

Em Hebreus 8.7 lemos: “Porque, se aquela primeira aliança – antes da cruz – tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda.” Note-se que o defeito estava na aliança, não no povo. E qual era o defeito senão este: “Porque é impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados” (Heb. 10.4)! 

[13] Quais são as duas dispensações, referidas acima? São as duas dispensações da Nova Aliança: a primeira – antes da cruz – e a segunda – depois da cruz! Em Hebreus, a ‘primeira’ fase, etapa ou dispensação da Nova Aliança é denominada por Paulo como Antiga Aliança; e a‘segunda’ fase, etapa ou dispensação da Nova Aliança ele a denomina Nova Aliança. 

Alguém poderia buscar entender que as duas dispensações, supra referidas, seriam aquela Antiga Aliança, que gera para a escravidão do pecado – Êxodo 19 e 24 – e a Nova Aliança, iniciada no Éden e que vai até o Éden restaurado, entretanto tal entendimento laboraria em equívoco. 

[14] Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 367-373. 


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